Gina, a mulher que tem um blogue

Gina, a mulher que tem um blogue

quarta-feira, 30 de abril de 2014

terceiro

mármore

...

Sou tão perversa. Há momentos em que se torna particularmente difícil contornar essa perversidade, e depois entorna-se, claro. Conquanto a entorne no blogue, pois bem.

Beijo na boca

Dois namorados – ou dois meros conhecidos, sei lá, nem verdadeiramente me interessa, para este caso – beijavam-se na boca no local mais descampado que a avenida tem. Ela tinha as mãos no alto da cabeça dele, assim como que cruzadas, mas abertas e separadas, não em louvor, antes em possessão. Que ávida.

Calor

Da parte da tarde tudo está agarrado a um gelado, chupando, lambendo ou sorvendo, dependendo do grau de descongelação em que se encontra a guloseima.

Calor

Braços nus. Pele com sol. Sol na pele. Pele e sol. Tanto faz, é como uma união, uma fundição de duas partes, é como fazer amor.

TV lourense

O mentalista, aquele da tv, que tem piada aos montes e é giro que se farta, não está lá nos eu-as não senhores, nem anda a descodificar comportamentos e a desmascarar criminosos e a viver cenas hilariantes e aventuras com muita adrenalina. Não. O mentalista é aviador e mora numa das ruas mais pacatas de Loures, quiçá a mais pacata, e de nome do mais pomposo/estranho que pode haver. Pois. Afinal vive as cenas e as aventuras no ar e/ou numa rua especial.

Almoço

Na mesa ao lado fala-se de senhoras que são alérgicas ao sémen. Credo.

Almoço

O empregado de mesa, quando a cliente termina o prato principal, pergunta assim:
– Então e agora?
Ela responde:
– Traga-me um cafézinho, senhor.
E ele remata:
– Acho bem.

Almoço

Uma dama empertigada consulta o menu, porém nada lhe agrada, então pede uma salada mista e uma omolete de queijo, frisando que a salada tem de ser grande uma vez que não vai comer arroz ou batata. Pouco depois é-lhe pousado na mesa um prato com um retângulo de ovo frito e outro prato com verduras, todo assim a modos que farfalhudo – muita alface; salada grande.

Sonho

Sonhei que havia construído um texto carregado de vírgulas. Ora, como por vezes anuncio no blogue, tenho para mim que colocar vírgulas em excesso assemelha-se a hesitações patetas duma escrevente tosca, por isso, no sonho, eu estava fula comigo mesma, oh se estava.

...

Cheira a flores, é o vento que traz e leva.

Véspera

Amanhã é o primeiro dia de maio, aqui a zona está movimentada pra caraças, vai haver festa rija na área verde, calhando chega ao asfalto. Não sei como será, não sei como foi noutros anos, nunca cá estou, é feriado...

Saudades*

Momma, momma, momma made me the way I am
My face, my eyes, someone turn me up
I'm speaking my mind
And I, and I, I've been wasting lot of time looking in mirrors

(Little Mix)



*|da minha máquina...| |as fotos ainda são...|

Lisboa, 30 de abril de 2014

Se abril tivesse 31 dias, a próxima sexta-feira seria a terceira folga consecutiva num dia sobremaneira desejado por se encontrar colado ao fim-de-semana.
Mas depois a sexta-feira não ia ser dia 2; o sábado não ia ser dia 3; o domingo não ia ser dia 4; a segunda-feira não ia ser dia 5; a terça-feira não ia ser dia 6; a quarta-feira não ia ser dia 7; a quinta-feira não ia ser dia 8; a sexta-feira não ia ser dia 9; o sábado não ia ser dia 10; o domingo não ia ser dia 11; a segunda-feira não ia ser dia 12; a terça-feira não ia ser dia 13; a quarta-feira não ia ser dia 14; a quinta-feira não ia ser dia 15; a sexta-feira não ia ser dia 16; o sábado não ia ser dia 17; o domingo não ia ser dia 18; a segunda-feira não ia ser dia 19; a terça-feira não ia ser dia 20; a quarta-feira não ia ser dia 21; a quinta-feira não ia ser dia 22; a sexta-feira não ia ser dia 23; o sábado não ia ser dia 24; o domingo não ia ser dia 25; a segunda-feira não ia ser dia 26; a terça-feira não ia ser dia 27; a quarta-feira não ia ser dia 28; a quinta-feira não ia ser dia 29; a sexta-feira não ia ser dia 30; o sábado não ia ser dia 31; o domingo não ia ser dia 1... De junho, ia ser segunda-feira e as festas e atividades das criancinhas iam ficar pela metade...

