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Posts de outubro
398, contando com este
Gostava de um dia chegar aos 400 posts num só mês
É que a esse número ainda nunca cheguei
Este é o último post de outubro de 2015
Portanto
Coiso
E até para o mês que vem
Gina, a mulher que tem um blogue
sábado, 31 de outubro de 2015
Sonho
Um sonho contado ao fim do dia. Sonhei que era moda as senhoras fazerem uma manicura especial, era assim como que pôr umas toucazinhas nas polpinhas dos dedos. Sério, eram minúsculas, eram dez, claro que eram dez, e tinham até pelinho por dentro, assim tipo de ovelha mas em branco, muito fofinho e quês. Ora acontece que no sonho havia uma família amish...
que,
como,
se,
sabe,
pois,
então,
não fazem uso de qualquer tipo de vaidade e vivem do que o terreno produz e não possuem automóveis e não compram coisas e acho que fazem trocas ou lá que é e portanto não têm dinheiro ou não precisam sei lá e mais não sei o quê. O chato disto é que não sei relacionar as toucazinhas e a família amish, não me lembro do que é que aconteceu em concreto no sonho, o que lamento. Claro que com base nestes dois pontos, as toucazinhas para as polpinhas e a família amish, qualquer pessoa com imaginação faria uma estória do camandro. Mas eu não sei inventar estórias. Depois disto, já só me lembro que a moda que parecia ter tanta adesão por parte das senhoras, que andavam todas malucas a escolher as cores das partes de fora, que as de dentro eram sempre em branco, como já referi, vinham até as dez amarradas a fazer tipo um ramalhete, veio a revelar-se inviável e impraticável, uma vez que ninguém consegue manusear seja lá o que for com uma toucazinha enfiada nas polpinhas dos dedos das mãos.
Corta-se como se pode e come-se como se consegue
É isso mesmo, como está no título: corta-se como se pode e come-se como se consegue. Afinal não vou tirar fotografias ao doce que fiz hoje nem vou transcrever porra de receita nenhuma. Deixei a parte de baixo, que é uma espécie de bolacha, demasiado tempo no forno, ficou rija que eu sei lá, é um problema fatiar aquilo, é um problema comer aquilo, claro que se vai comer na mesma, sabe bem pra caraças, mas aquela base, pá... Pronto, não mexe mais, outro dia repito e então deixo a receita.
Bacalhau
Sempre fiz o bacalhau com grão. Com salsinha picadinha por cima, com o alhinho picadinho, muito azeitinho. Com batatinhas, com ovinho e com, pasme-se... Bacalhau! E grão! Ah!!!!!
Destino
Terminei agora mesmo de fazer uma bomba calórica. Mais logo há-de explodir nas bocas cá de casa. Já se vai perceber porque chamo 'Destino' também a este post.
Tinha pensado fazer uma tarte de nata e ovo e baunilha usando o resto da massa brioche que me sobrou da semana passada e que entretanto congelei, mas não. Dediquei-me antes a confecionar um doce em três fases, o qual já em tempos tinha planeado fazer (ver aqui), só por dizer que em dia algum diz chegou ao efetivamente. Ora acontece que há umas semanas andei a pesquisar o meu blogue no sentido de saber exatamente quais as receitas que ainda me falta imprimir, organizar tudo e posteriormente colocar no meu dossiê favorito, são muitas, são pois, e dei com uma série delas em estado embrião, quero eu dizer ainda por fazer. Uma delas era esta que pus há pouco no frigorífico.
Já lá vamos ao destino.
Num dos intervalos que fiz no arranjo limpador e arrumador da minha casa, vi tê vê, e vi um ou dois programas do Rudolph. (Doces Iguarias de Rudolph, passa no canal 24 Kitchen) e eis que... Txaram! Karammelos! O homem fez Karammelos (acho que é assim que se escreve, não vou pesquisar, não me apetece). Ou seja, é um bolo mais ou menos como o que eu pretendia fazer. E agora já o fiz, i-ei! A receita vem amanhã ou depois ou depois deste depois, logo vejo. Tenho é de tirar fotos ao doce, para ilustrar, a ver se não me esqueço.
Destino
Fiz as maçãs assadas. Em vez de sumo de limão por sobre elas e por dentro do buraco em forma de cilindro que lhes fiz para lhes retirar o caroço, pois que não, uma lima cortada em quatro, espalhados os quartos pelo tabuleiro. Diz-me a experiência que os citrinos no forno largam montes de sumo. E que também amargam, portanto não se podem comer. Sem amargar. Eu comi, dois quartos. Mas as maçãs. Deitei uma colher de açúcar amarelo no tal cilindro de ar, e o equivalente a uma noz de manteiga. Gosto de escrever verdades, não dispus uma noz de manteiga, dispus o equivalente ao tamanho duma noz de manteiga. Também canela por toda a superfície e, como remate, para aí uns dois decilitros de licor Frangélico. Depois forno com elas. Só por dizer que não fui com elas, seria incompatível com a feitura deste post. Ah... Estão tão boas! Tenho sempre a mania de as retirar tarde do forno, não há meio de aprender. Não que me importe de comer puré de maçã, mas é por conta de saber se estou a retirar só uma maçã do tabuleiro, é que há cá mais gente.
Ainda uma nota bué-ré-ré importante: coloquei também na base do tabuleiro duas folhas de louro partidas aos bocadinhos e uma mão não muito cheia de sementes de coentros. É assim: o louro e as sementes de coentro vão buscar o cítrico em termos de paladar, por isso considerei usar.
Ainda uma nota bué-ré-ré importante: coloquei também na base do tabuleiro duas folhas de louro partidas aos bocadinhos e uma mão não muito cheia de sementes de coentros. É assim: o louro e as sementes de coentro vão buscar o cítrico em termos de paladar, por isso considerei usar.
Mas este post chama-se 'Destino'. Pois.
De manhã, no supermercado, a senhora da caixa fez-me muito amiga da causa xis, convencendo-me portanto, eu preciso muito de amigas, já se vê, a comprar a revistinha tal, olhe que tem tantas receitas, daquelas que a gente já nem lembra, já viu aqui, ó, salsichas estufadas com couve lombarda mas também com batatas? Quando lhe disse que tenho quilos de revistas com receitas em casa e que nunca faço, ela toca no ponto fraco: é para as criancinhas terem um Natal melhor... Pronto, está bem, eu levo a revista. O destino está quase a chegar, calma. Muito mais tarde, já eu transportava uma das maçãs dentro da barriga, folheio a revista e descubro que há uma receita de...
Maçãs Assadas com LimaViagem
Hoje não fiz filmes da minha vida, indo para o supermercado e vindo de lá. Convém fazer intervalos nisto. Porém a canção é a mesma. Tenho outras que também viajam comigo aos sábados de manhã, retiradas do mesmo cê dê:
Compras
Pois então lá fui eu às compras. Comprei tudo o que queria. Tudo. Achei piada que não se notar a festa das bruxas na decoração do supermercado, ao passo que em Lisboa, durante a semana, as montras de muitas lojas se encontram aludindo à dita festa. A semana passada, estou de volta ao supermercado, havia abóboras com fitas adesivas em forma de olhos e de bocas para simular expressões. É que assim não se estraga comida, está bem pensado.
9501
Onze e trinta e oito, agora. Qual chuva, qual quê, andaram ontem o dia inteiro na Radio a avisar a malta que no sábado ia chover e que no sábado ia chover e que no sábado ia chover... Afinal, ó: sol radioso. Em Loures.
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
Da Gina
Falo de macaquices, agora. Daquelas que imitam. Assim de repente parece que tenho a obrigação de ser original
ori-gina-l
ori-gina-lidade
Não me é fácil ser original no escrever. Ou por outra: é, mas somente porque não ligo à questão, chegando mesmo a desprezá-la. Não me interessa ser original. Não pretendo. Não quero. O motivo é simples: creio firmemente que jamais encontrarei uma fórmula única e especial de escrever, principalmente se andar à procura disso.
9498
Ontem, ao verificar que o post em que abordei o Natal era o segundo, que já inclusivamente criara uma etiqueta para este assunto, por curiosidade fui ver o que raio teria eu escrito acerca do Natal de 2015, em fevereiro último. Ora bem, era, e é, acerca dos dez mil posts que chegam a este blogue não tarda nada. Nesse post de fevereiro dizia eu que lá para o Natal estaria rente aos dez mil posts. Eh pá, e não é que estou mesmo? E o Natal aí e tudo? Ganda cena, 'migos!
