Gina, a mulher que tem um blogue

Gina, a mulher que tem um blogue

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Como já se percebeu...

… Voltei. Estou aqui por causa da masturbação intelectual. Faz-me falta este afago, aborreço-me se não me escrevo. Fico triste, deprimida, só, verdadeiramente só. Não aguento mais, o hiato não foi agradável.
Esperei propositadamente dois dias (queria que tivessem sido três mas não consegui prolongar mais), imaginei que uma pausa destas, no meu caso, fosse como uma dieta, uma privação de doces, em que se sofre horrores nos primeiros três dias e depois passa, tanto passa que até dá náuseas se os comer. Mas a dieta da escrita não é a mesma coisa.

1360

Menina Carrapato, a donzela infeliz. Ouviu-se histórias, comentou-se das tristes, que há poesia e harmonia nessas também. 
Há lá coisa mais poética que a tristeza?

Memória

Não, não é porque uma palavra leve a outra, não é por algo tão banal, é porque tenho memória. É certo que descombina com a memória da outra gente e, mau grado, assim cessam as conversas. Resta o monólogo, mas não me dou nada bem com isso, também.

1358

'Algo assim como que espantoso', foi o post 1331, há muitos, muitos posts atrás. Esqueci-me completamente da capicua...

Vê se te avias com números e existências concretas. Vive a vida. Vê se tens os pés contigo.

Palavras difíceis

Expressão eufémica:

‘Não ata nem desata.’

É favor passar com o rato para conhecer o disfémico.

‘Não fode nem sai de cima.’

Uma mulher não chora

Nada de chorar em público, por causa do epíteto de heroína.

Como é que é?!

Podia perguntar como é, se sabem e o caraças, mas neste caso – que não desvendarei, pois continuo na onda enigmática – não valerá a pena, ninguém saberá como é porque eu não sou igual a ninguém.

14

Enigma. Contei 14. Usei 1. Restam 13. Tenho 13. Agora faço pouco. 13 sempre vai dando para o gasto do momento.

A bloguista

Eu tenho um blogue porque sofro claramente de falta de atenção, aquando da expressão oral. E tu?

Por falar em números...

… O homem das contas do estamine, vulgo toc, trata-me por vossemecê. É giro.

Da numérica

Creio que população ativa deste país está capaz de identificar e trocar por miúdos o vocábulo 'duodécimo'. Mesmo a população que não tem cabeça para números.

Sonho

Sonhei que alguém desdenhava dos escritores que usam frequentemente a expressão 'e portanto' como forma de apoio ao texto, numa espécie de pausa para folegar. Fiquei apavorada, concluindo rapidamente que era um desses espécimes. (No sonho.)
Aqui e agora, não sei se sei, nem sei se sou.

Olhó soli!

Afinal sempre tenho uma foto do sol deste dia.

Lisboa, 31 de janeiro de 2013

Posso tirar-lhe uma foto? Não se importa?

O moço dormitava no banco de jardim, aparentemente grato pelo glamoroso sol de inverno que se tem apresentado nos últimos dias.
Duas senhoras observavam atentamente as figuras no jardim, comentando e meneando as cabecinhas, como que embevecidas com as obras d' arte.
O homem do quiosque, carrancudo, olhando os transeuntes com desdém, de olhar azul, luminoso, iluminando a obscuridade.

Duvido que alguém me fizesse a vontade deixando-se fotografar por mim. Posto isto, restou-me tirar uma foto qualquer e depois cobri-la com lápis de carvão. Para fotografar escolhi um texto mal escrito, um aviso afixado num prédio onde supostamente moram classes cheias de saber, só por dizer que não sabem escrever graciosamente.

Lisboa, 29 de janeiro de 2013

Mudança de expressão

Uma cliente apresentou-se autoritária e ríspida, numa vez, e noutra, feliz e bem-disposta. Que fiz eu? Limitei-me a aturá-la, numa vez, e admirá-la noutra, apreciando particularmente o último estado, por aniquilar o primeiro. Imitei-a, que sou muito boa a imitar estados, quando agradáveis.

Perontus...

… Não dá! Eu tentei, esforcei-me imenso, coloquei o pensamento noutro ângulo; universo; plano; reflexo, o que queiram chamar... Estou de volta.

Ah, o meu livrinho já tem título, mais quatro ideias espetaculares exploradas em duas ou três frases cada uma. Tudo muito original, claro, como não, se a demanda é minha?

Olá...

… Cá estou eu para dar continuidade ao blogue, cheia de saudades e assim. E nada melhor para continuar do que apresentar o 'mais do mesmo':

Os telefonemas do número secreto. Umas três ou quatro vezes por dia, lá continua o meu telemóvel a apitar. Não que eu seja uma mulher super requisitada, é markting, isso sim.

A vontade de escrever. Que raio, pá, que nunca se me acaba!

Três semanas sem aliança de casada. Propostas de qualquer tipo de enlace: nem rasto, nada. Mesmo esmiuçando. Zero.

Fui eu que fiz. Fui eu que fiz, sim. Sou sempre eu, não está cá mais ninguém capaz de semelhante carga.

E, para contrariar um pouco o item anterior: a astenia.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Hiato

E por falar em escrever, soube de alguém que não quer saber do lançamento da nova coletânea em que participo, ela quer ler um livro em que eu seja a única autora, isso sim. Sem que fosse essa a sua intenção, percebi que ando a deixar escorrer o tempo não fazendo o que realmente quero, o que considero (mais) importante, o próximo passo é indubitavelmente um livro meu, só meu. Até senti um estalido dentro da tola, como que em tom de ultimato:
«tenho de dar continuidade ao meu livrinho!»
Portanto, vou ali escrever um livro e dar cabo da cabeça aos editores deste país com a qualidade de escrita que normalmente apresento, acho que vão guerrear imenso, decidindo qual deles obterá a primazia de publicar esta nova, promissora e fantástica autora. E original. Originalíssima.
Agora a sério: sei que existe uma probabilidade de eu me safar com isto de escrever, se não tivesse a mínima consciência disso não encabeçaria a feitura duma obra literária. É óbvio que será algo que não agradará a toda a gente, uns gostarão, outros não.
Vai custar-me horrores, mas tenho de abandonar o blogue, tenho de ser uma pessoa forte e decidida. Voltarei. E acabou a conversa, siga a escrita.

(Não sei se deu para perceber que a escrita vai seguir noutro lado... Deu? É que eu já estou com saudades disto aqui...)

Grupos de escrita

Há algum tempo que reparto o tempo que disponibilizo para o ciberespaço, entre a blogosfera e o fuçasbuque, sendo que no fuças estou inserida em alguns grupos de escrita. Finalmente achei uma vantagem muito boa naquilo, pá... Tenho amigos escritores, tenho comentários incentivando, tenho um tipo de companhia e atenção que não tenho no blogue*. E às vezes sabe bem a gente ‘ouvir’ as pessoas.

*Note bem: estou consciente que não procuro atenção na blogosfera nem promovo o blogue.
Note muito bem: já tenho ‘ouvido’ positivamente algumas pessoas no blogue.

Dias de um Ginásio

Tenho um mês de treino não tarda. Balanço: há um meridiano do meu corpinho que apresenta uma circunferência menor mas não necessariamente o meridiano menor e não que seja necessariamente esse o meu desejo nem era necessariamente... Necessário ao meu bem-viver que precisamente aquele meridiano estivesse menor. Oh céus...

Indecisão

Estou aqui que não posso, tamanha é a indecisão. Não sei se arranje as mãos, se faça as montras...

Panfleto

O pingo doce comercializa um arroz da marca sorraia. E eu sorrio.

Sonho

Sonhei com coisas parvas, tais como a morte dos ricos filhos. Não dormi nada de jeito, acordando amiúde, verificando depois que se tratava dum grande pesadelo mas eis que pegando novamente no sono... Toca de voltar à porra do sonho mau. Eh pá, que cena! Sentia um desgosto horrível e dilacerante, uma aflição desmedida e indescritível. Credo, que falta de ar... E estava a sonhar, olha se fosse verdade?

Olá, bom-dia!

Estou no estado de recém-chegada dum fim-de-semana super-preenchido, em que não fiz a ponta-dum-corno fora de casa. E estou a escrever um post-hífen. Há-que-inovar.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Por casa

Loures, 27 de janeiro de 2013

A foto acima é porque sim. É porque passei no corredor e vi a mola esquecida e mais o carrinho de linhas que já havia sido usado e encavalitei-os. É porque achei que a pilha de livros como cenário de fundo ia bem mas nada disto conjugava a não ser na minha imaginação. E se não é uma boa imaginação, qual imaginação, qual quê, isto lá é imaginação... Paciência. É porque gosto de captar estes momentos, estas imagens, é porque não tenho vergonha de as mostrar. É porque sim.
E por hoje é tudo. Voltarei amanhã. Conto com isso.

