Nem só de fotos vive o blogue. Nas tais férias de que tenho vindo a falar nos últimos posts tirei imensas fotos. Seguidamente, já em casa, fiz a escolha e creio que enviei um terço delas para a reciclagem. A era digital tem de bom que a gente clica porque no momento gosta, e é barato, mas depois vai a ver e não gosta nada, e gastou-se uns míseros cêntimos em pilhas ou carregamento de pilhas, e antigamente não era assim, nem tão fácil nem tão barato.
Escrevi, também. Geralmente as férias fora de casa não são férteis em letras, mas escrevi. Creio até que escrevi mais do que em outros anos, em outras férias, em outros lugares, quiçá mais interessantes por serem desconhecidos, e por isso mais deslumbrantes, podendo portanto serem estimuladores da corrente criativa. Falo das minhas pipocas literárias. Pois. Mas qual quê, nas férias ocorre o esvaziamento da mente, faz parte, sem esse vazio as férias são insípidas e não merecem esse nome. Mas na verdade creio que desta vez escrevi mais que o habitual. É verdade. Tanto creio nisso que houve até um dia em que rabiscava furiosamente no meu caderno, à mão, e acabou-se-me a tinta da caneta. Havia parado no grilo. Sério, registava a palavra 'grilo' quando a tinta secou. Que deprimente. Oh. E eu que ando sempre prevenida e desta vez esqueci-me de armazenar canetas na bagagem.
Bom, assim que pude fui ao supermercado da área à procura de substituta. Mas não. Nada. Não tinham. Oh. Depois enchi-me de coragem e fui pedir ao senhor da receção do empreendimento que me emprestasse uma caneta até eu abalar. Ele fez um gesto condescendente que eu interpretei como 'ora essa, minha senhora, então, leve lá a caneta e não se fala mais nisso'. E assim pude continuar a escrever o que queria e o que não queria, escrever é isso também, porque escrever para mim é tudo. E agora estou aqui a matraquear num teclado de computador, que tem umas teclas suaves, baixinhas, largas, confortáveis. Que saudades eu tinha dum teclado, oh céus. Escrever à mão dá-me preguiça e enerva-me um pouco porque me apressa, receio que o pensamento me escape. Não é um receio infundado porque o pensamento às vezes escapa-se-me mesmo. Por causa dessa urgência em registar velozmente a minha caligrafia é horrível, por vezes eu própria custo a decifrá-la.
Dantes eu gostava tão mais de escrever à mão, até lhe chamava manuscrever para parecer bonito. Entretanto descobri que matraquear num teclado de computador acompanha melhor o pensamento. Atualmente prefiro matraquear para compor os meus registos, mas, quantos desses registos não foram anteriormente rabiscados em forma de tópico, rapidamente, à mão, num qualquer papelinho...?
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