Gina, a mulher que tem um blogue

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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Um dia diferente

Olá, bom-dia! Ainda é bom-dia, segundo as normas. São onze e cinquenta e um.
Estou mais ou menos de férias. Quer isto dizer que hoje não estarei presente no estaminé, estou em casa, se bem que vou trabalhar um bocadinho de tempo daqui a nada.
De manhãzinha fui às compras, só que não fui, há obras por aí acima, na estrada que se dirige ao supermercado onde normalmente me abasteço de mercearias. Voltei para trás, não me apetecia nada estar montes de tempo numa fila de trânsito, já que posso muito bem ir noutro dia fazer as minhas comprinhas, pois então assim seja.
Neste momento preparo as minhas ervilhas com ovo, que há-de ser o meu almoço. Vou espreitar.
Voltei. As ervilhas têm de apurar mais um pouco, destapei o tachinho.
Estou sozinha em casa desde as dez e meia. Faltava dizer isto, é um item importante, se me lembrar que isso dantes não podia acontecer.
|um; asterisco; cardinal; aspas|
Deitei o ovo por cima das ervilhas e tapei o tachinho. Agora é esperar.

Meio-dia, anuncia a sirene dos bombeiros.
Planeio hoje fazer umas costuras e limpar a sala. Vamos lá a ver se os planos se traduzem na realidade deste dia. Talvez me dê a preguiça para o caso da limpeza da minha sala...
Andam moscas de volta da minha cabeça. Pus inseticida na sala, logo, isso fez com que elas fugissem de lá com as suas asinhas, irritadas. Abespinhadas seria um adejtivo porreiro para moscas irritadas. Que eu irritei. Que bom fazer maldades. Oh, afinal não é maldade nenhuma, é uma questão justa, elas cagam-me a casa.

Treze e um.
Saio daqui a nada de tempo. Só falta enfiar o vestido, as sandálias, as mangas do casaco. Deixo cá o cão, logo passeia no meu regresso.
Enquanto almoçava visionei o programa Fator X que tinha nas gravções. Chorei de emoção. Vozes extraordinárias. Isso. Há pessoas que têm vozes extraordinárias. Chorei.

Treze e quatro.
Desligo o computador neste minuto.

Dezasseis e vinte e quatro.
Devia ter ido passear a cadela às três. Escrevo do que devia ter feito, ou do que não fiz.
Fiz crumble, de manhã. Um apetitoso doce americano, acerca do qual escrevi há mais ou menos uma semana, registando no blogue que o ia fazer no passado sábado, só que não fiz. Mas fiz hoje. Pronto, aí está, escrevo agora de coisas que fiz. Quero dizer: que primeiro não fiz mas que fiz hoje. Fiz. Positivo.
Já fui às compras, já trabalhei, portanto. Soube-me bem sair de casa. Não pisar o chão do estaminé é alivioso que se farta, mas estar aqui especada o dia inteiro, sozinha, é estranho, não estou habituada a este silêncio. Por isso tenho duas sinfonias cá em casa, uma na sala, a tv está ligada no canal vh1, o meu preferido, e o radio no posto que costumo ouvir seja onde for, Radio Comercial. Não sei que canção está a passar na tv, tampouco o que toca o radio agora. A primeira porque não a sei identificar, a segunda porque não a ouço lá muito bem. Preciso tanto de barulho, afinal.
Matei uma data de moscas na cozinha, alcei do chinelo e pumba e pumba e pumba. Depois limpei os restos mortais com guardanapos.
Wellow Taxi, agora, não sei quem canta, nem vou pesquisar, mas é o táxi amarelo.
Estive a ver o filme vamos dançar? - é tão bonito. Pesquisar a banda sonora, é preciso. Chorei quando fiquei muito contente porque ia pesquisar a banda sonora do filme. Chorei porque me senti feliz acerca de tão simples projeto. O meu problema é esse, fico imensamente infeliz depois de um pico feliz. Estou doente.
Porque é que escrevo tão intimamente hoje? Porque não vou publicar este post hoje.
Vou-me dedicar a linhas e agulhas. São dezasseis e trinta e seis.