Gina, a mulher que tem um blogue


«Gina, a mulher que tem um blogue, não escreve essas palavras bonitas que todos gostam de ler. Desenganem-se, vá. Venham daí ler a fealdade e rudeza das minhas palavras, sempre quero ver se me aguentam as questiúnculas.»

Está na hora de retirar o cabeçalho do blogue. Na verdade nunca gostei muito dele. Gostei, mas não muito, não o suficiente. A partir de hoje - e até não sei quando - o cabeçalho do blogue vai ficar limpo e desafogado de imagens e frases minhas.

A parte de trás

O rico filho diz que não tem jeito nenhum dizer traseiro porque é vasto e praticamente uma incógnita, 'pode ir do calcanhar até à nuca'.
Pronto, cada um não lhe chama o que não quer...

A chuva a chamar-me

A minha vizinha de baixo chamou a vizinha do lado, que estava a chover.

- Maria! Ó Maria, olha a roupa!

Gritava ela. Eu também respondi à chamada. Obrigadinha, ó Elisabete!

Questionário

Eu já respondi ao questionário do beijo. E tu?

Respondi a perguntas tão simples como o nome e a idade, ou então a outras cheias de segredos e devassidão, tais como:

que celebridade gostaria de beijar?
prefere beijos na boca ou no pescoço?
prefere o beijo apaixonado ou o fatal?

comobeijaoportugues.com

Cores garridas

Loures, 26 de janeiro de 2013

Esta foto devia ter encerrado o blogue ontem à noite, era o que tinha planeado. Depois deixei-me disso, não tive vontade de publicá-la. Nada melhor do que fugir à regra.

Algo assim como que espantoso

Fim-de-semana...
Que bom!
No fim...
Que porra!

Hum...

O meu Fuçasbuque diz que a Gina G esteve em Loures e em 9 outros lugares. O que estes senhores sabem...

Bolo de Cenoura e Ananás



Bate
2 cups de açúcar
1 cup de óleo
3 ovos

Junta
1 colher de chá de essência de baunilha
1 colher de chá de canela
1 colher de chá de fermento em pó
1 pitada de sal fino
2 1/2 cups de farinha
E mexe tudo muito bem...

Junta
400 gramas de cenoura ralada
1 cup de ananás aos bocadinhos
1/2 cup de passas
1/2 cup de nozes picadas
E torna a ligar tudo...

Levar ao forno em forma untada de manteiga e enfarinhada até estar cozido.

Nota: receita retirada do programa de tv Barefoot Contessa.

sábado, 26 de janeiro de 2013

...

Palavra mais amada:
escrever.

E a seguir...:
amor, decerto.

Dos meus poemas

Num dia em que escrevi uma das minhas coisinhas estapafúrdicas (mais concretamente esta aqui) tinha optado por cessar a publicação de poemas no blogue para não emporcalhar esta página que me é tão querida e tão preciosa, tão preenchida por prosas que me agradam. Não me considero poetisa, nem nada que se pareça, e se mesmo assim refiro por escrito os meus poemas com propriedade é para não me estar a fazer passar por miserável e coitadinha e pobrezinha e outras coisas que depreciariam a minha escrita. Não sei muito bem porque não me sinto poetisa, só sei que tenho dificuldade em escrever a poesia que há em mim – note bem: em versos - e não me deslumbro facilmente com esse modo de escrever.
Mas...
Há sempre um mas...
… Esta semana descobri que, simplesmente, puramente, obviamente...
… Os versos do poeta não têm forçosamente de sair de chofre. Por qualquer motivo que desconheço, tinha para mim que era assim que tinha de acontecer, achava que os versos saíam velozmente do pensamento do poeta, rodopiando, sem pausas ou intervalos, aterrando em bruto no papel. Mas (cá está outro mas) não tem de haver uma ligação direta entre o pensamento e a mão que escreve. Nada disso. Eu versejo tal e qual como proso. É igual. Igual, igual. Nunca fui de escrever desenfreadamente, sou de ir preparando, lentamente, em banho-maria. Logo... Como versejar diferentemente se a cabeça e o pensar é o mesmo? Vou proseando; vou versejando. A dança das palavras é diferente numa ou noutra forma de escrever. E é só isso.

Telefonei ao meu amor. Assim que ele atendeu não fiz mais nada senão declamar o poema abaixo. E pronto, estreei-me, declamando a minha própria criação, com a minha entoação. E regresso ao costume largado, de vez em quando cairão poemas no blogue.

A friorenta

Tem frio
Não vem de fora
Mas infiltra-se
Ora e esta?
Estranheza...

Está por baixo da pele
Mesmo antes da carne
Rodopia e sopra
Entre as duas:
Pele e carne.

O frio
O ruim
Esse malfazejo
Não vem de fora
Não

O frio
É a alma à solta
Rebelde
Entre as duas:
Pele e carne

Retardamento

Loures, 26 de janeiro de 2013

No meu átrio ainda é Natal. A vizinha do lado não retirou o adorno natalício. Deixá-lo estar, então. A ver se ninguém lhe diz que eu tenho um blogue...

Janeiro a findar

Seis e picos da tarde e ainda se vê uma réstia de luz no céu. BB. Bem Bom.

Loures, 26 de janeiro de 2013

Desamor

Tenho uma amiga no Fuçasbuque que me curte à brava, os meus poemas e isso, só por dizer que eu não me entendo lá muito bem com o escrever dela, é assim como que debaixo do amor e da paz e tem sempre uma luz lá ao fundo, e então não posso corresponder, ter aquela coisa da lealdade para com uma amiga da escrita e assim, que não me dou bem com esse tipo de lamechice. Lamento. Há amores não correspondidos, folgo que não conheça os meus...

É oficial...

Loures, 26 de janeiro de 2013
... Todos os janeiros vejo uma borboleta castanha. Esta foto pouco me importa que não esteja minimamente aceitável, esta tem de figurar.

Olá, boa-noite!

Fiz bolo. Bolos. Dois. Não há fotos. Há fotos, quero eu dizer, mas não prestam. Já os bolinhos... Foram feitos com amor.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O parzinho amoroso e anoso

Um par de amantes um tanto ou quanto longe da juventude abraçava-se no meio da rua, despudoradamente. Via-se-lhes felicidade e amor na atitude. Ele fez um gesto largo dirigido à paisagem, quiçá comparando-a à beleza da sua amada, não consegui ouvir, portanto presumo, e ela respondeu, que eu bem ouvi: 'ah, eu não sou jovem, sou jovial!' E era mesmo, que eu bem vi.
A alguém que tenha ultrapassado a eventual linha do meio da vida é-lhe cada vez mais difícil ser jovial e permanecer afastado do ridículo, o que lamento. Parece que ser velho, ou usado, nos torna incapazes de parecermos verdadeiramente felizes e dalguma maneira nos remete para um estágio comedido.

Tragédia vindoura

Sonhei que às tantas horas, no local assim-assim iria ocorrer um terramoto. «Folgo que ainda dê tempo de dizer a algumas pessoas que as amo», lembro-me eu de pensar no sonho.
O amor é assim, como que importante, e reinante, mesmo que não apareça.

Perguntinhas

Tem fita isoladora?
Para pintor ou eletricista?
Eletricista.
Branca ou preta?
Preta.
Desculpe lá... É só mais uma perguntinha: quer a maior ou a mais pequena?

Sorriu. Havia rugas e sinais na pele do rosto, pela gastura da vida laboriosa, porém, tinha um ar infantil. Um sorriso é algo milagreiro.

17:33

4. Quatro telefonemas do desconhecido.

Simbolismo


Olha só o meu pseudónimo em Wingdings. Dentre tantos símbolos gráceis tinha de ter um 69. E deitado. Ai... Suspiro profundo e sentido, esta aura sexual não me abandona...

15:59

O desconhecido continua a ligar-me. Nova chamada. Eu bem disse... E vão três.

Dúvida

Mas afinal de contas, o que é que tu tens, mulher?

Tenho uma ansiedade crescente e incontrolável, quiçá patológica, e depois escrevo coisas estapafúrdias num blogue.

Ah...

Depende

A exagerada. Vou falar dessa existência incongruente, agora. Ela vive desta maneira:
tanto pode fazer registos para valorizar estados d' alma,
como não o fazer para não engrandecê-los.

13:45

É preciso dar azo aos números. É agora, desce daí. Dita lá o número da conta e o montante à senhora do banco. Acorda!

13:39

O chão corre adiante dos meus pés. Não alcanço o destino.