Dia de (disseram na Radio)

Hoje é Dia da Honestidade. A locutora até disse que o mês de abril começa mentiroso e acaba honesto e aconselhou que lá por isso não nos vamos pôr a ser demasiado honestos, tipo dizermos àquela pessoa que achamos muito feia... que a achamos muito feia, é que isso não funciona lá muito bem em sociedade. Pois não. Então logo noite já não vou bater à porta de fulana e confessar-lhe expressamente que considero a voz dela especialmente irritante quando está ao telefone com as amigas.

Gina, a mulher que tem uma mota

Olá, bom dia!
Vim de mota.
Em certa altura a gente viu-se refletidos na chapa reluzente dum carro alto. Ficamos bem, capacetes vistosos e tal. Comento com ele: «olha, ali à frente vamos aparecer no grande vidro espelhado do hotel, vais ver». E vimos, a mim pareceu-me que somos donos duma elegância suprema mas isso pode ser do espelho-amigo ou então do olho-do-narciso.

terça-feira, 29 de abril de 2014

segundo

vento

Rascunhar: não sei se é preciso

A maioria dos posts d' hoje são rascunhos do tempo da tristeza espessa, na altura não me apetecia publicá-los, primeiro: ninguém ia lê-los; segundo: alguém podia lê-los. Controvérsia.

Post Scriptum: deixei ainda muitos rascunhos alojados no pc, são para aí uns cinquenta.

Antes que abril termine...

… Tenho de registar o seguinte: há uma ou duas semanas apareceu no facebook uma novidade (para mim). Trata-se dum grupo de escrita onde apenas se publicam drabbles, sendo que um drabble é um texto formado por exatamente cem palavras, nem mais nem menos (título excluído). Dar uma vista de olhos aqui.
Então resolvi participar. O tema era 'Abril' e, por mero acaso já tinha um rascunho alusivo a esse tema mas com muitas mais palavras. Alterei-o e publiquei o resultado dessa alteração no facebook. Publico agora os dois textos. A primeira criação aparece em primeiro lugar, seguidamente o drabble.

Visão

Quando se avança praça de Londres (Lisboa) afora, há agora uma exposição para ver, a qual alude aos 40 anos da Revolução do 25 de abril, 40: esse redondo número. Não paro para ver melhor e captar as coisinhas advindas, apenas me permito deparar com as vivalmas com quem me cruzo. Há um homem que parece ter vivido no tempo antes dessa data, tem grandes sulcos no rosto devido ao passar de muitos anos e/mas uma expressão feliz. Há um homem que não parece ter vivido no tempo antes dessa data com consciência da opressão, aparenta ser tão quarentão quanto eu, ostentando portanto um ar menos carregado de anos que a vivalma anterior. A gente desta idade não se lembra da opressão, a memória pode invocar imagens, como é o meu caso, que vejo soldados de espingarda em riste junto ao Aeroporto de Lisboa, porque nessa manhã calhou ir esperar o meu pai que viria num avião. Não fora esse acaso e estou certa que não teria memória nenhuma do 25 de abril de '74.

A Liberdade é uma quarentona valente e decidida. Pergunto. Pergunto porque não sei.

Abril de '74

Na avenida há uma exposição fotográfica aludindo aos 40 anos da Revolução. Não paro, apenas me permito cruzar-me com as vivalmas marchantes.
Vejo um homem tão quarentão quanto eu, ostentando portanto um ar menos carregado de anos que outras vivalmas. A gente quarentona desconhece esses tempos, a memória invoca imagens, como é o meu caso - vejo soldados de espingarda em riste junto ao Aeroporto de Lisboa, nessa manhã calhou ir esperar o meu pai que viria num avião. Não fora esse acaso e decerto não teria memória nenhuma da Revolução.

A Liberdade é uma quarentona valente e decidida. Pergunto.

Coisas

Lisboa; praça de Londres; 14:32; 24º
Outra vez, digo: os graus.
Lisboa; praça de Londres; 14:35; 25º
Ah.
Quero abalar mais cedo, hoje.
Lisboa; praça de Londres; 14:37; 26º
Tenho de ir, estou a aquecer demasiado, ou então atraso-me.
Lisboa; praça de Londres; 14:39; 25º
Hum.
Lisboa; praça de Londres; 14:41; 25º
Vou agora, na capicua.
Não.
Lisboa; praça de Londres; 24º
Arrefeceu.
Urge abandonar o local.