Dezassete e vinte e seis.
Já fiz as duas coisitas de costura que tinha planeado. Pumba, outro item executado, não planeado e depois esquecido.
Cher, há pouco na tv, if I could turn back time. Grande som.
If I could turn back time
If I could find a way
I'd take back those words that've hurt you
Grande som. Mesmo.
If I could reach the stars
I'd give em all to you
And you'd love me, love me, like you used to do

Dezassete e quarenta e oito.
Though I'm barely touching you
I've shivers down my spine
And it feels divine
Maria Mckee
Oh céus... Vou ali e coiso.

Dezanove e cinco.
Há bocado choveu. O chão por baixo do meu carro estava seco. O carro molhado, tejadilho, capô, traseira, portas, jantes e pneus. E puxadores. E antena. E vidros. Mas o chão debaixo dele, seco.
Cheira a champô de fim de verão. E a gente no outono.
A rica filha tem unhas novas. Longas e escuras. Diz que agora até um simples bocejo é glamoroso, quer ela dizer que quando tapar o bocejo com a mão as pessoas notarão as lindas unhas que tem. Cenas de gaja, vá.
Vou fazer o jantar não tarda. Arroz de atum. As latas estão em cima da tábua de cozinha vai para quatro ou cinco horas, uma cenoura faz-lhe companhia desde então, há pouco descasquei-a e descasquei também uma cebola e escolhi três alhos, a que não retirei ainda as camisas, que o alho oxida facilmente, não pode ficar à espera até eu me apetecer meter-lhes as mãos.
O rico filho também já chegou, durante estes dias experimenta a formação de alguém que faz inbound. Anda a aprender essas coisas assim com esse jeito.

Vinte e uma e vinte e nove.
Dá cinquenta. 21+29=60 21:29 Ah ah.
Terminou há pouco aquele filme erin não sei quê com a Julia Roberts. Só vi o último pedaço, aquele em que ela recebe um cheque com uma quantia grande e faz aquela figura de ursa porque pensou que lhe ia ser tirado valor monetário e profissional. Claro que o 'engano' se desfez e tal. Depois o filme terminou mesmo. Fiquei a ver a lista de cargos e de pessoas a rolar para cima no meu ecrã não muito moderno. Credo, quantos cargos e quantas pessoas são precisos para fazer um filme, nunca pensei, nunca notei, poucas vezes devo ter passado o meu tempo a ver um rolar deste tipo. Enquanto o rolar rolava até me lembrei o quanto as pessoas que trabalham e fazem coisas belas e maravilhosas, com um filme de qualidade, daqueles bem-sucedidos, visionados por milhões, são esquecidas, ninguém vê o rolar a rolar no fim de cada filme...
Ó mãe, há carro...? Quem quer saber é o rico filho. Na verdade ele procura saber se pode levar o carro, se há carro disponível para ele. Esta perguntinha é recorrente. Hoje, depois da pergunta dele e da minha resposta, avisei-o: olha, quando curvares vais ouvir uns barulhos estranhos, não te assustes, são três cabos de esfregona que estão no banco de trás, não cabiam na mala. Às vezes, quando acontece irmos todos para o carro e o vejo sentar-se ao volante com alguma dificuldade, pergunto em tom de brincadeira: que é que foi, hã? Foi uma pessoa pequena que esteve ao volante a última vez, hum?! Ó mãe, diz ele, cada vez que entro no carro depois de tu teres cá estado tranco o volante com os joelhos!

Vinte e duas e onze.
Trinta e três. Ah ah.
O dia está no fim, nem sei se ainda volto a este post. Não vou publicá-lo hoje, como há pouco referi, não quero. Quando o publicar já nem me lembro do que escrevi e do que vivi hoje, depois vai ser giro recordar.

1 comentário:

Gina G disse...

E foi. Se foi!

Hoje é dia 26 de abril de 2015 e caí neste post porque andava a ler coisas antigas. Foi realmente muito giro recordar. :)

Nota: este comentário é de mim ao presente para mim num passado que foi presente há cerca de seis meses. Hilariante.

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