Tenho uma cliente que tem a queixada de baixo um bocado saliente. Quero dizer: não é bem uma cliente nem é bem a queixada de baixo um bocado saliente, é outra coisa. Bom, afinal parece que não sei escrever. Acabar o dia com uma ideia derrotista não é lá grande coisa. A reviravolta acontecerá já amanhã, quando eu sonhar de olhos abertos com letras, eu a escrever debruçada sobre uma folhinha de papel, eu de caneta na mão, engraçado que nunca me sonho acordada junto a um teclado e sim agarrada a uma caneta e a uma folhinha, rabiscando afincadamente, belamente, que quando estou a sonhar de olhos abertos as histórias acontecem como eu quiser. Tenho uma cliente que tem a queixada de baixo um bocado saliente. Pois tenho.
Gina, a mulher que tem um blogue
terça-feira, 31 de março de 2015
Ó Gina
Ó Gina, como vão as coisas?
As coisas, então as coisas, ó pá, as coisas, tunga, pumba, vão. A minha incessante vontade de escrever cá anda, nutrida e capaz. Acho até que sou o algo indefinível que fica entre a genialidade e a estupidez.
Boa tarde!
Esta é a terceira árvore do lado esquerdo de quem vem de cima na rua mais bonita de Lisboa. Tão verdinhas, as folhinhas, tão jovens. Meninas-clorofila.
Nem sempre
Nem sempre tem muita piada planear o fim-de-semana em termos gastronómicos. É que nem sempre saem como o previsto.
Fazer o creme de cogumelos, fiz, mas ficou caldoso, qual creme, qual quê. Se calhar devia ter triturado tudo, cogumelos, bacon, tudo. Não sei. O bom da festa foi que o sabor deste caldo de cogumelos estava extraordinário.
Fazer a baba de camelo, fiz, mas saiu estranha, o leite condensado (cozido) estava envelhecido, o que lhe conferia uma textura cristalizada, o açúcar cristalizou com o passar do tempo, e depois não juntei as bolachas ao creme, nada disso, por achar que estava muito esponjoso, demasiadas claras em castelo, talvez.
Fazer as bolachas, fiz, a primeira fornada saiu impecável, a segunda saíu esturricada, esqueci-me daquilo no forno, entretida que estava no computador...
Cacau em pó
Incrivelmente foi no meio de escrever o post anterior que chegou pelo correio a última coletânea em que participei (Receitas Secretas, vários autores, Pastelaria Studios Editora). Tanto tempo, pá, andava perdido por aí, este livrinho. Pois bem, já reli o meu conto, afinal não custou nada, até me diverti. E toca de acrescentar mais um livro à biblioteca que mantenho no estaminé.
Enchi-me de
Enchi-me de coragem e remexi na pequena biblioteca que tenho no estaminé. Quando abri o livro que estava a ler em dezembro último ('Gostamos Tanto da Glenda', Julio Cortázar) percebi que parara na página 19, para um livro que tem 128, já contando com as folhas mortas.
Por baixo deste livro está um outro que, recordo, contava deixar no banco de jardim como oferta a um transeunte desconhecido. Nunca mais me lembrei de tal coisa. É isso, dantes deixava os livros lidos num banco de jardim. Na verdade em dois, elegi dois bancos de jardim para esta cerimónia solitária e da qual não ouvirei testemunho, pois jamais saberei quem os encontrou.
Este segundo livro é uma coautoria de Rita Taborda Duarte e André Barata (Experiências Descritivas). Deste último autor recebi em tempos um comentário no blogue. Sim, uma figura literária comentou o meu blogue, no post onde eu considerava despretensiosamente a opinião acerca do dito livro.
Não há duas sem três
Esta canção um dia vai querer dizer que estou a descer a serra de Montemor. Sério. Sempre que saio do supermercado ponho o mesmo cd a tocar, esta é a canção número um, e enquanto a ouço viajo e canto, e asseguro-me que tudo aquilo quer dizer que estou a descer a serra.
É que dantes esta canção lembrava-me um acontecimento aborrecido que vivi, nesse momento era esta canção que ouvia com o volume de som no traço vinte e dois, porque gosto tanto dela e também a tinha posto a tocar. E aquilo aconteceu. E foi fodido pra caraças. E por agora ando com esta espécie de mantra:
, ouvir sempre a mesma canção quando saio do supermercado, ouvir sempre a mesma canção quando saio do supermercado, ouvir sempre a mesma canção quando saio do supermercado, ouvir sempre a mesma canção quando saio do supermercado, ouvir sempre a mesma canção quando saio do supermercado, ouvir sempre a mesma canção quando saio do supermercado,
As vírgulas no início e no final aparecem propositadamente, que a frase começou numa hora desconhecida e é para nunca acabar de repetir. Esta canção está quase, quase, quase a ser a canção de quando eu saio do supermercado e me ponho a descer a serra. Vamos lá ouvi-la outra vez.
É a terceira vez que ponho aqui este vídeo. E olha eu preocupada e o caneco.
Ó
Ó Luís, já mandei mais uma cacetada na jante. Olha que fui eu, não foi o puto, ouviste?
Hum, qual foi a jante?
Não me lembro...
Hum, qual foi a jante?
Não me lembro...
Dias de um Ginásio
O horário de verão chegou e como tal quando chego ao Ginásio ainda é dia. É bom, muito bom, vejo o Tejo e isso assim. Só não vi os barcos porque quando passou algum eu não estava a olhar, quando não, coiso.
Agá i éme
A agá i éme tem uma promoção bestial, a gente agarra num saco qualquer e enche-lo de roupa usada, vai daí entregamos no balcão o dito saco a uma menina sorridente e recebemos um vale de cinco euros, o que nos fará também sorrir abertamente. Tenho de lá ir. I-ei.
Como fazer as minhas roupinhas
Vestido verde.
Ora bem, escolher o modelo que quero confecionar. Neste momento está mais ou menos escolhido. Mais ou menos. Vai ser muito justo, muito, muito justo na cintura e vai ser muito, muito rodado na saia. Nada que saia fora da maioria dos meus vestidos. Só vai ser um pouco diferente nas mangas, que estou com vontade de fazer uma manga, uma não, duas, cheia de preguinhas e muito, muito vistosa. Vistosas.
Casaco azul.
Então... O casaco azul, pois, o casaco azul... Estou indecisa. Também, pois. Andam-me duas ou três revistas aos rebolões lá em casa, de cima da máquina de costura para cima da secretária do computador, de cima da secretária do computador para cima da cama, de cima da cama para cima de... Bom, já se percebeu, é que se eu perco a ideia... Estou indecisa entre dois modelos. Um parece mais uma jaqueta, muito curto e direito, sem pinças, outro é cintado que se farta, cheio de recortes para se ajustar ao corpo e o caneco. Entretanto, ontem, comprei-lhe o forro, é cor-de-laranja. Sim, o casaco é azul, é que eu tenho um bocado a mania.
Saia avermelhada.
Ontem já deixei cortada a saia avermelhada. Faço muitas vezes as saias com o mesmo molde, acrescentado ou retirando altura, colocando um folhinho, ou um folho, na base, mas a estrutura da saia é sempre igual, tenho aquele molde há décadas, está todo picadinho de alfinetes de tanto ser usado. Desta vez decidi usar um outro molde que vi numa das minhas revistas, tem as pinças da frente a apontar para o lado e para o meio, em vez de no sentido longitudinal, e é muito travada, vou ver-me aflita para andar com aquilo vestido... Enfim, modas.
Saia rosa.
Ah, é tão linda a renda rosa que comprei... Fazer uma saia...? Sim, um vestido seria demasiada informação num corpo baixo como o meu. Vai daí, caso goste pra caraças do resultado do novo molde de saia de que falo no item anterior, pumba, vão duas iguais, quero lá saber.
Blusa preta; branca; rosa; verde; bege.
Fazer com aquele modelo da blusa que fiz há dois ou três anos, a qual foi feita para aproveitar um pareo, tanto que tenho uma pulseira igual e tudo. Mas fazer então com esse modelo, não convém um corte muito justo, agora andam por aí blusas assim para o largo, combinando com uma parte de baixo (saia ou calças) para o justo, para criar contraste. Gosto de usar o que me apetece e não depender de modas ditadas por outrem, mas também gosto de modernizar o meu guarda-roupa. Bom, eu gosto é de roupa e acabou a conversa.
Blusa branca; azul; vermelha; rosa.
Olha, sabem que mais, vou mas é copiar uma que tenho no roupeiro, pronta a estrear, só falta a temperatura deixar-me andar com uma coisinha fina. Sério, vou copiar, aquilo é facílimo de confecionar: frente x 1, trás x 1; manga x 2 = 8 costuras. Mas cuidadinho com o decote, guarnecê-lo bem e isso assim.