A casa doutrem

A senhora já esteve em minha casa...

|eu| |já estive em casa dele| |hum|

Mas se calhar já não se lembra...

|eu| | já não me lembro...?| |ora bem|

Moro no número y, sabe...

|Hum-hum, sei, estive pois, não uma vez só, duas ou três, creio, estive inclusivamente nos seus aposentos, caro senhor, enquanto o meu colega lhe afinava a fechadura do roupeiro. Afinação feita houve outra vez em que fomos até ao wc, ver torneiras e isso, tirei uma foto, ou duas, sei lá, falei dos cremes da senhora no blogue, publiquei a foto, acho que tem verde, verde-água, ou lá que é, pertence ainda ao meu antigo blogue. Entretanto, talvez num outro dia, não sei, estou na sala de entrada, olho a grande via lisboeta através da sua janela, vejo betão, caixilhos e gente, dias depois escrevo e publico um texto onde exponho a largueza da área e o coloco a falar comigo, coisa que não aconteceu, mas podia acontecer, que o senhor tem um à-vontade absolutamente extraordinário, daí me ter sido fácil construir uma cena mais ou menos ficcionada, logo eu que nem gosto lá muito de inventar.|

– Dois esfregões de arame, foi o que disse?

Post um bocado avermelhado

Diz ela assim:
Ah, ontem estava eu muito bem e apareceu-me aquilo, comecei logo a barafustar com o meu patrão!

Pus-me em alerta, tentando encontrar algo a dizer – por me parecer necessário -, atónita perante o desplante da mulher. Será que ela queria dizer ' o benfica joga em casa?'; 'desceram os comunistas?'

Sim, era isso, consegui a prova depois, era a questão mais vermelha da mulher.

Era uma vez

O senhor doutor entra na pastelaria e pede um café. Ponho-me a olhar para ele, descaradamente, gosto de observar as pessoas. É um homem alto, já quarentão, cabelos brancos aqui e ali, feições marcadas e uma arrogância no olhar que não atrai simpatia. Não quer açúcar, não quer colher. O empregado tenta o diálogo:
– Sei que o senhor não põe açúcar...
– … Mas pôs aqui a colher porque há pessoas que não põem açúcar mas gostam de mexer o café. - Atalha o homem, desarmando o empregado.
Perante este cenário fiz-me protagonista duma história que nem era minha nem nada, esmerando-me imensamente, por não sujar a boca com o açúcar de confeiteiro que encima o folhado, ou, no momento em que o abocanhasse, fazer saltar do meio o doce de ovos que se me colaria às bochechas, zangando o senhor doutor com tanta falta de jeito. Não consegui, tanto esmero para quê, que trapalhona, que desengraçada, sujei-me na mesma.

Maria Francisca e a minha mãe

Maria Francisca tem pronúncia alentejana. Carregadíssima. Lembra a minha mãe na idade; nas formas do corpo; no asseio que aparenta; nas queixas.
'Olá, está boa?', pergunto.
'Oh, filha, eu já nunca estou boa...'
A minha mãe responde igual. Maria Francisca esqueceu-se da bengala – nisto não se assemelha à minha mãe, ainda não existe esse objeto no chapeleiro na sua casa de entrada -, volto-me e digo num repente:
'Se esqueceu a bengala é porque não lhe faz assim tanta falta, já pensou nisso?'
'Ah, faz, faz, filha... Mas esqueceu-me, vinha já ao meio da rua quando me lembrou! É que tenho uma dor tão grande nesta perna que já não voltei pra trás...'
A minha mãe chama Maria Francisca à parte mais interessante do corpo feminino, o que assim de repente me faz alcançar mais uma semelhança entre as duas. Esta história acaba aqui.

Dias de um Ginásio

Uma colega de Pilates esperava o esvaziamento da sala de aula, ao momento ocupada com um par dançante que ensaiava uma coreografia. Fiz-lhe companhia na espera, não havia outro remédio.

Que é isto, dançar aqui, a esta hora?
Não há nenhuma aula antes da nossa, pois não?
Já reparou que estão ali dois a dançar?
Já alguma vez viu aqui alguém?
Eu também gosto de Stretching, não gosta?
Não gosta mais de Pilates?
Eu não trocava o Stretching por Pilates, trocava?
Gosta de Cycling?
Eu não gosto, gosta?
Não acha tão aborrecido?
Não é adepta daqueles colchões grandes?
Os fininhos não lhe fazem doer os ossos?
Não acha os outros mais fofinhos?

Oh céus, que senhora tão atenciosa, querendo saber de mim.

Gina, a mulher que tem uma mota

Olá, bom-dia!
Vim de mota.
Consegue-se grandes coisas nas viagens de mota: a gente mantém um contacto muito próximo com as partículas de saliva, aquando dos espirros. Muito bom. Dos arrotos ainda não tenho experiência mas tenho para mim que há-de ser igualmente espectacular. Depois digo.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

primeiro

banco

Dia de (disseram na Radio)

Sorrir. Hoje li dum sorriso. Calhou.