13:02

Nova chamada telefónica do desconhecido. Tenho dito. Escrito.

Ah, é verdade!

Eu ontem a falar de sebo por dentro da cabeça e não é que hoje me cai um pelo da testa e depois salta de lá um tiquinho de sebo rijo e amarelado?
A imundície está a sair, 'migos! Qual tratamento tipo spa, qual quê! A natureza encarregar-se-á de me lavar a cabeça por dentro.
Ok, vá, eu sei, pode ser um corno a formar-se... Podia. Caiu. E ademais, os cornos não existem, são coisas que nos põem na cabeça.

Nota: a piada citada na última frase tem autor e não sou eu, é uma anedota que corre por aí.

No supermercado

No supermercado estava um senhor com um olhar espantado por demais. Que raio de cena... Falava com a operadora de caixa (é assim que se chama, pois é?) e conforme falava assim colocava um espanto desmesurado no olhar, o branco do olho aumentando, as meninas dos olhos ficando minúsculas, a tez rubra para condizer com tamanho espanto. Se calhar estava aborrecido. Se calhar era isso.

Há pouco...

… usei o adjetivo 'glamoroso', do qual raramente me lembro. Tenho saudades desse sentir glamoroso que ocorre em alguns momentos.

Aquela pessoa

Há aquela pessoa que tem um olhar de borboleta. Chamas-lhe assim, olhar de borboleta, porquanto esse olhar é qual bater de asas repetido e veloz. Lindo e glamoroso.

Uma francesa que gostaria muito de ajudar uma portuguesa

Olá, eu sou alta e espadaúda, espadaúda apesar da idade, alta mesmo tendo esta idade, e bonita, também sou bonita para a idade, vivi em França muitos anos, daqui a cinco dias vou lá passar uns dias e queria levar petróleo branco para o aquecedor, tem de ser branco, que eu sei que há, é por causa do cheiro, o petróleo branco não cheira, tem petróleo branco?, se tiver levo já, se puder encomendar até deixo sinal, não me importo, mas a senhora não tem, pois é, depois querem que a gente ajude estas casinhas assim, mas se não tem...

Atividade diária: tirar fotos aos quivis que apresentem uma forma estranha...

Lisboa, 25 de janeiro de 2013

Ao tempo que não falava da tristeza*

*(conscientemente)

«Sou tão livre quanto um passarinho que constrói o seu ninho dentro duma gaiola fechada cujo trinco se abre apenas por fora.»

Um senhor telefonou para me apresentar um cartão de crédito, neste momento há uma promoção fantástica, com montes de prémios e facilidades e mais não sei o quê. Avisou-me que a conversa estava a ser gravada e iniciou um questionário com as perguntinhas do costume: nome, local de residência, idade, aqui uma grande manobra devido ao eventual melindre que poderia causar essa perguntinha e, finalmente, a profissão. Depois de saber esta última questão, pergunta ele:
– Gosta do que faz?
Eu ia toda lampeira dizer que não, o homem não me conhece, pouco me importa o que pensa, não o estou a ver e dificilmente o ouvirei novamente. Mas não consegui, lembrei-me que a conversa estava a ser gravada...
– Eh pá...
Ele riu e lança uma espécie de evasiva:
– Hum, temos de fazer alguma coisa, não é?
Correspondi à simpatia do homem, rindo, e concordei:
– Pois...
A conversa seguiu e embateu na remuneração. E a remuneração deitou por terra a possibilidade de obter um cartão de crédito.
O cartão de crédito é uma das invenções mais estúpidas do Homem, só existe para quem tem dinheiro, e quem tem dinheiro não precisa dum cartão de crédito.

10:49

Ligou o desconhecido. Primeira vez, hoje.

SSS

Houve um tempo em que tinha nomes preferidos e todos eram aos ésses. Sofia; Sandra; Susana; Sara. Nomes de menina rica.

?!

Eu (não) gosto de mim. E tu?!

Militarismo

Não se metam com a sapiência deste senhor sargento, não se introduzam na sua inteligência, não cruzem dados, por favor, sejam coerentes. Existem diferenças entre maçaneta/puxador; serrote/serra, ok? E vamos lá a ver se atinamso que ele também sabe o que é uma chave sextavada. Acabou a conversa, que ainda vão mas é para o chão frio e molhado fazer quinhentas flexões!
Hum, ok, senhor sargento, fique descansado, que daqui não mais sairão ensinamentos, não marremos, pois, que o senhor é um durão e um sabão.

Olá!

Muito bom-dia, caríssimos...
A primeira venda é lenta na saída, o pc precisa de verificar umas coisas antes de imprimir a 'primeira vez' de cada novo dia; a impressora está fria e o papel é cuspido lentamente. Há anos que reparo nisto...
Sim, tenho mais o que fazer mas não me apetece, então uso a referência ao trabalho como atenuante da preguiça.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A emporcalhada

Devia haver um tratamento tipo spa para lavar a cabeça por dentro. Não sei se é caspa se é sebo, só sei que me dava um jeitão que houvesse um tratamento eficaz para raspar a imundície entranhada e ressequida que vive alojada na minha cabeça.

No lugar da musa...

... Andava uma senhora olhando os livros. Andava um senhor olhando os livros. A senhora cheirou. (Porque) O senhor cheirava bem. A senhora fugiu, que não tinha tempo para mais. O senhor por lá continuou, cheirando os livros.

Madureza

Ela escreve a vermelho. Ponto, por agora. Ponto e vírgula a seguir. Nos seus livros há cenas irritantes; equilibradas; felizes; estranhas. Ela escreve a vermelho... Reticências... Lê. Ponto.

Achei estes morangos no chão. A sério. Ficam bem com a cor deste post...

Depende

Sou mais estúpida do que pareço, só por dizer que às vezes também me acontece o contrário. Folgo.

Nada

Ninguém quer ler os apontamentos que tirei no dia em que fui aprender a faturar. Nada de diferente da vidinha habitual, portanto.

Dias de um Ginásio

Lá estava malta do costume, na aula de Pilates, eu deitada no chão, o resto da malta idem, ao frio mas imune ao mesmo, o resto da malta idem, beneficiando o corpinho com exercícios tão complexos como 'deixar cair a língua para dentro da boca'.

Oh céus... Não me falem em línguas, que eu assim lembro-me dele...

Telefonemas pipocando

Há um número desconhecido a ligar-me há três dias. E eu a fazer-me de difícil, não atendo. Ou é para propor casamento (ver post anterior) ou então... A ver se esse desconhecido me traz flores.

15

Quinze dias sem aliança. Uau, que cena! Propostas verbais: zero.

A pata da minha cadela

A Olívia teve um dói-dói na patinha.
Eu tenho um dói-dói no pé.
Perguntam pelas melhoras da cadela.
E desta cadela que sabe teclar... Pois é. Nada.

Bossa Nova

Há música ao vivo na Galerias Acqua Roma (Lisboa). É bom, as pessoas serem outras, a juntar às costumeiras.

Aquela pessoa

Há aquela pessoa que entra na tua loja e olha para o lado, cheia de medo. Convenhamos: tu és um bicho, 'miga... Amanda lá o sorriso que eu sei que és capaz de fazer, vá.

Louco elogio

Hoje é 'Dia do elogio', ouvi eu na Radio. Logo...

És giro(a) e fantástico(a). Bem hajas.
És gira(o) e fantástica(o). Muita paz.

Mas olha lá, ó coisa(o) linda(o)... Não te preocupes, 'migo(a), há uma gireza ou duas em cada foleirice.

Escadaria

Já subi aquelas escadas debaixo dos mais diversos sentimentos.
Enumerá-los aborrece-me, nem todos são bons, antes registo a escadaria pela diversidade dos mesmos, porque a vida ser assim, como que em grande, com montes de coisas diferentes para a gente viver, agrada-me.

Tenho uma amiga...

Tenho uma amiga que tem as sobrancelhas arranjadinhas mas muito juntas nas extremidades interiores, tanto que encaracolam, e muito comidas nas extremidades exteriores, o que acentua a junção, fazendo-a parecer zangada.
Eh pá, é assim: como não estou certa do anterior parágrafo dar para perceber, fiz o desenho que se vê ao lado.
Adiante.
Estive vai-não-vai para aconselhá-la: olha 'miga, diz à tua esteticista para não te pôr nessa figura, que tens os olhos encovados, coisas da idade, e essa curta distância entre pilosidade não te fica bem, vai por mim, a concentricidade não te favorece.
Que não. Que ela é que sabe. Que tenho eu a ver com isso?
Nada.
Mas olha lá, tens o cabelo às tiras... Isso não é falta de pente? Não andes assim na rua, mulher...


