Gina, a mulher que tem um blogue

Gina, a mulher que tem um blogue

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Do passado

Era uma imagem. 
Folha de papel branca. 
Folha de flor sem nome e cor-de-rosa. 
Primavera 2013 escrito à mão por mim. 
Era. 
Ficava bem a rematar o blogue por hoje.
Ficava.
Deixei-a no pc da loja, numa pastinha com outras imagens. 
Oh. 
Trago-a depois.

Dos olhar|es|

Já escrevi doutras vezes acerca do notório prazer de quem bebe um café, que geme e tudo. Não faço mais do que repetir-me. Estou tão cansada. Olha lá o café, que arrefece.

Dos olhar|es|

Olhos.
Amendoados.
Castanhos.
Diz que olhos assim pertencem ao oriente. Concordo. Olhos amendoados são convexos e longos horizontalmente, logo, lembram uma amêndoa.

Dos olhar|es|

A mulher dos olhos redondos adverte que não exaspere com as repetições na escrita, afinal a vida é cíclica.
A mulher dos olhos redondos concorda que devo retirar os 'eus', fazer de maneira a que não apareçam, que isso é narcísico por demais.
A mulher dos olhos redondos lembra que escreva doutros assuntos, dos que nunca escrevo, os assuntos horrendos, podres, fedorentos.
A mulher dos olhos redondos aconselha que escreva o que me apetecer, primeiro para mim, depois para os outros.
A mulher dos olhos redondos pede tento, pede-o muito subtilmente, pede que insinue a minha individualidade.
A mulher dos olhos redondos proíbe-me de escrever transparentemente, que o mistério é capaz de tudo.
A mulher dos olhos redondos frisa: o mistério é capaz de tudo.
A mulher dos olhos redondos remata que escreva sem motivo, irrisoriamente.

Somos todos iguais → há uma individualidade que nos distingue.

Dos olhar|es|

Lugar da musa. Um homem tecla no telemóvel usando uma lupa para ver melhor.

Do erotismo

Um homem piscou-me o olho enquanto se despedia de mim e me punha mas mãos um saco de tecidos que comprei. O impacto da piscadela foi mudo. Não existiu ricochete. Existindo, teria uma história erótica. E eu que até preciso delas.

Da felicidade

Sabes do que é que eu gostava?
|De ser feliz.|
Hum?
Não.
De ser feliz.
Já sabia.

Da particularidade

Lugar da musa. Os desenhos lá estão. Suspensos na parede, como já descrevi há dias. Estive de volta dum em particular que retrata as estátuas da Fonte Luminosa (Lisboa). Estão tal e qual: cinzentas e estáticas.

Do Alentejo

Gosto da sua pronúncia.
A senhora também é...
Não, sou filha deles.
Ah, então não tem pronúncia.
Não. Mas tenho os costumes.

Da dor de dentes

Onde anda o homem dos dentes compridos? Estás a vê-lo? Então diz-lhe que os serre. E porque dói. E dói e dói e dói.

Do amor

«Amar é querer fazer-se amar. Pode ser um ato tão altruísta quanto egoísta.»

'Lápis Mínimo', Ana Gastão Marques

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Frases

É claro que pipocam frases. É claro que não é preciso ninguém estar presente para eu as escrever. É claro que nem sempre são as pessoas que me motivam. É claro que escrevo o que penso. Estou tão habituada a isso. Demasiadamente habituada.

Ou isso

Os outros não deixam os outros ser. Os outros para com os outros. Sempre os outros, não há uns nesta história. Outros.

Bem fica

O verbo obedecer fica tão bem numa mulher. Repito: o verbo.

#

Cubículo. Aprisionamento. Parece. Paranoia. Então: é isso.

Preços tabelados

Ele mostrou-me uma tabela e eu indaguei naquele meu jeito de falar sozinha 'olha, uma tabela com preços superaliciantes, superaliciantes deve existir porque agora anda na moda as palavras compridonas'. Depois acordei. Sozinha.

Achega: ‘superaliciantes’ é palavrita que não está correta senão na oralidade e já agora: ‘compridonas’ também não.

A vida

Vivo por causa do que não sou.

Cenário

As cenas. Sempre presentes, as cenas.

A miúda

Chama-me miúda e eu gosto. Conheceu-me quando era uma miúda e miúda fiquei. Nessa altura ele brincava de 'ouvi dizer que queres ser minha cunhada...' e eu ripostava de 'porquê, o senhor tem um irmão mais novo?' Mas ele não tinha irmão nenhum e agora chama-me miúda e eu não sei como o trate porque a gente vê-se pouco.

A dor

Não sejas assim, que isso dói-me tanto.
Dói?! Então e não é bom?
É. Quando deixa de doer.

Vai haver casório

Tenho um verniz que combina com a camisola que combina com os sapatos que combina com as calças que combinam com o casaco.

