Gina, a mulher que tem um blogue

Gina, a mulher que tem um blogue

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Disparidade

As pessoas são desequilibradas. Veja-se a pintora: toda a vida fazendo contas, lidando com seguros e segurados, questões burocráticas, o que a meu ver impõe sem se dar por isso uma rotina precisa, que não dá azo a grandes devaneios e/ou questões do espírito. E pinta quadros, tem sensibilidade para as artes, para o fluir das emoções.

Uma coisa não tem nada a ver com a outra?! Pois não! Por isso é que a mulher é uma desequilibrada!

Veja-se esta que escreve, já agora. Eu odeio em absoluto o local onde trabalho. E, no entanto, é aqui que me chegam a maioria dos textos que produzo, é aqui que chegam as pessoas e suas questões empolgantes, o que me leva a manter um blogue pelo qual estou completamente apaixonada. Que desequilíbrio...

Desistir

Às vezes tenho uma vontade imensa de desistir da vida . Deitar-me num sítio qualquer e ficar ali, apática, moribunda. Não comer nem escrever, que são praticamente só essas duas coisas que me mantêm viva. Mas cedo descubro que é preciso uma coragem tamanha para dar azo a essa inércia. É preciso uma coragem maior para desistir do que me move do que para continuar o próprio movimento. E nem eu me faço apenas de comida e de escrita.

Preocupação

Estou aqui que não posso! Hoje tive dois marmanjos preocupados comigo por eu estar em cima do escadote... Seguravam o escadote e tudo! Mas dois marmanjos ainda em idade das vergonhas em relação a coisas puramente parvas que a maioria dos homens apresenta, como a vergonha de ser cavalheiro ou demonstrar um tipo qualquer de apreço por outro ser humano. Sim senhores, curti.

Cadeia reativada

Caiu o auscultador do telefone porque se me escorregou das mãos, o qual roçou a minha mala que estava aberta e a fez cair entornando alguns pertences no chão, com todo este movimento resvalaram uma catrefa de panos de limpeza que eu tinha em cima do banquinho à espera de vontade de os arrumar. Foi aquilo a que se chama uma reação em cadeia.
É um acontecimento de somenos, bem sei, que eu cá quado faço qualquer coisinha é sempre em poucochinho.

Montra

Nas últimas semanas tenho andado a pedir aos clientes as caixas de alguns produtos que vendo:
– Olhe, não se importa que eu fique com a caixinha? Dá-me jeito para fazer a montra, assim quando a desfizer é só deitar as caixas fora.
Eu pedir, peço, mas depende um bocado da cara do cliente, que há clientes sisudos e eu sou muito assustadiça.

Normalidade

Uma pessoa normal, como eu, tem medo de figos e da vacuidade da camioneta que me transporta.

Avaria

Nada como se avariar uma máquina do estamine para eu ter de ir correndo a um 'colega' que me desenrasque.
Foi giro.
Enquanto esperava a minha vez observei o atendimento deste 'colega'. Espiolhei mesmo, destemidamente, ele não saberia que eu conheço por dentro e por fora os trâmites da coisa. Ouvi as perguntas que eu faria, ouvi respostas e/ou conselhos que eu daria, em questões puramente técnicas.
Foi muito giro.
Só por dizer que eu sou simpática, claro, e o cabrão que me atendeu é abestalhado. Convenhamos: nem toda a gente se dá tão bem num balcão como eu…
Mas foi giro.

Estação

A estação de Metro do Areeiro continua escura e fria. Deve ser a única estação da velha guarda que ainda não viu a cara lavada.
Senhores comandantes das linhas subterrâneas desta cidade luminosa, vamos lá a tratar disso, vá. É que assim destoa...

Dias de um Ginásio

Ontem não me sentia bem para ir ao ginásio. Mas esforcei as partes física e psicológica que há em mim para tratar destas idas e fui. Ainda bem. Que maravilha! O professor de stretching que não me dava aulas há algum tempo diz que estou 'muito bem, fantástica, muito bom, mas que grande diferença'.
Toda eu me estico espetacularmente bem hoje em dia. Viva o esforço.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Vida variada

Gosto de variar. Conquanto não varie de marido, filhos, casa, carro, eletrodomésticos e móveis, acho que se pode muito bem variar, sim senhores, variar é fixe e prazeroso, quiça revigorante.
Por isso, vai daí, ando numa de variar de dependência bancária, estou cansada da dona Carminda, aquele capacete com mamas que já pouca graça encerra. Variemos, então.

O caixa do banco pergunta-me no final do registo:
– Além desta, deseja efetuar mais alguma operação?
Não, não estou a inventar, é mesmo assim que ele diz. Noutro dia, eu, encostada ao balcão, lassa devido ao calor, e já que gosto de variar:
– Se fizesse o favor de me dizer as horas...

Inocência

– Ai, que saudades da inocência!
Exclamo eu num lamento profundo. Ficam os dois, o meu colega e o Clóvis, especados, esperando o desenrolar da história. Só que não houve desenvolvimento. Vendo isso o Clóvis avança meio brincalhão:
– Mas se tu fosses inocente não ias saber o que estavas a fazer... Fazias as coisas inocentemente...
O Clóvis apresenta muita ênfase no 'inocentemente' e muita malícia também. Não sabe o quanto tem razão. É que é isso mesmo: quem dera ser inocente, atuando sem conhecimento de causa, puerilmente. Que saudades...

Anos

Ontem o Luís brinca com o rico filho dizendo que ele está mais velho. O rico filho responde que há quem seja mais velho. Como o pai lhe dissesse que não estava a ver ninguém velho o filho diz-lhe que se olhe ao espelho...

Cenas

A rica filha foi passear a Cascais com as amigas. Diz que é uma cidade muito bonita, que havíamos de gostar de lá ir, tem um parque lindo, com montes de cenas parvas para a gente (eu e o Luís) tirarmos fotografias.

Olhar

Lisboa, 26 de julho de 2012

Um dia mais tarde, quando já não me lembrar deste post, vou chegar aqui e ver um clique ao sabor dum apetite... Básico, por assim dizer.
Um dia mais tarde, quando já não me lembrar deste post, vou chegar aqui e deparar-me com uma fotografia... Básica, por assim dizer. Mas, os espíritos que encontram arte no mais recôndito, esses grandes espíritos, hão-de achar esta imagem duma perspetiva intrinsecamente sui generis... Por assim dizer.

Uma gracinha...

Lisboa, 25 de julho de 2012

Uma gracinha do meu jovem e adulto e rico filho.
Eu havia-lhe dado dinheiro para ele ir almoçar no dia de anos mas fiquei lisa, sem tusto. Perguntei-lhe se não tinha para ali perdidas ao menos umas moedinhas para a mãe beber um café no dia seguinte de manhã. Ele foi rebuscar a sua carteira e vem de lá com as parcas moedas. Cheio dum humor muito próprio refere:
– Toma. Agora tens é de usar a fé.

E eu a dizer que não tenho tirado fotos...

Lisboa, 11 de julho de 2012


Descobri esta foto. Acho-a linda. Retrata a minha leitura e um momento íntimo.

TV

Na TV vi uma entrevista a uma escritora de 89 anos que ainda está aí para as curvas, isto usando um chavão. A verdade é que esta senhora é uma mulher cheia de vida, já publicou 20 livros e tem material para outros 10 livros.
Esta senhora foi funcionária dos CTT durante décadas e ia escrevendo durante o serviço sem deixar afazeres para trás por causa da escrita, inspirando-se fundamentalmente no quotidiano.
Adorei ver a entrevista porque gosto de encontrar pessoas 'parecidas' comigo.

