Gina, a mulher que tem um blogue

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terça-feira, 9 de junho de 2015

Blás

É terça-feira. Está um calor enorme, muito embora andem a dizer na Radio que da parte da tarde vai cair granizo, só não percebi se a malta da capital também vai levar com calhaus nos cornos ou então não.
Não tenho melhoras desde ontem, continuo sem vontade de escrever, o que para mim é um absurdo, porquanto me faz falta isto de escrever. Estarei triste? Nem sei. A sério, não sei. Por vezes a tristeza impede a escrita, por ser tamanha e inexplicável.
Há bocado, logo pela fresca, tirei uma série de fotos a mim mesma, assim a levantar a máquina e quês e pumba, clique e clique e clique. Ainda não sei muito bem como ou quando vou publicá-las, tampouco sei se as vou publicar, mas fica registado que hoje já cliquei à farta.
E agora?! Que escrevo?! Ah, quanta indignação! Impacientar-me é comum, principalmente comigo mesma, o pior é quando já não disfarço a falta de.
Na passada sexta-feira, dia 5 de junho, apontei num dos meus papelinhos o seguinte tópico: «Escrever porque é que faço vídeos. Escrever. Escrever, porque tenho mais jeito para escrever. Dá-me mais jeito, pronto.» Então, vá, porque é que faço vídeos? Porque sentia falta de falar. Habitualmente sou calada mas sentia falta de falar. O blogue é um bom instrumento da voz também, porque não? Fiz, e faço, vídeos, falava, e falo, sem interrupções de ninguém, porquanto estou também sozinha, tal como estou quando escrevo, mas posso expor motivos, causas e questões com a ilusão de estar a ser ouvida, desenferrujando a língua. Não sou tão expositiva na fala como sou na escrita, tenho sérias dificuldades em desenvolver assuntos, sejam eles de que índole forem, mas falo, ou vou falando, fazendo pouco caso da figura que estou a fazer. Os meus vídeos não passam de imagens estáticas com a minha voz lá ao fundo... Bom, umas vezes menos fundo que outras, depende do lugar onde estou. Não mostro partes de mim porque isso seria o salto para desistir desta ideia, portanto mostro apenas a voz. Ainda só recebi uma resposta acerca desta atividade, obviamente sei o quanto o meu blogue é desacompanhado, logo, nunca poderia obter montes de atenção. Essa parte custa-me tanto como não obter respostas no blogue, quando escrito, é igual, custa portanto um bocadinho, vá, muito embora esteja certa de que a culpa disso é principalmente minha, que me escondo e o caraças.
Vou para almoço. Tenho pouca fome. Tenho muito calor. Tenho uma vontade enorme de sentir falta de escrever. Ah, que saudades desse sentir desesperado, uma ansiedade imensa, pois é, não poder escrever e ter tanto para escrever, ou poder escrever e escrever e escrever e escrever.
Não posso gritar que quero morrer por conta de ofender os transeuntes. Todas as palavras vindas do núcleo profundo são demasiado ofensivas. A sinceridade é ofensiva. É por isso que não tenho amigos, a ninguém poderia confessar que a minha vontade é enforcar-me. Que exagero, vulgo estupidez, ó pá tu deixa-te mas é dessas merdas. Mas não, 'migos, é um sentimento belo e poético, sou eu quem diz, e digo quando/porque sei o que digo.
Já almocei. Ninguém precisa de saber o que comi, portanto não vou dizer. A triste questão, essa sim é uma questão triste, é que ninguém precisa saber nada do que registo no blogue, só por dizer que o meu prato do dia é ainda mais irrisório do que tudo o mais que escrevo.
Caíram pingos de chuva, uma chuva grossa e muito dispersa. Granizo é que nem vê-lo. Quando choveu eu estava em Lisboa e percorria a rua de Arroios, e tu?!
Se calhar inventei esta coisa de falar para a câmara para ser exemplar e/ou original na blogosfera. Quem é que se dá ao trabalho de falar para uma câmara e descarregar os vídeos no computador e carregá-los no Youtube e ficar à espera um ror de tempo e de antemão saber que ninguém clicará no botãozinho triangular que faz atuar o play?
Rua de Arroios. Ah ah. Bicicleta bê de biragem, é lá que está. Sério, ide ver, encontrá-la-eis amarrada a um poste muito próximo do posto da polícia, vá, ide. É azul e tem umas letras amarelas que não diz bê de biragam mas diz outra coisa qualquer que me fez lá chegar. Esta revelação já não tem importância nenhuma, deixei o secretismo, passou muito tempo e ademais o homem do blogue já não escreve.
Cá por coisas andei a escolher o caminho até lá, evitando esquinas. Experimente-se andar na rua com uma saia rodada, de tecido leve, e ver-se-á do que falo, é um susto em cada rabanada de vento, oh se é, isto se eu não quiser mostrar as coxas e as cuecas.
Daqui a nada rumo ao Ginásio. Lá chegada faço exercício puxado durante três quartos de hora e depois vou esticar a musculatura durante outros três quartos de hora, ficarei tão leve, tão leve. Mais ou menos como o tecido da minha saia, depois qualquer rabanada de vento me levanta os pés do chão.
Escrevi num papelinho: «Pois, qualquer dia alcanço a perfeição, ainda que não a procure ou almeje.» Mas não sei porque apontei este pensamento. Que outros pensamentos traz de arrasto? Que questões traria consigo?

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