Ter ou não ter

Dona Arminda nunca teve filhos, quis tê-los mas nunca pôde. Logo, observando a vida agitada de quem tem crianças pequenas, diz que não sabe se é melhor a gente ter filhos ou então não, que há pais e mães cansados de aturar as cabriolices dos filhos.
Dona Adelina responde que é uma incógnita, a gente nunca sabe, minha senhora, até hoje o dela não lhe deu problemas de maior, mas isso a gente nunca sabe.

Bom-dia!

Manhã de muito sol e muito frio. Manhã descombinada, muito sol não supõe muito frio.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Términus

Terminei de ler o livro que leio no intervalo ( A Acidental', Ali Smith). Ela não morreu e portanto não se matou. Qual quê. Ela é a acidental. Grande história. Adorei este livro.

«O céu na terra. Alhambra.
É um monovolume topo de gama, mas a um preço acessível, com cinco portas, lugar para sete pessoas e um motor 2.8 que vai dos 0-100 em 9,9 segundos.
É um palácio ao sol.
É um velho cinema decrépito recheado de bobinas inflamáveis. Têm um isqueiro? Veem? Cuidado. Eu sou tudo o que sempre sonharam.»

Porta a porta

Venho aqui mostrar-lhe umas coisinhas. Não leve a mal, agora para o Natal dão jeito.
A minha cabeça responde que 'não quero nada' e as minhas mãos voltam ao trabalho.
Mas não paga nada para ver, olhe aqui.
A minha cabeça diz que 'não quero, obrigadinha', e as minhas mãos voltam ao trabalho.
Agora para o Natal, são coisas bonitas, perfumes, ora cheira lá.
A minha cabeça a conter a raiva diz que 'não quero e já disse uma data de vezes que não quero comprar nada', e as minhas mãos voltam ao trabalho.
Dois ou três minutos depois estou a escrever. Vejo uma sombra na entrada do estabelecimento e o equipamento deixa-me ver um par de jeans e uma camisola que reconheço, a estatura convence-me que é o vendedor ambulante de há pouco. Para que ele me veja inclino tanto o corpo para um dos lados que a minha cabeça pende e sorrio levemente para mandar o aborrecimento embora. Ele faz um oh para fingir que se havia enganado e sai.
Volto a escrever.

Espaço de tempo

No livro que ando a ler no intervalo ( A Acidental', Ali Smith) apareceu a frase 'cinco segundos inteiros'. Primeiro achei uma frase estúpida por concluir que os segundos nunca poderiam ser medidos doutra forma que não inteiros. Depois esmiucei a coisa e percebi que num espaço de tempo, ininterrupto, portanto, os segundos das pontas podem ser quebrados, e apenas esses. Então: cinco segundos inteiros, há-os.

Tem razão

Quando ando surgem ideias. A escritora tem razão.
Ando apressadamente com o frio, lentamente com o calor. Ontem havia esquecido essa parte importante. E falo do livro que ando a ler em casa: 'A Fé de um Escritor', Joyce Carol Oates.

Nunca mais

Lugar da musa, antes do café soberbo.

– Um?
– Sim. Raramente bebo dois.
– …
– Então hoje nem pau nem bolachinha outra vez?
– Pois.
– Oh.

Natal 2013

Na grande loja de coisas giras para a casa há umas bolas transparentes com umas fitas que foram obviamente introduzidas lá dentro. As bolas são transparentes, pois são, por isso é que se veem as fitas. Se as bolas não fossem transparentes o trabalho de se introduzir as fitas seria inglório.
E acabei de criar mais um espantoso e interessante post. Assim mais ou menos como as bolas transparentes com umas fitas que foram obviamente introduzidas lá dentro. As bolas são transparentes, pois são...

Em muito

Vocábulos em muito:
Superimportante
Superinteressante
Supersimpátcio

O rico filho...

… Leva o carro e faz recados à loja. Digo na brincadeira que 'o bebé tirou a carta e agora, olha...' Mas isto do bebé é sem ele saber, que já está um homem, só que eu tinha de registar esta questão superimportante. O meu bebé já conduz.

A rica filha...

…Tem uma camisola onde se lê 'I'm amazing'.
Há roupa que fala tão verdade, tão verdade, tão verdade.

O perguntador

Ali disseram que vocês aqui têm tudo. É verdade? Vocês têm tudo aqui? Hã? Têm ou não? Hã? E tem uma coisa destas aqui? Têm? Hã? Tem?! Espetáculo!

Dados

Lisboa, praça de Londres; 13:57; 17º.
Lisboa, avenida João XXI; 14:27; 16º.
Lisboa, praça de Londres; 14:37; 16º.

Consensual, hoje.

Quentura

Chá de camomila, oferta caridosa da dona Lurdes, que está tanto frio.
Sono, indolência, comentário meu.
Ah, mas isso não atua assim tão rápido, diz um.
Um copo de água muito quente faz o mesmo efeito, diz outro.
Parvos.

Frango de churrasco

O senhor Vítor tá bom?
Dói-me um bocadinho a cabeça mas tou bem-disposto.
Diga?
Dói-me um bocadinho a cabeça mas tou bem-disposto. E a Mafalda, tá melhor daquilo?
Ah, já tou fina. Fina como uma folha de papel!
Oh, isso já a gente sabia há muito tempo!

