Estávamos numa caixa de supermercado, com uma fila imensa atrás de nós, a minha mãe encostada ao carrinho, as compras andando devagar em cima do tapete, o caixeiro sisudo retirando uma a uma, eu a arrumá-las em sacos. A minha mãe queria saber o preço certo duma linda mantinha que tinha visto por ali e eu questionei o caixeiro que o revelou sem sorrir. A minha mãe gostou do preço, gostou tanto que rapidamente concluiu um pensamento e quase gritou um pedido:
Ó Gina, vai lá buscar outra, filha!
Ó mãe, temos um monte de gente atrás de nós, eu não conheço este supermercado (estávamos em Beja), não faço ideia onde estão as mantinhas, vou levar um tempo do caraças a encontrá-las...
A minha mãe solta um 'oh...' lamentoso. Entretanto finaliza-se a conta, que é paga, a minha mãe agarra no troco e na fatura e é então que volta a raciocinar rápida e surpreendentemente e vira-se para o sisudo caixeiro:
Olhe lá, se eu for buscar uma mantinha além assim depois posso vir aqui pagar logo?
Eu rio-me do desplante da minha mãe, o caixeiro ri-se também, mostrando um metálico aparelho de dentes. A minha mãe é um espetáculo! Queria mais uma mantinha e queria sobretudo passar à frente daquela gente toda...
Sem comentários:
Enviar um comentário