Continuando
Continuando e acabando. Falo da exposição que já conta com dois capítulos, onde rabisco a minha lista de leitura no que toca à blogosfera. É então com fúria desmedida que me jogo ao terceiro capítulo, a ver se despacho isto hoje, que a ideia ainda pertence a este mês.
novidades do universo
Este é dos melhores blogues que conheço, leio-o há anos, muitos, cinco ou seis. A autora atualiza o blogue esporadicamente, o que faz com que por vezes lhe sinta a falta. Nunca deixei comentários mas porque ela não tem caixa para tal, quando não creio firmemente que já lhe teria dito/escrito algo. Esta senhora não me conhece, certamente não lhe consta a minha presença. Não lamento, é assim e pronto.
sol de pouca dura
Leio este blogue por mera curiosidade, mais isso que outra coisa qualquer. O autor é um homem que constrói o seu diário virtual despretensiosamente, desabafa questões simples de homem, de pessoa 'normal', sendo portanto um blogue e uma presença refrescantes, blogues assim são muito necessários à blogsofera. Leio-o há anos, mesmo muitos, para aí sete ou oito, já lá deixei alguns comentários, não muitos que eu cá não sou de grandes conversas, e ele também já me ofertou atenção uma vez ou outra.
dar a ler com cafés e bolos
Este é um blogue diferente, trata-se do blogue de uma editora, na qual já publiquei alguns contos. Não é que este blogue exista há muito tempo, talvez um ano ou dois. Sendo um blogue um tanto ou quanto diferente, cuja intenção é sobretudo divulgar a editora, não há aquela ideia de deixar comentários e mais isto e mais aquilo.
blogue com nome
Há montes e montes de tempo que conheço este blogue, vai para aí na meia dúzia de anos, conheço inclusive a sua autora pessoalmente, primeiro a gente encontrou-se num evento da editora de que falo no item anterior e depois disso houve uma vez que fui ter com ela à vila onde mora. É uma bloguista pouco presente, creio que dedica o seu tempo principalmente a cuidar da carreira literária, já editou vários livros, uns em papel, outros em ebook. Há comentários da gente as duas, uma para a outra, de quando em quando.
prato do dia
Adoro este blogue, a sério, adoro. É leitura para eu fazer há dois ou três anos, é uma mãe que fala das suas peripécias, destemidamente, não se martiriza por achar que as crianças são fedelhos chatos pra caraças, e são filhos dela, ó se são. Mas pronto, gosto tanto da sua sinceridade e destemor. Muito. Comentei uma vez ou lá que foi, portanto sabe que estou viva e tenho blogue. Ela nunca retribuiu.
o sal das pipocas
Este é um blogue dos mais especiais que conheço. Especial no sentido de levar um monte de mulheres a andar atrás de um gajo que nenhuma conhece. É um daqueles bloguistas que sabe escrever, que lança pedras ao charco e fica a ver os círculos, e os círculos são os comentários de uma boa dezena de gajas, também boas escreventes e pensadoras, sempre desejosas que ele as visite e sobretudo comente os seus blogues. E ele visita alguns, porque às vezes leio os seus comentários nos blogues delas. Às vezes. Nunca me meti ao barulho, sou mais de ficar a ver, tampouco atiro pedras àquele charco, que não tenho lá muito jeito para me evidenciar e o caneco. Portanto, obviamente este homem/bloguista não imagina que o observo cheia de curiosidade e talvez uma falsa vontade de aparecer.
Ufa, que alívio! Já está. Um dia, quiçá, acrescento blogues à minha lista, o que mais me impede é o tempo disponível para este tipo de leitura.
Bom dia!
31 de março, hoje. Março termina. No fim, como esperável. Baza, 'migo. Amanhã não te quero cá.
segunda-feira, 30 de março de 2015
Tudo morre
É com pesar que a minha mãe às vezes me confessa:
Tudo morre, filha, tudo morre, pfu, eh, acaba tudo, vais ver que acaba tudo.
Quem dera a mim estar já nessa fase para deixarem de ter importância as coisas que hoje são enormes, como a minha vontade de escrever.
Dos sons
Ouve-se uma música daquelas do ambiente, jazz ou algo do género, agradável, nada de piripipis e papapás demoníacos. A companhia dava estalinhos com a língua, acompanhando o ritmo. Portanto o som da música era agradável, já o som da companhia nem por isso.
Encontrei
Encontrei uma pena de pombo no chão do estaminé. De resto não é novidade, o que não falta é lixo da rua a entrar aqui e pombos em Lisboa. Mas a pena. Pensei fotografá-la, antes e depois de despenteá-la, passando os dedos vigorosamente naquele cerne. Mas entretanto lembrei-me que já fiz isso numa vez em que encontrei uma outra pena, de pombo, que nem fotografei, na verdade digitalizei-a, despenteei-a e ficou linda, como que emergindo do nada, acho até que fiz vários posts com esse tema. Sou incansável e supostamente aborrecida, condensando ideias num lbogue... ai perdão, blogue estupidamente intimista. Vai daí desisti da ideia, sob pena (trocadilho!) de estar a ocupar o blogue com mais do mesmo. Mas queria contar que encontrei uma pena de pombo no chão do estaminé e já contei.
Lanche
Dona Á; dona Dê e senhor Agá vêm da pastelaria. Vão lá todas as tardes para sorver chá quentinho e afundar a placa em torradas molinhas.
Falei em três figuras, dantes eram quatro, o senhor Éfe, esse já não os acompanha, que morreu no mês passado, deixando dona Á viúva; dona Dê sem mano e senhor Agá sem cunhado.
Adenda
Terei de visitar a senhora doutora novamente? Haverá comprimidos para estas merdas parvas pra caraças? Falo a sério. Não posso desanuviar a cabeça ouvindo os passarinhos e vendo as florzinhas. Ondas do mar, altas montanhas e tal. Coisas daquelas, sabem, que apaziguam o espírito conturbado. Não posso viver.
Quando passei
Quando passei por baixo daquela árvore que tem forma de abóbada senti uma felicidade imensa, uma poesia qualquer inventada por mim preencheu-me, para logo de seguida ser inundada por uma tristeza tão esmagadora que cuidei morrer ali. Não posso ser feliz. Falo a sério. Tenho de viver como se percorresse o meu caminho numa linha reta e contínua, sem altear, sem abaixar. Nada. Nem um milímetro. Acho que estou doente.
Dia soalheiro, sim
Tirei o casaco, deixando o sol aquecer-me a nuca. Tão bom. Cortei o cabelo, há mais pele para queimar. Não posso é despir-me para toda eu me queimar e me deleitar com o carinho do astro-rei, senão fá-lo-ia. Quero dizer: poder, posso, mas é melhor não, diz que isso de a gente se depir no meio da rua é impudico e dá multa e prisão.
Lugar da musa
Bebi o café em pé, que não havia lugares vazios. Não comi a bolacha, guardei-a para depois, sentada no banco de jardim, o segundo banco de jardim da rua mais bonita de Lisboa, segundo banco de quem vem de cima. A árvore amarela não me conta nada, por ora, não sei se tem que ver com o facto de ainda não lhe terem nascido as folhinhas, se sou eu que já não a sei ouvir.
...
Banco hater. 22 de abril próximo: não esquecer de tirar a foto para comparar. Hoje estou um bocado futurista. Estou, estou.
7777
... Boa tarde!
Capicua. Capicua, pá. Capicua. Esta é tão especial mas tão especial e tão especial que jamais a poderia ignorar. E no post da boa-tarde e tudo...
Do cor-de-rosa
Blusa cor-de-rosa: esquece lá isso. Ponta acima, ponta abaixo, isso não, obrigadinha. Ainda por cima tens um defeito, um dos punhos perdeu a elasticidade e está esgaçado. Adeuzinho.
Bom, vamos lá
Bom, vamos lá a fazer o post do antes&depois do corte de cabelo. Pois que desta vez não há grande diferença, não me foi cortado o comprimento do cabelo mais que um dedo. Foram somente aparadas as pontas, tanto que ninguém notou a mudança nem nada.
Gina, a mulher que tem um blogue
contracenando com
Leonardo, o cabeleireiro
Gina vai ao cabeleireiro, que o penteado já a desfigura por demais.
Leonardo está ao telefone mas mesmo assim trocam dois beijinhos.
Gina despe o casaco e senta-se no sofá dourado, esperando que Leonardo termine a conversa com a cliente do telefone.
Leonardo despacha-se e comenta que nem sequer tinha cumprimentado Gina.
Gina refere que já sim senhor mas trocam mais dois beijinhos.
Riem-se muito.
Leonardo entra em ação. Primeiro vai buscar o secador.
Gina espanta-se.
Leonardo explica que começa sempre por aí.
Gina diz que já nem se lembrava de tal coisa, mas está bem, então.
Riem-se muito.
Leonardo joga-se aos cabelos de Gina. Furiosamente. Revolta-lhe todas as mechas com o secador, libertando-o de poeiras e abrindo caminho para a tesoura. Depois corta pontas com mestria.
Gina queixa-se de sono e diz que vai dormir.
Leonardo aconselha-a a fazer isso mesmo, tem inclusive duas outras clientes que aproveitam a ida ao cabeleireiro para dormitar. Leonardo acha que é muito bom que Gina relaxe. Vá, não se apoquente, relaxe o pesçoço e dormite um pouco – diz ele.
Gina obedece, descontrai o pescoço, os ombros, lembra a postura correta, fecha os olhos e aproveita a ocasião.
Leonardo já tem a tinta preparada e com o habitual saber vai abrindo caminho por entre os cabelos, repartindo a mescla pastosa pela cabeleira.
