Estou de lado, deitada sobre toda a extensão lateral do corpo, como se uma linha estreita me prendesse ao chão. Ou tentando imaginar isso assim, vá. O professor comanda que
'com elegância'
se flita a perna de cima
'colocando o pé em cima do joelho da perna de baixo'
e
'leve a perna de cima atrás, tocando no chão, e à frente, tocando no chão, atrás e à frente, tocando no chão.'
Todo o meu corpo se desequilibra com a tentativa de obedecer ao senhor professor e a elegância que aparento é muito semelhante à duma elefanta desengonçada. Esta ideia dá-me vontade de rir em todas as aulas, porque em todas as aulas o senhor professor faz alusão à 'elegância' que não julgo alcançar tão cedo.
Um dia antes da aula começar fiz-lhe saber da graça que lhe acho e da imensa vontade de rir que essa frase me provoca. Mais tarde, chegado o momento fatídico em que todos nos devíamos mover com a devida (e almejada) elegância, ele pede para pousarmos os pés no chão sem fazer o menor barulho... Para não falar na elegância. E não é que eu também não consigo deixar de fazer barulho com os pés? Pareço um caterpillar quando assenta o braço metálico no solo, oh céus…
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