Quivi

Encontrei o Gualter na avenida e ele encontrou (finalmente, disse ele) uma maneira de se vingar do susto que lhe preguei há umas semanas (ver aqui).
Depois de assustada, refiz-me. Depois disso, pergunta-me se gosto de quivis, que tem lá em casa e que havia trazido com ele da terra. 'Vieram comigo no carro', disse ele.
Hoje (ou ontem, sei lá, já estou perdida nos dias) dei com um quivi com uma forma... Sui generis. O meu primeiro pensamento foi: «Deixa estar que este como eu!»


Lisboa, 24 de janeiro de 2013

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Um momento em Lisboa

Lisboa, 23 de janeiro de 2013

Estou num quarto andar dum número qualquer sito numa rua que não interessa para nada. Só a cidade importa: Lisboa, a linda Lisboa. É noite. Há janelas com vida; iluminadas, telhados esconsos com águas-furtadas. Vejo uma enorme biblioteca sem ninguém zanzando, um moinho saloio no telhado, como que em adorno, mesmo junto ao beiral. Que coisa esquisita, que contraste mais assaloiado... Lá ao fundo há um prédio mais alto que os outros todos, no último andar a janela é larguíssima, sem cortinas, vê-se o candeeiro suspenso e as costas duma cadeira de estilo antigo.
E eu?
Eu escrevo este texto na minha cabeça.
Se o pensei assim?
Não.
Há memórias que se evadem, outras que se contraem e depois se expandem, ganhando uma vida que difere em muito dum pensamento corrente e veloz.
Cenas da minha vida, é o que é.
Se faço uma escolha criteriosa de palavras?
Sim, sou escritora.
Mas se fizer um documento oficial também escolho os termos. Menos disto e mais daquilo. É uma questão de ritmo, ser escritora passa pelo diverso, obviamente sou forçada a convir que sou capaz de escrever, não importa o quê, muito embora pese o modo como escrevo. Há quem lhe chame arte. Seja. Eu assumo, o escrever é-me fácil, apraz-me de sobremaneira e ilude-me no bom sentido.
Se uso subtileza na escrita?
Eh pá... Sim.
Se alguém entende os meus textos?
Não sei.
Não posso deixar que me morram as dúvidas, depois escrevo o quê, se viver acertadamente não é o meu forte?

Sonho

Sonhei que era franzina; as maminhas eram uns altinhos picarruchos e as perninhas eram como as dum aranhiço. Que quimera, nunca fui assim. Só mesmo em sonhos...

Como é que é?

Sabes como é teres o norte bem definido na tua cabeça mas seguires na direção oposta, para te distanciares do único lugar que conheces?
Se não sabes devias saber.

?!

Eu entalo papelinhos nas frestas do teclado. E tu?

No supermercado

Encontrei o Nilton no supermercado. Que cena mais cómica, eu de líquido para a sanita na mão, um olhar atento, perscrutando as feições do homem, e ele manobrando o teimoso carrinho com grande destreza, para me deixar passar e assim... E nem me reconheceu nem nada, oh céus, quanto lamento no meu coração... Hum, deixa lá isso, vá.
Quem cirandava também por aqueles corredores era o Nuno Markl, só por dizer que em modo sisudo. Nem parecia ele...

Maquinismo

A máquina está montada assim: temos de conhecer o mal para valorizar o bem. Que não se viva doutra maneira.

Primeiros poemas

Querem mais poemas. Mais e mais, diz que é para fazer livros de qualidade. Hum, ok.
Lembrete: publicar no Fuçasbuque os poemas que ainda andam aos rebolões nos meus rascunhos e não se fala mais disso.

Primeiros poemas

Post Scriptum: Gina Maria, é favor enviar a pequena biografia hoje, impreterivelmente.

Olívia, a cadela

Compus uma lista de parecenças entre a minha cadela e as crianças em geral, sendo que me baseio muitíssimo na criação dos ricos filhos. A priori não desejo fazer comparações entre pessoas e animais de estimação mas não consigo deixar de o fazer...

Tapar; aconchegar
Acarinhar; atentar
Impor limites
Fugir aos excessos de qualquer espécie
Passear para descarregar energias
Não excitar com brincadeiras antes da dormida
Manter quente; saciada; feliz

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Gostinhos lindos da mamã

Caso os gostos coincidam com a personalidade, posso dizer que gosto quando a acidez está presente nos alimentos. (Ex: citrinos; quivis; tomates.)
Caso os gostos não coincidam com o meu viver presente ou tampouco tenham algo a ver com a minha personalidade... Paciência!
Digo 'paciência' porque queria ser ácida no trato e, principalmente, na escrita.
Digo 'queria ser', é evasivo, bem sei, não digo 'eu sou', porque não tenho o dom de ser coisa alguma. Sim, dom. Invejo quem é, quem detém. Dom.

O segredo bem guardado

Tenho um sonho, penso nele amiúde, fervorosamente, imagino-me a concretizá-lo, a vivê-lo em pleno, livre de amarras e um tanto ou quanto longe daqui, como conviria. Mas, como todas as coisas boas (todas, sem exceção) é ilícito, ou uma espécie disso, e ademais: é secretíssimo.
Hoje podia ter concretizado esse sonho, porém aconteceria deixar de ser segredo na mesma hora, por estar rodeada de pessoas. Não quis, temi a exposição. Se assim procedesse estilhaçaria o segredo e a minha aura de mistério ficaria lesada por demais. Não quero. Não e não.

Primeiros poemas

E estão escolhidos, os primeiros poemas da autora deste maravilhoso blogue onde vos encontrais, os quais serão publicados um dia desses, em suporte de papel, numa antologia, é certo, e portanto à mistura com mais de uma centena de poetas, mas é o que se arranja e muito folgo que assim esteja sucedendo na minha reles vida de escrevente. São eles, os poemas:

'Fingir';
'Imagem de Marca';
'Ramerrão Questionável'

Foram poemas escolhidos dentre uma catrefa deles, e creio firmemente que os escolheram muito bem, pois cada um deles foi escrito com o sentimentalismo em alta, intenso, esse sentimento podendo ser algo palpável, que não é, diria que estava gordo e inchado; bojudo.
Um grande bem haja à Pastelaria Studios Editora, por me proporcionar estes momentos bons.

Bê-á-bá

«Sim, tenho isso. Não quero mas tenho.
Melhor admitir por causa da ajuda.
Impressão errada, sim, pode ser.
Porra.»

É agradável, mas nem sempre, este momento que para ali está, no meio do arvoredo. O bom do momento abala, se quer companhia e duvida que a obtenha. Não há nada a fazer.
A companhia... Quere-a quando lhe apetece falar das mágoas, mas entretanto chega-lhe uma consciência fatídica com a forma dum ponto de interrogação: quem será capaz de lamentar com ela a sua vida?
A solução?! Não, não se avista...
A vida continua.
Mudou de esquina. Por causa das dores deixou de pensar na solidão, deixou de a procurar. Aceitou-se.

|ptuoeeg|

Post para responder a um comentário

Ontem fiz referência às saudades que teria dos leitores se encerrasse o blogue. E hoje acho por bem responder à Redonda com um post.

Redonda disse:
Espero que não termine, porque gosto muito de passar por aqui.

Gina G disse:
... Nada disso. Centra a tua atenção nas saudades que eu sentiria de ti.

«Um dos motivos porque ainda não terminei este blogue é pelas saudades que teria dos leitores. Sempre se vão passeando algumas pessoas por aqui. Bem hajam.»

Dúvida

Não sei se são as mulheres que dispõem duma arma luxuriosa e poderosíssima...
Se são os homens que possuem um profundo mas abafado temor no seu cerne e assim se acobardam antes da contenda.

Falo daquele lugar-comum 'elas são piores que eles'.

O creme de rosto

Ar de gaiata?! Cara menineira?! Filhos crescidos?! Ai que o raio do caviar* presente no meu mais recente creme de rosto afinal rejuvenesce.

* ver aqui

Gastura

Por vê-la manca e corcunda, endireitei-me e inspirei profundamente. Caraças, pá, qualquer dia estou assim! Está frio, está frio... E depois?!

Chuvinha

Eu não gosto de me sentir enfiada dentro do chapéu-de-chuva. E tu?

Chuvinha

Lá que chova... Está bem!
Lá que me encharque... Está bem!
Mas ter os pés tintos pelos sapatos... É chato! E feio.

Do caixote

Era polícia, vinha fardado - pois quando não nunca saberia que o homem era polícia - e queria saber o preço do caixote de lixo. Então, ao depois de saber valores, diz que não podia levar... Agora.
Hum... Bastão, pistola, coldre, caixote de lixo… Há acontecimentos na minha vida que me fazem pensar pra caraças.

?!

 As almas gémeas existem?