Da grandeza

O senhor Tomé faz uns pães-de-deus grandes demais para o tamanho da minha boca. Mordo a bochecha, mordo a língua e não abarco o bolo, de maneiras que rebolam fios de coco e o açúcar em pó desce até... Cá abaixo. Caraças, pá.

Célebres visitas

Sábado que vem: frango encavado em lata de cerveja; arroz basmati; salada quente; bolo-pudim; requeijão; doce de abóbora e laranja; café; licores.

Para te ver melhor

Joana Vasconcelos, a mulher que dá nas vistas, dá nas vistas porque empreende arte de grandes dimensões e, ademais, brilhantes que se farta. Então: como passar despercebida?!

Montra em execução

Mandaram-nos dar as mãos. Os frascos de cera líquida. E eles deram.
Nada como soltar a poesia que há cá dentro, abafadinha. Não há nada melhor. E falo no presente.

A esporádica

Lembra-se da situação tal?
Não. Tenho memória para caras, não para situações fugazes, até costumo dizer que sou boa de caras.

Nem calculas a tristeza que sinto

«Haverá um cálculo para a tristeza? O cálculo permite-nos chegar à resposta certa sem necessariamente saber porquê. Haverá um cálculo que nos permita compreender porquê e como é que chegámos a uma resposta errada?»

A Acidental, Ali Smith

3615

Olá!
Este post serve essencialmente para dizer que volto à forma natural. Qual apresentar a escrita em modo compactado, qual quê.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

3614

Sinto-me maltrapilha das palavras. A sério, visto mal de blogue. Estou a escrever, e portanto confiante no que digo, escrever é fingir certezas e é por isso que insisto no tema. Mendicidade ao nível da blogosfera é comigo.
Ontem publiquei uma série de posts que espero sejam pulsantes. É o que mais quero. Quero mostrar a vida porque lido com a morte todos os dias e essa é a maneira mais sadia de me equilibrar. Penso na morte, reflito vida. Penso na morte, reflito vida. Penso na morte, reflito vida.
Ontem fiz mal pôr-me para aí a dizer que a escrita da Maria Gabriela Llansol é aluada. Que desplante. Hoje de manhã lembrei-me do que escrevera e arrependi-me tanto. Não sei que raio tenho na cabeça, nem sequer conheço nada do que ela escreveu, só por dizer que no programa televisivo, de onde me saiu a ideia para o dito post, mostraram uma série de papeis escritos pela sua mão e essa apresentação pareceu-me louca. Daí ir buscar a aluada. Aluada sou eu, que também anoto as loucuras e os devaneios em papéis que por vezes custo a decifrar, mesmo que lidos apenas umas horas depois. Já houve um ou dois que nunca decifrei. Não é que quisesse comparar-me a uma escritora, mas fi-lo inconscientemente.
Quando se é muito jovem os avós podem meter um bocado de nojo a comer. Eu tinha um tio.
Desta vez, acerca do meu mais recente conto publicado (Coletânea 7 Pecados, Pastelaria Studios Editora), não tenho obtido grande resposta, não tem sido mostrado a muita gente. Imagine-se eu para a Isilda: já viste o que escrevi recentemente, e ela lia que a Maria Alice acha que 'comer é foder' e depois nunca mais me olhava porque ia ser difícil convir que é uma personagem ficcionada, e é uma personagem que inventei, sim senhores, mas para mostrar a minha opinião. Imagine-se eu a mostrar aquilo ao meu pai, aos ricos filhos, ao meu irmão, às minhas cunhadas. Concluiriam que sou maluca, mas pior que isso, não diriam nada e afastar-se-iam um pouco, alguns fariam esgares enojados. Uma chatice. Escrever é um ato hediondo, afinal. A bem dizer: escrever é uma merda.
Olá, boa-tarde. A vida é tão boa.
Lisboa, avenida de Roma; 13:57; 9º. Lisboa, avenida João XXI; 14:15; 17º. Lisboa, praça de Londres; 14:26; 16º. Dados banais mas díspares.
Ontem, no ginásio, eu estava de abalada mas tive de me sentar um pouco à espera, então apoiei a cara na mão e deixei-me ficar a observar a rececionista e uma usuária (chamam-nos sócios mas eu não gosto do epíteto). Estava tão cansada que não quis saber se embaraçava as meninas ou a mim mesma e deixei-me estar a fazer figura de gente infantil ou então de gente velha que não tem que fazer. A usuária cochichou algo que só pode ter sido no sentido da minha atenção descarada se dever ao facto de a rececionista falar alto e gesticular imenso, tanto que esta ripostou que 'não, ela já está habituada à minha maneira de ser!' Pois estou, e até lhe acho graça, tanto que ela sabe...
No livro que leio no intervalo ('A Acidental', Ali Smith) afinal ela ainda não se matou no penhasco, nem sei se o fará. Hoje li durante pouquíssimo tempo, não deu para findar a leitura, estou a escassas páginas do fim da história.
No livro que leio em casa ('A Fé de um Escritor', Joyce Carol Oates) a autora diz que vai correr para pensar e depois escrever. Diz que é bom. Que produz. As ideias proliferam. Concordo. Eu ando por aí e dá no mesmo. Não estou a comparar a escrita da gente as duas, só estou a fazer uma comparação pequenina em relação ao resultado duma atividade que eu e ela temos em comum. Quero dizer: mais ou menos comum, ela corre, eu ando muito depressa.
Hoje resolvi fazer e apresentar uma escrita compactada. De certo modo este escrever mima-me, isola-me e livra-me da maldade aí presente. Não me importa que seja ilusão. A vida é uma ilusão. Pra quê a correria e o querer ser feliz? Pra que é que isso interessa se morro no fim?
Lisboa, Lumiar; 20:43; 9º.
Agora vai-se ver uma maçã em várias posições, fases e formatos. A maçã que já foi falada ontem. Há maçãs cá com uma sorte. Ei-la.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