Achaque
Para alguns, um achaque assim seria um filme do camandro, grande envolvimento de produção, espectadores à brava, pronto, em massa, tipo assim massivamente. Mas para mim é uma coisa para esconder.
Para o teclado
ou
Para o ecrã
?
É um erro eu julgar que olhando para o ecrã enquanto escrevo os erros de digitação serão em menor número. Não são nada, ora essa. É que se eu olhar para o ecrã desvio o olhar do teclado e os dedos vão buscar ainda menos vezes as teclas certas.
Árvore amarela
Olhei-a demoradamente e encontrei-lhe quinhentas e trinta e nove folhas. Amarelas. Como é que sei? Ora essa, estimei um número, claro. Ou então intuí. Mas nada disso, é que nem uma nem outra, com base neste post escolhi um número abaixo de seiscentos onde não criasse exagero e pudesse ir retirando no futuro mais folhas à árvore. São cá umas contas minhas, e especiais.
Os bancos da praça
banco mãozinhas
à frente de todos
banco hater
logo atrás, ladeado por um outro, o
banco gatafunhos
banco si
lá longe da vista
banco nadum
o cognome deriva do 'banco nada número um', o qual se encontra ao lado do banco gatafunhos que está ao lado do banco hater
banco nadois
tal como o anterior este cognome é uma espécie de contração de quatro palavras, 'banco nada número dois'
e pronto, feita que está a apresentação resta-me dizer que não estou totalmente certa de a disposição dos bancos ser esta, mas ora que porra, pra que é que isso interessa?
quero ainda acrescentar que alguns bancos apresentam um rabisco ou outro, um deles tem até um número oito desenhado, outro um dia tirei uma foto ao que diz e pus no blogue, muito embora não seja uma frase totalmente legível, mas isto na parte onde a gente se senta, sendo que a descrição que fiz acima me refiro somente à frente dos bancos de pedra, ao que se avista assim que se dá início à travessia da praça
Plantinhas
Este post trata das plantinhas da avenida joão vinte e um. Já uma vez ou duas falei delas e fiz inclusive um relato superinteressante que pus no tutúbas. Então é assim: nesta altura do ano essas plantinhas saltam do esgoto. Sério. Do esgoto. É um esgoto que há no lancil ali frente ao número cinquenta e cinco cê da dita avenida. O leitor querendo confirmar é ir lá ver. Por ora as plantinhas mantêm-se lindas, de cor definida, joviais e tudo e tudo e tudo. É o outono a dar vida, afinal nem sempre tem a ver com morte e apodrecimento.
Verniz
Já me despedi (mentalmente e oralmente, faltava a parte escrita mas assim sendo já nem esta falta) do verniz nas unhas dos pés. Foi ontem o dia disso. Oh. Agora só lá para abrila... Até lá: unhas incolores, ou cor de pele, por assim dizer. Já disse.
Futuramente
Tenho muitas canetas. Muitas. Estão de reserva, aguardam o dia em que trabalharão arduamente no estaminé. Entretanto conto futuramente separá-las por importância em duas caixas brancas e muito novas e portanto muito limpas, logo: brancas. Já tinha dito que as caixas são brancas, oh que chatice. No topo duma delas escreverei:
canetas que me interessam muito
E na outra:
canetas que não me interessam para nada
Nota sumamente importante: este post tem seguramente duas semanas de permanência nos meus rascunhos, nada tendo portanto que ver com o funeral pertencente ao post anterior, muito embora ambos os posts se encontrem no mesmo espaço geográfico: a minha secretária.
Novidades
Tenho um porta-moedas novo. Ao menos não é azul, que das outras vezes eu pumba, coiso, era tudo em azul. Mas agora não. Entretanto já fiz o despejo. Mas não o funeral. Voltei a poder pôr a péne e os apontamentos de faltas na despensa no dito porta-moedas, o que não acontecia há que tempos, para aí desde o tempo do porta-moedas azul, vá. Então, a péne está assim como que enfiada no cú, os apontamentos estão numa das aberturas. Na outra abertura... Está o carcanhol.
Com o porta-moedas veio também um porta-canetas e uma caixinha rosa-chocante. Agora o que está a acontecer na minha agitada vidinha é que tenho de despender um tempinho para fazer as pequenas mudanças na minha secretária e fazer o funeral ao que é de fazer. Sem cortejo. O despejo.
Deles(as)
A mania que estes gajos têm de perguntar a uma gaja se está boa, oh que caraças. Eh pá, mas que merda vem a ser esta, então é preciso andarem sempre a perguntar, não se vê logo?!
Consultório
Senhor doutor, olhe lá:
:::: estou ainda a recuperar dum aborto, como sou um bocado promíscua faço uns três ou quatro por ano
:::: não tenho largado os saltos agulha, não consigo, perco a feminilidade em muito
:::: continuo a pôr muito mais azeite do que devia nas minhas saladas, bem como manteiga no pão, que é mais que muita
:::: fumei uma de dúzia de ganzas e quês
Que me lembre nunca menti a um senhor doutor.
Almoço
Coelho assado com batatas assadas ao mesmo tempo que o coelho e arroz com as miudezas dele, a água não dei atenção. Sei lá, estou cansada de contar golos de água e ainda ter de memorizar se os bebo antes ou depois do prato principal, sendo uma coisa certa: bebo antes ou então depois ou ainda em ambos os tempos, jamais durante. Mas foi meio copo d' água, isso sei eu. Comi também duas garfadas da fatia de tarte de amêndoas que veio para o meu colega. É justo, afinal eu iria pagar-lhe o almoço.
Faltas na despensa
Molho de soja, ou similar
Já na semana passada andava no rascunho mas entretanto não me apeteceu comprar. Mas tenho de. Tenho, tenho.
Detergente para o chão
Pois é, então, a menina tem de lavar os chãos do doce lar...
Açúcar branco; amarelo; morenito
Por falar em doce lar. Incrivelmente preciso de todos os tipos de açúcar, se bem que o branco até nem é assim tão preciso, a contar com a quantidade de pacotinhos de açúcar que tenho em duas latas enormes que vieram do espólio do décimo andar. Mas pronto. Bom, talvez não compre o açúcar branco, vá.
Biscoitos para o cão
Coitadinho do bicho-cão, que a dona sempre esquece de lhe comprar as guloseimas. Pronto, cão, a dona amanhã não esquecerá, não, que já apontou nos papelinhos e até registou no blogue. Conta comigo.
Ovos
Bom, afinal talvez nem seja preciso. É que ontem fui ao talho e havia lá dos bons e comprei dezoito. Três caixinhas. Com seis cada. Três vezes seis dá dezoito. São dezoito, são, que o homem do talho não serve só para pendurar a carne, mas também para contar os ovos que me vai vender.
Feijão
Para a sopa. Pois.
Grão
Para o bacalhau. É que vou fazer lasanha mas quem sabe talvez faça antes o grão.
Salsa
Para o grão do bacalhau e isso assim.
Água mineral
Tem de ser a da Serra de Monchique, foi o senhor doutor que mandou, diz que do pê agá e o caneco, é bom com aquele número e mais não sei o quê, por causa dos metais pesados e coiso.
Planos para o fim-de-semana
Plano salgado: Lasanha de Bacalhau
Eh pá, então, tenho as placas de lasanha, tenho o bacalhau, tenho a vontade e tenho ainda o plano. Não espero ou tampouco preciso de mais nada.
Planos doces:Tarte Francesa; Maçã Assada
Usarei o resto da massa brioche que fiz a semana passada e farei uma espécie de tarte de natas e ovo, indo buscar o resto da receita que já um dia apontei no blogue, aqui.
Mação assada, oh céus, há quanto tempo me apetece fincar o dente numa maçã assada... Já as comprei e tudo. Aguardem-me lá, 'migas, aí onde estais, que não tarda, pumba, coiso, estalarão no forno.
Ó Gina
Ó Gina, então e os rebuçados de mentol, que tal?
