Gina, a mulher que tem um blogue

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domingo, 6 de janeiro de 2013

80

A minha mãe hoje faz 80 anos. Parabéns...

De manhã liguei-lhe. Estava muito triste.
- Estou tão triste, tão triste, filha, por fazer 80 anos... Que tu nem fazes ideia!
Claro que lhe 'inverti' o problemão da idade, aconselhando-a a que ficasse contente por chegar a essa idade. Ela deve ter encolhido os ombros, porque exclamou:
- Oh! Eu depois habituo-me! É só hoje!

Deixo um texto que escrevi há cerca de cinco anos e meio, num dia de aniversário meu: 11/07/2007


A minha mãe

Bem... e no dia do meu aniversário, nada como registar lembranças da minha mãe. Afinal de contas, sem ela eu não estaria aqui e agora. É claro que o meu pai também teve um papel fundamental para a minha existência, mas... no dia em que eu nasci o papel da minha mãe foi mais importante!

A minha mãe preparava todos os dias o meu lanchinho para eu comer na Escola.
A minha mãe dava-me à boca bocadinhos de pão com toucinho à boa maneira alentejana.
A minha mãe vestia-me roupas quentinhas e atava o meu carapuço quando estava frio.
A minha mãe fazia-me roupas giras e modernas.
A minha mãe deixou-me escolher a mala para a Escola ou os sapatos que eu mais gostasse.
A minha mãe não deixava que predominasse o seu gosto pessoal nas minhas escolhas.
A minha mãe não dizia que vinha aí o "homem do saco" quando eu me portava mal.
A minha mãe ia ver as festas da minha Escola.
A minha mãe comprou "quilos" de gelado quando eu fui operada à garganta, porque era o que me fazia bem.
A minha mãe seguiu à risca, quando o dinheiro não abundava, uma dieta especial que o médico prescreveu quando eu tive anemia.
A minha mãe fez a minha bata para eu usar na Escola.
A minha mãe ralhava comigo quando eu arrastava os pés no chão e fazia uma nuvem de pó.
A minha mãe comprou-me um guarda-chuva amarelo.
A minha mãe comprava morangos assim que eles apareciam só porque eu gostava muito.
A minha mãe fazia-me um penteado aos canudinhos.
A minha mãe levava-me a visitar a minha avó ainda que estivesse de relações cortadas com ela.
A minha mãe ralhava quando eu andava empoleirada nos portões e nos muros.
A minha mãe não deixou de me levar à Escola enquanto não lhe pareceu que eu estava preparada para ir sozinha.
A minha mãe não me deixava brincar ao sol.
A minha mãe dava-me os restos de tecidos para eu fazer roupinhas para as minhas bonecas.

1 comentário:

redonda disse...

Talvez dizer à tua mãe que os 80 são os novos 60, como os 50 são os novos 30, ou falar-lhe da Leni Riefenstahl que aos 80 iniciou uma nova carreira praticando fotografia submarina...(eu comecei a tentar registar estes exemplos para contá-los à minha mãe)

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