Gina, a mulher que tem um blogue

Gina, a mulher que tem um blogue

segunda-feira, 31 de março de 2014

domingo, 30 de março de 2014

28

Era 30 de março de 1986, domingo, como hoje. I was only 17...

Extremamente

Uma pessoa desinteressada é desinteressante. Uma interessada também.

Desgarradas

Agulha

Canteiro de plástico

Bicho-cão correndo para a sua dona

Perspetiva lourense

Flores

D o sábado; do costume; do...

Zoom com bico desfocado

Horizontal & Vertical

...

O que dizem
os teus olhos?
Dizem que
sou um anjo
a caminho.

...

E a senhora, quem é?
Um anjo. Envelhecido.

sábado, 29 de março de 2014

Sonho

Sonhei com um quintal de flores lilases, semelhantes a umas que quando era miúda julgava que eram cachos de uvas em forma de flores ou então vive-versa, e cuja visão se me apresentava, na vida real, junto ao muro das traseiras da Quinta da Lagariça, Botica (Loures).
Já o Nelly... Sonha com ela e com o amor, quando é lindo.


sexta-feira, 28 de março de 2014

Leitura

O livro que ando a ler foi adquirido no tempo em que ainda não registava na folha morta a data e o local da aquisição, tem portanto não menos de meia dúzia de anos de estante e de estado quase puro, que foi por volta dessa altura que me lembrei de começar a rabiscar dados nos livros. Durante este tempo todo, olhei para o livro na estante uma data de vezes, chegando inclusive a iniciar a leitura algumas dessas vezes mas sem conseguir continuar durante muitas páginas. Um dia, recentemente, consegui encarrilhar na leitura e estou a gostar bastante deste livro. Há sempre uma altura certa para ler um certo livro.

«Escreverei isto quando chegar a casa, pensa Catarina, e recordarei os dias em que percorria quilómetros sem destino porque algo me incomodava a tal ponto que o meu corpo se via incapacitado de o suportar na imobilidade e necessitava de movimento para o dispersar por todos os membros, como também nessa manhã de outono, em que depois de pela primeira vez o tom rouco da sua voz chegar até mim, como em segredo, e ver na forma como as suas pálpebras tentavam esconder o desencanto dos dias, me deixei deambular pelas ruas da baixa durante a tarde, porque já esse ser estranho imbuído de melancolia e desejo estava destinado a crescer em mim até á imensidão da loucura.»

Como Sombras em Muros, Gilberto Pinto

D'ontem & D'hoje

Dissimulação no blogue. Objetivo: purgar as mágoas, registar ocorrências infelizes e ultrassecretas sem parecer a 'coitadinha dela e assim' e a 'pobrezinha sofredora de grandes males'.

Sempre fiz pausas no blogue, sempre delas necessitei. Contudo, nos últimos meses (ou anos, sei lá) tenho tentando deixar de escrever, o que difere em muito das pausas que dantes fazia. Encontro-me viciada na escrita, exagerando dalguma forma os meus problemazitos da treta, o que me lança numa espiral concêntrica, e para me contrariar vou tentando abandonar o blogue e esta forma dissimulada de escrever, da qual tenho consciência há pouco tempo. A verdade é que por conta das tentativas acabo por escrever menos umas quantas palavras tristes e crio menos uns quantos textos submergentes.

Estou em conselhos para o bolo de fim-de-semana...

Não sei se faça o bolo das claras, tenho tantas no congelador;
se faça o arroz-doce, há tanto tempo não faço e já agora usava a gema (que também está) congelada mas no pote não há pacotes de açúcar que cheguem;
se faça um doce frio com o resto de creme de coco e/ou com o resto de caramelo e/ou com o resto de doce de leite (os três congelados);
se faça um bolo com muitos limões, deram-me tantos;
se faça um creme de limão, porque como já disse deram-me muitos limões...

Lisboa; praça de Londres; 13:51; 17º
Lisboa; praça de Londres; 14:41; 16º

Durante o inverno evitei falar do frio e do quanto me prejudica, creio inclusive que nunca usei a expressão dos mais anos: 'a porra do frio'. Estamos na primavera e a viver uma vaga de frio igual ou pior que aquando do inverno, oh que grande porra! Desejo com ardor que voltem os dias ensolarados e menos frios, assim mais ou menos como os que vivemos há coisa duma semana e meia, que estava tão bom mas tão bom. Para juntar ao desalento que o frio me inflige, todos os dias de manhã bato com os olhos no interior do meu roupeiro e vejo o vestido aos quadrados pretos e roxos prontinho a estrear... Ah, e esta primavera que não se faz realmente chegada, pá.