Olha, assim de repente, vê lá tu, conto agora com sete. Sete, ó ié! Posso no entanto multiplicá-los, é uma questão de querer, somente querer. Tirei uma foto e coiso. Há uma conta de vezes já a seguir. Sete vezes sete é igual a quarenta e nove. Já no outro dia andei para aqui com o 49 às costas. Então, ora essa, a vida é cíclica.
Foto: uma grande à esquerda, duas médias sem ser em lado nenhum, três pequenas sem ser em lado nenhum, uma grande à esquerda.
Também posso subir a parada e ficar com 98 rebuçados. É também somente querer. Olha eu com 98 anos. Teria de viver mais 51 anos, ou nem isso, lá próximo, vá, tipo assim 50 anos e oito meses.
E por aí fora...
Pesquisa
Tal como tinha previsto ontem pesquisei o canal do tutúbas associado ao meu antigo blogue. Eu queria-o fechado ao público, tal como está o blogue, só por dizer que a pesquisa não foi conclusiva. Continuo sem saber se o canal está interdito ao público, ou então não, é que estando eu certa de que está, pumba, coiso.
Pesquisa
Ontem pesquisei o cabeleireiro no blogue. É muitas vezes no blogue que vou em busca do passado, só por dizer que desta vez não era só pelo prazer de recordar, mas também por necessidade, dava-me jeito saber quando foi a última visita, será que já passou muito tempo? Estranhamente, ao momento encontro-me com as guedelhas longas demais para o meu gosto, sei lá, apetece-me acabar com as melenas, mudar de cor, quiçá de penteado. O chato de se ter o cabelo curto é a mudança não ser tão notável quanto apetece. Mas a data. Ora bem, não deu para perceber a data certa mas foi para aí a dez de setembro último. Num post antes de lá ir, a sete, onde escrevi do cartão que a senhora me estendeu na rua enquanto eu falava e marcava a hora com o meu cabeleireiro, que engraçado que foi (aqui). Noutro, depois disso, a catorze, onde eu falava do pelo que tinha na testa e que o cabeleireiro retirou, indo a correr buscar uma pinça (aqui). Afinal até nem passou tanto tempo assim desde a última visita. Oh. Tenho de me aguentar.
Pequeno-almoço
Chá de alfazema e torradas com manteiga. Ao que parece, comparando o este pequeno-almoço com o de ontem, só mudou o sabor do chá. Mas não. Mudou também a movimentação ao redor das torradas, que hoje o pão já descongelara. Dedicar-me à fazedura do chá, quiçá, rima e tudo, para fazer um post diferente do de ontem. Ponho seiscentos mililitros de água ao lume e deixo ferver. Em fervendo apago o lume e deito lá para dentro uma colher de sopa do chá que calhar, a mim convém-me ir alterando, cá por conta dumas coisas. Aguardo mais ou menos dois minutos e munida do passador encho três chávenas. Duas são colocadas em cima da mesma, uma reservo num cantinho da bancada. É então que me dedico às torradas. Dá jeito uma tarefa de cada vez, assim dá tempo de o chá arrefecer um bocado.
Ainda estamos na manhã deste dia
A bem dizer passaram apenas quatro minutos desde o primeiro post. Há moscas aqui, ainda. Mosquinhas. Não devem ser as mesmas de ontem, que as de ontem mandei eu embora e dá-me jeito pensar que me obedeceram.
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
Natal
Eh pá, então, ora essa, o Natal está aí. Falta um mês e meio para toda aquela agitação dos dias lá tão próximos, tipo assim quando está mesmo, mesmo, mesmo quase a ser o Natal efetivamente. Quero eu dizer a antevéspera de Natal, a véspera de Natal e o dia de Natal. Ah, que alegria. Sério. Eu gosto do Natal. Muito. Despudoradamente. Não me importa nada que os preparativos me deem ânsias, tampouco me entristeço com a hipocrisia das pessoas. Penso sempre que as pessoas hipócritas, são-no noutras alturas também.
Na avenida Almirante Reis, Lisboa, andam a pôr a bonecada que depois há-de acender em muitas cores e alegrar a cidade.
8
Estou daqui a ver 8 moscas. 8 mosquinhas, vá, que são piriris. Estão em cima dos vasos, as putas. Muito quietinhas, a fazerem-se de boa gente. Tal como as putas, pois. Xô daqui, vá, que agora não quero companhia. Não é não precisar, não é dispensar, é não querer.
4
Tenho 4 rebuçados de mentol para deixar onde eu quiser. Amanhã. A ver se não os esqueço cá. Bebi 4 cafés hoje no estaminé do lado direito, logo: angariei 4 rebuçados.
Almoço
Um grande golo de água, ossobuco estufado com batatas cozidas, um golo de água normal e outro pequenininho. No refogado voltaram a aparecer umas grossas rodelas de cenoura. É mesmo verdade: a cozinheira não tem lá muito tempo, não. É cada rodela, pá...
Post de continuação
Então e o que é que acontece?
Acontece que tenho de comprar uma carteira nova, que é como quem diz: um porta-moedas. Escolhê-lo, já escolhi, mas escolhi-o na altura errada. Foi assim: ataquei furiosamente uma prateleira e virei e revirei toda uma série de porta-moedas lá na loja grande que entretanto vai fechar no fim do mês e por isso está com descontos fortíssimos. Devido aos descontos, bem como o fim do mês estar próximo, a gente a comprar é muita. Só que quando andei a escolher e a escolher e a escolher calhou não estar ninguém na caixa, quando finalmente decidi, pumba, coiso, montes de gente a fazer uma fila enorme, tão enorme que fazia uma curva. Desisti, estava sem tempo em demasia. Mas, para além de tempo, tenho de arranjar paciência para lá ir. Tenho, tenho. Se tiver de estar na fila tenho de estar na fila. Tenho, tenho.
Então e o que é que acontece mais?
Acontece que o porta-moedas vai ser substituído porque o anterior se estragou. Foi-se descosendo, vá. E eu acabei-lhe com a vida, não que fosse impossível restituir-lhe o viver e o fazer por isso, mas é que. Quero. Vou no entanto guardar para mim aquela parte metálica que serve para a gente fechá-lo e também uma florzinha em plástico que vinha colada no corpo em tecido. Está tudo na foto. Olarila.
Leitura
Sim, tenho lido, olarila, tenho sido uma boa menina e tal, muito dedicada às lides da cultura literária e assim. Encontrei mais uma marca do (ou dum) antigo leitor deste livro (Olhos Verdes, Luísa Costa Gomes) no seu interior. É uma tirinha de papel cor-de-rosa, tipo assim um póstite, vá, que se encontra na página 76. Dá-me vontade de retirar dali essa tirinha, se ademais se encontra carcomida na extremidade que fica fora do livro, daí estar carcomida e coçada de roçar em coisas e loisas, mas não, não farei tal coisa, assim alteraria a história de vida deste livro e dos seus leitores. Infelizmente jamais saberei se o leitor parou ali e pronto, se parou porque não tinha mais tempo para ler, se parou porque se aborreceu do livro.
Entretanto tenho mais palavras inglesas e/mas aportuguesadas para acrescentar à lista:
ol
flache
nonsense
Bom, nonsense não está aportuguesada, mas pronto, fica na mesma.
Do pacote
Bom, há que tempos eu andava à cata do pacote número onze... Há pouquinho era eu e o homem do Bangladesh à procura do dito. Não sei se ele é do Bangladesh mas faz de conta que é. O homem foi incansável, mil obrigados e um enorme bem-haja 'migo, fica registado no blogue e olhe que não é toda a gente que tem essa honra, mas adiante. O dito cavalheiro despejou praticamente todo o conteúdo da caixinha dos pacotinhos de açúcar da Sidul só porque manifestei um desejo imenso de ter o número onze, que era o que faltava. Pronto, agora já não falta, já o tenho comigo, posso descansar. E isto aconteceu porquê? Porque eu queria confirmar se não esquecera nenhum pacote, se porventura me escapara alguma receita, algum item, alguma coisa, mesmo que ínfima, vá, que eu cá em infimidades, ui, e não me terem passado pelas mãos todos os pacotes, ou seja: os doze. Mas passaram, passaram sim senhores, posso realmente descansar. Ah, que alivio. Não, estou a brincar e coiso. As imagens são porque que sim, ora essa, e são também para mostrar o número onze, que é pão de mel, o qual fiz há uns tempos e pu-lo a constar aqui.