Nota: lamento não ter decorado o nome desta escritora. Mesmo sob pesquisa não descortinei a sua identidade. Paciência…

Poder de persuasão

Agora a cigana que anda a vender malas na praceta é toda simpática. Tão depressa diz que tenho uns malmequeres na mala muito bonitos como me diz que sou uma senhora de muito bom gosto.
Como eu recuse o negócio, ela volta de lá categórica, roçando o desplante do antigamente:
– Mas são Louis Vuitton!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

18 velas e um sopro

Bem-vindo ao clube dos adultos, rico filho!

Loures, 25 de julho de 2012

18

Hoje é que o rico filho chegou à maioridade. E pronto, já está, agora só há gente adulta cá em casa.
Os 18 anos do rico filho trazem-me um sentimento desconhecido, o que é estranho, uma vez que não é a primeira vez que um filho meu chega à maioridade. Ou seja, já devia saber como é... Mas não sei. Ele é o meu mais novo, mas não é por isso que com ele os acontecimentos mais marcantes da sua vida não tenham também um gostinho de novidade para mim.

Parabéns ao rico filho!


Lisboa, 11 de julho de 2012

Ele não gosta muito que eu lhe tire fotos, de maneiras que aqui fica uma esguelha do seu rosto captada no dia dos meus anos, faz hoje precisamente 15 dias.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Fadiga

Não é que eu ache as outras pessoas menos inteligentes que eu, que noto tudo e a tudo dou atenção, não senhores, não é nada disso. O que acontece é que eu escrevo (quase) tudo o que noto, seja bom, mau, interessante ou desengraçado. E estou sempre a escrever. Note bem: eu estou sempre a escrever na minha cabeça, nem sei se possuo o tal pensamento abstrato, para mim todos os pensamentos se formam em ideias fixas, tópicos, frases, textos... O imperativo de registar é sempre forte, por vezes fortíssimo.
Um dia a ânsia abranda... Tomara já, que hoje estou cansada.

Retorno

Retornei a velhos hábitos. Agarrei no carro e fui ali, ao lugar do isolamento. A estrada mudou de largura, o caminho é diferente, já não tem graça. Afinal não fui.
No outro lugar pedi o costume de outrora: café e pãozinho com muitos cereais barrado com manteiga. Muito bom.
Enquanto comia e bebia a minha cabeça rodopiava, os pensamentos eram imensos, havia que registar os tópicos. Retira bloquinho, guarda bloquinho, dentada no pãozinho e golinho de café. Incessantemente.
Tenho para mim que em certas alturas escrevo para me esconder. Dá-me jeito, assim é escusado estar a olhar para o que não me interessa, uma vez que no que realmente me interessa não me é lícito suster o olhar.

O interesse

Sinto que todas as pessoas são interessantes. Excluindo eu própria, claro. Só por dizer que eu tenho um interesse tão grande nas pessoas que fico também interessante.

Não me desmintam, por favor, que eu dá-me um jeito do caraças pensar assim...

Fotos

Agora já não tiro tantas fotos. Não sei o que me deu. Mas deu. Andei semanas a pensar em desistir de carregar a máquina fotográfica para todo o lado. Finalmente decidi-me a isso e fui usando o telemóvel para as parcas imagens que me apeteceu captar. Porém, quando decidi descarregá-las no computador, vá de o telemóvel bloquear e dizer-me que estava em conflito com a minha antiga conta do Google. E eu, que sou muito impaciente com as tecnologias, larguei tudo e voltei a andar com a máquina dentro da mala. Entretanto ainda não me tinha dado na tola tirar fotografias. Até hoje. Hoje houve duas fotografias, dois cliques. O leitor querendo ver vá rolando por aí para baixo pois certamente as encontrará.

Olhando

Ele olha para mim.
Eu olho para ele.
Ele exibe um meio sorriso e estala a língua.
Eu arqueio as sobrancelhas.
Ele tem vontade de dizer alguma coisa.
Eu tneho vontade de dizer:
– Ó homem, você desembuche que eu sou quase toda ouvidos!

Calçado

Lisboa, 24 de julho de 2012

Estive a ver prateleiras e mais prateleiras de sandálias e chinelos veraneantes. Cores, alturas e larguras, tudo interessantemente organizado, colorido, vívido.

Sofro uma apoteose qualquer, ah que prazer desmedido, atinjo um estado orgástico ou assim, tomada por tal deleite...

Sim, tenho umas sandálias novas.

Respostas de balcão

Tem piaçabas à antiga?

Tenho.

É capaz de me mostrar?

Sou, pois!

Café

No lugar da musa o novo funcionário já sabe retirar o cafezinho no ponto, com os mililitros certos. Que alegria! E já me conhece:
– Olá, boa-tarde!
Diz, jovial e alegre. Agradada, respondo como mandam as maneiras fixes e pus-me à procura da carteira dentro da mala imensa e recheada com várias classes de objetos. Estava-me a dar uma trabalheira do caraças encontrar a carteira. Brinquei com o moço:
– Tenho que encontrar a carteira porque você não me oferece o café...

Posição

Também costumo pôr-me assim, sentada no sofá preto, o meu braço apoiado no braço do sofá, mão apoiando a cabeça pendente, dedos envolvendo uma mecha de cabelos escolhidos ao calhas... É como ver-me ao espelho, só por dizer que eu sou muito mais gira, claro. Nada de saltar esta parte.

Térmitas

Há um pó branco e fino em cima dos ajaxes e das benzinas. E eu que vendo tanta classe de inseticidas...
É o feitiço contra o feiticeiro ou algo assim, que eu também posso inventar, mesmo fazendo finca-pé que só escrevo das realidades, a verdade é que gosto de inventar. Mas poucochinho.

Seriedade; tristeza

A minha foto do Fuças anda a dar nas vistas outra vez. Diz que eu pareço triste...
Ripostei. Triste, não. Não estou nada triste, quando estou triste não é esta a expressão que mostro. Só estou algo séria e mais nada.
Depois responderam-me que deve ser da sépia ou assim, que olhando melhor se nota um sorriso de Mona Lisa, ou lá que é, e que o olhar é mágico e muito determinado.

Quanto não vale isto de a gente se manifestar ripostando, pá. Passei de triste a misteriosa. Gosto assim, a mim é o que vale.


Fuçasbuque

Lá no Fuças houve dois autores da coletânea 'Corda Bamba' que tiveram duas ideias muito engraçadas, um faz uma apreciação pessoal e geral de cada conto, o outro fez um texto usando os títulos dos contos.

Para o primeiro: o meu conto ensina a viver.
Para o segundo: o meu conto gerou um 'caso de nervos'.

Esta semana...

Tenho almoçado num sítio diferente. Tenho ido restaurar-me àquela senhora que pergunta...

– Querendes mais um cadinho de arroz? Querendes mais um cadinho de salada?

… E mete a merda (estou a suavizar a coisa em muito, garanto!) em cada frase que diz. Muito me alegro eu se a merda não me aparecer na comidinha. Olaré.

Unhas e assim

Desde ontem de manhã que ando à coca a ver se vejo a dona Maria do Céu, quero mostrar-lhe as minhas unhas pintadas com o verniz que ela me ofereceu.

Lisboa, 24 de julho de 2012

Dias de um Ginásio

Estranho é a gente andar no ginásio e depois sair de lá e jantar um balde de pipocas doces numa espera de cinema.