...

«Um dia vou subir a calçada como se ontem não existisse»
(Ainda) Reconheço o significado, mesmo que a tamanha distância.

'Quem andou não tem para andar'

Bah, que errado. Enquanto por cá se anda (e se se anda, anda-se) devia andar-se. O mundo está tão malfeito.

Muitos anos de vida

Olha eu para o anoso, ofegante:
Então, veio a pé de sua casa?
Olha ele para mim, espantado:
Pois, como queria que viesse?!
Olha eu para ele, brincalhona:
Ao colo!
Olha ele com suspiros:
Oh, ao colo, ao colo... Nem sei o que isso é, menina.

Nome inscrito


Rico filho, quando foi que fizeste este estrago? Eras menino ainda?


Não se lembra, portanto deve ter inscrito o seu nome na gaveta do estamine há muitos anos.


E só agora reparei na inscrição.

O bolo

Uma cliente da cafetaria ao lado pediu um bolo apontando para um compridão que lhe agradou. O homem avisa:
'Este tem recheio de chocolate.'
Ela franziu a cara e fez que não. Eu referi por entre gargalhadas:
'Ah, a senhora gosta do formato mas não gosta do recheio.'
Sou tão engraçada.

Parque de estacionamento

O rico filho estacionou nas imediações e foi à sua vida, num passeio só de ida.
– Rico filho, onde é que deixaste o carro?
– Na rua de cima.
– Então se for pela rua tal viro à direita ou à esquerda?
– À direita.
Não era à direita. Oh céus. Percorri quase toda a rua de cima, dum lado e doutro, procurando o carro mais giro de Lisboa.

Trapadas

Saia Avermelhada
=
Saia Acastanhada

...

«Não encontrava o isqueiro, a chama com um estalido veio do outro lado do balcão, agradeceu com um aceno da cabeça, sem sorrir, não lhe apetecia, há muito que só sorria quando o objeto de sorriso era merecedor de tal ato, uma frase parva nos primeiros anos da faculdade que a levara a acreditar que os rostos sorridentes eram capazes de cobrir a tristeza indolente da alma.»

'Como Sombras no Muro', Gilberto Pinto

4664

Capicua.
Pergunto-me quantos posts com o assunto 'capicua' terei criado, quantos terei ultrapassado sem os notar e quantos mais criarei ou não notarei.
Pergunto-me, pergunto-me, pergunto-me e respondo-me que não são tantos assim.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Por aí

Alzira está no semáforo, aguardando que mude a cor. Cansada. Muda-se a cor iluminada. Alzira passa por mim de lábio superior levantado, revelando a dentadura. Só assim lhe entra o ar suficiente para se manter viva. Tão cansada, a Alzira.
O meu olhar, o de outrora, aparece de onde em onde. E se eu puder contar com a Alzira nos tempos mais próximos... Ah caraças.

Das melhoras

Manuscrevo nos papelinhos e/ou no bloquinho rudimentar. Escrevo em linhas direitas, devo dizer, e quando se me acaba o espaço dou a volta, chegando a preencher os quatro cantos do papelinho. Sou tão engraçada.

Do piorio

Deixei de manuscrever nos cadernos por conta da raiva impressa na caligrafia. Era tamanha, tanto que me fazia doer as mãos. Depois passei a ser muito mais confessa no blogue, o qual, hoje, é assim. É isto. Alguém que o classifique, por favor, que por ora eu cá não tenho condições.

Humor

Afinal preciso do humor. Qual ironia*, qual quê. Nada disso. Humor. Mesmo que seja aquele humor espesso e viscoso, que não se dilui nas conversas. Esse mesmo, venha de lá.
Ah, é verdade, a ironia é sempre bem-humorada, que me valha isso.

Parecer ou não parecer

Não parece que pus duas tampinhas do curativo néctar numa botelha d' água, antes parece que deitei duas gotas de Floratta in Silver numa garrafa usada de litro e meio. Ao presente escorrega-se-me garganta abaixo uma mistela perfumadíssima. Diariamente. Oh.