Gina tem os olhos fechados, dormita. Está espantada consigo mesma, habitualmente não tem calma para este tipo de coisas. Quando a aplicação do creme termina, Gina abre os olhos e depara-se com a própria imagem no espelho: tem todo o cabelo puxado para trás e para cima, parecendo que na verdade nem o tem. Mas tem, está colado à cabeça. Perscruta o rosto...
Leonardo corta-lhe os pensamentos: quer uma bolacha - pergunta.
Gina recusa, não tem fome, tem sono. Nos minutos que se seguem conversam um pouco sobre trivialidades, grossuras de cabelos e jeitos naturais e isso assim.
Riem-se muito.
Leonardo anuncia que está na hora de suavizar.
Gina conhece bem o que é isso de suavizar. Tem de se sentar à frente da bacia, colocar o pescoço na reentrância, apoiar a cabeça e esperar. Isso de suavizar é extremamente agradável. Um par de mãos carinhosas desenhando círculos no seu escalpe estimula os nervos e ativa sensações.
Leonardo delonga despudoradamente a massagem.
Gina abandona-se despudoradamente nas suas mãos, que aquilo é bom que se farta...
30 de março
Março está no fim. Chegou a primavera a 21, aqueceu um pouco, na verdade nem tanto assim mas pronto, a 5 deixei as luvas de parte e a 12 o cachecol, que por esses dias instalou-se uma temperatura excessiva para a época, voltando a colocá-lo para aí a 17 ou 18, já não me lembro, e ainda o mantenho.
Dia de (disseram na radio)
Porque gosto mais de ouvir do 'Dia de (disseram na radio)' à segunda-feira? Porque nos últimos dois anos não se ouviu e assim não me está presente na memória o que rabisquei acerca do assunto. Ou seja: há um ano era domingo e há dois era sábado, portanto a última vez que ouvi o 'dia de' de 30 de março foi em 2012. Mas acontece, porém, que, coiso, hoje é o 'dia de andar trocado'. E isto porquê, porque é a segunda-feira a seguir à mudança para o horário de verão, quer isto dizer que todos os anos se ouve este 'dia de', que calha sempre à segunda-feira e o caneco. Chatice, pá.
domingo, 29 de março de 2015
Olha eu
Olha eu sem photpshop mas com picasa. Olha eu no provador. Olha eu vezes quatro; a sépia, com saturação de cores e suave.Tudo conseguido num picasa perto de mim.
sexta-feira, 27 de março de 2015
Pontuação
Voltei a usar o ponto de interrogação e as reticências. Estou contente. A bem dizer estou aliviada. Isso de não pontuar ortodoxamente foi apenas uma fase de rebeldia.
Cruzei-me
Cruzei-me com a pintora. É uma daquelas pessoas que fala e gesticula no meio da rua, quando sozinha. Sempre que a avisto nestes termos não a interpelo para a cumprimentar, fico esquisita, dá-me a ideia que vou entrar à força no seu íntimo e quebrar qualquer coisa que ela esteja a construir e assim a melindre. Comparo-a comigo relativamente ao que escrevo no blogue e à minha postura perante a blogsofera, quem entrar neste blogue vê-se num mundo extremamente pessoal, deparando-se com uma escrita confecional em alguns dias, depressiva noutros (em muitos dias, na verdade), e creio que a maioria das pessoas se amedronta e se inibe, acabando por não me dizer coisas. Também sinto que sou assim presencialmente, talvez isso aconteça por ser prosaica, contida, nada contadora de histórias. Mas se no blogue falo/escrevo muito e o resultado é o mesmo... Nunca se abandona a própria essência, não é?
Contradição
Mais uma. Pois. E esta fode-me os cornos até mais não. Tenho um asco enorme ao lugar soturno. Sério. Não suporto estar aqui. É por isso que estou doente. Mas depois sou gratificada com momentos de excelência em várias frentes. Pessoas e isso. Falas, gestos, caraterísticas, vulgares ou invulgares, tanto me faz, nessa campo não sou esquisita. É o balcão que frequentemente mos traz. É também aqui que na maioria das vezes a minha partícula escrevedora é espevitada e se acende, por mais que eu queira ser noutro lugar devido ao tal asco, e quero, pois que não, é aqui, na caverna atafulhada. Que merda. Não pode haver um lugar que não me atormente tanto para descer a minha musa ou lá como é que se chama isso? Oh pá...
Contradição
Uma contradição do caraças, diga-se. Quando comecei a escrever fi-lo essencialmente por gostar de ter um registo diário dos meus dias. Logo: escrevia para recordar, e escrevo ainda para recordar. Entretanto, a vida foi-se fazendo de coisas boas, mas também más, e hoje escrevo também para esquecer. Escrevo para recordar e escrevo para esquecer.
Dias de um Ginásio
Então e contar uma das minhas aflições com a voz?
Contar ao professor de Pilates que tenho horror a colocar-me na posição fetal, que me lembra os momentos mais obscuros e as dores mais atrozes que já vivi?
Contar antes ou depois da aula?
Se contar antes conseguirei refrear o choro iminente que estas confissões trazem?
Se contar depois não passarei um bom quarto de hora fechada no wc para chorar sozinha?
Do cor-de-rosa
Blusa cor-de-rosa, tou de olho em ti.
Já foi instituído o verbo 'tar'? Não? Ok, então este post contém um erro ortográfico. E vão dois... Dois posts com este erro.
Azáfama
O mulherio anda azafamado, há montes de roupa gira nas lojas. Montes. Olarila. Eu cá já iniciei a coleção.
Saudosa que estou
Tenho saudades de ler. Não é de ler, é de ler. Não é de ler, é do que lhe está inerente, na verdade ao presente nem sei se gosto de ler. Tenho saudades de me preocupar em andar com o livro e com os óculos, de ler e interromper a leitura para escrever, que quando leio é sempre assim, eu não sei ler ininterruptamente, se calhar até nunca gostei de ler em tempo algum, sendo amiúde que fecho o livro para escrever coisas exteriores ao que estou a ler, ou, quando muito, coisas que o ler me fez lembrar.
Também tenho saudades de entrar no mundo que outras cabeças criaram. Não é de entrar no mundo que outras cabeças criaram, é de entrar no mundo que outras cabeças criaram, porque por estes dias estou deveras cansada do meu.
São quase horas de almoço. Não vou levar porra de livro nenhum.
A dois tempos
Pathé. Outrora cinema em Lisboa, hoje associado a fígados. Patê. Se de ganso, tanto melhor. Ah não?! Ah. Então de porco, vá.
Porque é que dou os bons-dias e as boas-tardes à blogosfera e...
não dou as boas-noites?
O bom-dia simboliza o começo da minha vida de escrevente, habitualmente planto uma foto no blogue, escrevo alguma coisa acerca dela e blás, ou então limito-me a escrever qualquer coisa que tenha nos apetites e tal, ou também posso ser lacónica escrevendo 'Bom dia!' no título e colocando reticências onde devia escrever um texto e tomem lá disto, o que mais me interessa é dizer que já cá estou e não quero saber de mais porra nenhuma, como de resto foi o que hoje fiz.
A boa-tarde quer dizer que estou na segunda parte do dia, que fui almoçar, que visitei o lugar da musa, ou então não, que vi isto e aquilo, uma pessoa assim ou assado, considerando coisas incertas, claro, que nunca sei se penso corretamente, e é nesta altura que falo/escrevo da árvore amarela, do banco de jardim, do muro, do banco de pedra, da senhora do banco, a qual pode todavia ser qualquer uma mas será sempre a senhora do banco.
A boa-noite significaria, note bem: significaria, que deixaria, deixaria, o blogue e a blogsofera livrar-se da minha presença, ainda que sorrateira, e sossegar. E deixo. Deixo a blogosfera sossegar. Não dou as boas-noites porque a bem dizer não pertenço à blogosfera aquando da noite, não escrevo na noite, ou isso raramente acontece, ainda que seja nesse período que despejo nesta atmosfera a catrefada de parvoíces que escrevo de manhã e de tarde.
E agroa fotos tratadas com 'inverter cores' do programa Picasa. Inverter cores faz as fotos, bom, apenas algumas, ficarem escuras e no outro dia pus-me para aqui a imaginar que poderia passar a dar as boas-noites com este tipo de cores e tal... Só que não. As diotas fotos foram tiradas no passado dia vinte e quatro, pelas nove e meia da manhã.
E agroa fotos tratadas com 'inverter cores' do programa Picasa. Inverter cores faz as fotos, bom, apenas algumas, ficarem escuras e no outro dia pus-me para aqui a imaginar que poderia passar a dar as boas-noites com este tipo de cores e tal... Só que não. As diotas fotos foram tiradas no passado dia vinte e quatro, pelas nove e meia da manhã.
Plano açucarado para o fim-de-semana
Baba de camelo.
Para tal usarei a lata de doce de leite que está no frigorífico porque foi aberta para retirar um bocadinho para fazer uma coisa qualquer que já não me lembro. Usarei também quatro claras que ao momento se encontram ainda no congelador. Quando faço baba de camelo é comum juntar apenas claras ao doce de leite. Isto acontece porque por um lado é uma maneira de economizar e por outro gasto eventuais claras que tenha reservadas, uma vez que o doce fica bom mesmo que não lhe junte as gemas.