Estranho é a gente ir até ao ginásio e mesmo à entrada oferecerem-nos um pacotinho de bolachas belgas cobertas de chocolate e... A gente comê-las todas, claro.

Homem bonito

Um dia entrou na loja um homem bonito e eu fiquei feita parva a olhar para ele mas não propriamente pela sua beleza. Pareceu-me alguém da TV, daí a minha atenção. Era tão parecido... Os tiques e a voz, sobretudo a voz. Mas achei melhor não perguntar 'olhe, você é a pessoa tal?' porque queria ter a certeza, tive um certo receio de estar enganada, se assim fosse ficaria embasbacada, perdida em nenhures, como que suspensa por um fio de pensamento e depois a minha cara ficava ainda mais parva. Desisti. Entretanto o homem, em forma de cliente, claro, foi servido e bazou.
Noutro dia reapareceu. O modo de falar, a presença... Eu outra vez especada a olhar para o homem bonito, suspensa naquela atenção... Ai o caraças!
– Olhe, posso fazer-lhe um pergunta?
Ele, simpatiquíssimo, diz que sim.
– Você não participou no programa assim-assim?
Participou, pois claro que participou, e já foi há uns dez anos. Corrigi-o: dez anos não, foi em 2003.
Depois falámos mais um pouco, elogiei a sua arte, não a beleza, e no fim de tudo ainda tive direito a uma espécie de apresentação entre nós e dois beijinhos...
Eu sou muito boa de caras. Olhem que eu descortino tudo, não se metam comigo, vá. O melhor é nem me aparecerem à frente...

Lista

Lista para a festa dos 18 anos do rico filho:

Bolo Primoroso com Cobertura de Chocolate

Waffles com Molho de Caramelo

Gelado de dois sabores: Choco Chip Muffin, Caramel Cinnamon

Velas,
iogurte grego,
amêndoa ralada,
limonada,
coca-cola,
pizas

24 de julho

Hoje é o dia da avenida... 24 de julho, em Lisboa. Recordo sempre esta data por causa do rico filho, que neste dia já queria nascer.

Futebol

A rica filha também vai em futebóis. Uma vizinha nossa tem-na levado a alguns jogos do Sporting (elas torcem as duas pelo Sporting) porque tem bilhetes a mais, ou lá que é.
Recentemente começou uma nova temporada (acho eu, que futebóis não é comigo) e a vizinha enfiou por baixo da nossa porta um panfleto com o mapa dos jogos e um recadinho para a rica filha que diz assim:

«Não faltes aos jogos!
Saudações sportinguistas.
E beijinhos meus.
E. M.»

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Ideal (izando)

Acho que se tivessem inventado a palavra 'lambido' para a 'libido' ficava tudo em casa. Tudo em família, quero eu dizer.

A pergunta

Então e as tuas histórias?, perguntou-me ela ao telefone.

Andam por aí a flutuar..., disse eu, que geralmente digo poucochinho.

Não é mentira nenhuma, as minhas histórias flutuam pela blogosfera, aguardando leitores. Fossem leitores ávidos e eu deliraria de felicidade.

Pêssego

Comi um pêssego com vontade. Os fios do fruto ficaram entres os dentes, o que me desconforta... Isto de comer, pá!
Ao resto da humanidade há-de acontecer o mesmo, certamente, que eu cá não tenho a mania que sou diferente.

A fruta

Uma cliente gratificou o meu colega com uma caixa cheia de pêssegos maravilhosamente saborosos (sim já comi um!), um ananás e uma nota de xis euros. Perguntinha minha:
– Olha lá, o que é que tu fizeste de tão especial à mulher, pá?!

Transeuntes

Desacelerei o passo para deixar passar um senhor que vinha carregado com uma pilha de quatro ou cinco pequenas caixas e disse-lhe:
– Passe, passe. Passe que o senhor vai carregado.
Ele agradeceu imenso e esboçou um sorriso e mais não sei o quê, provocando uma espécie de bem-estar geral naquela bolha de vida que ambos preenchíamos.
Parecia uma cena de filme, em que eu era a senhora afável e civilizada e ele um mero trabalhador, mas honesto e simpático. Tudo coisas boas, uma apresentação vulgar que depois se desenrolaria numa trama deveras cativante, assim houvesse arte para tal.
Só por dizer que na vida real nem sempre encontro uma apresentação vulgar que desenrole numa trama interessante, a arte nem sempre se arranja.

Transeuntes

Lisboa, alameda. Sol, sombra. Sombrinha verde água. Que giro, outra vez. Esta senhora tem o condão de me recordar o meu antigo blogue, uma e outra vez.
Percorre o caminho devagar, com o passo incerto. Chegada à sombra vejo que fecha a sombrinha. Fico a magicar se será embaraço ou receio de incomodar os outros transeuntes.

Dias de um Ginásio

A professorinha de Stretching debruçou-se sobre mim, falando baixinho de modo a só eu perceber. Depois de lhe afastar os cabelos pendentes, qual cortina loura, li-lhe nos lábios a pergunta, repetida a meu pedido, e fiquei a perceber que ela queria saber a que horas acabava a aula, uma vez que viera meio à pressa substituir o professor de Pilates.
Deve ter sido uma imagem muito bonita para observar, quiçá tenha atingido aquele estado poético que a vida me proporciona em certos momentos, quem me dera poder ter visto:

Uma mulher jovem, linda e loura, de cabelos pendendo, debruçada sobre uma outra, esta deitada, menos jovem, menos linda e menos loura, a afastar-lhe as duas mechas de longos cabelos para a conseguir ouvir.

Joguinho

De pau na mão sou um perigo. Os clientes, sempre que me vêm assim, de pau na mão, aquele pau com que pesco os artigos expostos no arame suspenso, perguntam logo se estão ali bem, não vá cair-lhe tudo em cima.
– É melhor desviar-se, é, que eu não sou grande coisa nestes jogos...

Dizer assim

'For your pleasure' nos peitorais dum marmanjo parece-me bem.

O meu desejo é desassossegar o espírito dos leitores com os dois pensamentos descritos acima. Olha só os peitorais másculos e bem proporcionados com aquela frase estampada bem em cima dos ditos e depois olha só eu a dizer soberbamente que esta visão me parece bem. É um enorme desassossego.

Turning tables

Apetece-me mesmo virar a mesa! Na radio não falam de mais nada que não seja as férias… Dos outros! Ora que porra!

Lembradura

Dizer a um vendedor que me lembrei dele quando vi a minha prateleira dos lubrificantes pode ser uma cena gira. Quero dizer: para mim foi uma cena gira.

Olívia, a cadela

Lá no canil, ao depois de formalizada a adoção, a senhora que tratou da papelada quis tirar uma foto aos ricos filhos com a Olívia ao pé deles, diz que era para pôr no Fuçasbuque do canil. Olha só a exclamação do rico filho, enquanto a senhora de máquina apontada tentava descobrir o melhor ângulo:

- Ó mana, até parece que tivemos um filho!

São Pedro de Sintra, 21 de julho de 2012

Nota: a cadelinha castanha em que o rico filho segura é uma outra que também passeámos.

Dias de um Ginásio

Anda lá um homem treinando de máquina em máquina de óculos escuros postos na cara, o que me entontece os neurónios porque eu só pessoa para me entontecer com qualquer coisinha. Estamos em céu coberto mas o homem pode sofrer de fotofobia, por exemplo, quem sabe... Ou então tem pancada nos cornos e assim se acaba a conversa...

WC

Perguntei ao rico filho quando é que ia ler a minha historinha.
– Não sei - Diz ele – Talvez quando vir o livro no WC ou assim.

