Ontem (terça-feira) não escrevi nem uma linha. Não foi falta de vontade, pelo menos não completamente, foi uma força que tive de arranjar. Escrever enlouquece-me e isola-me. Às vezes preciso desesperadamente de me igualar às pessoas normais, as que não escrevem, esse grupo é maior, sinto vontade de me juntar às maiorias por causa da solidão. Imagino-me mais feliz se não gostasse e precisasse tanto de escrever, parece inclusivamente que seria livre, e a ideia de que a escrita me liberta é errada, escrever acorrenta-me e não é pouco. Às vezes quero ser uma pessoa sem frases pipocando incessantemente na cabeça, sem aquele desejo incontrolável de as escrever. Às vezes quero ser uma pessoa que não se debruça com desmesura sobre infimidades e ninharias, que atenta nas pessoas sem receber retorno no mesmo grau. Escrever é depressivo, sou eu que o digo, e digo-o com propriedade.
Hoje (quarta-feira) estou a escrever, pois claro que estou, e não estou deprimida, que o bom que a vida tem é nunca estar no mesmo ponto. Escrevi. Agarrei-me aos rascunhos e aprontei-os, estão mesmo aqui por baixo. Siga a vida.
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