Desacelerei o passo para deixar passar um senhor que vinha carregado com uma pilha de quatro ou cinco pequenas caixas e disse-lhe:
– Passe, passe. Passe que o senhor vai carregado.
Ele agradeceu imenso e esboçou um sorriso e mais não sei o quê, provocando uma espécie de bem-estar geral naquela bolha de vida que ambos preenchíamos.
Parecia uma cena de filme, em que eu era a senhora afável e civilizada e ele um mero trabalhador, mas honesto e simpático. Tudo coisas boas, uma apresentação vulgar que depois se desenrolaria numa trama deveras cativante, assim houvesse arte para tal.
Só por dizer que na vida real nem sempre encontro uma apresentação vulgar que desenrole numa trama interessante, a arte nem sempre se arranja.
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