Alteração a posteriori: os cavalheiros do estaminé aqui ao meu lado direito são do Bangladesh, sim senhores. Vai-se a ver e os do lado esquerdo também são de lá, que passam a vida falando uns com os outros numa língua só, dando ares de se entenderem maravilhosamente, mas por ora não estou certa disso.
Pesquisa a fazer
Tenho de pesquisar o tutúbas associado ao meu antigo blogue. Quero saber umas coisas cá minhas. Bom, é assim: o blogue está fechado, portanto o mais certo é o canal também estar. Espero que sim. E com ardor, é tanto assim que até me sinto febril, apalpa aqui, ó.
Ó Gina, diz lá como tem sido a tua adaptação ao horário de inverno, vá
Então, tem sido calma e segura, grata pela atenção tamanha. E já que há tanta assim, desenvolvo um poucochinho.
A pior parte é acordar mais cedo do que é preciso, mas olha, vai-se vivendo, acabo por me levantar mais cedo e vai daí tenho mais tempo para me despachar. Obviamente não é mau de todo e daqui a uns quatro ou cinco dias de trabalho tudo volta ao antigamente. Isto agora é só a gente fingir que não percebe que sai do trabalho mais tarde e que não percebe que se levanta praticamente à mesma hora e que não percebe que dorme ainda menos. Vai-se a ver, já que o tempo passa mesmo depressa, daqui a duas ou três semanas vejo a luz do dia adentrando o meu lar somente ao fim-de-semana, o que pode ser vantajoso, tipo assim notar o pó e os pelos da cadela nesses dois dias e serem exatamente nesses que me dedico às limpezas. Menos sofrimento, portanto.
Pequeno-almoço
Duzentos mililitros de chá de erva-príncipe e duas torradas com manteiga. Portanto: chá com torradas e com companhia. Contudo, tomado em constante movimento, este pequeno almoço, primeiro água ao lume para o chá, depois descongelar o pão, que me havia esquecido de o retirar do congelador ontem à noite. Enquanto o pão descongelava já o chá arrefecia e o caneco. Depois foi só andar de roda das torradas levantando-me da cadeira vezes sem conta, a vigiá-las, a retirá-las, a colocá-las, a barrá-las e no entretanto entremeando a coisa com golos de chá quentíssimo. Um assombro de momento, já se vê.
Segundo
Cadela fareja-me, ainda deitada, enfiando o focinho na roupa da minha cama, como que a chamar-me. Isto quando já o despertador se faz ouvir. O incrível é que toca no radio:
‚can I lay by your side‘
Parece a cadela a cantar pra mim. É que parece mesmo a cadela a pedir-me:
‚next to you-u-u-u-u-u‘
E eu a dizer que não. Sempre. Mas a dizer mesmo. E a cadela a ouvir, claro. Calada.
Nota: versos retirados do poema desta canção.
Nota: versos retirados do poema desta canção.
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
Era uma vez um cartaz em Lisboa
Detive-me a olahr... ai perdão, olhar para um cartaz que anunciava algo que está quase a chegar a Lisboa, algo esse que não fixei o que é. A imagem fez-me lembrar a Mary Poppins e também a Lsa... ai perdão, Lisa Simpson. Pronto, ok, vá, faltava ali a vassouda... ai perdão, vassora... ai perdão, vassoura da Mary e o saxofone da Lisa, mas adiante. E porque é que a imagem me fez lembrar delas as duas...?
Não sei.
Hum.
Porque é um recorte negro, onde se vÊ... ai perdão, vê apenas os contornos que vão de encontro a um fundo branco. Eh pá, pronto, a Mary anda lá em cima contra o sol, fas... ai perdão, faz lembrar, a Liza... ai perdão, Lisa tem um penteado pontiagudo como o boneco do desenho para onde estive a olhar, faz lembrar.
Batismo
Arranjo nomes para coisas. Não sei o porquê disto mas de supetão parece-me que é porque sim. Por exemplo: cozes é nozes. É mais giro cozes do que coses. A cosa... ai perdão, coisa passada a escrito, é.
Post da mastigação
Eu dantes mastigava papel mas depois deixei-me disso. Entretanto a incredibilidade está no facto de ao presente eu gostar muito mais de escrever do que aquando desse dantes em que mastigava papel.
Cliente(s)
Casalinho, desta vez. Ele era tão engraçado. Ela demorou a escolher o vaso, depois, ele, como que a desculpando fez-se engraçado:
‚Sabe uma coisa, minha senhora?‘
Esperou que eu dissesse que não, como convém às pessoas educadas e atenciosas. Fiz que não com a cabeça e esperei.
‚As mulheres às vezes são complicadas.‘
Ou seja, aquilo foi uma piadinha por eu também ser mulher. Ora, sabe lá ele o que é estar com período...
Os ramos dela, a árvore amarela
Parece maior, agora que mais despida, a árvore amarela. Uma das pernadas chega para aí ao meio da rua mais bonita de Lisboa.
Vou supor que a árvore amarela tem ao momento seiscentas folhas. Ainda. Amarelas. Quantas restarão amanhã? Vou então contando, mais ou menos, claro, sei lá eu quantas são ou tem...! Contém. Mantém.
Almoço
Lasanha de atum e espinafres e uns sete golos de água. Podia ter sido arroz de pato, mas não. E os golos podem ter sido mais ou então menos de sete, mas parti do número certo que encontrei ontem. Sete.
47/48/49
Já me esquecia deste post, pá. É assim: no fim-de-semana passado foi aquela desordem toda com a mudança para o horário de inverno e mais não sei o quê, vai daí na blogsofera falava disso pra caraças, e eis que encontro um blogue onde a pessoa se refere ao fim-de-semana com 49 horas. Achei um piadão. Montes e montes de piada. Um piadão, portanto. Ah, ok, já tinha dito piadão. Escrito. Bom, então o que é que eu me lembrei? Só pode ser coisa boa, claro. Pois. A próxima vez que o horário mudar será para o de primavera e quando isso acontecer o fim-de-semana conterá 47 horas. Não é o máximo o que eu descobri?! E haverá ainda outra coisa extraordinária, nessa data eu terei 47 anos, idade que a bem dizer é a que tenho no dia corrente. Ó pá, as coisas que eu descortino e depois ponho no blogue... Ainda bem que eu tenho um blogue para registar as minhas descobertas giras que se farta. Mas há mais, ia-me já embora, não? Ora essa, qual quê, ainda tenho que dizer que quando fizer anos, 48, vão haver montes e montes de fins-de-semana com 48 horas, todos a rimar comigo. Olarila. E quando fizer 49, eis que terei também um fim-de-semana de prémio, tipo assim para me sentir importante e coiso. Isso acontecerá somente dentro de 2 anos mas até lá eu aguento a estopada.
Dias dum Estúdio
Escadote em fundo rosa, é o que é, que está no Estúdio onde faço Pilates. Aquilo é fino que se farta, tanto que escrevi 'onde faço Pilates' ao invés de escrever 'onde treino'. A salinha onde a gente se despe e se veste é pequenina mas amorosa, toda decorada em rosa. Ao início ainda pensei: olha, às tantas é o método DeRose, ai as coisas fixes, e finas, que eu sei, se bem que isso do DeRose seja mais dedicado ao yoga ou lá que é, e a malta pintou isto aqui de rosa e também decorou em rosa e também tudo e tudo e tudo. É que é tudo rosa. O mais giro é a gente, homens e mulheres, terem de vestir-se à vez naquele espacinho, que tem maca para massagens e um gravador para emitir músicas de adormecer. Uma cadeira. Um movélzinho de apoio. Uma bomboneira com rebuçados de mentol. Sim, mentol, cheirei. Pronto, era isto. Agora é a foto e deixo-me de escrever cores mimosas para que se possam apreciar na foto.
Consultório
Ando há que tempos para descrever uma agulhinha de acunpuntura. Sério, às vezes saio do consultório com as ditas introduzidas na pele. Como tenho de as retirar o mais longe possível que o dia vai, mas sem dormir com espetanços no corpo, chegada a hora de as retirar pude ver como são. Para começar são longas. Pois. Sabia lá eu que aquilo de se me adentrava tão dentro da pele, credo, são para aí uns quatro centímetros enterrados na chicha. Mas não deixa de ser uma ideia curiosa. Entretanto, depois desses quatro centímetros, adianto que há um extensão com três centímetros e meio onde o metal é diferente, mais grosso um tudo-nada e ao invés da lisura é tipo um anelado, que supostamente é de onde sai a tal parte muito fininha que se me adentra. Só mais uma coisita: na extremidade que não se adentra há uma espiral, uma mola pequerrucha que não sei pra que serve. A grosso modo a agulha faz-me lembrar um rebite, só por dizer que não tem nada a ver.