No WC?! Socorro, quem me acode? O meu filho vai ler a minha historinha quando estiver sentado na sanita... Oh céus!

Olás na rua

A senhora dos pirilampos → olá!;
a mulher do senhor engenheiro → olá!;
o senhor doutor da farmácia → olá!;
a mulher do cafezinho de todas as manhãs → olá!

A bem dizer encontro montes de pessoas conhecidas em qualquer passeiozito de cem metros que eu dê. Sou assim: tão conhecida como a coca-cola. E gosto do 'olá'. A bem dizer, de novo bem digo, o 'olá' diz-se num instante e abrange a manhã e a tarde.

domingo, 22 de julho de 2012

Olívia

Loures, 21 de julho de 2012

Eis Olívia, o novo membro da família. Saíu do canil, é uma cadelinha de cerca de ano e meio e ontem foi adotada por nós. Chegou aqui a casa um tanto ou quanto ansiosa mas como é muito meiga e sociável, leva-se bem, hoje já está mais habituada aos novos donos e ao seu novo lar. Ainda se nota uma ligeira desorientação mas é mal que lhe vai passar não tarda, tenho a certeza.

Dar nomes de pessoas a animais não faz o meu género mas a rica filha insistiu... E até tem a sua razão de ser, vejamos: 

No canil a bicha chamava-se Azeitona por ser predominantemente de cor preta. Mas como não achámos muito piada ao nome quisemos mudar. Então a rica filha, que foi a mentora desta nova aquisição e por isso tinha direito à escolha fez o seguinte raciocínio: azeitona -> oliveira, oliveira -> Olívia... E pronto!

Bolo de Chocolate com Beterraba

Este bolo é fantástico. Pertence àquela classe de bolos pouco doces, é muito suave e húmido. Fantástico. Mesmo.




Ingredientes

200 gramas de chocolate para culinária
4 ovos
200 gramas de açúcar amarelo
100 mililítros de óleo
1 colher de sopa de essência de baunilha
100 gramas de farinha com fermento
50 gramas de amêndoa moída
250 gramas de beterraba (usei já cozida)

Preparação

Aquecer o forno a 180ºC.

Forrar uma forma redonda com papel vegetal e untar levemente o papel com margarina.

Derreter o chocolate em banho-maria.

Bater os ovos, o açúcar e o óleo durante 3 minutos com a batedeira.

Adicionar a baunilha, a farinha e a amêndoa.

Ralar a beterraba, escorrer (espremer com as mãos para tirar o excesso de líquido) e adicionar à massa, juntamente com o chocolate derretido.

Levar ao forno a cozer durante aproximadamente 50 minutos. Antes de retirar o bolo verificar com um palito se está cozido.


Nota: Esta receita foi-me sugerida pela autora do blogue 'Cinco Quartos de Laranja', o blogue de culinária que mais aprecio, pela sua variedade de receitas e também pela simplicidade em as confecionar.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A compra algo surpreendente

Entrou uma mulher com a sandália rebentada, arrastando o pé. Pensamentos à solta dentro da minha cabeça: cola de contacto, vem buscar cola porque se lhe estragou a sandália, cola de contacto, tenho sim senhora, a cola de contacto é xis euros mais uns pozinhos, um tubinho pequeno chega perfeitamente, minha senhora, ah pois foi mesmo agora, já se sabe, material chinês é o que dá...

Afinal, não. A mulher queria uma torradeira de fogão.

Sensações

Gosto assim
a água que escorre nos antebraços frios
em chegando às mãos vai mais fresca
a dor fininha lá atrás nas bochechas
enquanto o café penetra na boca
e aquece o palato

Amigos

Hoje é o dia da amizade, dizem eles na radio. Não tenho muito a dizer acerca da amizade. Posso apenas dizer que ter amigos é fixe ou então não. Tirando isto... A bem dizer... É como tudo: umas vezes sim, outras não, e, para baralhar, temos as vezes assim-assim.

Não sou a única

«Sei que não sou caso único mas sabê-lo, alivia? Pouco ou nada, como quando adoecemos e nos dizem que já passaram pelo mesmo! O mesmo, como é possível?! Ou que existem doenças bem piores! Mas se a nossa é esta, que nosa martiriza, e não a outra que dizem que magoa mais... De que serve saber da existência de outros males se o nosso é este e não outro?
Se é para vivermos assim e se ainda por cima nos obrigam esperar horas a fio para que se lembrem de nós, valerá a pena viver? Bem me esforço por repetir vezes sem conta ‘Marinela, bestinha, parvinha, mexe-te, anda, vamos’ e nada, não consigo, tento e sou capaz, não tenho força, sou fraca, disso tenho agora plena consciência. Estou só e sei de antemão que as minhas preces não correrão por aí, ao sabor do vento. Para meu martírio, enfiam-se embrulhadas na minha cabeça e deleitam-se a amarfanhar-me, a enlouquecer-me, vozes bestas vindas de um fundo qualquer. Ah, como eu gostaria de adormecer por uns dias e acordar e ver tudo perfeito, límpido, transparente!»

'Quando Marinela Salero Cortez decidiu imitar Don Juan', Maria da Conceição Carrilho

(página 42)

Sabonete do antigamente

Havia uma criança nesta rua que se exprimia muito mal. Diz que em tempos, veio aqui comprar um sabonete, então, quando fez o seu pedido vocalizou 'samonê'.
Já se passaram décadas, hoje essa mulher trabalha com as sortes num casino, diz que é lésbica, anda pela idade da menopausa, para aí, e ainda é referida como a 'samonê'.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

As senhoras que rimam com faladoras

Uma falava alto do outro lado da rua, telemóvel encostado ao ouvido, aparentemente zangada.
Outras duas, mais perto, deste lado aqui, teciam duras opiniões acerca duma outra, não presente. E porque ela é cínica e porque ela é desonesta e porque ela é interesseira.
A vida, às vezes, apresenta-me uma mixórdia tal que a custo descrevo. Hoje ando nisto de não saber descrever, já se vê.

18

– Rico filho, olha lá, tens mais uma semana de menoridade.
Digo eu em forma de aviso ou nota pendente. Ele olha-me nos olhos e não lhe noto nenhuma expressão que saiba descrever, a não ser a maravilha daquele olhar lindo que ele tem, capaz de demonstrar alguma timidez, uma grande determinação e um tiquinho de tristeza, tudo à mistura. Cá para mim fazer 18 anos é-lhe indiferente. Vai daí...
– Ó mãe, porque é que eu não tenho cortinados no meu quarto?

No cabeleireiro

Não sei se sou eu que invento interesse onde não há, a verdade é que vejo sempre montes de cenas giras nos cabeleireiros, e ainda estico a coisa, vou mais além e... Escrevo-as.

Hoje estava lá uma mulher de cabeça apoiada no lavatório. Os papos dos olhos bem como as bochechas pendiam devido à força da gravidade, os cabelos estavam impregnados duma substância acinzentada e pastosa e tinham sido cuidadosamente penteados todos para trás, formando riscos alinhados, o olhar estava um tanto ou quanto esgazeado, sei lá porquê, talvez do esforço se manter assim tão desconfortável ou então por causa do cheiro da tinta, e tinha uma das mãos muito tensa enquanto a outra a estendia na direção da Carminho, que lhe cobria as unhas com um verniz vermelho escuro, ao qual há quem chame 'sangue de boi'.

E era isto.