Bolachas de gengibre e canela.
Farei a tal receita que está no meu porta-moedas há que tempos, parece mesmo boa para estrear a vara das massas densas da minha batedeira nova e montes de espetacular. Eu já tinha dito no blogue que tenho uma batedeira nova e montes de espetacular? Já? Muitas vezes?! Não posso crer... Ah, então pronto, acabou a conversa.
Depois.
Depois acho que junto tudo numa tigela, junto mas em camadas. O doce vai como que penetrar nas bolachas com múltiplas partículas e muita vontade, as bolachas vão como que receber o doce dentro de si, ficar húmidas... E é assim. Ou seja: vai ser tão bom. Comer é foder.
Plano salgado para o fim-de-semana
Creme de cogumelos.
A ver se o faço nestes dias, que já tenho a iguaria planeada há duas ou três semanas, pondo inclusive a ideia no blogue, só por dizer que estou sem paciência para ir à procura do post para colocar o linque.
Do sono
Finalmente uma noite em que adormeci sem dificuldade, dormi até de manhã, sem interrupções no sono, sem rebolões na cama, sem acordar às cinco da matina e ficar a ouvir o passarinho para me distrair até chegar a hora de me levantar. Ah... Tão bom.
Cliques
A minha máquina fotográfica está a tirar fotografias que são uma merda. Brilho a mais, claridade a mais e isso. Ontem, que era dia do livro mas não fiz post nenhum a celebrar, esqueci-me completamente, tirei fotos ao poeta Guerra Junqueiro, aquela estátua que está no recorte do meio da praça de Londres, em Lisboa, e não ficaram nada bem. Tudo bem que a estátua e os troncos das árvores são acinzentados, e eu até fiz zoom e o caneco, mas pronto, a máquina não está nada boa, tem de voltar ao senhor doutor. Ao presente tem praticamente dois anos e nove mil trezentos e dezasseis cliques.
quinta-feira, 26 de março de 2015
Lugar da musa
A secretária do senhor doutor do escritório ciranda pelos corredores, atenta aos livros. Ilhas de livros. Não é erro de digitação, eu não queira dizer 'pilhas de livros', é mesmo 'ilhas de livros' o que eu quero dizer, portanto, estou agora a lembrar-me-me que devia ter escrito 'ilhas com livros'. Paciência. Mas a secretária. Anda aqui, ao que parece a escolher um livro. Não me vê, se me visse nem sei se me reconheceria, está habituada a ver-me em pé, de palpel na mão e não de caneta na mão, escrevendo em papelinhos toscos, apoiada numa mesa, com uma chávena de café na frente. Normalmente trocamos papelada, eu a secretária – eu estendo-lhe uma fatura, ela estende-me um cheque. Também trocamos a 'boa-tarde' e o 'até à próxima'. Mas isto lá no escritório, claro. Vai ali, agora, descendo o corredor da galeria comercial, levando na mão um saco com um livro muito fininho, cá pra mim é uma revista.
Opiniões
Estavam dois senhores sentados no chão ao redor do mercado. Um deles chamou-me: minha senhora, ó minha senhora! Não respondi, sabia que queria pedir-me dinheiro e não estava disposta a ouvi-lo. Mulher feia, disse ele. Eh pá, discordo perentoriamente, 'migo, mas pronto, as opiniões podem divergir.
Da cor amarela
A árvore amarela, como está ela? Igual. Quero dizer: igual, igual não está, tem as bolinhas nas pontas dos ramos um nadinha mais encorpadas. As folhinhas devem estar mesmo a rebentar.
Da cor amarela
Como fazer as minhas roupinhas?
Então fazê-las, ou por outra: continuar a fazê-las. A saia amarela está cortada, faltando cortar apenas a vista do cós. Faço aquilo num ápice. Três costuras, um fecho. Prova. Está boa, não está boa. Emendar. Coser cós, guarnecê-lo. Fazer a bainha. Pumba, já está. Meia horita ou coisa assim.
Da cor amarela
Olha o meu colega pra mim:
Tens uma agulha no teu estaminé?
Olha eu pro meu colega:
Tenho.
Olha o meu colega pra mim:
E linha?
Olha eu pro meu colega:
Também, mas é amarela.
Olha o meu colega pra mim:
Oh, então serve perfeitamente!
Ele quer coser um buraco nas calças de ganga, claro que a linha amarela serve perfeitamente, oh se serve. O buraco, pronto, o buraco é um daquels buracos que já vêm nas calças mas que com o uso ficou maior e o bicho quer cosê-lo porque anda a mostrar a pilosidade das pernas às gentes. Um buraco desses cosido com linha amarela deve ficar um primor. Estou desejando de ver.
Olha eu a falar/escrever de outra pessoa
Às vezes ponho-me para aqui a falar/escrever de mim e das minhas questões e a falar/escrever de mim e das minhas questões e a falar/escrever de mim e das minhas questões. Mas sou também mulher para colocar a atenção toda na outra gente, conseguindo inclusive vocalizar elogios. Pois. A senhora do banco (uma delas) estava de vestido, o que me surpreendeu deveras. É uma senhora com excesso de volume nos membros inferiores, portanto de calças não faz a melhor das figuras. É muito simpática, porém, caladinha. Quando lhe disse 'a senhora fica muito bem de vestido, fez bem em vestir um' corou e agradeceu baixinho. Até eu corei, mas como sei que os elogios são balsâmicos achei que lho devia dar a conhecer. Que se lixe o fogo nas faces.
Instinto (fatal?!)
Supostamente muda-se o que está mal. Eu mudei. Dantes desobrigava-me de deveres, hoje não. No entanto, quero muito continuar com essa desobrigação, pensando constantemente como obter aquilo que larguei. Mas mudei. Isso: mudei, todavia o instinto permanece. Muda-se a atitude, não o instinto.
Dias de um Ginásio
Tenho uma enorme dificuldade me manter os ombros pra baixo. Ando no Pilates há anos e ainda não me mantenho naturalmente na posição correta. O bom disto é que tenho a noção de que estou encaracolada sobre mim mesma e vai daí corrijo-me.
Em construção
Ontem – novamente o passado –, acordei às cinco e dezasseis. Ainda não registei que ouço um passarinho a essa hora, em todas as madrugadas. É lindo, o seu chilrear. É uma cantiga, na verdade.
Ontem, às cinco e vinte e três, tive o seguinte pensamento:
'a vida são partículas que eu junto para construir histórias'
Adenda
É isto o que me acontece ultimamente. Tudo o que venha de cima esmaga-me e torna-se-me insuportável. Caminhar debaixo de um chapéu-de-chuva; percorrer túneis baixos e afunilados.
Não ceio estar insana de todo, conheço estes males, são ainda pequeninos, e presentemente esperados, portanto controlo-os com a mente. Mas estas aflições também podem aparecer do nada, sem eu estar à espera. Por causa disso nunca estou descontraída, sempre atentando nas minhas aflições pequeninas para as enxotar logo que nascem.
Mas o que me chateia mais é que também não suporto o descampado, praças amplas, pontes, parques de estacionamento. Mas disto já um dia escrevi no blogue.
Como encontrar sanidade num desequilíbrio destes? Escrevendo. Se eu fosse genial (na escrita) dir-se-ia ser inclusive uma mais-valia. Mas não.
Meter-me
Meter-me debaixo do chuveiro não é o melhor que há, nada disso. O jato de água no cocuruto é esmagador. Que aflição. Inclino a cabeça para baixo e chega um porém: receber água na nuca é deleitoso. Terá que ver com o quê, se a água cai com a mesma força? Reverência. Tem de haver deleite no reverenciar, senão é outra coisa qualquer. Abandono. Há um prazer incomensurável no abandono a um bem de tão excelso valor como a água.
Bom dia!
Tenho de alterar o post de ontem, que me esqueci de dizer boa tarde. Logo à noite trato disso. Na verdade tenho de reformulá-lo, desdobrá-lo.
Isto é giro, é bom dia, agora, quero deixar a boa tarde de ontem registada no blogue, logo à noite trato disso. Presente; passado; futuro, tudo numa só ideia.
quarta-feira, 25 de março de 2015
25/03/2015
Bom dia!
Embora revelar o conteúdo do porta-moedas outra vez e assim desenvolver um post bué desinteressante? Embora lá, então.