Para umas pessoas:
existem sim,
mas nunca se encontram.
Para outras pessoas:
Existem,
sim,
mas em modo espasmódico.


Post acerca de coisas boas

Ato predileto → Hum... Comer...?

Posição favorita → Ora bem... Sentada...?

Costume saudável → Pois... Andar a pé...?

O narcisismo da iluminada...

... Existiu

- e existe -

poque sou

 pretensiosa.

Como não?
O que mais?

O narcisismo da iluminada existiu porque tirei várias fotos a mim própria e, não ficando nenhuma capazmente, e apresentando as ditas fotos algum brilho excessivo, nasceu daí o cognome. Depois foi só colocar uma camadinha de lápis por sobre as fotos, tipo fotocópia ou isso, e fiquei absolutamente fantástica.

Acompanhamento à distância

Na avenida passaram três pessoas por mim de enfiada, todas falavam ao telemóvel:
um homem falava num dialeto que não discorri por completa ignorância na matéria
uma mulher muito interessadamente perguntava se já tinha chegado a broncoscopia
um jovem despedia-se até logo simpaticamente
Qual as tecnologias promoverem o distanciamento entre as pessoas, qual quê! Não fora as ditas e estas três pessoas iriam caladas e completamente sozinhas.

Em duas partes

Lamento do homem da cafetaria:
Custa-me tanto cortar o bolo ao meio... Tanto... Nem fazes ideia!
Volto-me com espanto:
Então porquê?
E aconselho:
Pensa que o bolo vai ser comido com prazer por duas pessoas que se amam...

Uns dias depois desta história pedi ao homem da cafetaria que me aviasse um pastel de feijão cruelmente dilacerado em duas partes. Sorriu. E achou-se aquém em palavreado. Deixa-te disso, 'migo. Eu é que tenho a mania que sou um dicionário cheio de piada.

Lisboa, 22 de janeiro de 2013

Passeio de cadela

Ontem, das 19 às 20, andei pelas ruas de Lisboa mais a cadela. É tão saloia a minha bicha... Ele era luzes nos olhos, ele era cheiros diferentes, ele era pessoas mais que muitas e carros ao barulho, ele era cães até mais não. E a cadela toda maluca, num misto de deslumbramento e susto.

Jantarinho fácil, o de ontem

Pizza, Pizza, gordurosa
Pizza, Pizza, prazerosa
Pizza, Pizza, voluptuosa
(É só para rimar.)

A menina da pizzaria tinha a voz e a cor daquela atriz do antigo (mas não esquecido) filme 'Academia de Polícia'* mas não a timidez e o temor.

*Pesquisar e o caraças é que foram elas… Desisto de tentar encontrar imagens na internet acerca da tal atriz.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Morte não anunciada

Um dos motivos porque ainda não terminei este blogue é pelas saudades que teria dos leitores. Sempre se vão passeando algumas pessoas por aqui. Bem hajam.

Mescla

Não é hipocrisia, é para mostrar muitas caras.

Há quem cubra o desdém com uma capa de decoro.

Versejar

Não escrevas versos, mulher
Faz bonitezas
Dedica-te à prosa
Só.

Não tens parte com o versejar
Caramba, ainda não percebeste?

Troça

Eu não faço
Pouco das pessoas
Não
Não e não
Eu faço muito
Faço muito das pessoas
Faço-as em muito.

Mulheres

A mulher verde possui
frescura
vigor
leveza
despreocupação
liberdade.

A mulher vermelha possui
temperança
conhecimento
histórias
saudade
tolerância.

Uma
não é
melhor
que
a outra.
Nem pensar.

A fêmea

Um cliente pergunta ao meu colega se ele tem machos. E ele diz que sim senhor, tem.
Machos de carne e osso, machos de metal. Oh céus, vivo rodeada de machos...

Tudo a ver com o post anterior

«Rideau de douche», sabeis o que é?

E «duschvorhang»? Piorou, ?

E, já agora, «tenda doccia»?

Longa conversa

Está tudo bem consigo, dona Genoveva?
Está, sim, e a Gina, como está?

Ah, Gina, não queira saber, esta manhã a torneira da banheira começou a esguichar água, naturalmente alguma coisa se rompeu, não sei. E eu muito aflita porque queria tomar o duche, quando ouço alguém aos murros à porta, era a senhoria, que mora por baixo, queria saber porque é que lhe estava a cair água em casa. Ora, bolas, Gina, diga lá, é preciso tanta força, tanto barulho? Então ela acha que eu tenho prazer em ter a casa escangalhada? Que raio, e ela sabe, acredite que ela sabe, a Gina acredite, ora pois se eu ando devagar e a casa é grande... E logo hoje que eu tinha de lavar a cabeça por causa do tratamento capilar, que me anda a cair muito cabelo. Isto é nervos, sabe lá, há dias... olhe, ontem, por exemplo, tive de tomar dois terços do antidepressivo.

Eu estou ótima, dona Genoveva. Obrigadinha.

Deambulando

Aconselhei um cliente a que se deslocasse a tal lado pois lá haveria o que procurava, sendo que o sítio em questão fica longe pra caraças. Mandei-o ir, a bem dizer é isso. Depois lembrei-me que o podia ter mandado à merda... Mas foquemo-nos na lonjura. Há pouco vi o homem na rua. Oh pra mim armada aos cucos imaginando que ele me reconheceria e ralharia imenso comigo, gesticulando e tudo o mais por o ter mandado a tão grande distância, olhe lá já viu o que me fez andar e blás. Mas não, ele não deu mostras de me reconhecer. É bem, pois claro que é bem, não tenho uma cara peculiar, portanto: não sendo desdentada ou zarolha...

No consultório

Uma fisioterapeuta pede ajuda:
– Olha, podes-me ir pôr umas botas?
Outra fisioterapeuta dispõe-se:
– Sim, vou já, estou só aqui a pôr umas correntes.

Que raio de cenas mais estranhas as que estas gajas fazem, pá...

Lisboa, 21 de janeiro de 2013

O casalinho

Pergunta como é possível?
«Tu sujas, eu limpo.»
Que escravidão...

Existem certas atenuantes
E outras coisas prazerosas
Diz ela

O perguntador desdenha
Então...

Se não querias saber
Não perguntasses!

A abordagem do cliente...

- Nada como perguntar a uma mulher... Tem rolo da massa?

domingo, 20 de janeiro de 2013

...

Não é hipocrisia, é para mostrar muitas caras.

Quem atira a primeira pedra?

Loures, 20 de janeiro de 2013

Passeio

Fui passear a cadela. Até aí nada de novo. Hum, quiçá o facto de não ser vulgar o passeio da cadela ser liderado por mim. Adiante. Podia falar da indumentária que envergava... Caso quisesse a completa desistência do parco leitorado deste bolgue. Ou então, caso quisesse um tipo de leitorado diferente, absolutamente diferente. Aí sim, revelaria todas as peças da incrível vestimenta com que passeei a minha cadela.

Cena da minha vida com base num filme cheio de cenas

Estive a ver pedaços dum filme em que o ator principal é o Tom Cruise em tamanho XL e em novo e em lutador. Há murros, pontapés, golpes, chaves. E uma miúda gira. Só não há o sex-apeal do Tom...

...

Eu não tive medo do vendaval d' ontem. E tu?

Cantoria caseia

Eu cantar, canto. Mas creio que canto baixinho, ou então, muitíssimo bem, qual rouxinol, porquanto a vizinhança é a mesma há dezasseis anos.

Choque de gajas

Gaja-cadela tem medo do aspirador. Gaja-dona marimba.

Amanha-te, 'miga! Tapa as orelhas... Esconde-te... Desaparece... Como queiras.

Perspetiva

Loures, 19 de janeiro de 2013

O bolo-novidade-na-minha-cozinha sem fotografia

O bolo comeu-se antes de lhe tirar uma foto. Mas, para não perder mais tempo - ando há mais de um mês para experimentar... - coloco hoje a receita, pois para que é que interessa o aspeto do bolo, ?

É um bolo de laranja, muito bom, diferente - ' Bolo Crumble de Cardamomo e Laranja' - assim de caras dá a ideia que a laranja não é um bom fruto para um crumbe, mas lá que resulta, resulta. A receita foi retirada daqui. Bom apetite!


Bolo Crumble de Cardamomo e Laranja


Crumble:
1/2 chávena de farinha trigo
1/2 chávena de nozes picadas grosseiramente
1/4 chávena de açúcar mascavado claro
Raspa de 1 laranja
1/2 colher (chá) de cardamomo em pó
4 colheres (sopa) de manteiga em cubinhos

Bolo:
2 chávenas de farinha trigo
2 colheres (chá) de fermento
1 e 1/2 colher (chá) de cardamomo em pó
2/3 chávena de açúcar mascavado claro
Raspas de 2 laranjas
50 gr de manteiga derretida e fria
2 ovos
1/2 chávena de leite
1/2 chávena de sumo de laranja

Preparação do crumble:
Colocar todos os ingredientes numa taça e com as pontas dos dedos misturar bem até obter um género de migalhas.

