Gina, a mulher que tem um blogue

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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A relíquia

A relíquia é uma daquelas malas que as senhoras de posses usavam nas viagens mundo afora, aquando dos anos 60 e/ou 70. É vermelha. Era linda. Tenho a certeza que era linda. Abri-a e cheira a mofo. Tem uma chave muito, muito gira. É uma chapinha com recortes retos, assim como que à maneira antiga, querendo escondê-la enfia-se numa bolsa minúscula de cordelinhos a juntar tudo. Na pega tem uma correia com fivela para ficar ali agarrada. É uma malinha cheia de prisões, portanto, até o mofo está preso lá dentro. Mas dizia eu da correia, à correia está agarrada uma espécie de porta-etiqueta com um papel lá dentro. Esse papel é um cartão de visita, recortado para caber na dita. Se quis espreitar o papelinho, e quis, tive de retirar a correia para extraí-lo. Não foi difícil. Há um nome, por sinal pomposo, assim como que meio azulado, vá, há uma morada e um número de telefone com seis dígitos. Antigo que só visto, pois é. Vou só dizer isto: Carlos Mardel, Lisboa – 5. É que achei um piadão ao 5 de Lisboa, hoje é 1900; tracinho; um número qualquer, de um lado, ou 1900; tracinho; outro número qualquer, do outro. Aumentou exponencialmente, portanto.

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