De um lado:
uma nota de dez euros
treze moedas de dez cêntimos
três moedas de cinco cêntimos
dez moedas de dois cêntimos
nove moedas de um cêntimo
uma moeda de plástico para introduzir nos carrinhos de supermercado
Do outro lado:
um bilhete de Metro que não me pertence, logo mais vou à Baixa buscar material
duas notas de vinte euros que não pertencem pelo mesmo motivo exposto no item anterior
três pacotes de açúcar, o que significa que hoje já bebi um café e meio
um cartão bancário com um número de conta e outras informações que já esmiucei num post anterior
um cartão de supermercado daqueles que dá descontos e me faz aderir a promoções que também já esmiucei num post anterior
um pequeno papel com polpinhas de dedos desenhados a fazer caras e isso assim que também já foi esmiuçado anteriormente
um papelinho com um número de telefone apontado por mim e que pertence a uma cliente que quer alugar um quartinho e me pediu que o desse a alguém que quiçá aqui me aparecesse necessitado de um espacinho para viver
dois papelinhos com faltas na minha despensa, as faltas são tantas que os papelinhos já são dois, pois são, que no sábado não fui às compras e o caraças
um pacote de açúcar vazio onde consta uma receita de bolachas de gengibre que devem ser estupendas e me pareceu ser a receita ideal para experimentar a minha batedeira nova no que toca a massas mais densas
um papelinho do talho onde constam as coisinhas todas que comprei ontem: dois mil e quarenta gramas de costeletas do fundo; oitocentos e sessenta e cindo gramas de bife de novilho
duas chaves agrupadas por um pedaço de fita-cola que pertencem àquela cliente que me disse tão sarcasticamente que lhe arranjei um imbróglio, o motivo porque guardo as chaves da senhora no meu porta-moedas é ultrassecreto
uma medalha de ouro, aquela medalha de ouro que havia perdido em julho que encontrei miraculosamente a semana passada enquanto varria o chão do estaminé, sim, anda aqui, esqueço-me de a guardar lá em casa
um saquinho pequenino e transparente que logo à noite vai servir para guardar os cotonetes que pela manhã embrulhei em duas ou três tiras de papel higiénico e que vão servir para limpar os ouvidos aquando do banho no ginásio
Dez para o meio-dia. Pumba, mais um café a convite da dona Lurdes, mais um pacote de açúcar no porta-moedas. Daqui a nada a minha cabeça dá um estouro. Demasiado café.
Já pensei em deixar de beber café, que ando a dormir mal pra caraças. Mas depois... eu sei lá se é do café?
Uma coisita que me anda a intrigar é eu ter tão pouco apetite ultimamente. Quiçá o pouco dormir promova a pouca fome. Andam de mãos dadas. Que fofos.
Não esquecer de imprimir a tal foto de 22 de abril de 2014 para tirar outra mais ou menos sob a mesma perspetiva quando for 22 de abril de 2015.
O que vou fazer este fim-de-semana? Vou às compras, limpo a casinha e preparo refeições completas. E também convivo com os ricos filhos. Nada difere do comum, portanto.
No que toca a sobremesas, tenho no entanto de dar especial atenção ao meu congelador. Estão lá dentro:
dois frascos com doce de pera pouco adoçado que há-de servir para fazer o pudim de outono
dois frascos com creme de limão que tenho a ideia de vir a fazer uma torta e depois recheá-la com o dito creme
duas caixinhas com claras de ovo
Bom, faço qual sobremesa, afinal? Um dia saberei. E talvez conte no blogue.
Boa tarde!
Boa tarde!
Três e tal da tarde. Já fui à Baixa e já vim. Tenho a cabeça a latejar. Tinha ser, que grande porra. Não durmo e depois é isto.
Comprei dois tecidos lindíssimos. Uma renda cor-de-rosa, um algodão verde/rosa/branco/preto. Ficam tão bem os dois juntos, mas tão bem... Estou desejosa de fazer as roupinhas. Só não sei se faça a saia com a renda e a blusa com o algodão ou inverta os papéis.
Esta tarde não tive lá muito tempo para escrever acerca da minha visita à Baixa, o que lamento, pois gostei tanto, mas é que estive a marrar com os cornos dentro da montra. E falo no sentido literal. Cada cornada nos vidros, pá. Lavei aquela merda toda por dentro e o caneco.
Dias de um Ginásio. Cornos e mais cornos e por causa dos cornos, pois que daqui a alguns minutos marrarei no Ginásio, e aqui já é no sentido figurado, e depois coloco-os debaixo chuveiro, tendo o cuidado de baixá-los para a água me cair antes na nuca, que no cocuruto é aflitivo.
terça-feira, 24 de março de 2015
Agora
Agora é para dizer que o meu escrever entristece-me.
Queria outra palavra, um sinónimo qualquer, a sério que sim, mas não encontrei fórmula mais viva e capaz que esta.
Um dia
Um dia deixo de escrever. Bem que procuro essa viragem mas não há meio de acontecer. Acordo de madrugada e escrevo. Estou no carro e escrevo. Estou a trabalhar e escrevo. Estou a andar por aí e escrevo. Escrevo com a cabeça, é o que eu quero dizer, e quando posso escrevo com os dedos. Será que algum dia deixo de escrever com a cabeça para depois não ter nada para escrever com os dedos. Hum.
Já não
Já não pretendo escrever um livro, tampouco pretendo esboçá-lo. E não é por achar que não sei escrever, é antes por achar que não sei escrever o esperável. De um livro esperam-se coisas, de um blogue não.
E pronto
E pronto, hoje, vinte e quatro de março de dois mil e quinze, abandono o alto cargo que mantive durante seis dias, deixando de mandar nesta merda toda. Falo do estaminé, terminou o meu mandato. Pois.
Ó Gina, és boa naquilo que fazes.
Não.
Se eu não fosse boa naquilo que faço jamais me deixariam conduzir este camião. Às vezes esqueço-me disso.
Ó Gina...
Sou! Sou, pá, sou tão boa nisto, caraças.
Se te
Se te estiverem a moer os cornos
Diz que
Fala do tempo
Ai que frio que está
É bombástico
Diria exterminador
Tão bom
Ah, a minha almejada solidão
Diz que
Fala do tempo
Ai que frio que está
É bombástico
Diria exterminador
Tão bom
Ah, a minha almejada solidão
E eis mais
E eis mais duas fotos tiradas no mesmo piso (a calçada que aparece no post anterior) mas com a máquina apontando para cima.
Bom dia!
No passado domingo tive uma ideia estupenda: inverter as cores da foto que havia tirado para dizer 'bom dia' no blogue, criando assim uma imagem de fundo escuro para dizer 'boa noite' no blogue. Ficou tão engraçado que pus mesmo no blogue. Quis continuar com a descoberta ontem, sabendo já de antemão que para obter um melhor efeito, aqui leia-se fotos mais escuras para ilustrar a noite, teria de fotografar sobretudo cenas ou motivos claros. Então olhei para a balança do estaminé e pensei que era mesmo aquilo. Tirei uma série de fotografias mas infelizmente não gostei de nenhuma o suficiente para me ocupar espaço no blogue. Não desistindo completamente, deixei a ideia para hoje. De manhã tirei umas quantas fotos, escolhi uma que vou colocar aqui. Agora se vou inverter-lhe as cores e colocá-la no blogue é que não sei. Depois a gente vê-se por aí. Ah ah.
segunda-feira, 23 de março de 2015
Carochinha, andaste a varrer o chão, o que encontraste tu, conta lá
Demasiadas limalhas
Resmas de papelinhos
Imensos pedacinhos de plástico
Umas quantas anilhas de chapa
Muitas folhas secas
Xis gramas de pó
Montes de cotão
2 moedas de 1 euro
1 moeda de 20 cêntimos
1 moeda de 1 cêntimo
1 medalha de ouro
Boniteza
'Salamaleque' é também uma palavra bonita. Pena é querer dizer que se tem paneleirices. Paneleirices são cenas parvas e completamente irrazoáveis. Mas isso toda a gente sabe, não é. É. Mas também já é costume eu pôr-me para aqui a registar o consabido, não é. É.
Boniteza
A palavra portuguesa mais bonita é 'paixão'. Sou uma mulher de paixões contidas, geralmente envergonho-me de as mostrar. Mas quando escrevo não contenho a paixão que sinto. Gostava de saber se essa paixão é notória e ficaria extasiada se alguém mencionasse quão notável é.
Paixão
A paixão é não manter o ar no peito se não estamos com
A paixão é o pensamento fugir incessantemente para
A paixão é não se suster mudo e quedo quando
A paixão é ser hipnotizado, tomado e largado se
A paixão é assim, sei-o firmemente, apaixono-me amiúde.
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
Almoço
Dona Genoveva estava na mesa junto à enorme porta envidraçada. Calada. Quieta. Ela que não é assim, que é lá isso, antes o oposto. Hum, que estranho. Ao entrar dei-lhe as boas-tardes e admirada com a sua postura quase me ouvi perguntando: então dona Genoveva, que tem, está triste, aborrecida. Mas não.
Da sua última visita ao estaminé queria uma coisinha para enfiar na madeirinha do seu porta-chaves. Descobrimos que a coisinha que a dona Genoveva queria era um piton. Enrosquei-o. Ela achou-me desembaraçada e vai daí disse-me que eu merecia uma beijoca. Depois contou-me do que tem nas gavetas, porta-chaves e isso, e também da depressão. Das consultas médicas. Da empregada, que, não desfazendo (em mim?!), é muito jeitosa.
Atenção
Atenção: não tocar com os dedos numa lâmpada que está acesa há no mínimo dois minutos. É tempo suficiente para fazer dói-dói.
Cliente
Quando me estende a nota de dez para pagar diz assim:
Olhe, isto é uma nota de cem, eles é que se esqueceram de pôr o zero. Olhe, não me dê troco de vinte, você veja lá.