Preparação do bolo:
Numa taça colocar o açúcar e as raspas de laranja e com os dedos esfregar bem a mistura até o açúcar ficar húmido. Misturar com os ingredientes secos (farinha, fermento e cardamomo).
Noutra taça misturar os líquidos (margarina, ovos, leite e sumo) e adicionar aos secos, mexendo o suficiente para os misturar.
Colocar a massa na forma e cobrir com as migalhas do crumble. Levar ao forno até cozer (teste do palito).

sábado, 19 de janeiro de 2013

Papéis invertidos

Agora a rica filha ralha comigo: ó mãe, tu não és capaz de comer sem sujar os lados da boca?

Loures, 19 de janeiro de 2013

Gostos

Ela tem um gosto
Ele tem o gosto dela
Ela gosta do gosto dele
Porque tem o gosto dela
Ela gosta
Dele.

Que coisa feia...

Às vezes o patinho feio toma conta disto aqui, dou-lhe anteção e isso. Ou isso. Não está bem, todas as pessoas são bonitas.. Por fora, por dentro, obliquamente. Todas. Só por dizer que eu sou diferente... Agora ando nisto.

Sombra; sol; vento; chuva; humidade

E o bolo no forno...

Loures, 19 de janeiro de 2013

Vendaval

Voam coisas. Tiras de estore, plásticos, fios e folhas. Que corropio em Portugal inteiro, segundo as notícias. Faço parte daquele grupo de pessoas a quem já rodopiaram e tombaram objetos na varanda. Mas que é fixe para secar a roupinha, lá isso é...

Loures, 19 de janeiro de 2013

Ah ganda som!

É favor cuscar este linque depois de ler o resto. Obrigadinha.

Eu tentar, tentei, ao sério que tentei, mas ainda não descortinei como raio é que ponho vídeos do youtube a serem visionados diretamente no bloque. E, como tenho mais o que fazer do que andar de roda de cenas das quais não percebo patavina, nomeadamente escrever patacoadas, deixo o linque e está feita a coisa. O que eu queria salientar, é que realmente este é um ganda som. E também é um ganda poema.

Stronger (What Doesn't Kill You); Kelly Clarkson


You know the bed feels warmer
Sleeping here alone
You know I dream in color
And do the things I want

You think you got the best of me
Think you had the last laugh
Bet you think that everything good is gone
Think you left me broken down
Think that I'll come running back
Baby you don't know me, cause you're dead wrong

What doesn't kill you makes you stronger
Stand a little taller
Doesn't mean I'm lonely when I'm alone
What doesn't kill you makes a fighter
Footsteps even lighter
Doesn't mean I'm over cause you're gone

What doesn't kill you makes you stronger, stronger
Just me, myself and I
What doesn't kill you makes you stronger
Stand a little taller
Doesn't mean I'm lonely when I'm alone

You heard that I was starting over with someone new
But told you I was moving on over you

You didn't think that I'd come back
I'd come back swinging
You try to break me but you see

What doesn't kill you makes you stronger
Stand a little taller
Doesn't mean I'm lonely when I'm alone
What doesn't kill you makes a fighter
Footsteps even lighter
Doesn't mean I'm over cause you're gone

What doesn't kill you makes you stronger, stronger
Just me, myself and I
What doesn't kill you makes you stronger
Stand a little taller
Doesn't mean I'm lonely when I'm alone

Thanks to you I got a new thing started
Thanks to you I'm not a broken hearted
Thanks to you I'm finally thinking bout me
You know in the end the day you left was just my beginning
In the end...

Fonte: http://www.vagalume.com.br


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O último

Há algo que me diz que à sexta-feira estou no meu melhor, seja lá o que for, esse melhoramento. Melhor é melhor, ponto assente.

O penúltimo

No lugar da musa escrevo e leio, leio e escrevo. Dava-me jeito que ao menos nesse maravilhoso lugar eu tivesse um ar de senhora das letras, para que de vez em quando fizesse jus a mim própria.

Nascido da glória imensa de saber escrever

Pequeno acontecimento:
assustei o homem da cafetaria.

Sucinto desenvolvimento:
foi giro.

A mulher

Apoia a gaguez na palavra 'assim'. Teve uma madrinha que lhe deu muito que fazer nos últimos tempos de vida, ele era chamar nomes feios, ele era dizer que a roubara, ele era respostas tortas. Um calvário. E a gaguez a repousar, a tomar alento na palavra 'assim'.
Fala muito mas também consegue ouvir. Tem longos períodos de silêncio, mexe-se compulsivamente, com trejeitos nervosos e imprecisos, os olhos rolam desordenadamente, como se a sua cabeça fervesse em indignação, independentemente do tema que escuta. Credo, que nervos. É contagiosa, esta coisa dos nervos. Gaguejar já eu gaguejo lá de quando em quando... Também tenho longos períodos de silêncio... Mau maria...

13:47

Chove em Lisboa (adoro esta frase...). O jardim está vazio de pessoas, que os bancos e as árvores lá vigoram, indiferentes.

13:35

A fonte jorra ao almoço. Ainda não percebi se jorra diariamente e ininterruptamente. Tenho de tratar de deslindar este caso porquanto não suporto viver em ânsias desta natureza.

Inverno

Decorridos vinte e sete dias deste inverno é com uma alegria desmedida que reparo que finalmente caíram todas as folhas das árvores da alameda.
Com alegria, sim. Desmedida, pois. Eu exagero sempre que escrevo, certo?

Objetos

Podia-me dar para pior, que eu bem sei como é – às vezes dá...

Lisboa, 18 de janeiro de 2013

1221

Olha a capicua! Nada a dizer senão: parecem saltinhos, um, dois, dois, um.

Esverdeou

Está um coração desenhado a giz no semáforo onde o boneco há-de acender verde. Aguardo o luminoso que me permitirá atravessar a avenida e lembro que nesse momento tenho duas esperanças: a de atravessar a estrada muito em breve e a de ver uma coisa gira quando a luz incidir no bonequinho verde.

Avermelhou

Um senhor disse-me que eu fico melhor com a outra farda, que este casaco vermelho lhe faz doer os olhos. E não é por causa do Benfica, acrescenta ele, eu que não pense isso, é mesmo porque a cor lhe cansa a vista.
Pois é, mas eu adoro vermelho... Disse eu, e aconselhei-o: não olhe para mim!

No consultório

Prefácio

Rosa Cristina?! Chamaram a Rosa Cristina. Foi.

**********

Tenho andado metida num consultório de fisioterapia, caminho até lá diariamente, e ando por aí apontando as coisitas do costume.
Ora bem: não é um lugar onde me distraia prazerosamente no meio das minhas observações, muito embora ao fim destes dias já me tenha habituado à personalidade do local, que é maioritariamente frequentado por idosos. O problema não está na idade das pessoas, a bem dizer não é problema nenhum, é algo pesaroso para mim. Eles têm no olhar um peso que me entristece, é como que um distanciamento da realidade, talvez venha daí a lentidão com que assimilam a informação. É sabido que os velhos têm doenças e sobretudo dores, logo, se ademais o lugar é de saúde... Pumba, pelo aglomerado de pessoas nas mesmas circunstâncias, não me parece ser um estágio nada feliz, este da velhice.
Mas há coisas fixes, claro, ouço nomes giros para as minhas histórias: Zeferina; Cândida; Josefa; Clotilde; Francelina. E Rosa Cristina, ver acima.

Rogo

«Ai valha-me deus! Ah...»

Diz ela amiúde. Bengala verbal.

Num quadro de fundo preto...


«Une étoile caresse le sein d' une négresse.»

Fui pesquisar, arranjei tradutor e...

'Uma estrela acariciou o peito de uma negra'.

P.S.
Ninguém ralha muito comigo se não referir o sítio onde me apoiei para a tradução, pois não?

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

?

O que é que tens?
Tenho um acumular de situações.

Como é que é?

Sabes como é aquela reação do costume, no dia do costume, que te entontece e até alimenta, que sabes ser assim, tão costumeiro que, se acontece num dia diferente, te baratina até mais não e depois já não sabes como costumavas sentir-te neste dia?
Se não sabes devias saber.

Depende...

… Tanto posso pôr o radio a tocar para ouvir como para não ouvir.