3613

Que menina tão bonita ali à porta. Que sorridente. Mas não entrou. Queria só sorrir. Presumo. Sorridente tem dente.

3612

Hoje não há fotos mas não é falta de vontade, é que se acabou a bateria da máquina.
Teria tirado fotos à maçã que me lembra a infância, de quando as ia comprar, fazendo recados à minha mãe, muito compenetrada do meu dever. Quando descrevi essa cena, tirei fotos a uma maçã doutra qualidade, e agora que a nepalesa vende a verdadeira maçã, queria registá-la visualmente no blogue. Amanhã.

3611

Agora não te vou conseguir enganar, pois não?
Agora não, mas insiste que eu não sou inteligente a toda a hora.

3610

Fiquei a saber que há pessoas* que escrevem do quotidiano, que o registam em forma de diário e inclusive mantêm o tom informal e/ou aluado, e são bem recebidas pelos leitores. Dizem estas pessoas que não querem criar obras literárias nem nada disso assim, mas têm um espólio imenso em diários e papéis avulso manuscritos.
Escrever é escrever. Ponto.

*Falo acerca de Maria Gabriela Llansol, no progama 'Ler+ Ler melhor', RTP2.

3609

Ouvi algures que há um programa informático qualquer que serve para filmar diariamente um segundo da vida do utilizador durante 365 dias e ao que parece resulta num filme espetacular. Gostava de fazer a experiência, se bem que acho um segundo muito pouco, talvez dez segundos fosse mais engraçado. Até estou para aqui a imaginar um segundo a filmar o dossiê dos recibos, um segundo a filmar a minha mão a digitar, um segundo a filmar a minha maçã, um segundo a filmar uma folha no chão, um segundo a filmar o céu, um segundo a filmar os fios duma vassoura, um segundo a filmar as pegas do escadote, um segundo a filmar o botão amarelo do leitor de códigos de barras...

3608

Vou estragar surpresas. Agora me lembro: no livro que ando a ler ('A Acidental', Ali Smith) ela está quase a matar-se, não tenho a certeza mas acho que sim. Está nos EUA, junto ao Grand Canyon, na ala não sei das quantas, a fazer um telefonema para a família, a deixar uma mensagem de voz e depois vai atirar o telemóvel para o despenhadeiro. Tive de deixar a leitura nessa parte, que estava na hora de ir (vir) trabalhar.
E eu que sempre quis ir lá ver aquilo e agora a mulher vai atirar-se dali. Assim já não vou, pronto.

3607

Tenho lá em casa um livro desta coleção, portanto é tão pesado como este, a sério, toma-lhe lá o peso, é papel do bom, já viste, toma-lhe lá o peso.
Tomou-lho e concordou.
Pois, de facto, é pesado.
|Sempre tão interessado, ele.|

3606

Esta senhora tem a testa alta. A mãe dela tinha a testa alta. O pai não sei. A mãe dela vinha cá comprar vasos e terra para plantas. O pai não sei. A mãe dela era sempre acompanhada por uma acompanhante atenta. Atenção da boa, remunerada. O pai não sei. A mãe dela era tão simpática. O pai não sei.
Esta senhora é igual à que foi mãe dela. Igual na testa, na educação, no trato. Um dia ela virá de bengala, como a mãe andava, acompanhada dalguém a quem paga a atenção e vou vender-lhe vasos e terra para plantas. Um dia mais tarde, um dia desses aí, longínquo ainda, ou então não, todas seremos iguais às nossas mães.

3605

Entrei na mercearia do centro comercial disposta a comprar umas coisas. Fui olhada com curiosidade, fui atendida cordialmente, foram precisas duas caixas registadoras, não havia troco que chegasse numa só. O homem da caixa esticou-se todo para completar o troco com moedas de cinquenta, retiradas da outra caixa, por sinal sem funcionário.
Olha eu ter duas caixas registadoras... E espaço para me esticar?!

3604

Lisboa, praça de Londres; 14:41; 15º na coordenada tal.
Lisboa, praça de Londres; 14:38; 17º na coordenada não sei quê.
Com cerca de 50 metros de distância entre pontos, e uma discrepância tal de horas e graus.
Que repetitiva.
Que esquizofrénica.