Cores

Quero agora deixar registado que o sabonete com que lavo os pezinhos é exatamente da mesma cor que o verniz das unhas dos ditos e que o verniz que ostento nas unhas das mãozinhas é também igual. A dona Alda até viu a minha cor gritante e comentou
'Ah, que bonito esse verniz, fica-lhe tão bem, a Gina é morena...'
Dias depois imitou-me, toca de a Carminho a pintar da mesma cor que eu. Contente, chegou-se-me ao pé, espetou as mãos e disse
'Ah, agora somos manas! Mas à Gina fica melhor... A Gina é morena!'.
Riu-se muito, como só ela sabe fazer, manda a cabeça trás sem que perca a compostura um tanto ou quanto empertigada, notei-lhe o batom da mesma cor que os nossos vernizes, esse colorido berrante que um dia fez parte dos meus escritos, ao qual dei um nome que já não recordo nem vou pesquisar.

Já a dona Maria do Céu, agarrou-me de repente nas mãos e exclamou
'Olhe, não gosto desse verniz! É feio!'
E eu, em ricochete
'É agora, dona Maria do Céu! Este verniz é lindo!'
De repente ficou a pensar
'Mas não é o que eu lhe dei, pois não?'
Descansei-a
'Não, este é outro.'
Ela fez
'Ah...'
E olha-me demoradamente. Antes que se lembre de me perguntar se já usei o verniz que me ofereceu arranjo outra patacoada qualquer para dizer e ela esquece os vernizes completamente. Riu-se, também, mas ao fazê-lo, a dona Maria do Céu encolhe os ombros e franze tanto o nariz que os óculos sobem.

Ao léu

Isto do verão é o que traz, anda tudo de chinelinho de enfiar nos dedos e depois vêem-se umas coisas estranhas, nomeadamente um homem com as unhas do dedão pela metade. Ou seja, as unhas dele eram curtinhas e acima ficavam as polpinhas de chicha, como se estivessem ligeiramente inchadas ou assim.
Eu que não tenho mais nada que fazer (não tenho não senhores) pus-me logo a magicar como seria a vida daquele ser se acaso a natureza tivesse ordenado que ele nascesse mulher. Oh céus, que feia ficaria com meia unha pintalgada...

Blogspot.pt

Já alguém reparou que o senhor Blogspot agora é 'ponto pê tê' de Portugal e não 'ponto cóme' do Mundo?

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Tratando-se

Lá estava Eufélia deitada na marquesa, ligada a uma máquina que lhe empurra o sangue por aí acima até ao coração. O mesmo senhor doutor, o mesmo letreiro com as letras garrafais. Cá fora havia visto um novo quadro pendurado, ilustrava as margens do Douro na cidade do Porto, sendo também visível parte da ponte antiga. O desenho era meio difuso, cheio de leves riscos, como se ao secar tivesse passado uma rabanada de vento e o pintasse assim. Grande novidade no campo visual de Eufélia, portanto.
Pôs-se a pensar que estar assim deitada de barriga para cima é contranatura: as tripas reclamam ruidosamente, a cabeça lateja. Comentou com o senhor doutor e ele não fez mais nada senão sorrir. Eufélia concluiu então que talvez a gente não goste de estar assim porque vamos passar uma eternidade nesta posição. Comentou este último pensamento com o senhor doutor mas ele... Nada.
Depois veio a segunda máquina, a dos tremeliques. O senhor doutor ri-se muito com a reação de Eufélia, parece que é suposto as senhoras adorarem tudo o que lhes faz vibrar o corpinho...

67

A fundação Nelson Mandela sugere que hoje dediquemos 67 minutos às pessoas.
Devo dizer que eu cá dedico todos os dias 67 minutos às pessoas, isto no mínimo. A dedicação é em forma de blogue, claro, mas é uma dedicação. Ademais, sem essa dedicação este blogue não existiria, não assim.

Maminhas

O homem da pastelaria onde me restauro quarta-feira sim quarta-feira não, hoje vinha de lá com um queque diferente. Quando me queixei diz que tinha escolhido antes aquele porque é fofinho.
– Não, traga-me o das maminhas, eu gosto é das maminhas.
E gosto, é crocante, doce e outras coisas que agora não me quero lembrar.

Diferença

Os gajos olham para as gajas.
Somente.
As gajas olham para as gajas e para os gajos.
Por esta ordem.

(Não me venham falar de igualdade entre os sexos... Tal nunca ocorrerá.)

terça-feira, 17 de julho de 2012

Andando

Andei, andei, andei até lá ao fundo da avenida. Em certa altura avisto Franzineide, caminhando insegura, de ombros enrolados para a frente, como se alguém ou alguma coisa invisível lhe quisesse unir as cabeças dos ombros.
«Ó 'miga, desencolha-me esses ombros! Olhe que está calor, mulher!»
Minutos depois pouso o olhar numa figura sobejamente conhecida: monsieur Dupond (ou será Dupont?)
«O quê, este já vem de lá? Ai que já estou atrasada!»
Chegada ao destino verifico que não me atrasei, antes foi o francês que se adiantou. Seria por causa do calor?

Mesa redonda

As férias são insonsas e desprovidas de algo consistente.
'Ainda agora fui de férias e já aqui ando outra vez...'
Dizia uma mulher lá no lugar da musa. Mas afinal o que é que esta gente quer?! Uma vida cheia de ócio, não? E depois como íamos identificá-lo e gozá-lo? Acaso presumirão que à vida não pertence opostos?

Verde Água

Vai sempre de sombrinha, mesmo que não esteja muito sol ou calor. Só hoje notei que a sombrinha é verde água. Que giro.

Férias

Agora, sempre que suspiro, ou faço um esgar de cansaço lá vem a cerimoniosa pergunta:

– Então quando é que vai de férias?!

Tatu

O escurinho nas pernas dela não é nenhuma tatu, notei eu com pena. São os atilhos das calças curtas, que a bem da verdade estão mais demodé que o ser heterossexual.

Raticida sem veneno

– Tem ratoeiras para ratos?

Tenho, sim. Barateiras, formigueiras, mosqueiras, lagartixeiras, gateiras ou cãozeiras para ratos é que não tenho. Agora ratoeiras para ratos, tenho sim senhora.

Preto & Branco

Passei por eles e notei que um mantinha uma expressão de puro enlevo enquanto relatava ao outro:
– Olhei para ela... Ai aquela carinha... Ai aquele vestido branquinho...
Não ouvi mais, estava de passagem. Só achei piada ao contraste: o homem era preto, o vestido branquinho.

O homem da radio

Sonhei com o Vasco Palmeirim, locutor da Radio Comercial. Foi giro, nada de cenas malucas ou prazeres ilícitos, não senhores. O Vasco vendia livros porta a porta. Pousou no chão uma mala imensa, abriu-a e vi livros empilhados até mais não, onde pude mexer sem reservas.
Ó Vasco, que grande coleção...
Falámos dos livros, rimos das suas piadas (não das minhas, pois claro) e depois não sei, talvez tenha comprado um montão de livros, que é coisa para me acontecer só em sonhos... É um livrinho a cada semestre e olhe lá.

A conhecer

Através da simples venda dum desentupidor podemos ficar a saber pequenos itens da vida da cliente:
em tempos teve uma doença cancerígena...
necessita de quatro euros trocados para pagar à mulher a dias...

Nome

Perguntei-lhe o nome, diz que é Demetília. Fiquei a pensar: 'hum, não será Domitília?!'
Demetília, pobrezita. Quando é assim fico sempre aliviada, afinal de contas só me chamo... Blás.

3.05 €

É uma quantia vulgarmente pronunciada aqui pelo estamine, e acontece que amiúde os clientes julgam ouvir 20 ou 60 em vez do 5.