Comprometida

Há oito dias que não uso aliança. O motivo para tal é de somenos, apenas interessa que o cônjuge é o mesmo e ainda não recebi nenhuma proposta, o que me leva a crer que a aliança não faz (nem desfaz) o casamento.

Prisão

Lisboa, 17 de janeiro de 2013

Porta-te bem

Ultimamente tenho-me portado muito bem aqui no blogue. Muito bem. Não tenho feito ondinhas nem tem havido vendavais, não tenho dito merda nem cornos. Que jejum. Que fraqueza. Que fome.

Agora podia dizer que o mundo está dividido em duas partes:
os que já bateram com a cabeça no corrimão da galeria comercial e os que não bateram com a cabeça no corrimão da galeria comercial.
Podia.
Mas não.
Isso já está mais que rodado blogosfera afora.
Bem, ainda cá volto, o melhor é dizer que tinha a franja a tapar os olhos e num gesto brusco bati com os cornos na porra do corrimão daquela galeria comercial de merda. E pronto.

No lugar da musa

Há algum tempo que não visitava o lugar da musa. Agora há quadros com o vermelho a predominar, mais concretamente um quadro com um touro vermelho, lembrando o ato tão sanguinário.

A mesa abana com o meu escrever. Credo, que força, mulher! Tem tento!

Guloseima

– Quer uma bolachinha ou um chocolatinho?
Pergunta o homem da cafetaria, cheio duma simpatia tímida. Escolhi a bolachinha. Depois ele fez questão de me ofertar também o chocolatinho. Que fofo.


Lisboa, 17 de janeiro de 2013

O estado do tempo

Olha, este ainda não tinha percebido que eu não faço coisa nenhuma e passo o tempo na rua: ah e porque a chuva é coiso e eu não posso ir passear e mais não sei o quê. Tão engraçadinho, que subtileza que o bicho tem.

Lisboa, 17 de janeiro de 2013

Caviar

Noutro dia comprei um creme de rosto que contém caviar. Pode ser só no rótulo que aparece vestígios da iguaria, quero lá saber, adiante. O que é facto é que hoje a dona Marília me achou particularmente agradável à vista e eu pensei se isso se deveria ao caviar que está escrito no rótulo do boião do meu creme de rosto.
Também pode ser, agora me lembro, a dona Marília ter saído diretamente da observância do seu próprio rosto e deparando-se com esta minha carinha de porcelana, se comparada com a dela... Lhe pareça extremamente agradável. Bonita. Enfim.

Caviar

Este post é só para baralhar o sondável mister Google.

Caviar

Este post é só para aparecer em muitas buscas.

O momento certo

Tenho os dentes tortos mas ninguém sabe. Não sabia. Eu revelei, estava no momento certo.

Olfato

Estar na fase do olfato apurado e ter de atender um cliente com (muito) mau hálito... É lixado.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Juventude

Os jovens são desajeitados no cigarrar, não sabem sacudir a cinza, o gesto tem algo de premeditado, indeciso, nervoso. Mas um dia saberão dar duas batidinhas na ponta do cigarro, fá-lo-ão com a mesma naturalidade e inconsciência com que fazem duplo clique no rato.

A danceteria caseira

Ela, gingando ao som duma dessas músicas pop:
Temos de ir uma noite dessas dançar...
Ele, trocista, fingindo desdém:
Oh, agora é de manhã e estás a dançar, não serve?

(Homens...)

A querideza

- Ó menina... Não acredito que não a achem uma querida!
Exclama a dona Adelina, com o seu jeito próprio. Concordo com tão veemente ideia e devolvo a resposta com o meu jeito muito próprio (também tenho um desses):
- Há, claro que há, dona Adelina. Há as pessoas que me acham querida e o dizem; há as pessoas que me acham querida e não dizem mas mostram; há as pessoas que me acham querida mas não sabem como mostrar.
- Sim senhora, muito bem explicado, com essa resposta é que você me tramou!

O tempo

Chove volta e não volta.
Volta quase rima com marmota e com...
Pelota.

Pois é, não tenho assunto, por isso falo do estado do tempo. Veja-se por exemplo, a disparidade que existe entre pelota e chuva, dava para estender o assunto por aí afora, produzindo um texto enorme, daqueles que ninguém lê.

A voz

O Miguel Sousa Tavares telefonou para aqui, queria falar com a Cristina. (Sim, o MST, e não, não estou a inventar, se não acreditam... Paciência.)
Bem, o meu nome é Gina, foi o que eu respondi.
Ah, então porque será que tenho aqui apontado o nome Cristina?, foi o que ele perguntou.
E eu, ao notar tanto interesse, tive vontade de lhe contar uma grande história dos meus tempos infantis e juvenis.
Sempre que me perguntavam o nome e eu dizia que era Gina, lá vinha o engano: Cristina? Era tão comum que eu passei a desejar chamar-me Cristina, porquanto era um nome giro; um nome de jovem; um nome capaz de suscitar interesse. Nessa altura, e mesmo mais tarde, brincava com a pessoa que me entendesse por Cristina dizendo que eu era outra 'ina' → Gina. E depois vinha a fatídica pergunta: e és mesmo Gina ou é diminutivo?
Mas não lhe contei esta história, disse somente que em tempos esteve cá uma Cristina e que era ela quem tratava das compras e deixei-o a depreender o resto. O homem fez menção de apagar uma 'ina' e substituí-la por outra e ficámos assim.
Ah, é verdade, não, não foi o MST quem falou comigo com tão vivo interesse, era o que faltava... Mas tem a voz igual, daí o título do post.

A voz

Tive uma cliente que queria uma pinça para 'arrancar os pelos assim das senhoras'.
Falava como a Amália. Sim, a fadista. Tinha a voz arrastada, engolia sílabas. Como a Amália.

O dia

Ora bem, então é assim: já ocorreu o Dia da Defesa Nacional na vida do rico filho. Aquilo não foi nada de especial, que o rapaz não se dá com cenas cheias de regras. Claro que não, alguém é regrado aos 18 anos? É-se obrigado a ser, isso sim. Como, ademais, no resto das nossas vidas.
Quando lhe perguntei que tal tinha sido o dia avisei-o logo de que não me respondesse que tinha sido normal porque normal é que não teria sido, pois nunca lhe aconteceu um dia destes. Sorriu condescendentemente.
– O almoço foi frango estufado ou isso e tinha passas – Diz ele, meio enojado na altura de proferir as passas – E comi duas sobremesas porque o gajo que estava à minha frente não quis a dele.
De resto diz que foi uma estafa, um dia passado a ouvir as pessoas falar, e pronto, não curtiu, não quer nada com a vida militar.

A porra do frio

Ele, em relação ao cachecol e às luvas, num jeito descontraído e algo ausente:
– Está assim tanto frio?
Há pessoas que não se coadunam com a minha existência...

Modo de pensar absolutamente normal

Pôr a pen na caixa dos óculos é normal, não é?
Ok, bem me parecia. Pensando bem, parece-me um ato bom; maravilhoso; fantástico.

É que às vezes... Sei lá, dava-me jeito ser estranha e/ou fazer coisas fixes, e pôr uma pena na caixa dos óculos não é nada disso assim.

0.20 €

Alguém perdeu vinte cêntimos?


Se ninguém se manifesta, então são meus. Apanhei-os junto a uma sarjeta húmida e emporcalhada, numa esquina lisboeta.

Achar moedas é fantástico na medida em que se poupa dinheiro pra caraças. Vou beber um café: olha, o café já me fica mais barato. Vou comprar laranjas: olha: assim fica-me mais barata a feira. Apetece-me comprar uma colher de pau: olha, posso comprar que achei vinte cêntimos há pouco, sempre gasto menos. Ou seja: aforrei sessenta cêntimos. Ilusoriamente, bem sei, mas para que é que isso interessa, se as verdades são aquilo que eu quiser?

Tenha cuidado com o que diz, minha senhora

Não posso dizer 'miúdos' que me caem em cima, os ricos filhos já são adultos.
Qual miúdos, qual quê, uns calmeirões daquele tamanho!
Quem riposta assim é aquele que não é pai. Ah pois.

«Êlos»

Pelos
são da pele.
Cabelos
são da cabeça.
Hum... Pele da cabeça?
É escalpe.
Não,
não vou inventar palavras,
não senhores.

Quando a minha cadela era Nina

Alguns factos que quero registar.

Apareceu junto do tal senhor que a reconheceu (e que ela também reconheceu) com aspeto de animal doméstico maltratado, sem atenção ou carinho. Ele desconhece de onde vinha, portanto.

Chamava-lhe Nina.

Arranjou-lhe um lugar para ela viver e dava-lhe comer, comprava-lhe inclusivamente as pipetas, em tempos tivera um cão e sabia como se podia proteger dos parasitas.