3603

Lembra-se de no outro dia eu...
Perfeitamente.
E lembra-se de logo a seguir eu...
Claramente.
A senhora mente. Mente, mente.
Não minto nada.

3602

Há pessoas que vão a runiões, outras que passaram pela framácia. E não é erro de digitação, não senhores.

3601

Lugar da musa. Café soberbo.
Hoje não há bolachinha, diz o moço com pesar.
Oh, então nem pau de canela nem bolachinha, queixo-me eu.
Pois porque não me entregaram nada e mais não sei o quê, desculpa-se ele.
Ah, pois, está bem, então, desculpo-o eu.
A parede ainda tem os toscos desenhos, mas parecem mais. Nunca mais me sentei lá ao pé, por isso não posso ter a certeza da quantidade de desenhos.

3600

3600 graus de temperatura, desapareço. 3600 quilos, tou gorda. 3600 metros de altura, tou lá em cima. 3600 metros de largura, também tou gorda. 3600 metros lineares, tou longe dalguém. 3600 graus dos outros, dos outros graus, que não sei como se chamam, tiro-lhe um zero e... Rende 360º.

3599

Raspei a testa no grande arbusto. Vi-me aflita para me livrar da monstruosa planta. Senti-me assustada, embaraçada em duas frentes (perante os transeuntes e por causa do baraço dos ramos) e altíssima.

3598

A minha caneta é feia. Notei-a desengraçada quando apontei o rabisco anterior. O senhor do banco tratando do meu dinheiro e eu a rabiscar banalidades. A minha caneta é feia. Imita o camuflado militar, numa versão tão chocha. Oh céus.

3597

Gina, a mulher que tem uma mota. No banco estava um prospeto onde se lia 'é bom a conduzir?'
Devia ter escrito dependência bancária, é assim que se fala. Ou escreve.
Voltando ao acima referido, eu diria que conduzo cada vez melhor, agora sou mais atenta aos veículos de duas rodas. Quero dizer, eu já era atenta, note bem e note mesmo muito bem, mas agora sou mais.

3596

Agora, sempre que publico os posts, aparecem logo 'gostos' ali no quadradinho do mister Google, e montes de visualizações, como se efetivamente cá tivessem estado quatro ou cinco leitores em cada post. Grande treta...

3595

Uma senhora mirou demoradamente as minhas mãos, enquanto caminhávamos, e enquanto não nos cruzámos. Sou mesmo estranha, afinal.

3594

19|94| Ano de nascimento do rico filho.

3593

Este post existe para despachar isto.

3592

Reticências. Porque sim.

3591

19|91| Ano de nascimento da rica filha.

3590

Está frio e sol. Em muito e tanto de frio como de sol. Assim se apresenta o dia.

3589

Olá, bom-dia!
Coiso.

domingo, 24 de novembro de 2013

3588

Eis a ordem númerica deste blogue...

22:50, Loures;
20202 visualizações;
3587 posts;
1 seguidor.

Baú

Em constante construção

O mundo sempre muda de paradigma, afinal.

Dantes eu tinha experiências para contar e não podia expô-las.

Depois chegaram as experiências que podia divulgar mas não sabia como.

Agora tenho as experiências que conto ao mundo inteiro e, a bem da verdade, exploro em demasia, mas ninguém as conhece.

Loures, 24 de novembro de 2011
 (há dois anos, portanto)

3586

3585

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

3584

Lisboa; 16:36, hora da foto. Chovia. Fotografei a chuva como se não tivesse mais nada para fazer.

3583

Se escrever é artifício supremo, o poeta vai penetrando lentamente, desvendando a vida do leitor, como se o conhecesse. Geralmente é assim.

«Foste um ainda-não, como viver com um não-mais?»
Ana Marques Gastão, 'Lápis Mínimo'

3582

Tendo a deprimir.
Tendo a desvalorizar os meus abalos psíquicos.
Afinal de contas: será que tendo a deprimir?

3581

A menina da loja alvitrou: 'E calças cremes...?'
Digitei calacas.
'Gosta?' Tive...
Digitei teive.
Vontade de lhe perguntar se ela sabia quão radiográficas podem ser umas calças...
Digitei calaças, isto está melhor.
Claras. Umas calças claras evidenciam defeitos e acabam com a beleza.

3580

No post anterior digitei fqiuei. Que giro. Digitei gora em vez de giro. Será que tenho remédio...? Digitei tneho. Hum. Não tou a curtir. O verbo tar está aí não tarda. Ninguém diz estou. Ninguém diz onde é que estás agora.

3579

Lugar da musa. Estava-se lá tão bem. Oh céus. No caminho a chuva estava intermitente. Ou discordante. Chovia. Ou não chovia. Abria o chapéu. Ou fechava o chapéu. Que discórdia. A chuva era fininha e foi-me borrifando. A chuva vem de cima. Fiquei esquisita da cabeça, também por fora.

3578

E hoje, quantas folhas há na árvore amarela? Zero. Mil e cento e onze no chão ali à volta.