9450
Agora fazia de conta que o cão estava aqui comigo para eu sentir o pelinho dela muito fofinho e vê-lo muito brilhante. Só que não está.
9449
Capicua. Olá capicua, como estás? Há cento e dez posts que a gente não se via. Estás boa? Tudo bem contigo? Que tal te corre a vida? Cento e dez posts, pá! Viste só? E não é que o resultado da conta que fiz é também uma capicua?!
Mas fala-me de ti, anda. Olha que a gente depois só se vê daqui a cento e dez posts, pá. Vá, conta-me, não tudo, já sabes, só enquanto quiseres.
Quinto, 9448
Do frio, ainda. Só para dizer que está frio. Também podia dizer simplesmente que está quase. Quase, quase, quase. Tipo assim está quase a ser uma capicua nos posts. Tenho estado a numerá-los por modo a não me esquecer bem como a ver se se nota que.
Quarto, 9447
Do banho, ainda. Agora, coberta que ando devido ao friozinho da porra que já anda aí, não me importo nada de me esfregar tanto mas tanto que retiro o bronzeado. Estou quase branca.
Terceiro, 9446
Bem haja, novamente, a quem se põe debaixo dum chuveiro ao acordar. Banho pra mim é indubitavelmente uma coisa a fazer à noitinha.
Segundo, 9445
Tomei o comprimido para o contentamento, para conseguir ser um alegre ser. Tenho aliás tomado um comprimido desses todos os dias. A ver vou se.
terça-feira, 27 de outubro de 2015
Olhares incorretos
Rua Inominada. Primórdio. Do meu balcão avisto semanalmente uma certa janela. À segunda-feira a mulher-a-dias põe a roupa da cama a arejar por sobre o parapeito. Quando chega o outono coloca o cobertor de riscas e a colcha escura, se é verão apenas uma colcha leve e clara aparece. Os 'Olhares Incorretos' nasceram daí, vejo Lisboa sem nunca ver o mesmo que a outra gente, por causa daquela coisa intrínseca, porque todos somos iguais mas mantemos uma individualidade: as pessoas sentem e escrevem o que querem, existe em todas as mentes um mundo sobre o qual mantêm a soberania. Então: é por isso.
Avenida Almirante Reis. O meu vulto é facilmente reconhecível, sou a senhora da drogaria. Uma suposta cliente avistou-me e estendendo-me um objeto, perguntou-me:
«A menina faz?»
E a respondeu:«Faço, sim senhora, mas levo xis»
Ainda vou merecendo o epíteto de menina mas levo cada vez mais caro.
Cais do Sodré. Vejo pessoas, não diferentes. A vida é plana. É plana, a vida de toda a gente. É por isso que as pessoas passam a vida – plana e incaracterística - a mover montanhas e a criar ondulações, num esforço enorme para sobreviver à inércia e depois não sucumbir à mutação das montanhas e às marés.
Praça Afrânio Peixoto. Cheira a comboios. São azuis. Só está calor ao sol, e isso é um tema natural da primavera.
Praça Afrânio Peixoto. A tarde apresenta-se ensolarada. O arbusto dança. Cheira a comboios. Assentam sobre carris. São azuis. Mas há uns vermelhos e cinzas e uns que são cinza com uma risca vermelha que acompanha a largura das janelas, assim a toda a volta, na horizontal. Não sei se dá para perceber. Nunca se sabe quem percebe, nem quem perceberá. Nunca saberei quem percebe, e quem percebe entende como quer - ou entenderá, melhor redigir no futuro, que a esperança está no porvir -, o que não quer dizer que não se perceba ou não se entenda, nem quer dizer que queira dizer alguma coisa. Coisas daqui, sem me repetir, é difícil.
Leio. Uma página ou duas. E escrevo. E esforço-me por não me concentrar antes no sorriso daquela estátua. A verdade é que a estátua me sorri durante uns milésimos de segundo e daí não passa, logo após noto-lhe a expressão que realmente tem e mantém, por mais que a rodeie. Muda o meu ângulo de visão e nunca mais muda a expressão, é uma estátua triste, afinal. Segura outra estátua que está caída a seus pés, com um ar sofrido que só visto, visto que eu não sei escrever. A estátua grita, parece-me. Inaudivelmente, parece-me. Não se ouve nada. Apenas a dança do arbusto e os comboios rolando, apitando, sem pessoas.
Eu leio e escrevo. Não, escrevo e leio. Interrompo-me constantemente. É a monte. Tudo na minha vida é a monte. Trabalho a monte, com montes. Sou a monte, encavalito tudo. Escrevo e leio a monte. E tropeço nos montes e montes. Tropeço aos montes. Amontoadamente. Amontoo o livro e a caixa dos óculos e o bloquinho rudimentar e a caneta e os óculos escuros em cima da mala que tenho no colo. Tenho dois pares de óculos assentes na cabeça. Um no toutiço, outro no nariz. Escrevo. Mas se disser que escrevo como de costume estarei a repetir-me. Mas coisas daqui, sem me repetir, é difícil.
Nunca falei dos bancos de jardim. Não sei. Se calhar já falei. São muitos. Metade deles à sombra, escondidos. Albergam velhinhos desocupados e adolescentes em intervalo de aulas. Contentes e tristes, uns e outros. Troquei-me: os velhinhos estão tristes; os adolescentes estão contentes. Há uns bancos com a pontinha sombreada. Sento-me aí, que a parte soalheira escalda. Leio. Escrevo. Não, escrevo e leio. Dou mais importância ao escrever mas o ler é importante. Para aprender. Para não repetir o que os outros escrevem. Para ser eu. Coisas daqui, sem me repetir, é difícil.
Praça do Chile. Avisto o Fernão de Magalhães que se me apresenta de costas. Por cima da sua cabeça de pedra aparece um prédio. Por cima do prédio nasce um arco-íris. O Arco-Íris. Cores, mistério e sedução. Que mescla prodigiosa.
Mas eu vinha falar das buzinadelas. No redondel da estátua, mesmo junto à estrada e aos carros que passam, um grupinho de manifestantes segurava um enorme pedaço de plástico onde tinham pintado a mensagem: «se estás a ser roubado, apita». E tudo quanto era condutor apitava. Que barulheira. Mas uma barulheira boa, nada contra, não senhores, acho bem as pessoas manifestarem-se.
Arroios. De momento sou imprecisa na toponímia. E sou imprecisa porque sim. O funcionário que me aviou umas coisitas elétricas preenchia a minha ficha de cliente fazendo trejeitos com a boca. Inicialmente ainda pensei que ele estava a cantarolar o Bon Jovi que se ouvia em som de fundo. Mas não. Eram trejeitos de grande concentração num teclado. Quando percebi isso saquei do meu bloquinho rudimentar e apontei ‘trejeitos’ e ‘Bon Jovi’ enquanto ditava a morada, nif e outras numerações. Um outro funcionário vigiava os movimentos do colega com o semblante tão carregado de estranheza que me fez comichão. «Caraças pá, o outro não saberá escrever?» A sério, o homem tinha um ponto de interrogação desenhado na testa. Findo o negócio o digitador resolve soltar a poesia que há em si e declama sonhadoramente:
- Está um tempo tão lindo…
|Os homens são primários mas/e tão mais interessantes que as mulheres, oh céus.|
Lisboa. Pode ser qualquer rua ou viela, continuo imprecisa, ocultando o resto porque tenho medo. Dois homens encontram-se e cumprimentam-se. Logo depois fazem uma troca → dinheiro, droga. Um deles parece-me normal, o outro aparenta estar na fase junkie. Quando me cruzo com eles, olham-me de soslaio, não receosos, antes cautelosos. Resolvo olhar para outro lado, como quem foge dum problema desconfortável, e não vou descrever a cena com mais minúcia do que esta.