Olhe, isto é uma nota de cem, eles é que se esqueceram de pôr o zero. Olhe, não me dê troco de vinte, você veja lá.
Cliente
No final do negócio (compra de um diluente e um balde) diz a senhora assim:
Levo aqui a fita mas agora não sei se dá nem se não.
Levo aqui a fita mas agora não sei se dá nem se não.
A rica filha
A rica filha diz que há dias em que acha que até tem jeito para aquilo que faz, fica satisfeita com as pessoas que atende e gosta de saber que se desembaraça sozinha. Mas noutros dias, hum.
Descansei-a :
Olha, eu cá, quando atendo a dona Alda sinto-me uma pessoa espectacular, boa presença e tal, mas quando atendo a irmã do deputado fico convencida que sou um caco inútil.
(acho eu que a descansei, às tantas piorei a coisa)
Do feitio
Os ricos filhos estão inseridos naquele grupo de jovens que se remedeiam profissionalmente num call center. Tem de ser, não há mais nada, ou há mas não se alcança.
Não vou falar da dificuldade em arranjar emprego, vou falar do feitio dos ricos e do seu tipo de trabalho.
Começo pela primogénita
A rica filha é uma rapariga alegre e comunicativa, gosta imenso de opinar, expor ideias, pecando na intolerância e na postura um tanto ou quanto irreverente
Termino no benjamim
O rico filho é um rapaz calado e pacato, gosta que se farta de estar no seu cantinho, raramente emite opiniões, e quando/se emite é porque lhas pediram diretamente, pecando na tolerância e na postura um tanto ou quanto displicente
Ora bem, tão diferentes, não é. É. Mas as suas funções fazem com que se assemelhem e não é pouco. Ao lidar diretamente com o público (telefonicamente as pessoas parecem estar protegidas, sendo portanto mais impacientes e menos corretas) a rica filha tem de refrear as suas opiniões; o rico filho tem de importar-se com assuntos alheios. Logo: ele espevitou; ela sossegou.
Há
Há pessoas que sabem fazer companhia. Conheço poucas assim. Neste particular, quem vence é ele. Indubitavelmente. O Luís. Pois. Não conheço ninguém que faça mais e melhor companhia do que ele. E não falo assim por ser sua mulher. Não. Ele é assim, a partilha do ser faz parte da sua natureza. Tenho pena de não ser assim, às vezes até tenho inveja. Mas da boa. Sim, existe, é aquela inveja que não leva ao cinismo. Não é que ele desconheça esta minha opinião mas desconhece que a estou a escrever e se um dia lesse este post ia ficar contente. Paciência.
Partilha
Quando chego ao pé do carro vejo que tem o capô aberto e o Luís está curvado a ver coisas lá dentro. Mau sinal, pensei eu. Então Luís, o que se passa, perguntei. Nada, diz ele, estava só a ver o nível do óleo, é que isto não é só meter gasóleo e andar. Pois não, o resto é contigo, ah ah, brinco eu.
Relação
Há carros que têm 16 válvulas. Sei-o porque na traseira aparece escrito, a vermelho e tudo, que é para se ver bem. Também há carros com 4 cilindros. O meu tem 3. Sei disto porque quando o comprei isso de o carro trazer somente 3 cilindros era ainda novidade e por isso tido como especial. Diria que válvulas e cilindros se relacionam, por exemplo: 4x4, 4 válvulas para cada cilindro, mas aí como se dividiria os cilindros dos carros que só têm 3. Hum, sei lá. Vou sondar:
Ó Luís...!
Então pois
Então pois que já desvirginei a minha nova batedeira. Porra, que saga. Foi assim:
Quis fazer o gosto ao marido e voltar a fazer o 'Bolo Pudim', que havia um ror de tempo não o fazia. Fi-lo no sábado, cheia de amor. Sério – a m o r; v o n t a d e; p r a z e r. Mas deixei o bolo cozer pouco tempo, foi o que foi, logo: quando o desenformei caiu-me aquela merda... ai perdão, o bolo. A parte-massa que ainda estava mole quase escorria do prato e a parte-pudim não se descolava do fundo, o que me deu uma vontade imensa de atirar com tudo pelo ar. Mas não. Pronto, coiso, vá lá, melhor baixar a crista, que depois quem tinha de limpar era eu, e isso parecendo que não refreia muitos ímpetos. Para remediar o caso recoloquei a parte-massa no forno a ver se acabava de cozer e retirei a parte-pudim com uma colher, colocando-a amontoadamente num prato. O lamentável era apenas o aspeto, claro que ambas as partes teriam um extraordinário gostinho a doce e seriam devoradas com o mesmo prazer, independentemente de.
E isto passou-se.
Entretanto a parte-massa terminou e sobrou imensa parte-pudim, o qual sem a parte-massa se torna enjoativo. No domingo desarrumo novamente a máquina e ponho-me a preprar o 'Bolo Primoroso' para servir de acompanhamento. E vai daí foi-se comendo. Ao momento não há parte-pudim mas há ainda muito bolo primoroso. Alguém lhe há-de acabar com a existência.
Nota:
Um dia com mais tempo ponho aqui as duas receitas de que falo neste post.
Parou
Para tudo agora. Está a tocar a melhor canção do momento. E hoje é segunda-feira e tudo.
Now I'm four, five seconds from wildin'
And we got three more days 'til Friday
Now I'm four, five seconds from wildin'
And we got three more days 'til Friday
Números
Dois números de telefone parecidos, os quais não estão na memória do meu telefone. Que faço. Ligo pra um, claro, porque é assim: ou bem que marco a depilação, ou bem que encomendo os diluentes e as vaselinas.
Recomeçando
Aqui há dias iniciei uma maratona especial: expor um pouco o que acho dos blogues que leio, mas parei para aí a meio da lista. Continuo hoje.
que bela suína
Leio este blogue desde o princípio do ano, mais coisa menos coisa. O modo como escreve esta blogusita é jovial mas não despretensioso de todo. A pretensão nota-se-lhe levemente, misturando-se com a ironia, o que é efetivamente uma posição inteligente e que muito me agrada. Esta bloguista nem sonha que a leio, nunca comentei, nem sei se alguma vez comentarei, portanto obviamente ela não conhece a minha existência.
é dia até ser noite
É um blogue cuja temática se insere no intimista/literário, uma vez que o seu autor descreve cenas pessoais e publica excertos literários e poemas. Leio este blogue há mais ou menos meio ano e nunca lá deixei qualquer comentário, obviamente este bloguista não faz a mínima ideia da minha presença no seu espaço.
reviravolta do relógio
Eis um blogue que leio há cinco ou seis anos. É essencialmente um blogue onde são publicados contos da autoria do próprio bloguista. Gosto de o ler, retrata a vida de um modo simples mas não corriqueiro, tem a sua marca especial. O único senão é o tamanhos dos contos... De vez em quando comento este blogue, e comento por uma espécie de retribuição, uma vez que este bloguista é tão especial mas tão especial que me acha especial. Eu, especial. Ah ah. Sério, vem cá todas as semanas e tudo. Muito lhe agradeço eu.
Este tema continua noutro dia.
domingo, 22 de março de 2015
Já agora
Já agora e tal. Ando há que tempos para pôr este vídeo no blogue, porque considero esta nova versão do 'Crazy in Love' da Beyoncé absolutamente esmagador.
Do som de hoje
Hoje ouvi na Radio este som e curti pra caraças.
Daquilo que está por baixo
Até ao que fica no alto
Vão dois carris de metal
Na calçada de basalto
Daquilo que está por baixo
Até ao que fica no alto
Vão dois carris de metal
Na calçada de basalto
sábado, 21 de março de 2015
Hum
Olha só as propriedades de um gel combustível que tenho ali assim:
estável; inodoro; insípido
Só coisas boas, não é. É.
estável; inodoro; insípido
Só coisas boas, não é. É.
Olha
Olha aqui as fotos que esqueci completamente de publicar no blogue e mais não sei o quê.
A primeira foto é uma caixinha de cartão, muito bonita, com dois buracos muito redondos. Tudo em muito, mas vazia, a caixinha está vazia. Oh. Se bem me lembro já não me lembro o que tinha lá dentro e lembro ainda que lhe achei um piadão e vai daí idealizei, olha que caixinha tão gira para inaugurar este dia e tal. Estava-se a dezoito de março último e eram nove e trinta e nove da manhã.
As segunda e terceiro fotos são as minha unhas. Três unhas: polegar, indicador, médio, esquerdos. Porquê, não é. É. Então é porque sim, ora essa. Ou então é porque estava à espera da piza, se calhar até é mais isso, não é. É. Estava-se a dezanove de março último e eram vinte e uma e catorze em qualquer uma das duas fotos, os segundos serão, ou seriam, certamente diferentes, só por dizer que a minha máquina não os informa.
Então cá estou eu
Então cá estou eu no estaminé, se é que quereis saber, não é. É. E hoje é sábado, não é. É. E eu que nem costumo mergulhar os cornos no estaminé ao sábado, não é. É. Pronto, isto do tempo que aqui vou estar há-de passar.
A foto abaixo.