3577

No post anterior digitei Lisoba. Mais uma para o rol das minhas trocas de letras.

3576

Lisboa, praça de Londres; 14:41; 11º; 22 do 11. Que repetição. Eu, não os números.

3575

A primeira vez. Diria primeiríssima se quisesse enfatizar a questão. Primeiríssima é mais que primeira? Porquê?! A primeira é a primeira, ninguém lhe retira o lugar. Hum, começo a admitir que o português incorreto existe mesmo.

3574

Do lado de lá da linha telefónica um olá amistoso. Que fofo.

3573

Rua Morais Soares. Uma mulher deita-se na calçada, resolvida a desistir de si, a vida que lhe passe por cima. O mal é tão grande que nem deve doer nada.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

3572

«O prazer deseja infinitude. A tristeza tem-na.»

'Lápis Mínimo', Ana Marques Gastão

3571

Nunca mais digo que não sei falar. Até voltar a achar que sim.

3570

'Não me lembro de si, raramente cá vem.'

|Que afirmação tão brusca, desatenta e dispensável.|

3569

Saíram pingos de saliva por causa dos éfes e dos ésses.

3568

Melhor não escrever o esperável. A ver se consigo.

3567



* não é o mesmo que **. Nem a mesma pessoa. Nem o mesmo tempo verbal. Tampouco a mesma situação.

...

Ironia: mas tu não quiseste.

N

Mil
Cem
Dez

330; 50;5; 5000

Dia de

Hoje é o dia do olá e o dia da televisão.
Os olás digo eu com fartura durante todo o dia, e até prefiro o olá ao bom-dia ou boa-tarde ou boa-noite. Quanto a mim o olá é simples e eficiente, toda a gente ouve, e não há enganos de horas nem nada disso assim.
A televisão não me diz muito, obviamente gosto dalguns programas e efetivamente vejo-os sempre que posso, mas não sou dependente.
Achei um piadão que num genérico apresentado hoje de manhã pela Radio Comercial, se ouvisse ‘Mãe, o Phineas & Ferb cantaram a canção de abertura!’ A rica filha está sempre na brincadeira com essa frase. Chama-me:
‘Mãe!’
Obviamente julgo que é outra coisa e respondo, então ela salta de lá com o resto:
‘O Phineas & Ferb cantaram a canção de abertura.’
E depois a gente ri-se.

Gina, a mulher que tem uma mota

Primeira vez. Tivemos um furo com a mota e eu aproveitei para fotografar lugares que estão sempre parados, sempre lá, presentes, mas nunca iguais porque os dias vão sendo sempre diferentes. Porém, ficam estes momentos congelados aqui.
A registar ainda: o furo foi detetado a cinquenta metros duma casa de pneus. Que sorte imensa.


Mealhada, 21 de novembro de 2013

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Fecha a porta...
A sério, fecha lá a porta...

Rascunhos

Vou parar com o ramerrão dos últimos dois dias: registar quantos rascunhos deixo para o porvir.

1º enquanto escrevente, rascunhar e deixar repousar faz-me falta em alguns textos

2º de manhã descobri algo que rascunhei no pino do verão e depois lembrei-me de mais uma série de rascunhos que repousam desde a primavera

3º por ora não apresentarei nenhum desses rascunhos

Sonido

Os sons têm eco. Não, isso era ontem. Os sons tinham eco. Os sons não têm eco.

...

O
|meu|
espírito liberta
|-se|
quando
|me|
diz o que
|é bom de|
escrever.

...

Restam poucas folhas na árvore amarela. Duas. Que outono tão despachado, este. Parece-me.

...

Lugar da musa. Não há pau de canela. Ainda.

...

Lugar da musa. A igual hoje tem companhia, duas mulheres que percebem de livros, e sei que percebem de livros porque estão a falar deles usando palavras convictas. Gostei de as ouvir até ao momento em que uma delas refere 'português correto' – convictamente -, essa expressão arrefece a minha alma, porquanto não existe português incorreto, português está implicitamente correto, não há outro português senão o português, 'miga, que não se desclassifique a língua portuguesa.

...

Aconteceu-me algo estrondoso que entretanto silenciei, porquanto preciso da dúvida. Pode ser que não tenha acontecido. Não sei se aconteceu. Aconteceu ou então não.

...

Ironia: mas ele não quer.

Para ficar de recordação

As chaves do meu primeiro carro: Vauxhall Viva 1300 L.

Ontem...

… Esqueci-me de publicar as fotos do dia. Têm pouca importância, foi por isso.






terça-feira, 19 de novembro de 2013

Fim do dia

E hoje, quantos rascunhos deixo para o porvir? 0 (zero) no documento; meia dúzia (6) na cabeça. Nem vou dormir descansada.

...

Quantas folhas apanhaste hoje? Zero. 0 não é O, muito menos o. O não é 0 e o então nem se fala.

...