Jardim Fernando Pessa. Um jovem sentado na relva, cigarro aceso, deleite na sugação. Vive. Um velho à janela observa e segura na mão uma chávena de café. Vive. Um ainda mais velho exercita-se num daqueles aparelhos de rua tão em voga pelos espaços verdes de Lisboa. Enverga gabardine e cachecol, crava o olhar no chão, embaraçado que está. Vive. Um homem passeia dois cães sem vontade. Vive.
Duma maneira ou doutra as pessoas vivem. Vive-se. Estar morto é o contrário de não fazer, não estar nem ser.
Rua de Arroios. Se os postes estiverem no lugar é sinal que sim. Um dia encontro um dos postes deitado ao chão e pumba, aí é que vai valer a pena. Enigma. A ideia é descarregar sentimentos ou impressões, ainda que duma forma adulterada. A escrita é necessidade; vício; hábito; catarse. E entender-se torna-se secundário.
Alameda Dom Afonso Henriques. Um papel colado na máquina que temporiza a alternância dos semáforos pede ao João Manuel que se case com ela, em favor dos beijos e abraços que já trocaram. Ela ou ele, não se sabe, agora já tanto faz, elas casam com elas; eles casam com eles. Com o tempo, talvez o amor tenha ganho outro significado, não demente, antes diferente.
Rua de Arroios. Num patamar do meu pensamento há fileiras de malas e amontoados de detergentes. Pronto a vender. Comprar. Usar. É tudo apelativo pela cor, mas inerte, e portanto estou num vazio, afinal estou no vazio se me encontro neste quadro.
Rua Quirino da Fonseca. A lascívia mora aqui. Sinto-a mais ou menos intensamente. Respiro-a um tudo-nada. Impera na cabeça dos transeuntes, provavelmente devido à loja de artigos sexuais sita neste pedacinho de cidade.
Avenida Almirante Reis. Vem ali uma senhora que eu referenciaria com tendo a barriga grande. Mas é melhor não. Só por dizer que tirando essa referência não sei como continuar a prosa.
Avenida Almirante Reis. Uma desconhecida interpela-me e pergunta:
‘A senhora traz horas?’
A mim os desconhecidos oferecem-me questiúnculas, flores nem vê-las…
Avenida São João de Deus. Um grupo de rapazes entre os 10 e os 12 anos conversa sobre a beleza das raparigas em geral.
– A Mafalda é mais gira que a tua prima! - Diz um deles.
Entretanto avisto ao longe duas raparigas e ao perceber que os rapazes estavam a falar para elas de longe, e portanto todos se conheciam, fiquei curiosa de saber se alguma seria a tal Mafalda. Então, ao passar por elas, vocalizo explicitamente o nome, sem medos, a ver o que acontecia.
– Mafalda.
Não aconteceu mais do que virarem as cabecitas para mim e fazerem um esgar de espanto, decerto pensando que sou maluca. E pronto. Eu bem me esforço, mas na minha vida as ondas não encastelam.
Rua de Arroios. No jardim que por ali há alguém coloca a roupa nas cercaduras metálicas dos canteiros. Cercaduras metálicas dos canteiros? Cercaduras metálicas dos canteiros.
Rua António Pedro. Eu gosto do secretismo. É como uma carícia perdurante. Faz de conta. Mas pouco me importa que o homem doente do fígado me reconheça. Mesmo que me reconheça por debaixo do disfarce. Eu respiro bem na mesma, obrigadinha. Vivo.
Rua Morais Soares. Um homem vende raminhos de espiga a um euro. O dia está no fim, a voz dele está rouca de tanto apregoar. Um euro, agora. De manhã, dois euros. Melhor rentabilizar. Melhor levar algum para casa, que é tudo lucro. Impostos...? Não, parasitismo.
Jardim Fernando Pessa. Um homem pratica Tai Chi, descalço, no meio da relva. Sozinho. Inteiro. Ficava a vigiá-lo 'migo, mas não há nenhum banco disponível e como estou doente da cabeça custa-me estar de pé.
Avenida Padre Manuel da Nóbrega. Uma mulher levanta uma nota de cinco euros das novas por modo a ver o retrato da Europa através da claridade do sol. Tem uma expressão feliz. Infantil. Perfeitas aliadas, a felicidade e a infantilidade.
Avenida Padre Manuel da Nóbrega. Uma mulher deixa cair uma moeda de dez cêntimos no chão. A moeda rola na vertical até perder o balanço e o equilíbrio, tombando por fim. Penso em chamar a mulher. Perco-a de vista. Apanho a moeda. O café hoje vai ficar mais barato.
Avenida Padre Manuel da Nóbrega. Um homem vende bilhetes de lotaria. Tem um tom de voz que eu descreveria se soubesse como, mas de raspão posso afiançar que é bruto que se farta. A voz, os gestos, a presença. Estende-me o bilhete e diz:
'Tome lá.'
E se eu agarrasse no papel e fugisse? Ele estava a oferecer...
Avenida Óscar Monteiro Torres. As pessoas conversam. A sério, as pessoas conversam acerca delas mesmas e têm a capacidade de conversar acerca doutras. As pessoas conversam. Esta ilação espanta-me, deslumbra-me e ainda consegue aliviar-me umas dores que por vezes sinto.
Avenida Almirante Reis. Desço, à torreira do sol. Remataram o muro do hospital, ficou giro, torneado, como se fossem umas ondinhas. Calhando querem trazer o oceano para aqui. Está longe mas pronto, lembremos o rio, sempre é água. Mesmo ao pé da primeira ondinha avista-se o número três da rua António Pereira Carrilho mas se estivesse nesse ponto avistar-se-ia a primeira ondinha. Costuma ser assim: se eu te vejo, tu também me vês. Só que às vezes falha.
Miradouro da Senhora do Monte. É noite. Quente, sem ar. Devido ao calor havia mais pessoas e turistas que o costume. Sim, os turistas são pessoas, mas é isso mesmo: havia pessoas e turistas, são duas espécies distintas. Rente ao muro podia ver-se o esplendor da cidade: as luzinhas, as avenidas, ruas, becos, prédios. Em suma: civilização, obra humana, grandeza, charme. Achei a vista magnífica e despovoada e desejei que o miradouro se encontrasse assim, sem ninguém, vazio. Sem vida, bem sei, na vacuidade há ausência de vida. Que não se atente largamente nisto que escrevo, é somente a minha ignóbil e dominante ânsia de solidão a falar.
Alameda Dom Afonso Henriques. Finalmente dignaram-se a mudar a luzinha do semáforo que não era luzinha nenhuma porque estava fundida. Agora já é luz. Em verde. É um alívio atravessar a estrada, que eu deambulo desconcentradamente, e assim já posso dedicar atenção a outras minudências.
Avenida de Roma. Uma igual a mim, não, antes uma diferente. Troca a perna. Eu não. Mas há o livro; há os óculos escuros pousados cuidadosamente em cima da mesinha; há a mão apoiada no queixo; há o ar pensativo. É igual. Porém, não há mistério. Não. Não e não. Ela é diferente. Lê avidamente, muito compenetrada. Tem um vestido curto com florinhas vermelhas. Num repente diria que quer parecer mais nova mas não vou por aí, esse caminho é fácil, vou por outro, onde não há originalidade. Não é nada uma igual a mim, nunca saberia descrever-me verosimilmente.
Rua Inominada. Atrás do meu balcão, por ora. Escrevo: «A mamã e o papá ensinaram-me a não falar com estranhos mas não ensinaram os estranhos a não falarem comigo, devem ter pensado que não era necessário. Mas era. Hoje em dia passo a vida a falar com estranhos, e como sou muito bem educada – culpa da mamã e do papá - não consigo repudiá-los, até já me habituei a amá-los, o que na verdade é muito fácil, geralmente os defeitos demoram o seu tempo a emergir, o que torna os estranhos pessoas espetaculares.»
Alameda Dom Afonso Henriques. A velhinha fininha estava no quiosque escolhendo um gelado. Avistou-me e sorriu. Não percebi se por timidez natural se por embaraço pela gulodice. A gulodice é um desejo pecaminoso.