A Nina emprenhou, teve 7 ou 8 crias, todos iguais a ela exctuando um, que era castanho. Um dos cachorrinhos, como já mencionei da outra vez, ficou a cargo do filho deste senhor.

Existem fotografias da Olívia, do tempo em que era Nina, as quais têm cerca de um ano, o que nos leva a crer que esteve no canil poucos meses e muito nos apraz.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

No auditório, aprendendo a faturar...

... Ou: de como se continua a vida desde o post anterior.

Isto é tão inclinado, oh céus! Que vácuo... Por pouco não pouso os pés na nuca das pessoas da fila de baixo.
Ao meu lado está uma mulher gorda, ao lado dela está um homem mais gordo ainda. Deve ser o pai, parecem-me donos duma daquelas pequenas empresas geridas por famílias, atravessando gerações.
Alguns comerciantes cumprimentam-se, aparentemente não se encontravam há anos. Que giro.
Fiquei de lado relativamente ao ecrã e aos oradores, não vou ver porra nenhuma... E isto é esconso que se farta!
Vou passar a chamar adquirentes aos meus clientes, é a regra.
Se agora fizesse um clique fotográfico no visor apareceriam ganchos, cabelo e slides com as palavras: fatura, faturação, iva, isenção, sujeitos passivos.
Estenógrafa, eu? Que pena não sê-lo...
'Muito obrigado pela sua atenção' no ecrã. Já acabou a palestra? Ufa!
Intervalo, agora. Eia, que zunzum, o pessoal a sair.
Daqui a nada vamos às questões colocadas pelos próprios comerciantes. Fico para ouvir, nada como ouvir debates em direto para se perceber tudo, é aí que as pessoas vão falar espontaneamente, com a linguagem corrente. Melhor ficar. Há burburinho, o espaço é do tipo abismal e está fracamente iluminado, é um tanto ou quanto aflitivo.
À entrada ofereceram-me uma capa A4 com folhas em branco, uma caneta e um prospeto contendo atividades futuras da associação, nomeadamente cursos grátis de vitrinismo e técnicas de venda. Dava jeito, dava.
(Não sei fazer montras;
não sei fazer promoções.)
O senhor que me rececionou não entendeu o segundo nome da minha empresa. É quase sempre assim, concordo que é um nome estranho para os dias de hoje; pomposo pelo lado menos bom.
Está a ficar um frio que não se pode. Tenho fome. Apalpei a minha maçã, hum...
Aqui do lado está um papel com um daqueles símbolos labirínticos que informam as coordenadas (ou lá que é), se me der a parvoeira ligo ao meu amor e envio-lhe via telemóvel o labirinto para ele vir ter comigo e salvar-me da opressão que esta porra deste lugar sinistro exerce sobre mim.
Recomeçou. Vamos lá, ouçamos debater a temática faturação atual. Pequeno à parte: sinto-me noticiosa, pejada de novas regras. Eu. Olha aí o antigo modo de escrever: facturação actual...
Foi feita uma questão importante e estranha, particularmente extensa, de difícil resposta, o senhor doutor cofiou a barba para se concentrar no desenrolar da questão, tirou e colocou os óculos uma série de vezes, até que apoia a cabeça nas mãos, exausto, no limiar da paciência. É que, convenhamos, o perguntador era chato pra caraças!
A máquina registadora morreu, nada a fazer, caros colegas.
Alô! Preciso dum contabilista para me dar mais um pouco de alento, é que estão a falar de listas, mapas e números há duas horas e eu cá sou de letras.
A bem dizer devia bazar agora mesmo para ficar com as coisinhas todas na memória, filtro quase nada ao momento. Mas não. Continuo aqui, sempre está mais quentinho do que lá fora.
O senhor doutor está tão impaciente quanto eu, enquanto responde às questões roda a caneta em cima do papel onde apontou os tópicos das ditas questões.
Último grupo de questões. Algumas destas tocam em pontos já esclarecidos. Não aguentei mas, saí à rua. Ah!... Que fresquinho. Descia a rua do Salitre enquanto falava ao telefone com o meu colega transmitindo os pontos esclarecidos. Ele referiu que gostou de ouvir a minha 'palestra'. Que bom. Hoje sei que é porque tinha tudo na cabeça, porque hoje já não tenho a informação tão precisa, nem me exprimo tão capazmente. Ainda bem que para além dos tópicos que apontei, debitando as parvoíces que se podem ler neste post, também apontei tópicos de trabalho, inclusivamente o endereço de correio eletrónico para futuras dúvidas, o qual é extremamente bem-vindo.
Sentei-me num banco de jardim da avenida da Liberdade, roendo a maçã. Achei Lisboa vazia, àquela hora (17:30, sensivelmente) seria suposto haver movimento, é coração de Lisboa. Esta cidade está muito diferente.
Tirei fotos na avenida, estão cinzentas, o dia estava a um passinho do crepúsculo. Cinzentas mas bonitas.




segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

V. I. D. (Very Important Day)

Hoje é o tal dia. Vou aprender a faturar, que até à data não sabia, claro que não, sempre fui incompetente e, principalmente, distraída. Daqui a nada sairei para só voltar amanhã.
Ontem, domingo, pensei no trabalho – não estava distraída, portanto, e fingia-me cheia de competências – e andei à busca dum caderno vazio para fazer os meus apontamentos. Descobri um com o focinho duma foca branca (ou lá que é o bicho). Comprei-o no Zoomarine há uns anos, quando tive uma espécie de férias e estive no Algarve, e não posso dizer que o caderno estivesse completamente vazio, na primeira página está escrito assim:

«Albufeira, 24/1/2009
20:42, sábado

Comprei este caderno hoje no Zoomarine.
Este caderno será o próximo a ouvir as minhas confidências. Pelo menos é o que penso agora.»

Bem sei que revelei um escrito íntimo no blogue, um daqueles meus registos desinteressados, onde não espero leitores. Fiz esta revelação para provar que a vida muda de perspetiva, e não é pouco. Também a fiz porque salvaguardei desde logo que podia haver mudança de planos, e houve.

P.S.
Oh céus, hoje não tenho mais tempo para escrever, senão no caderno...

11:15

Olá, bom dia! São 11:15 e acabo de criar o meu pseudónimo. Obviamente não o divulgarei, se preciso duma porra destas para não ser (re)conhecida...

Podem dizer: ah, mas depois não podes ter o prazer de mostrar às pessoas o que escreves...
Pois não, sendo a Gina G também não mostro.


(Quais pessoas?)

domingo, 13 de janeiro de 2013

Fim-de-semana

Há meses que não publicava tantos posts num fim-de-semana. Quis mudar os costumes. Não é que não tenha assunto ao fim-de-semana, tenho pois, sempre tive, tanto se pode escrever dos pequenos acontecimentos de balcão como de assuntos da lida da casa, da vizinhança, do viver mais restrito, íntimo, particular. Escrever é escrever, tão somente, e eu tenho a graça de conseguir espasmos literários independentemente do local onde me encontre. (Oh céus, eu usei a palavra 'literários'...)
Acho que queria descansar. Se calhar era isso: descansar. Também queria dar descanso aos leitores, escrevo imenso durante a semana, não dou tempo a que me leiam, então forcei-me a parar ao fim-de-semana. Que parvoíce, a minha.

Continuidade(?)

Quando eu morrer a blogosfera não mais será a mesma.

Cumprimento

O viúvo charmoso pergunta-me se estou boazinha... Ok, eu confesso, vá, podia acontecer-me cenas menos elegantes.

Descoberta

Quando andei a arrumar os livros na nova estante descobri um que não sei de onde veio, quem comprou, se mo deram. Nada. 
Trata-se d' A Biblioteca, de Zoran Zivkovc. Acho que foi construído de maneira a que o leitor o termine. Mas não tenho a certeza. Um dia leio-o. Vai para a prateleira dos não lidos, à espera.

Molho de Caramelo


Vi no programa do Rudolph, no canal 24 Kitchen. É muito fácil de fazer. É bastante bom de comer.

300 gramas de açúcar
200 mililitros de natas
100 gramas de manteiga

Aquece-se uma caçarola larga e alta. Assim que aquecer cobre-se o fundo da caçarola com açúcar. Quando este derreter e estiver num tom acastanhado verte-se mais açúcar e procede-se do mesmo modo até terminar todo o açúcar. Entretanto já se tem as natas fervidas, as quais se juntam ao açúcar caramelizado. Cuidado, vai borbulhar imenso, foi por isso que recomendei uma caçarola alta. Durante o borbulhar agita-se muito bem a mistura com uma vara de arames e retira-se do lume assim que abrandar a fervura. Já fora do lume adiciona-se a manteiga e mexe-se até que derreta. E já está!

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