Lugar da musa. Faltou o pau de canela mergulhado no café. Falta-me o pau há uma série de dias, tenho-lhe sentido a falta. Sim, estou a ironizar e a prevaricar. Sei fazer isso tão bem, pouquíssimas vezes me afasto desse tom de escrita.

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Lugar da musa. O gordo é ridículo. Pede se tem a bolachinha. Que o moço esqueceu. Ri-se. Que não devia comê-la mas pronto. Encolhe os ombros. Se fosse magro era ridículo à mesma. Só mudava o tom com que penso quão ridículas são as pessoas.

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Agora vou até ali ser solitária e apanhar folhas do chão.

O olhar

No livro que ando a ler lá por casa (A Fé de um Escritor', Joyce Carol Oates), a dada altura a autora refere que tem o seu ateliê tão envidraçado que pode observar a paisagem sem barreiras e se detém muitos minutos nessa observância.
Tenho um lugar assim. Vejo a rua. Pessoas passam. Sempre diferentes. Se são as mesmas pessoas então não passam da mesma maneira ou então não as vejo da mesma maneira. Há uns anos despejei em vários posts dezenas dessas visões por mim iluminadas.

«o bêbado... não caminha, ondula... parece ele que está em alto-mar no meio de grande tempestade... e está... ou vai estar quando lhe chegar a sobriedade...

o senhor doutor ali do centro de saúde que, assim de raspão, o que salta à vista é a total ausência de pescoço...

a mulher que quis cobrir os cabelos brancos e os pintou de... cor-de-laranja... sempre disfarça qualquer coisita e assim até continua a conseguir virar cabeças masculinas (e as femininas também) à sua passagem...

o senhor que espirra três vezes seguidas por causa do pólen que anda no ar devido ao corte do gramíneo...

a velhota baixinha e atarracada que mastiga a língua permanentemente e diz à laia de feito revelador de um elevado grau de bravura, que já matou sete...! sete maridos...!!!

a rapariga que daqui parece ter os ombros, a cintura e a anca, tudo da mesma largura, quer dizer... se calhar os ombros são um nadinha mais largos que a anca mas ao passar na rua as cabeças masculinas lá seguem o seus movimentos... o que prova a minha teoria de que os homens olham para toda a porcaria...

a menina recentemente doutorada que, por isso, mudou radicalmente de tipo de indumentária - passou de top de alcinhas e calções, para fato calça-casaco (vermelho na maioria dos dias) com camisa branca, cujos punhos e colarinho a mãe, sim é a mãe que tem que pôr de molho em descorante raposa para que continue tão alva como quando a comprou, não vá a filha doutora fazer má figura lá no escritório...

uma senhora que em sentido figurado se podia dizer que parece um boneco sempre-em-pé ou então um barril daqueles de vinho - toda ela era ganga justinha ao corpo... que maravilha de mulher... hummm... se ela caísse era daquelas pessoas que caía redonda, ou então... não caía...

um jovem de t-shirt de cavas largueirona, boné com a pala para trás, brinco brilhante na orelha, um ar de rufia e andar à "macho que já sabe dar uma queca mas a única que deu foi a uma cota com as carnes descaídas ali para os lados da rua de s. nicolau e ainda teve que pagar"...

um velhinho que arrasta os pés com passos muito rápidos e muito curtos, parecia que ia estender-se ao comprido a qualquer momento, o incrível é que o desiquilíbrio era o que evitava a queda - fato cinzento às riscas brancas e chapéu a fazer lembrar o tempo da sua juventude... deixa ser... sempre protege deste sol tão quente...

um grande cromo aqui da rua - colete de caçador, boné à alentejana que levantaria da cabeça educamente se me tivesse visto, e seus óculos de lentes enormes e armação tão brilhosa que difunde raios de luz quando em contacto com o sol directo...»

Antigo Blogue, setembro de 2008

Rascunhos

Rascunhos de novo. Pois é. Tenho andado a pensar no memorial, no blogue e na junção dos dois. E dá em nada. Nunca estou bem. Podem dizer 'toda a gente é assim' que eu digo 'não é nada'.

Porta a porta

Não interessa que as clientes sejam estrangeiras e só falem inglês connosco e nós com elas. Se forem visitadas por mim e pelo meu colega depois do expediente com o intuito de lhes mudar a fechadura de casa, a curiosidade delas será igual à curiosidade de qualquer cliente português. Querem saber se somos marido e mulher, onde moramos (devido ao adiantado da hora) e se temos meninos ou meninas e que idades têm (não vamos estar em falta devido ao adiantado da hora).
A curiosidade e o raciocínio básico do ser humano não têm idioma.
Que somos marido e mulher é evidente por demais.
O lugar onde moramos parece muito longe à maioria das pessoas.
As idades dos ricos filhos descansam as pessoas.

Ricos filhos

Rica filha e pai discutiam se havemos de dar petiscos à cadela enquanto tomamos as refeições ou então não. Rica filha é totalmente contra e manifesta-se perentoriamente, pai condescende e diz:
– Coitadinha da bicha, sempre queria ver se eu te mandasse para a cama sem jantar tu ias gostar.
Vira-se de lá o rico filho e desmancha tudo com esta:
– Vocês parecem um casal de divorciados a discutir por causa dos filhos.