– É uma quantia que a gente tem para deixar os clientes a pensar...

Digo eu em certa vez, cheia de profundo saber cómico.

– Pois...

Faz a cliente, que (supostamente) não entendeu nada. Sei como é, ninguém entende o meu gracejar, no entanto sempre espero o contrário. Sei lá, acho que as espectativas e mesmo as ilusões me dão um certo alento.

À cabeçada

De manhãzinha, ao acordar, dei conta da minha cabeça pesar uns cem quilos, para aí. Credo, oh céus, que dor... Depois foi desanuviando, para meu gáudio.
Se eu me queixar a alguém logo lhe ocorrerá outras dores que tem, porventura muito mais lancinantes que a minha. Assim, escrevo aqui as queixinhas, desabafo vagamente, certa de que ninguém contrapõe com resposta que castre o meu lamento.

E agora vou escrever, que outras coisinhas já eu fiz.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Saudade

Tenho saudades do meu antigo blogue, coisa que nunca pensei vir a sentir, uma vez que tenho um lugar onde escrevo. Mesmo assim, estou completamente embasbacada com este meu sentimento, oh p'ra mim com saudades dum blogue quando tenho outro tão lindo e tão bom, sem vícios, cheirando a novo, ainda. Mas tenho saudades. Pronto. Tenho. Oh céus, como sinto a falta daquele espaço! Tenho saudades do cabeçalho, com a imagem maravilhosa criada por mim. Tenho saudades de poder colocar fotos enormes, tenho saudades das cores do blogue, das letras, das formas. Tenho saudades de não ter de explicar tudo aos leitores (como se nesta nova página eu tivesse leitores diferentes...). Tenho saudades de escrever despreocupadamente, cheia daquela sensação de despejar o que me apetece em forma de texto sem estar à espera que me entendam. Mesmo sem dar por isso, aqui parece que tenho de fazer uma espécie de apresentação todas as vezes que inicio um novo tema, sinto-me em falta, sei lá porquê.
Mas eu tenho de fazer deste blogue um blogue giro, um blogue que me agrade e complete, como fazia com o outro... É impreterível, não posso voltar atrás. Matar... Nunca duas vezes!

Sensual

Loures, 7 de julho de 2012

Perguntei a um homem:
'Olha lá, eu sou sensual?'
'Não.'
Diz ele sem hesitar. Um não cortante, ora bolas...

Sei que não sou. Ou por outra, escondo a sensualidade, é mais por aí. Há características que nunca conseguirei tornar expressas facilmente.


«Se eu sou sensual? Sim, sou. Sou bastante sensual. Mesmo. Sai-me p'los poros a toda a hora. Em forma líquida que é para ser bebida. Até escorre. Sou sensual, pois. Olha só:

Não compro iogurtes simples já açucarados porque gosto de ser eu a mexer nas minhas coisas.»


Passadeira

Estaquei na passadeira porque vi vir de lá um mercedes todo xpto, vidros fumados e o caraças. Percorria a pequena distância tão rápido que não conseguiria parar, certamente... Não parou a marcha, efetivamente. Mal passou por mim avisto outro carrão dentro do mesmo género, um audi. Passou tão célere como o anterior. O condutor levantou-me a mão em sinal de desculpa por não parar para mim. Olha só que esmero de educação, que atencioso...

Eu sempre gostei mais de audis, é um facto... Mercedes, para mim, sei lá, tenho trauma ou isso.

O leitor

O leitor ideal não existe, é irreal. Cada pessoa interpreta os textos de maneira diferente, relativamente à leitura há sempre algo a dizer, acrescentar, modificar. O leitor que menos aprecio, ou que me chateia, vá, é aquele que 'faria' o meu texto doutro modo.
É raríssimo entender-se na perfeição aquilo que eu quero dizer, o que me desconforta, começo logo a pensar que não tenho arte para escrever, o que é que eu ando aqui a fazer se ninguém me entende... Depois vejo que não é nada disso, ah pois, o que o ser humano mais faz ao seu semelhante é desqualificar tudo e todos, desprestigiar faz tão bem, calcar é muito bom...

Encher as medidas

No lugar da musa serviram-me um café curtinho. Olhei de cima para dentro da chávena.
«Porra, por um bocadinho quase não vinha café aqui dentro»
Pensei eu.
O moço é novo nas funções, anda a aprender a ser equilibrado nos mililitros de café, os primeiros cafés pecavam exatamente pelo contrário...

Recadinho

Gracioso autógrafo – acho que se pode chamar assim – que coloquei no meu exemplar da coletânea 'Corda Bamba' da qual faço parte como autora dum dos contos:

Este livro pertence a uma das autoras e seus coabitantes. Caso o mesmo se extravie e caia nas mãos de terceiros, agradece-se o favor de o ler com redobrada atenção e vivo interesse, sobretudo as páginas 245, 246 e 247.

A referida autora agradece:
Obrigadinha.

E assina:
Gina Gg

Leitura do momento

«A literatura afinal não será um experiência dos limites?»*

Creio que sim. Eu cá, como mera escrevente que sou, tenho umas manias do caraças de exagerar e extrapolar...

*'Quando Marinela Salero Cortez decidiu imitar Don Juan', Maria da Conceição Carrilho, página 12

O coxo

Tinha de falar via telefone com o meu colega acerca dum cliente que tinha plantado à minha frente. Ora bem, o homem é coxo e atendê-lo é - geralmente... - penoso, a maneira mais rápida seria elucidar o meu colega com essas características mas na presença do cliente era chato. Dei umas voltas do caraças à conversa, desenvencilhei-me com trocas e baldrocas, arranjei novos adjetivos e situações, umas coisitas inócuas.

«É aquele senhor da fechadura tal que da vez assim tu depois não coiso...»

….........................................................

«A sinceridade não se dá com a sociedade.»

Ouvi eu algures há tempos. É tão verdade...

Procurando

Uma cliente pediu um artigo daqueles em que é preciso fazer uma espécie de busca, pois não estão muito bem plantados na minha memória.

– Ai, diga-me que sim... Por favor... Diga-me que tem... Vá lá...

Toda muito aflita, a franzir-se tanto, contorcendo-se... Deu pena. Não tinha o artigo, não.

Pratos

O casalinho estava indeciso, olhando a ementa como quem se debruça sobre um documento importantíssimo. De repente ele ilumina-se:

– Pedes borrego, eu, porco! Que tal?

Logo responde a empregada de mesa muito depressa, bem mais iluminada que o cliente:

– Boa! Assim os senhores fazem um vaquinha!

Balões

– Ah, então é a senhora que vende os balões d' água à minha filha! Enchem-nos e atiram-nos uns aos outros, acham muita graça! Depois andam por aí, todos encharcados...!

«Portanto, eu é que sou a 'culpada'...» Pensei eu. Esta é uma daquelas mães que não se responsabiliza no caso de as suas crias serem malcriadas ou fazerem tropelias, a culpa é sempre doutra pessoa qualquer...

Vestido azul

Uma figura alta observava com demorado interesse a minha montra de cofres e afins. Era uma senhora elegante e bem apresentada, envergando um vestido justinho e curto, cheio de rendilhados que lhe conferiam subtis transparências aqui e ali. Olhei com mais atenção e vi que a senhora em questão era bem avançada na idade, o que, apesar da já referida elegância e porte, a fazia parecer... Talvez menos bem, vá, com um vestido tão justo e curto. Primeiro pensamento desta invejosa aqui:

«Olha a puta da velha, hã?!»