Avenida Guerra Junqueiro. Há festa, estenderam tapetes lilases no chão, à entrada das lojas. Não tenho praticamente nada contra balbúrdias mas talvez pareça que lhes tenho muito asco. Não tenho, não. Passo a explicar: o que me faz fugir das balbúrdias é a participação forçada, estar no meio, inserida, integrada, pertencendo ao aglomerado, uma pecinha de puzzle, uma cabecinha de alfinete, uma formiguinha seguidora dos seus pares. É disso que não gosto, aborrece-me. Fora isso adoro balbúrdias, muita gente junta, falas e gestos, até gosto da mescla de cheiros. Se puder ser uma mera espectadora, como estando frente a uma tela de cinema… Confortavelmente, prazerosamente, é um festim.
Rua Carlos Mardel. «É assim a vida! Está ali à espera da morte…» disse ele pesaroso mas resignado, enquanto observava um pombo que fora pisado por algum pneu e se debatia, movido pelo instinto de sobrevivência. Qual coragem, qual quê, aquilo não é coragem, é luta, agarração à vida com o que há, ou o que resta. Lutar até à morte, afinal de contas é o que faz incessantemente qualquer ser vivo, há sempre um atropelo ou outro para a gente se debater. E um belo dia... Pumba, morre-se.
Praça de Londres, sete e tal da tarde. Chupo um gelado perna de pau que não relembra o sabor de outrora, é deslavado que se farta, nem a lista vermelha a imitar os morangos pica na língua como antigamente. Que pena. Estou sentada num dos bancos, à sombra, mau grado, que a temperatura não está amiguinha, não, e o gelado vai refrescando, primeiro a goela, depois tudo por mim abaixo.
Alameda Dom Afonso Henriques. Eu vinha descendo o plano inclinado, se é inclinado não é plano, mas pronto, vinha descendo o passeio da fama, passeio da fama pode ser, vinha descendo e avisto um miúdo duns dez anos deitado no chão, de braços abertos, com uma expressão de devoção fingida, como quem brinca de receber as boas energias do asfalto, enquanto o pai o observa complacentemente. Sim, há um pai nesta história, um pai complacente, que deu por mim e mudou ligeiramente a postura, vocalizou um ralhete sumido, audível apenas para mim, mas o puto marimbou para o pai, já se sabe, e fez perdurar a brincadeira no chão. Este pai queria parecer preocupado e zeloso para mim, que tenho marcas de mãe experiente, não fosse eu ralhar com os dois. As mães é que ralham, as mães é que são autoritárias e cruéis.
Rua Ângela Pinto. Há dois homens zanzando na rua, querem vender pares de meias tecidas em fios sintéticos que rapidamente cheiram a chulé.
Praça do Areeiro. Porque será o verão tão quente aqui? Se é planalto, se leva com as rabanadas de vento, porque não há frescor?!
Rascunhos
Dos rascunhos que apartei deste documento onde habitualmente escrevo, refiro-me àqueles que supostamente seriam para publicar em papel, como referi no outro dia, já só tenho dois. Um está terminado, enviei-o para o líder dum grupo de escrita no Facebook com a firme ideia de vir a aparecer num site qualquer e mais não sei o quê. Entretanto já lá vão quase dois anos e nada de o homem me dizer coisas em concreto, quanto mais com firmeza. O outro rascunho não está terminado, nem vai estar tão cedo, e não lhe mexo desde dezanove de setembro de dois mil e catorze às dezassete horas e quarenta e três minutos. Fala de avelãs e chama-se inclusive 'Avelãs'. Este não vou publicar para já, quero terminá-lo, sei lá porquê, talvez para não ficar despida de ideias, o que é uma estupidez, que geralmente ideias não me faltam. Publico então um texto, nem sei se é um texto ou se é um conto, sei lá o que é, é coisas que fui escrevendo no blogue acerca de Lisboa sem ideia nenhuma de mais publicação que essa e depois lembrei-me e fiz um apanhado desse tema, que fui melhorando ou adaptando ou alterando ou sei lá o quê e pronto. Como este é o único rascunho, a bem dizer nem é um rascunho mas adiante, que está concluído e apto à publicação, acho que deve constar num post único. Por isso, e também para não lhe retirar importância colocando esta introdução a encimar o post, fica então num post à parte e por ora calo-me. É ler acima. Obrigadinha.
Garrafa-lixo
Há aqueles doces em camadas apresentados em taças transparentes para se poder apreciar a paleta de cores e adivinhar a mistura de sabores e texturas. A garrafa-lixo que comecei a construir ontem faz lembrar. Ele é torçal, ele é sacos de plástico roxos, ele é a folha de árvore d' ontem, ele casca de banana, ele é resto de etiquetas, ele é agrafos. Tudo em pedaços. Uns cortei, outros despedacei, outros amolguei, como os agrafos. Já está tudo no lixo. Tudinho.
Fofura
Minha querida isto, minha querida aquilo. Tudo porque lhe emprestei um alicate de corte. Tão fofo.
Consultório
Usei uma palavra invulgar quando conversava com o senhor doutor. A questão não é vir para aqui dizer ah e coiso não tenho nada a mania que conheço a palavra tal e mais não sei o quê. Não. Eu tenho a mania que conheço a palavra tal. E conheço. Pois. O conhecimento passa a petulância quando acho que posso usar a palavra tal em conversa com o senhor doutor e não a posso usar se a conversa for com a dona Lurdes aqui do bairro.
27 do 10 de 2015
Por causa do post anterior lembrei-me que de manhã vinha a ouvir no carro um rep qualquer daqueles do rico filho, que ontem ele andou com o carro, e como o blogue bem sabe sempre que o rico filho anda com o carro está um rep no som do autorrádio, e o rep dizia algo no poema como vinte e sete de outubro. E eu: olha que giro. E eu: olha, já viste, hoje é dia vinte e sete de outubro. E eu: olha, cá pra mim este cd tem um dispositivo qualquer que descobre os dias, vais ver que amanhã ouves isto e o dia cantado é o vinte e oito de outubro. E eu: olha.
Vinte e sete de outubro de dois mil e quinze
Quatro da tarde, já neva na Serra da estrela, disseram no noticiário da Radio. Que não é nevão, mas é neve.
Achado
Achei um botão que tem impresso 'lion of porches'. Achei-o na caixa dos cabidezinhos de colar. Nada a ver, portanto. E nem isto é uma retrosaria. Vá-se lá saber como foi ali parar...
Lugar da musa
Que café fantástico que hoje bebi no lugar da musa... Já percebi que quando é o senhor, e não o moço, a tirar os cafés, pumba, coiso, são extraordinários, poderosos, aconchegantes.
Lugar da musa
Na mesa ao lado falavam do pediatra que mora ao pé do estaminé. Sério. Aquele que tem agora um livro e inclusive um programa na Radio. Pois.
Almoço
Ragu de vitela com esparguete e mais sete golos de água. Sério, sete. Dei-me ao trabalho de os contar. Sete. Tenho ainda a dizer que a vitela tinha sido estufada com grossas rodelas de cenoura, grossura essa que significa que a cozinheira é apressada.
Do rascunho que ficou d' ontem
Ora então vamos lá ao que interessa. O que interessa é que o rato do meu pê cê de casa ontem estava parvo e quando eu ia para colar os textos que levo daqui ele fazia para ali um jogo qualquer que me desarranjava o texto todo. Fechei o documento não sei quantas vezes para voltar a tê-lo no original e assim conseguir colar os textos com sentido. Mas não, quando abri o blogue e reli tudo o que publicara, passo que de resto sempre dou, percebi que um dos posts não estava nada bem, apresentava-se desalinhado. Como entretanto já tinha fechado o documento e atualizado o que lá escrevera, não tinha como alcançar novamente o texto escrito com o sentido que eu queria dar. O mais chato é que aquele post em particular fazia parte do dia corrente, se fosse outro tipo de rascunho ficaria para outro dia e este post, precisamente este, sequer existiria. Mas não, como já referi era, e é, um post que só faria sentido se publicado ontem. Então o que é que eu fiz? Fiz que quando cheguei ao estaminé, antes de passar o meu documentozinho do coraçãozinho desta que escreve... Criei um outro documento de escrita, nem lhe dei nome nem nada, e copiei para aí o dito post que só teria piada se publicado ontem. Eh pá, mas como estou cansada e pra mais já fiz este post, precisamente este, pronto, fica aqui por baixo o post que eu devia ter publicado ontem por só parecer adequado quando inserido nas ocorrências do passado dia... Pois é, quero lá saber. Olha, é assim, o texto abaixo foi escrito ontem, dia vinte e seis de outubro de dois mil e quinze, uma daquelas segundas-feiras em que se retoma o trabalho debaixo duma diferença horária, é que agora é a hora de inverno.