Meninas

Os vândalos escreveram no pedestal das meninas. ‘Siga’, foi a palavra. Não posso precisar se no tempo em que andei na roda com estas meninas* já lá estava a palavra. A verdade é que ‘siga’ lembra-me ‘siga a vida’, um dos motes muito usados neste blogue.


*ver aqui e aqui

27 de março de 2014

Lisboa; praça de Londres; 13:31; 15º
Lisboa; praça de Londres; 14:34; 14º

Do antigo

Parecia o Avô Cantigas. Comprou dois frascos de óleo de cedro. É claro que não tem nada a ver. Nem eu quero que tenha.

P

Quer um parafuso ou um puxador?
Não, não, é um parafuso.
Veja lá, não será um puxador?
Não, quero um parafuso.
A mim dá-me a impressão que é um puxador...
É um parafuso, tenho a certeza.
Tem a certeza que não é um puxador?
É um parafuso.
Olhe que é um puxad...
Um parafuso, menina, isto é um parafuso e eu quero um parafuso!

Tempo verbal

O cliente queria uma lira. 
Queria → pretérito imperfeito, não o perfeito. 
Eu não sabia que vendia liras. Sabia → pretérito imperfeito; vendia → idem. 
Agora já sei que vendo liras. 
Agora; sei; vendo → presente.

Sopa da mamã querida

Apresentei a sopa avermelhada (tão mas tão avermelhada...) que fizera:
– Ricos filhos, desta vez fiz sopa menstruada.
Rica filha exclama, insatisfeita:
– Ó mãe, já não bastava sabermos que vamos comer beterraba, ainda tinhas de vir com essa piada...
Rico filho desabafa, enojado:
– Agora é que estragaste mesmo tudo, mãe...
O pai lança a segunda bomba, tinha de ser:
– Querida, puseste aqui um pensinho higiénico, foi?

Imagem na memória

Fios de esparguete envoltos em carne picada que foi previamente cozinhada. As farripas de carne seca e esbranquiçada aderem aos fios de massa que é um mimo. E come-se.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Vida

«A vida é um desencanto que se encara com uma gargalhada e um bocejo.»

'Como Sombras no Muro', Gilberto Pinto

A falta

Olhe, falta a minha fatura, diz o cliente.
Ah pois, desculpe lá e tal.
Olhe, falta o artigo, deixou ali...
Ah, esqueci-me, peço desculpa e coiso.

Eu devia estar mais concentrada, é certo, não tinha de me pôr a vaguear pelo que ando a escrever, ocupando a cabeça com tudo o que não está relacionado com o trabalho. Mas que querem, esta sou eu, sempre a escrever cá por dentro, havendo por vezes uns momentos em que escrevo com alta intensidade, sendo que este era um desses momentos.

Assolapadamente

Quero-me estupidamente inteligente e ironicamente satisfeita mas tenho para mim que estou assolapadamente apaixonada. O coraçãozinho bate-me forte pela manhã, fim da tarde e ao anoitecer. Oh céus, que velocidade... Bão-bão, bão-bão, bão-bão.

Lugar da musa

Nunca cheguei a debitar considerações acerca dum quadro que já não está exposto no lugar da musa, portanto isto aqui é uma espécie de posta-restante. O dito quadro mostrava um mancebo de aura pueril, segurando uma jarra com flores vistosas, como se estivesse a embelezá-la, virando e revirando flores até parecer uma composição do mais belo e singular que há. Um mancebo, disse eu, portanto: macho, e que tinha as unhas cobertas dum verniz vermelho escuro. Era uma visão muito distorcida, quiçá o propósito do artista, sei lá eu, não consigo explicar isto melhor. Ademais: no post anterior confessei que não sei escrever.

Escreve lá

Escrever sob encomenda é terrivelmente triste e desolador, castra-me a imaginação. Desisti de todos os projetos em que estava metida. Pronto, já está, estou cansada de fingir que sei escrever.

...

Se enlouquecer livro-me disto tudo. Nunca tinha pensado assim. Pumba, novo prisma. Urras.

T

Fui eu que fiz. Voou, a florzinha, não se deixou estar, não se fundiu com a vegetação. Acabou o filme. Ia na letra tê.

E

Tem uma pulseira de onde pende uma medalha com a letra E. Deve chamar-se Porventura chamar-se-á Etelvina, o que combinaria com a faixa etária.
Olhe lá 'miga, como se chama?
Eva.
Ah, que lembrador da génese.