O esquecido

O cliente pede, é atendido, torna a pedir, desta feita um artigo diferente, é atendido novamente. Depois fica pensativo e fala alto:

– Ah, eu sei que me falta qualquer coisa...
O dedo indicador está sobre os lábios como se isso trouxesse memórias necessárias. Ajuda-o a concentrar-se, é mais por aí. Vai indagando para consigo, solta huns, olha para o ar...

– Ah, já sei, é o entrecosto para o jantar!
– Hum, então aqui não se safa... - Digo eu.

Ri-se muito, noto. Tanto quanto sei é músico. Será que a música é mesmo uma maravilha na vida das pessoas?!

Casório

Faço anos de casada → 23.
É bom e sabe bem, não há muito a dizer quando se é feliz assim como eu sou.
Talvez deva aproveitar o blogue para tornar público o quanto estou agradecida por haver alguém na minha vida que me atura com tanta paciência, dedicação e amor...


Praia da Consolação, 3 de junho de 2012


Ver o vídeo da canção de amor 'Sorte Grande' de João Só e Lúcia Moniz aqui...

Fim-de-semana

O meu carro avariou ontem e a minha vida hoje sofreu uma reviravolta imensa! Oh céus!
Viajei de transporte público, cheguei mais cedo. Por ser tão cedo saí duas estações de metro antes do que era suposto. Passei no lugar da musa e noutros sítios habituais uma série de horas antes do costume.
Não me agrada não ter o carro a jeito, estar avariado, as despesas e tudo o mais, mas gosto de mudar os hábitos repentinamente, parecem-me respirações pausadas e revigorantes.

Fim-de-semana

Ontem fomos a São Pedro de Sintra ver o canil. E ver os cães, já agora. Vamos ter um cão cá em casa muito em breve. O canil tem uma cadelinha preta, de porte pequeno, muito meiga e sociável, seria (ou será) o ideal para nós. Talvez essa sosegada cadelinha venha a ter nova morada...
Tirámos fotografias à bichinha mas não as coloco aqui porque me sinto um tanto ou quanto desleal, a cadela ainda não é minha.

.......................................................................................

Havia uma feira medieval na localidade. Comprei um daqueles chás compostos, ou adulterados, por assim dizer, é de frutos vermelhos. Só o cheirinho das folhas... Hum....
Achei montes de piada á vendedora ambulante, ia abrindo as enormes latas com os mais diversos cheiros e cores e debitando versos alusivos ao chá. Pena tenho eu de não ter decorado os versos dos frutos vermelhos. Fica para a próxima!

A brasa

Chegado o calor, apresento uma estratégia de fuga ao sol vespertino: passo no semáforo antes do cruzamento das avenidas, aproveitando o maior número de metros possíveis... À sombra.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Segredando

Título dum livro exposto no lugar da musa:

 'Os Segredos dos Outros'

Acho que não faço mais nada quando escrevo que não seja segredar acerca da outra gente...

A vida é redonda...

... Daqui a nada vivemos tudo outra vez.

Atendimento Geral

A senhora atende ou só trata da papelada?

Digamos que também trato da papelada, é mais por aí.

Inspiração

Apresentei o lugar da musa à rica filha. 
– A tua musa é um sítio com prateleiras cheias de livros? 
Pergunta ela, surpreendida. 
– Não achas que faz todo o sentido? 
Digo eu, esperançada de que a minha criatividade simultaneamente seja normal e invulgar. 
– Sim... 
Anuiu, pensante. Vá lá, vá lá...

Perfil propriamente dito

A vida é uma mentira infundada e uma verdade por descobrir. Bem como o contrário...

Gostava que fosse outra pessoa a tratar de me perfilar... Com essa ideia no sentido indaguei junto de amigos e conhecidos mas nenhum me atendeu. Têm vergonha de se expor, quiçá, ou preguiça de pensar, talvez, ou então é porque primariamente os males afloram e não querem melindrar-me...

Então escrevo eu!

Imagino que sou uma pessoa espetacular, possuo o dom de pensar assim sem nunca estar certa de coisa nenhuma. Ou por outra, tenho duas certezas: a morte e a dúvida, mas não me debruço muito sobre elas. 
Gosto de fazer tudo o que a outra gente gosta, só por dizer que também gosto de escrever. Escolhi fazê-lo na internet, através deste blogue. O meu desejo secreto é poder escrever tudo aquilo que me apetece mas isso é impossível, tenho de escolher o melhor para mim, escolho escrever o que quero.

Perfilando-me, ainda...

Lisboa, num dia de janeiro de 2012


Estive a pensar na minha nova vida de bloguista, ou nesta mudança de morada que fiz, é antes assim, e achei-me como que em falta numa série de questões, nomeadamente: o sítio onde me movo, uma vez que é daí que vem a maioria dos meus posts.

Sou balconista numa velha drogaria lisboeta. Conheço gentre p' ra caraças, portanto, sendo que umas efetivamente conheço e outras... Não. Este é um lugar público, aqui entra toda a espécie de pessoas, dentre a diversidade humana, esse expoente (quase) inexplicável e, sobretudo, deveras surpreendente.

Sim, escrevo daqui. Sim, há computador ligado e, sim, da entidade patronal vem a permissão para escrever. Ademais, sou do género de escrevente que não escreve(!), antes vai escrevendo. Estar aqui e escrever, ou ir escrevendo, a partir daqui é o ideal.

44

Lisboa, 13 de julho de 2012


Ainda não falei da minha nova idade como sendo uma capicua. Pois é, é uma capicua. E pronto. A rica filha diz que na América lhe chamam golden birthday. Também me soa bem, qualquer coisa que se apresente brilhosa para mim tem um valor imenso...

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Constatações do meu aniversário

Recordando as constatações, quero eu dizer. Eu preferiria que fossem constelações estrelares, brilhos e isso... Mas 'constatações' é o que se arranja. Avanço, não segura.


Lisboa, 11 de julho de 2012

Primeiro trabalhei. Depois almocei e segui a viagem habitual. Parei no sítio do costume, bebi um café e li o livro do presente. Durante muito tempo. Imenso, mesmo. Tinha-lo em demasia, talvez. Aborreci-me de ali estar, comecei a desviar a concentração da leitura, levantei-me e marchei.
 «Eh pá, eu hoje faço anos, porra! Tenho de divertir-me!», pensei eu a dada altura. Não me estava a correr lá grande coisa, o meu passeio assim meio arranjado à pressa. Vagueei sozinha, como costume. Tenho um quê estúpido com o deambular, os pensamentos bloqueiam-me, a mistela que me envolve atrapalha-me duma maneira que não sei explicar, acho tudo em volta estranho, as coisas, as pessoas, o que ouço dizerem fica num vácuo. A minha cabeça funciona mal se andar sem destino, é o que é. Chamei até mim a parte racional, decidi repentinamente que iria ao centro comercial do Campo Pequeno (Lisboa). Dei uma volta à Praça de Touros sem encontrar a entrada, um calor que só visto, ou sentido (!), ainda magiquei se por causa da festa brava será uma hoste qualquer a pôr naquele pedacinho redondo o clima andaluz... Oh céus, que calor ali, quando no resto da cidade nem por isso! Reparei que nenhuma das entradas se parecia com a de um centro comercial. Inicio segunda volta que não completo. Avisto um velhinho de bengala entrar por uma daquelas portas enormes. Pensei: 'bem, se o velho entra, eu também posso, vindo alguém ralhar, que ralhe com o velho, eu só o segui porque pensei que a entrada era aqui e blás' Um corredor fresquinho e iluminado pelo sol, calcetado à portuguesa, no centro os assentos dos espectadores de touradas, a cor vermelho-escuro predominando, uma opressão vinha daquele redondel arenoso. Abrandei o passo, o velho seguia à minha frente, era vagaroso, podia precisar dele para me desculpar... Um segurança aparece no meu campo de visão, e eu, esquecendo todos os pensamentos ao redor do velho, sem notar (noto agora que escrevo) segui um dos meus instintos mais primários, dirigi-me ao superior e expus tudo de rajada:
 – Olhe, eu entrei aqui assim, pensei que era aqui o centro comercial, já não existe o centro comercial?! 
Explicou-me todos os passos que eu devia seguir se queria chegar ao malfadado centro comercial. Obedecendo, fui. Cá por coisas, não tive interesse em permanecer durante muito tempo. Fugi. 
Metropolitano. Pessoas e gentes. Cheiros e outras coisas menos boas. As boas também: versos nas paredes: 

«Pintar é falar consigo-mesmo e esperar que alguém nos entenda.» 

