Julgo que qualquer escritor gostaria de ter a oportunidade de visitar casas, verificar como vivem as pessoas. Não há conversas. Não houve conversas. Não foi preciso. Bastou-me olhar os seus objetos, sentir o pulsar das suas vidas, penetrar em mundos desaparecidos (sim, era desaparecidos que eu queria dizer), descobrir pensamentos e sentimentos só pelo simples facto de observar uma estante de livros, uma fruteira, um sofá e/ou a (des)organização dos seus lares. Mesmo que a observância minuciosa e descarada se revele vaga e inverosímil. Pouco importa. A partir daqui escrever torna-se mais fácil.
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