Então a foto abaixo é um autocolante que vinha na base da minha batedeira nova. Eu já tinha dito que tenho uma batedeira nova, não é. É. Mas não tinha dito que estou indecisa em relação ao bolo com que a vou desvirginar, não é. É. Talvez faça o bolo primoroso mas vai daí não tenho iogurte. Talvez faça a tarte avelãs mas vai daí não tenho avelãs suficientes. Vai daí tenho ovos. Cinco dúzias aqui ao pé de mim. Sim, estou no estaminé, é uma drogaria e tenho cinco dúzias de ovos ao meu lado esquerdo, duas dentro de um saquinho, três dentro de um baldinho. E é assim. Agora atentai na foto espetacular que tirei esta manhã na hora sete ao minuto trinta e oito.
Bom dia!
Bom dia com uma imagem que roubei ontem ao mister Google e que retrata a tão desejada chegada da primavera.
sexta-feira, 20 de março de 2015
Levo o dia
Levo o dia a pisar as bainhas das calças. É constante, às vezes quase caio no chão, e há bocado até arrastei comigo uma escova de aço lá na loja do meu colega. Cá pra mim tou a minguar.
Já foi instituído o verbo 'tar'. Sei lá. Não. Hum, ok, então este post tem um erro ortográfico. Geralmente isso é coisa pra me tornar a cabeça pesada mas agora não.
Há semanas
Há semanas, quiçá meses, que venho substituindo o ponto de interrogação pelo ponto final, suprimindo o ponto de exclamação e recusando as reticências. Não que tenha abolido completamente este tipo de pontuação mas quase.
Era só para registar isto, que acho tão rebelde e cortante. Mesmo bom. Qual o prazer que as coisas do 'porta-te-bem' contêm, não é. É.
Era só para registar isto, que acho tão rebelde e cortante. Mesmo bom. Qual o prazer que as coisas do 'porta-te-bem' contêm, não é. É.
...
Viver é morrer aos poucos. Melhor dar um tiro nos cornos do que fritar em óleo, não é. É. A louca razão não me deixa morrer ou tampouco enlouquecer. Às vezes deixo a tristeza esburacar a minha existência. Hum-hum, parece uma patetice, bem sei, mas não. É preciso, a tristeza tem de bater num fundo qualquer, porque não havendo mais caminho para descer, emerjo. E isto sou eu a usar a racionalidade. Pois.
Vacuidade
A vacuidade da praça lisboeta aflige-me mais do que quero e menos do que deixo. No fundo enfrento-a como todas as outras: mais do que quero, então menos do que deixo. A vacuidade que existe num parque de estacionamento vazio é também aflitiva. É um bocado estranho, uma vez que gosto tanto de largueza, espaços amplos, respirar livremente, e como passo os dias enfiada num lugar cavernoso e atafulhado, o qual me é absolutamente insuportável, seria mais natural esse tipo de espaço transtornar-me e não os que são o seu oposto. Enfim. Combato os meus medos indo buscar algo concreto, a ver se uma presença física, seja lá qual for, de que tipo for, me resgate da loucura. Um dia foi o meu carro, estacionado logo ali, sem mais carros ao lado, atrás, à frente. O meu carro parecia uma ilha, visão que, se eu deixasse, me levaria à tormenta. Não. Desloquei-me normalmente e atuei normalmente - é um carro é um carro é um carro é um carro - abri-o, arrumei as compras no porta-bagagens, enfiei-me no banco da frente, pus um cd a tocar.
You've been acting awful tough lately
Smoking a lot of cigarettes lately
But inside, you're just a little baby
Saio dali, subo, alcanço o cimo, viro à direita para descer.
It's okay to say you've got a weak spot
You don't always have to be on top
Better to be hated than loved, loved, loved for what you're not
Deixo-me ir. Ah, é a descer até casa.
You're vulnerable, you're vulnerable
You are not a robot
You're loveable, so loveable
But you're just troubled
Ao lado direito um novo e enorme edifício. Pessoas. Carros.
Guess what? I'm not a robot, a robot
Gosto tanto mas tanto desta parte:
Can you teach me how to feel real?
Can you turn my power on?
Well, let the drum beat drop
Guess what? I'm not a robot
Casa. O refúgio. Será. Não.
Nota: este vídeo está a bisar, bem sei, mas isso pouco me importa.
Adenda
Sim, há um prazer enorme em meter as mãos na massa, é íntimo, há algo de extraordinário no contacto físico, tão verdade, mesmo, mas ter uma máquina que faz esse trabalho quando não me apetecer fazê-lo é igualmente bom, aí o prazer físico estará no descanso. Importará escolher. Somente.
Ora bem
Ora bem, então vamos lá a ver, ontem fui buscar a máquina de fazer bolos e pães e bolachas e tartes. É enorme, nem sei onde vou pôr aquilo. Enfim.
Cheguei tardíssimo a casa, vai daí trazia piza para o jantar. Assim que pude fui brincar aos blogues, tinha fotos para retocar, uma ou duas questões a pesquisar e como escrevi imenso levei um ror de tempo a despachar-me. Depois acabei por ficar sem paciência para explorar o conteúdo da gigantesca caixa que tinha deixado no corredor. A rica filha até disse 'ó mãe, tu não pareces nada uma criança a quem foi dado um brinquedo novo' e eu disse 'pois não, eu sei'.
Dormi mal. Dormi tão mal. Terá sido por causa da compra. Sei lá. Acordei de madrugada, mas a isso já quase me habituei, e fiquei ali a rebolar, a tapar-me, a destapar-me, ligo o rádio, não ligo o rádio, depois ninguém mais dorme, e se o cão ouve a música lá no conceito da sua mente canina pensa que está na hora de levantar e não larga a beira da cama, blablablá.
Quando chegou a hora levantei-me. Pus o pequeno-almoço na mesa e fui inspecionar a catrefada de peças que a caixa trazia lá dentro.
Um copo liquidificador, de vidro, note bem: de vidro.
Um processador com várias lâminas para picar, cortar ou ralar, miúdo ou grado.
Um espremedor de citrinos.
Uma picadora de carne.
Uma batedeira com três varas.
É nesta última presença que para mim está o verdadeiro encanto, o restante é acréscimo, se bem que desejável e aproveitável. Há anos que queria uma batedeira de bolos vigorosa, capaz de bater não só massas para bolos e afofar natas e claras, mas também massas densas como as do pão, bolachas e tartes. Pronto, agora é só escolher com que iguaria doce vou desvirginar a minha batedeira.
Dias de um Ginásio
Boa tarde e boa noite e isso assim.
Ando há quase oito anos neste ginásio. Nos primeiros dois ou três, assim que entrava no balneário, dava as boas-tardes ou as boas-noites às presentes. A maioria das vezes nenhuma respondia, havendo inclusive quem levantasse a cabeça e se limitasse a olhar-me seriamente. Desisti. Reciprocidade.
Já as despedidas são o oposto, quando saio é noite cerrada, mesmo que seja verão, somos poucas no balneário, despeço-me sempre com um 'até amanhã', ainda que saiba de antemão que no dia seguinte não porei lá os pés, e não há vez nenhuma em que essa despedida me não seja retribuída. Vá-se lá perceber isto, não é. É.
Dias de (disseram na Radio, umas, outra não)
Então pois que é dia de eclipse parcial (mas quase total) e há frenesim na comunicação social.
Então pois que é dia da felicidade e o senhor António até me disse 'ó dona Gina olhe que hoje é dia da felicidade' e quis saber 'está feliz, está'.
Então pois que é dia do Joaquim e pronto, o senhor Joaquim agora não está, que anda a aprender a dizer 'je t' aime moi non plus' e 'au claire de la lune'.
Então pois que é dia de começar a primavera só por dizer que nos próximos dias aparecerá apenas no calendário.
Então pois que ontem
ontem
sim, ontem foi
Dia do Pai.
E eu que me esqueci de fazer um post, pá. Copiei a imagem com que o Google festejou esta data tão importante e só hoje espeto com ela no blogue.
Feliz Dia do Pai, pai.
Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai. Feliz Dia do Pai, pai.
Bons-dias
Bom dia dona Alda! Bom dia Paula! Bom dia dona Luísa! Bom dia João! Bom dia senhor Tomé!
Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia.
Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia. Bom dia.
quinta-feira, 19 de março de 2015
Post de gaja
Se te estiverem a moer os cornos diz de chofre que estás com o período. Se não ficares imediatamente sozinha, não desesperes, faz uma exposição do mal-estar inerente à menstruação, usando expressões como 'sangue menstrual', fluxo avultado', 'fortes dores uterinas'. Verás então caras de repulsa tão intensa que as pessoas se transfigurarão e espavoridas largarão a correr. Indubitavelmente. Enumerar as peças de roupa que já compraste para usar na nova estação, delongar descrições de tipos de tecido, fofices, cores, falar apaixonadamente, colocar as mãos no peito, fazer vozes de bebé, mimimi, tututu, é também um bom sistema... Mas o resultado não é tão rápido.
Observei
Observei a árvore amarela minuciosamente. Auscultei-a. Pois. Com estetoscópio imaginário, não é. É. Não evoluiu, nem uma só folhinha desponta, ainda.
Observei a planta à janela sem advérbios. Observei com o substantivo 'curiosidade'. Tem mais folhas do que no verão.