Repeti a frase para dentro incessantemente. Decorei-a, acho que escrever é tal e qual isso, só que ninguém entende. Carris, carruagem. Saída para a rua. 
Compra (foto acima) e telefonemas de parabéns ali pelo meio. Completamente inesperados, há que dizê-lo, sempre há momentos belos a viver, vamos a eles. 
Passeio, não deambular, passear, sim, com destino, que a cabeça é, no mínimo, estranha. 
Encontro com familiares. Jantar... Maravilhoso! Mas não tão bom como a companhia...


Costa de Caparica, 11 de julho de 2012

Ida à Costa de Caparica, esmoer a barrigada de carne grelhada, sangria e bolo de chocolate, respirar o ar fresco da noite. 'Está cá um frio!' 
Inicio uma corridinha, instigo a rica filha, ela imita-me. Corremos as duas pelo passeio junto à praia, como se fôssemos crianças. Ou deixámos aflorar o espírito infantil, aquele que nunca morre... Tenho quarenta e quatro anos e há dias em que a minha vida é uma festança!

Secura

No dia 11 (ontem) raspei a unha na postela, uma vez mais. A postela que retirei vezes demais, não indo fundo, deixando a raíz, só a crosta de sangue seco era arrancada. Novo sangue aparecia e depois secava, formando nova postela. No dia 11... Raspei a postela e depois saíu lá de dentro aquele bocado de pus seco, uma bolinha minúscula, assim que se soltou rolou até ao chão de tão seca. Não afluíu sangue nenhum, antes ficou um buraquinho na pele que cedo se preencherá, uma vez que estou viva. 

(Eu disse que tinha saudades de escrever... Escrever é escrever. Escrever capazmente é outra coisa.)

Escrever

A grosso modo: tenho umas saudades do caraças de escrever! 

A poético modo: sinto uma falta terrível de escrever... 

Tenho dado muita corda à parte administrativa deste blogue → primeira presença, perfil, apresentação. Daqui a poucochinho escreverei mais. E melhor.

No princípio era o verbo

Ler, escrever, estudar, pesquisar, descobrir, aprender. O primordial para a existência dum blogue.

Apresentação física

Não, não vou mostrar as pernas ou as mamas no blogue, não senhores, pelo menos para já. Vou mostrar outras coisinhas igualmente importantes, mais físicas, creio, no sentido da escrita, quero eu dizer. 

Possuir um novo blogue, quando no historial de escrevente tenho uma profunda experiência na blogosfera, não me ilusiona no sentido de achar que vou produzir textos diferentes dos que dantes produzia - não me transformei repentinamente noutra pessoa. Para já, veja-se o seguinte:

as etiquetas deste blogue terão o mesmo título;
as bengalas e os tiques de escrevente serão iguais;
o lugar onde me movo não está diferente;
as personagens serão as de sempre;
continuarei tão fervorosamente esperançada que a vida me mostre novidades como até aqui;
as pessoas serão a minha musa, o que é uma questão puramente habitual. 

Por isso, se algum leitor esbarrar neste blogue e achar que estou a imitar a Gina do blogue tal fique sabendo que... Blás.

Perfil meu, perfil meu: há alguma mulher mais perfilada do que eu?

Ontem, neste novíssimo blogue, apenas me fiz aparecer, anunciando que estou cá e pouco mais. Agora, este sim, é o post de apresentação.

Este blogue é novo. 
Tenho outro blogue. 
Velho e pesadão.

Ando há que tempos preparando-me psicologicamente para a exterminação do meu antigo blogue e arranco com este novo blogue sem que ainda tenha anunciado no outro que o vou matar tão cruelmente como só uma morte antecipadamente estudada e preparada pode ser. Este ato de ruindade um bocado oca não é por nada e é por tudo, é principalmente porque quis criar este blogue no dia do meu aniversário e aguardo uma data festiva para eliminar o outro, quero fazer o funeral num dia especial, sendo que este é um gostinho um tanto ou quanto desequilibrado. Penso nesta mixórdia e sinto-me uma espécie de vilã, crua e fria, estupidamente inteligente, loucamente imprevisível, capaz das maiores barbaridades bloguistas, pois se sou capaz de largar os meus leitores sem lhes dizer ao menos frases já preparadas: 'olha, adeuzinho, foi bom enquanto durou, gostei muito deste bocadinho... o blogue para onde vou desabafar é o eutenhomaisumblogue.blogspot.com...'
Mas, quando muito, estarei apenas a ser desleal e pateta, achando que tiro as pessoas do sério com as minhas patacoadas literárias, assim ficarão em falta com as minhas palavras e irão de imediato perguntar: 'para onde foste tu?'. Excetuando dois leitores, os quais avisarei deste novo blogue, posso adivinhar que os restantes não vão perguntar nada, não, sei que não, mas ia gostar tanto de estar enganada...
Este blogue é novo, tem poucas horas de vida, e como o leitor certamente já percebeu, a blogosfera não é novidade para mim, nem tão pouco eu sou novidade na blogosfera. Sou incapaz de escrever sem assertividade por isso, de certo modo digo que estou a fugir dali, tenho essa consciência. Fujo das pessoas, tenho medo de escrever, venho esconder-me um pouco, mesmo sabendo que criarei e alimentarei um blogue igual ao outro, pois neste ler-se-ão as mesmas palavras que escreveria no outro. Fujo de mim, escrever mantém-me viva mas pode ser atroz, deprime-me, afasta os amigos, torna-me solitária e impaciente. É uma corrida vã, bem sei, e ilusória, mais cedo ou mais tarde chegarão os leitores, certamente. O incrível está no seguinte: no velho blogue sinto-me desacompanhada, no entanto, aqui, parece que estou a escrever para um montão de gente que me escuta avidamente. Não é curioso? Porém, jamais fugirei da escrita, está-me implícita, é um vício que não quero deixar, escrever é horrendo e fabuloso, o que é uma miscelânea contraditória e inexplicável... E acabou aqui a conversa.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

No princípio

Olá, boa noite, é meia-noite e não sei quê, o dia 11 de julho de 2012 nasceu há pouco, tal como este blogue. Pois é, tenho um novo blogue, sim, e este é o meu primeiro post. Doravante, a 11 de julho, será engraçado comemorar dois aniversários, o do blogue e o meu... Eu hoje faço anos → 44.

Parabéns!

Obrigadinha...

P.S. Deu tanto trabalhinho descobrir onde raio se cria um blogue no perfil do Google+... Oh céus!

Arquivo do blogue