«Ouvia-se uma sirene no Sena e Carlos sorria-lhe do convés, dizia-lhe qualquer coisa com esse sorriso que ela entendia e pensava em sorrir e dizer-lhe isso mesmo, esse pensamento era uma cor como as esmeraldas como uma cascata sobre as pedras cobertas de musgo, que lhe perdoava, que ainda assim era dele, já o era para sempre, o corpo dela num ponto qualquer a brilhar na sua alma, como as safiras, como o céu da savana depois da chuva ao cair da tarde, como o vento em cortinas transparentes e a luz da manhã num soalho de pinho, que não importava quem ele fora, mesmo que fosse seu pai...»

'Como Sombras em Muros'; Gilberto Pinto; página 130

Brisa da sala

Cartazes circulares ondulando, algo assim, pendurados por um fio fininho, ou lá que era, viram e reviram conforme a brisa que passa, como um leme, isso sei.

Leya à noite;
Leya na praia;
Leya no banco do jardim;
Leya de pernas para o ar.

Coisas

Pires; chávena; café. E colheres.
Puseste duas colheres no meu pires e eu nem preciso de nenhuma, já viste?
Ah, estavam coladas, já viste?
Hum, já viste?
Às vezes acontecem coisas giras, já viste?

Coisas

Lisboa; praça de Londres; 14:28; 24º
Lisboa; praça de Londres; 14:42; 24º
Lisboa; praça de Londres; 14:46; 23º
?!
Lisboa; praça de Londres; 14:49; 23º
Tenho de ir. Vou andando.
Il fault sortir. Je me vais.
Must go. Coming.

Coisa

Olhe que essa coisa de a menina beber água de pé tem de acabar...

coisa

quinta à noite pensei olha já não estou coisa fixe mais uma que desapareceu com o tempo ou pelo acaso sei lá hoje voltou a coisa uma outra

Lembrete

Tinha aqui um lembrete:
'Não esquecer as folhas debaixo das gavetinhas'.
Ainda bem que tinha, só que agora fotografar só se for com o telemóvel. Pumba, já fotografei. A ver se encontro o cabo, então, para depois passar para o pc e do pc para o blogue.

Soneto


Imagem digitalizada a partir dum jornal 'Dica da Semana', distribuído gratuitamente. Quem me deixou o exemplar foi o homem que diz 'a minha menher isto; a minha menher aquilo', alegando que àquela hora já devia ter um igual na sua caixa de correio.

Brindes




Nota: estas fotos ainda são da minha máquina.

Saudade

A minha máquina fotográfica foi ao senhor doutor e ficou internada para uma operação delicada.
Nas fotos das últimas semanas são visíveis duas manchas: uma no limite superior, para aí a meio; outra no limite lateral esquerdo, também mais ou menos a meio.
A pobrezita tinha mesmo de ser vista. Que saudades.
O próximo post apresenta fotos que andavam para aí perdidas...

Frio

Ainda vou ter saudades deste frio, onde guardarei os papelinhos rabiscados quando estiver muito calor?

Primavera

Primavera que é primavera mostra-se soalheira, ao menos um pouco.

|Olha agora: duas primaveras num só post lembrando os saudosos dias de glória...|

Primavera

A primavera lá vai vivendo dias de grandeza neste blogue, letra maiúscula no título em dois posts seguidos, vai lá vai.

Primavera

Hoje vim com as gânfias de fora.

|Não sei se posso escrever gânfias mas pronto. Digo gânfias para parecer que digo unhas dos pés.|

Parece que a primavera chegou. Está frio na mesma, que porra.

sábado, 26 de abril de 2014

30

Daqui a poucos acaba-se o abril e depois já não tem graça. Quero falar dos trinta anos da minha tesoura. Foi comprada na Póvoa de Santo Adrião, num dos primeiros dias de abril de 1984. Parabéns. Obrigada.

Trapadas

Por causa das trapadas, oha só o que eu encontrei.

(Ver aqui)

Achei particularmente engraçados os anagramas de trapadas:

pratada, adaptar.

Agulha

|como se colorida fosse|

Tirar outra foto à agulha – sem querer joguei fora a que tirara -; publicar.

Eis mais 'antigamentes' dos ricos filhos

As fotos são dos aniversários no mesmo ano (2001), muito embora em dias diferentes. Ela fazia 10 anos, ele, 7.

...

Sempre que brilha o sol
Naquela praia...

(Marco Paulo)


Abaixo são fotos da Spiaggia Nera (Praia Negra); Maratea; Itália, porquanto tenho um ror de saudades do lugar e do verão. Fui rever as fotos e... Pumba, coiso.

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