Para aí
Para aí a meio da manhã a dor de cabeça amainou. Cresceu logo a seguir ao café que bebi com tanto prazer no lugar da musa. Ter a cabeça a funcionar não é facultativo, mais logo tenho de ir buscar a grande máquina. Oh.
...
ó-pá-tum-bum-ponto-de-exclamação
fui-eu-que-inventei-ponto-final
não-é-fantástico-ponto-de-interrogação
fui-eu-que-inventei-ponto-final
não-é-fantástico-ponto-de-interrogação
...
O James Dean estava junto ao parque de estacionamento e não à portas da loja de carrinhos de bebé. Eu vejo fantasmas, ok. Então vá, é isso.
Comprei
Comprei uma camisola e um casaco. São lindérrimos. Vou usá-los assim que o tempo aquecer. Fashionblog, este blogue. Ah ah.
Dias de um Ginásio
Aos dezoito de março de dois ml e quinze:
á pê é é; dê tê.
Á pê é é; dê tê, não é. É.
á pê é é; dê tê.
Á pê é é; dê tê, não é. É.
De manhã
De manhã esteve cá a doutora oculista. Eu sei, eu sei, a minha vida é bué interessante, atão a doutora veio cá, não fui eu que fui à doutora, não é. É. Queria luvas. Hum-hum. Perguntou-me que tal me vou safando com as lentes novas. Contei-lhe a história que já ontem contei no blogue e ela toca de me aconselhar como já a funcionária me tinha aconselhado: eu que ponha uma altura no balcão para o ecrã ficar mais alto. Tou fodida. Mas mal, o que é uma chatice. Mas isto vai, não é. É.
Dias de um Ginásio
Ontem: Pilates. Credo, que desconcentração. O professor bem que me pedia (a mim e a todos os presentes, claro) para respirar tranquilamente, disse até que aqueles exercícios respiratórios se inseriam no parassimpático, nome que quer dizer, ao que percebi, bom para o corpo, salutar, esse tipo de coisas. Mas que desconcentração, portanto qual descontração qual quê. E depois, pra chatear, estive demasiado tempo de barriga pra cima, o que me fez confusãozinha. Mau maria. Mas isso do parassimpático é giro, não é. É. E também não sei se é mesmo parassimpático que se diz e tampouco sei se se escreve parassimpático, não é. É.
Cliente
Boa tarde, minha senhora.
Boa tarde.
Ó menina, disseram-me que só aqui é que eu encontrava disto.
Disseram bem, o senhor está no sítio certo.
Estou?
Estamos!
Boa tarde.
Ó menina, disseram-me que só aqui é que eu encontrava disto.
Disseram bem, o senhor está no sítio certo.
Estou?
Estamos!
Cliente
Era uma vez um cliente que queria uma fechadura.
Era uma vez uma balconista que colocou a fechadura em cima do balcão e a apresentou.
Era uma vez um cliente que achou montes de piada aos dourados das chaves e também aos outros dourados, o canhão, a lingueta, o espelho e isso assim.
Era uma vez uma balconista que achou montes de piada à infantilidade do cliente.
Era uma vez um cliente que pediu para lhe ser duplicada uma daquelas chaves douradas.
Era uma vez uma balconista bem-mandada e vai daí pumba, coiso.
Era uma vez um cliente que enfiou o espelho, porque este parecia mesmo um anel, no dedo anelar esquerdo, o bicho sabia das coisas e tudo, e quando quis tirá-lo não conseguiu e com cara de parvo queixou-se.
Era uma vez uma balconista precavida e sabedora, ofereceu-se de imediato para lhe pôr um pouquinho de creme de mãos para fazer o anel escorregar.
Era só isto. È giro, não é. É.
Cliente
Ó menina, onde é que se come aqui bem?
Este galante senhor queria almoçar comigo?
Positivo.
Ok, 'migo, por mim tudo bem, mas aviso já que vamos três.
Negativo.
Ah, tudo bem, então. Vá-se lá embora, vá.
Este galante senhor queria almoçar comigo?
Positivo.
Ok, 'migo, por mim tudo bem, mas aviso já que vamos três.
Negativo.
Ah, tudo bem, então. Vá-se lá embora, vá.
Ontem
Ontem encontrei um florzinha no chão. Apanhei-a. Guardei-a. Fotografei-a. Publiquei-a. Mas sem história.
Ontem deixei a florzinha em cima da minha secretária. Pensei 'olha, vou deixá-la aqui, vai engelhar, amanhã tiro fotografias às diferenças'.
Hoje encontrei uma florzinha em cima da minha secretária. Fotografei-a. Fiz uma história. Publicá-la-ei não tarda.
Ontem deixei a florzinha em cima da minha secretária. Pensei 'olha, vou deixá-la aqui, vai engelhar, amanhã tiro fotografias às diferenças'.
Hoje encontrei uma florzinha em cima da minha secretária. Fotografei-a. Fiz uma história. Publicá-la-ei não tarda.
Repete lá
Sou mesmo engraçada, repetir as minhas frases é porreiro para serem fixadas na memória e depois serem usadas na roda de amigos e toda a gente se rir muito
Não se percebe nada do que digo, repete-se numa tentativa inglória de assimilar a informação
Sou clara no meu discurso, pronto, ok, vá, digo umas coisas giras, só por dizer que ninguém deve saber que fui eu que as disse, que é lá isso, chega a inveja e pumba, há que contrariar as opiniões positivas
>
Acabei de ser visitada por um senhor vesgo. E mais ou menos interpelada. O senhor não queria nada comigo e sim com quem não está. Pois é, 'migo, agora sou eu que mando no estaminé, ah ah.
Que excitação
Estou excitadíssima. Sério, tenho as faces afogueadas e tudo. Imagino que este estado se deva ao facto de logo à noite ir buscar aquela enorme máquina de fazer bolos e pães e bolachas e tartes. Pena é efetivamente ser algo rente à febrilidade.
«Eu escrevo no balcão. Ah ah.»
Eram três da tarde do dia dezassete de março do ano dois mil e quinze (anteontem) quando pintei mais uma frase na minha loja (título). Sempre quero ver se vai suscitar o mesmo que a frase anterior suscitou, que não se percebe o que está ali escrito e mais não sei o quê. Olarila. Estará também esta frase mal construída, mal pontuada, enigmática e por isso afastadora, demasiado óbvia e por isso desinteressante. Hum.
Bom dia!
Estou doente.
Tenho uma monumental dor de cabeça. Monumental era um teatro muit.a grande ali para cima para o Saldanha, não era. Era. E nesse lugar está agora um edifício igualmente muit.a grande, não é. É. Então é isso.
Tenho um frio do caraças. É tão do caraças mas tão do caraças que é risível.
quarta-feira, 18 de março de 2015
Números Cardinais de 'um' a 'dez 'em Latim
unus
duo
tres
quattuor
quinque
sex
septem
octo
nouem
decem
duo
tres
quattuor
quinque
sex
septem
octo
nouem
decem
Qual o feminino de 'unus' e 'duo'? Não encontrei. Ao que parece 'tres' tem também feminino, o qual também não encontrei. Completo o post com o seguinte: 'unus', tres e octo têm um assento reto e horizontal (unus no primeiro ú; tres no é; octo no segundo ó), portanto não vou conseguir colocar no post.
Ainda
Ainda hoje é quarta-feira e já tenho planos comestíveis para o fim de semana. Há dias fiz um fricassé de frango e por isso sobrou-me uns dois litros de caldo que congelei para utilizar futuramente. Futuramente: sábado. No sábado farei um creme de cogumelos. Nunca fiz. Nunca vi fazer. Vou inventar, que não há-de ser muito diferente disto:
Refogo rapidamente três dentes de alho picadinhos em manteiga e junto cogumelos laminados. Deixo apurar até os cogumelos perderem para aí metade da sua humidade e deito cebolas picadas. Comprei há pouco essas cebolas, são novíssimas, com rama verde, o bolbo branquinho. Dá-me jeito que tenham estas características, assim sai-me um sabor não muito intenso, jovem e fresco. Vou usar somente uma cebola, rama e tudo. Comprei três. Adiciono sal e pimenta ao refogado e deixo-o ferver uns cinco minutos. É então que deito duas ou três colheres de sopa de farinha e mexo desembaraçadamente, a ver se não ganha grumos, melhor peneirá-la, então. Vamos lá a ver... Ganhando grumos, pois paciência, hão-de desfazer-se depois. Se não, pois paciência. Olha, agarro na trituradora e cá vai disto. Bom, mas isso é só depois, mesmo que engrume só depois é que me jogo à trituradora furiosamente. Deixo a farinha cozer um bocadinho e aos poucos junto o caldo que convém estar quente ou morno. Talvez junte os dois litros, não sei, logo vejo, neste tipo de comidas sou muito intuitiva. Mexo incansavelmente. Esta é a pior parte, aquilo tudo vai ter de ferver e engrossar e nunca por nunca poderei deixar de mexer. Sem me cansar. Ou ainda que me canse... E pronto, já está, ou faz de conta, quero dizer: na minha cabeça já está, obtive um creme liso e acastanhado, com um extraordinário sabor a cogumelos. No prato, colocar coentros frescos. Eh pá, deve ser tão bom...
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