O assunto

Diz que nada há de melhor para escrever do que a falta de assunto. Raramente me acontece, isso de não ter assunto para escrever, o que acontece é, não raras vezes, considerar impublicável o assunto a expor, o que me segura os dedos.

O senhor da avenida

Lisboa, avenida Visconde Valmor. Passeio pelo passeio do lado dos números ímpares, o qual é larguíssimo se comparado ao lado oposto. Tinha de ser assim largueirão por causa do sangue azul, é que o visconde morava desse lado e mantinha uma personalidade ímpar.

Eh, calma lá, estou a inventar... Menos na personalidade ímpar, creio firmemente que toda a vivalma tem uma personalidade sem comparação e com inúmeros predicados no grau superlativo.

Viver com

Dantes convivia com uma senhora que dizia que tinha demónios dentro dela, que os sentia mas que não se deixava levar por eles, conhecia-os, manobrava-os, não lhe dando importância. Na verdade, acho que esta coisa dos demónios mais não é do que fruto da imaginação dalgumas pessoas, as mais criativas e emotivas.

Leituras

Descobri um blogue onde a autora observa as gentes que estão de livro aberto no Metro de Lisboa, tenta perceber o que estão a ler e mesmo que não decifre o título faz um post sucinto pintando o quadro com as cores que acha por bem, e tudo isto sem interromper a leitura e sem interpelar os leitores. Gostei do blogue, deste tema (existem outros temas, claro), do modo como está apresentado. Não me lembro como se chama este blogue e esqueci-me de guardar o endereço para lá voltar...

A trazer do armazém

Sarilho;
Iluminado;
Duende;
Homen;
Lixívia Pacóvia;
Coca-Cáustica

Trapadas

Futuramente.
No sábado vou fazer o vestido das cornucópias verdes.
No domingo não sei.
No sábado vou tirar fotografias enquanto coso à máquina.
No domingo também.

A bruxa

Dentro dum carro aparcado estavam dois marmanjos a fumar. Ao passar cheirou-me a bruxa. Lá à frente estava um polícia com ar de quem esperava ver e flagrar transgressores pelas ruas abandonadas daquele lado da cidade. Estive quase para lhe dizer: 'olhe lá, eles estão ali naquele carro, oh'. Mas não.

Des

O que na boca dum é 'desmontar', na doutro é 'desamontar'.

Ironia

Ora bem...


Dia de (disseram na Radio)

Hoje é dia do 'Livro Português'. Quis o destino que ao momento ande a ler um livro dum autor português - 'Como Sombras no Muro', Gilberto Pinto. Não sou lá grande coisa para conhecer ou reconhecer autores, quer nacionais quer estrangeiros, também não sei qual a percentagem de livros nacionais que há nas minhas estantes, se serão mais ou então menos que os estrangeiros, tampouco creio que isso seja importante. Claro que gostaria de conhecer profundamente a Literatura (note-se a letra maiúscula, tal não é o meu respeito), lamento que nunca tenha estudado o suficiente para saber reconhecer estilos e/ou autores, lembrá-los nas conversas e relacioná-los com algo ou alguém e esse tipo de coisas.

Hoje é 'Dia Mundial do Chocolate'. Vejam só... Adoro chocolate, chegando inclusive a escrever/criar/compor vários posts acerca do mesmo ao longo destes anos de escrevente. Mas não creio que seja o meu sabor preferido, porque na verdade isso de preferências não é comigo, sabor preferido, cor preferida, música preferida e outros.

Hoje é dia do Emanuel. Hum, pois, ok, vá, não conheço nenhum.

terça-feira, 25 de março de 2014

Do escrever doutrem


'Como Sombras no Muro', Gilberto Pinto

Da ironia

Preciso da ironia. Da minha, quero eu dizer. Escrever sem ela é tão triste e bizarro. Ando nisto há tempo demais.

Da memória

Sei acerca daquilo de que tenho memória. Apenas. Às vezes é tanto o que sei, tanto e tanto, e só essas vezes interessam.

Não quero

Tens de estar com pessoas, tens de conversar com pessoas, não podes fechar-te e encolher-te dessa maneira. Anda, vem comigo, vamos passear, conversar com pessoas. Não quero.

OK

Lisboa, rua Quirino da Fonseca. Numa parede branca pintaram letras garrafais que dizem assim:

I'm not ok, but it's ok.

Ideia concretizada*


*...

