A rica filha gritou. Era uma centopeia na ombreira da porta do wc. Ficámos ambas aterradas, ela mais que eu. O pai havia saído com a cadela para o passeio noturno, o rico filho, o outro homem desta casa, estava no meio dos lençóis disposto a dormir. Mesmo assim chamei-o, seria capaz de matar tal bicharoco? Não, não era, respondeu ele do quarto. Nada a fazer, portanto, ou ia lá uma de nós ou se esperava pelo homem-mor.
Esperámos.
Quando o homem-mor regressou a centopeia havia sumido, procurámos e procurámos, nós duas a medo, de pescoço encolhido, os olhos nem querendo ver... e depois desistimos, o bicho se escafedera. A rica filha retoma os preparos para se deitar mas está cheia de perguntas,
ó mãe e se o bicho vai até ao meu quarto,
ó mãe achas que ele consegue,
ó mãe achas que ele anda muito depressa.
Aqui não fui de modas e disse que sim, uma vez que tem tantas pernas... E a rapariga encolheu-se toda. Mas foi-se deitar.
Na manhã seguinte fui dar com o bicharoco numa das paredes da sala. O homem-mor exterminou-o. Escrevi um bilhetinho alivioso à rica filha.
E para não ficar coxinha...
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