Rica filha

– Mãe, tu não sabes o que me aconteceu noutro dia... Não me apeteceu ver um filme, mãe. A sério, eu estava ali em frente à televisão sem vontade nenhuma de ver o filme...

Lá expliquei à adulta que tinha à frente que o facto de antes venerar a tv e agora nem por isso é porque a vida é mesmo assim, o que até é giro, já viste andares sempre à cata do mesmo, a viver o mesmo, a ver o mesmo? Ganda seca, não?!

Rico filho

O rico filho lá anda na sua ocupação laboral e provavelmente temporária: repõe brinquedos nas prateleiras dum hipermercado das redondezas. Diz que já se atualizou com os brinquedos de agora, ouvi-o noutro dia a tirar impressões com a mana acerca das novidades ou do que era do tempo deles e já não se vê.
É giro vê-lo fardado...
Caíram uma série de etiquetas do bolso das calças quando as manuseava.
- Ó André, qual é o brinquedo que custa um euro e quarenta e nove…?

Ricos filhos

Há que tempos não escrevo dos ricos filhos. Houve uma altura em que era frequente, depois deixou de ser, sem que saiba porquê. Vou escrever deles.

Havia esquecido esta parte

Quando a minha mãe ligou eu quis saber que tal vão ela e o meu pai.
- Oh, olha filha, eu já nunca estou boa e o pai está só mais velho!

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Olá. Tu trabalhas aqui?!
Pois, quem diria.
És estranha.
Não sou nada.

...

Deixe cá ver, que a Alzira depois vai lá.
É isso mesmo, Alzira!

|Isso = Alzira. Pobrezita...|

Do lado de dentro do balcão

Deixei entrar um cliente para dentro do balcão, era estrangeiro, queria ver as coisas de modo a poder apontar e assim a gente entender-se melhor e mais depressa. Deixei-o entrar porque pediu licença, tudo nele me pareceu inofensivo. E era. Enquanto puder confiar nos meus instintos...

Do balcão

Uma cliente queixou-se:
«O meu marido põe-me à procura das coisas pra ele e quer um parafuso pra isto aqui e eu acho mal, chateia-me, acho que os homens põem a gente à procura e nós mulheres não percebemos nada de parafusos.»

Não curti o 'nós mulheres não percebemos nada'. Não ponho o caso nos parafusos, ponho no não perceber só porque se é mulher. Quando não percebo nada, e obviamente falo de/por mim agora, e falo de/por mim porque ela me incluiu no grupo quando disse nós, não é por ser mulher que não percebo, é porque não percebo e pronto.

Dias de um Ginásio

Ela perguntou-me como era algo e etecetera & tal. Respondi que de momento era pesaroso. Ela ficou muito séria. Creio firmemente que a seriedade súbita apareceu devido ao adjetivo que usei. Não tenho nada de andar para aí a falar de modo diferente, espanto as pessoas, ninguém me quer. Porém, falo pouco, escrevo (talvez) muito, logo... Acontece assim.
Preciso das pessoas, a sério, preciso de falar com pessoas, gosto de estar com pessoas, a sério que gosto, mas aborreço-me rapidamente.

Dias de um Ginásio

Olá, Gina, como está?
Pergunta a simpática rececionista.
Absolutamente fantástica.
Respondo eu. A rececionista ri-se e faz hum.
Sempre quero ver se alguém me desmente.
Desafio, sem pudor.
Ora nem mais!
Exclama o professor de musculação, aquele que tem mais mamas que eu. Tem três. Não, estou a brincar, parecem duas, como eu, mas são tão grandes que fazem repuxo na camisola.

Dias de um Ginásio

A gente agora vê pestanas longas e escuras, glúteos arrebitados, mamas bestialmente grandes e fica-se a pensar que é tudo falso. Mas não. Nada disso. Às vezes pode ser que as pessoas em questão tenham sido agraciadas naturalmente, que a Natureza é capaz de produzir beldades ao nível ocular e/ou muscular e anatómico, e também pode ser que as mamas grandes se devam a uma gravidez recente...

Super

Às vezes a gente vê-se obrigada a dar atenção à superstição. Hoje de manhã andei toda feliz porque já não tinha aquilo há uns dias e resolvi extravasar e partilhar para não estar sempre a debitar as merdas do costume. Vai daí, à tarde, pumba, coiso, cá está a porra. Aquilo. Até parece que não se pode falar de questões felizes, raios partam isto.

Rascunhos

Olá, bom-dia. Rascunhos. Escrever é escrever e pronto, não tenho nada de andar para aí a chafurdar em parvoíces, não tenho nada de andar a escolher palavras para escrever 'bem'. Rascunhos. Tenho sempre rascunhos. Primeiro publiquei os rascunhos que ontem deixei pendentes. Muito embora não pareça, este é o primeiro post de hoje.

Majestoso Amor



Data: agosto/1987... E uma foto da gente os dois, quando namorados.


É isto


'A Acidental', Ali Smith

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