Do escrever

Durante uma fase menos mostradora desta minha vida de escrevente, criei um texto que nunca publiquei por conter um assunto demasiado profundo e revelador de intimidades. No entanto, saltitando pelo blogue por essa altura, verifico que debitei o assunto de raspão, como se me contentasse com raspadelas, e efetivamente contentando-me com esse poucochinho. Às vezes o meu escrever é assim, raspo aqui e ali. E não estou contente com isso. De todo. Ah, o texto que nunca publiquei, eliminei-o há coisa dum quarto de hora atrás.

Inteligência

O meu lado estupidamente inteligente abandonou-me há uns tempos e ainda não regressou. Pensava que vinha hoje... Mas não. Ainda.

A mola de roupa

Imaginação

Porque sou tida como tola por manter amigos no imaginário?
Porque não é esta prática de arranjar amigos a meu bel-prazer vista como algo de gente lúcida?

Cheiro

Não sei o que é mas pelo cheiro tenho para mim que é lavanda. 

A pobrezita está um pouco espalmada por andar na carteira. 

E ainda tem cheirinho e tudo, quanta ventura, bem hajas 'miga, que tão bem cheiras. 

Se tiver oportunidade disso, mais logo tiro fotos ao lugar de onde retirei este pezinho.

Dormência

Tenho de andar lá por baixo uns tempos para emergir. É sempre assim. Dou abracinhos à tristeza e, por estranho que isso seja, fico dormente, vai daí, coiso, pumba, curo-me.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Já é noite

Logo pela manhã vi o Usher, vinha pôr publicidade no prédio onde moro. Sério, passámos rente um ao outro e tudo. O Usher, pois.
Puru-purú; puru-purú!
Puru-purú; puru-purú!
Yeah-yeah; yeah-yeah!



Posta restante*

Dói-me a alegria e os cinco sentidos.

*...

+1

mais uma promessa
mais um dia a duvidar
mais outro remendo à pressa
mais uma forma de te procurar



...

Elisabete Maria, a esotérica, quis saber:
«Está tudo bem consigo?»
E eu:
«Claro, como não?»
E ela:
«Ora pois, não lhe dói nada, não é?»

|Dói-me a alma, 'miga, o pensamento e tudo o que conste em mim e que seja impalpável. Dói-me o silêncio e a arte. Dói-me o inferno e o medo. Dói-me o escrever. Sério, hoje dói-me tanto o meu escrever.|

Velha forma (desejando-a)

Limbo no fim, a extinguir-se. Com tudo e por tanto, que a inteligência estúpida está aí não tarda. Espero-a amanhã mas tomara eu que já aqui estivesse.
Foi a Alzira quem me despertou do limbo, há umas três horas atrás. Alzira, a solteirona. Mirava uma montra de roupinhas de criança com verdadeiro interesse. Espirrou. Alzira, a solitária, corcunda pela idade, dei por mim a vê-la com uns olhos parecidos aos que dantes eu tinha. Espirrou. Sineta da vida, ou lá que era aquilo. Acorda, Gina Maria, vá.
Tenho de reaprender a escrever como só eu sei. Para já, voltei a conseguir interromper a leitura constantemente para escrever coisinhas, e interrompo as coisinhas para escrever outras coisinhas que me lembro, atropelando as palavras no papel, debitando-as à velocidade do pensamento. Decerto não se percebe nada. Lamento, mas hoje vai ter de ser assim.


Deixa-te andar


Submissas, as flores. Em muito. Não refilam por as tirar da sua naturalidade, tampouco me renegam, mesmo que eu sinta um prazer desmesurado em as arrancar de modo aleatório de dentro de sua casa, impiedosamente, e portanto as mato lentamente, sim, ainda que eu seja esta espécie de sádica, elas deixam. Me.
Ando um bocado dedicada às imagens, no presente estou mais chegada às flores e a tudo quanto tremelique mudamente do que à escrita. Amorfo. Fui eu que rebusquei este amorfismo.

Sem título

Dá cá a tua mão. Fui eu que fiz. Ú. Ritual. Sento-me na paragem do autocarro que nunca vem lá, ao pé de vivalmas. Rebusco na mala e desenterro a máquina fotográfica. Coloco-a no bolso do casaco. Caminho durante noventa e sete passos. Clico direito à florinha amarela. Fui eu que fiz, que montei o cenário. Vai na letra ú.



Umas abertas, outras não...

Pétalas ainda mais envelhecidas

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