Barulho
Habitualmente não temo barulhos dos quais não descortino de imediato a origem, achando sempre que existe uma justificação plausível para o que estou a ouvir. Há pouco andava eu aqui dum lado para o outro quando ouvi um som roufenho lá muito ao fundo. Pensei que o radio sintonizava duas estações, sendo uma mais audível que a outra. Mas não. Era o telefone. Por qualquer motivo se tinha ligado depois de o ter acertado com a nova hora. Num repente não sabia muito bem como calaria o radio que este telefone contém. Como teste cliquei no cenúse. Calou-se. Confesso que quando descobri que o barulho vinha do telefone me alegrei imensamente por julgar que havia linhas trocadas e portanto audíveis e iria ouvir conversas alheias. Mas não. Cenúse. Calou-se.
De manhã
Esta foto foi tirada no final da avenida Santos e Castro, Alta de Lisboa, Lisboa, enquanto esperava que o sinal ficasse verde para o trânsito. Céu com nuvens e uma planta ali como que intrusa e tal.
Esta foto foi tirada na rua Melo Gouveia, Alto Pina, Lisboa, porque achei um piadão ao poste estar torto e prestes a cair. Melhor ninguém se plantar lá debaixo.
Dias dum Estúdio
Ó Gina, conta lá do Pilates, pá!
Então, está-se bem, muito bem, mesmo muito bem. Sinto-me mais ou menos igual ao antigamente, sendo que o antigamente tem para aí uns quatro meses, o que significa que já não tenho as mamas boas, que se me abalou a chicha, oh céus, mas o meridiano de baixo está tipo assim, pumba, coiso. Portanto, vá.
Mais logo estou lá caída. No chão e tudo. Pois.
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
Post do adeus
Pronto, já só me falta tomar banho, espalhar creme por sobre toda a extensão da pele, passar o fio nos dentes e escová-los muito bem. Vou.
Post que tanto pode estar em construção como pertencer ao futuro
Hoje entretive-me a encher uma garrafa de litro e meio com papelinhos rasgados em muitos pedacinhos. É uma visão particular, tanto pela invulgaridade de conteúdo como pelo colorido do mesmo, há papelinhos brancos, verdes e cor-de-laranja, bem como pequenas tiras de fita-cola, cascas e caroços de maçã reineta, pontas de fio de algodão e pedacinhos de plástico vindos da cómoda minúscula onde guardo o material de escritório que uso no estaminé. Essa cómoda minúscula está a desintegrar-se, daí os pedacinhos. Tenho de pensar seriamente como vou substituir a cómoda minúscula no futuro. Tenho, tenho.
Mudar
Mudar o interior, não o mundo. É o que fazem as pessoas inteligentes. Escolhem viver.
Mudar o meu interior passaria inevitavelmente pelo não-escrever. Não se supõe a solidão que isso me traz.
Post lacrimal
Não foi chorar, aquilo que me aconteceu no lugar público, foi lágrimas atrás dos olhos, que é uma coisa diferente e afastada do copioso. Chorar copioso, não. Melhor, muito melhor, deixar escrito no blogue que sinto as lágrimas e as engulo como uma triste, do que revelar que falo sozinha enquanto caminho na rua. Enquanto chorosa, comiseração e aproximação, oh coitadinha dela. Enquanto louca, repulsa e afastamento, porra deixa-me ir embora que isto pega-se.
Post do trilho
Pois fiz, o tal trilho diferente. Tanto andei que prolonguei mais do que havia planeado, indo ainda, veja-se e aprecie-se, passar diante da árvore amarela. Olarila.
Post do almoço
Almoço: perna de frango assada e mais arroz de legumes e mais batatas fritas e mais três ou quatro golos de água.
Post mareado
Eu ontem queria ir ver o mar. Hoje também, mas há pessoas que esperam muito que eu fique aqui e este é o modo de me dar às pessoas. Insuficiente. Pois. As pessoas, mesmo aquelas que se dão aos outros e observam males piores que os seus e mais não sei o quê, esperam demasiado.
Post das pessoas
Ó Gina, tu tens de conviver com as pessoas, mulher. Pessoas? Mais pessoas? Ainda mais pessoas?! Pessoas? Pessoas, pessoas, pessoas, pessoas, pessoas, pessoas.
Pessoas.
Umas pessoas deram-se a pessoas, esquecendo-se de si, observando males piores, o que as levou a relativizar os próprios males.
Umas pessoas descobriram que a beleza da vida está nas ondas do mar e no voo dos pássaros.
Umas pessoas perceberam que as outras pessoas afinal não interessam, o que mais importa é agirem de acordo com a consciência.
Umas pessoas... Preferem teclar, outras jogar ténis.
Que tédio, pá. Sério. É que está tudo certo. Tudo. A ideia não dá uma vontade enorme de chorar? Não é um desespero? Mas afinal sou estúpida ou o quê? Porque me debato, se todos acertam?
Mais logo
Mais logo não vou ver a árvore amarela nem visitar o lugar da musa. Depois de almoçar, em vez de virar à direita, viro à esquerda e desloco-me para o outro lado da cidade. Planeio percorrer um trilho diferente à vinda para cá. Mais longo mas mais bonito e sobretudo diferente.
Adenda
Estou para aqui a pensar: os amigos imaginários morrem com o criador. Só pode ser. É como uma gestação, morre mãe, morre filho.
Segundo
Quem quer morrer comigo? Sério, morrer. Não fugir porque pressupõe regresso. Não adormecer porque provavelmente inclui o acordar. Não desviar porque contém desorientação e sair dela dá trabalho. Não desaparecer... Ah, espera lá, talvez desaparecer. Isso. Desaparecer. Hum, não, afinal não. Bom, já que tenho um amigo imaginário, que me escuta os desabafos, o mais amigo que ele podia ser era morrer comigo.
domingo, 25 de outubro de 2015
...
«Penetremos então, pois que a isso algo nos compele, no santuário dos íntimos pensamentos de Pedro Levi.»
'Olhos Verdes, Luísa Costa Gomes, página 83
'Olhos Verdes, Luísa Costa Gomes, página 83
Por curiosidade
Por curiosidade fui desencantar o primeiro vídeo que publiquei com discurso. É um em que estou dentro do meu carro, no parque de estacionamento do supermercado, digo bom dia, mostro que não estou a circular, ponho a música a tocar e trauteio a canção, tudo sem me mostrar. Bom, não vou opinar acerca, que é lá isso, pois me seria penoso. Entretanto andei a vaguear pelo meu passado imagético em matéria de vídeos e vou aqui deixar um que fiz há mais dum mês. Deixo-o por várias razões, sendo principalmente porque sim.
Por curiosidade
Por curiosidade fui contar as minhas saias. São todas de verão, ou, quando muito, de primavera, não havendo portanto nenhuma feita a pensar no inverno.
São dezoito. Sério, dezoito saias, apenas três delas não foram feitas por mim.
São dezoito. Sério, dezoito saias, apenas três delas não foram feitas por mim.
Ó pá, tão giro...
Tenho uma capicua de dias vividos em chegando a 14 de março de 2029
e se eu tenho descoberto isto ontem tinha outra nos dias vividos mas neste caso até ontem pois claro
e se tenho descoberto há dois dias então tinha uma nos dias que faltam para o meu próximo aniversário.
The birthday is Jul 11, 1968.
Today is Oct 25, 2015.
(Next birthday is after 260 days)
The person has lived for 17272 days.
(47 years 3 months and 14 days)
The person will have lived for 17300 days on Nov 22, 2015.
(47 years 4 months and 11 days)
The person will have lived for 18000 days on Oct 22, 2017.
(49 years 3 months and 11 days)
The person will have lived for 20000 days on Apr 14, 2023.
(54 years 9 months and 3 days)
The person will have lived for 22222 days on May 14, 2029.
(60 years 10 months and 3 days)
daqui...
Ó Gina
Ó Gina, o que fizeste neste intervalinho de nada?
Pintei as unhas.
De roxo. Ah ah.
Baço. Melhor pôr para aqui uns brilhantezinhos e coiso.
Pintei as unhas.
De roxo. Ah ah.
Baço. Melhor pôr para aqui uns brilhantezinhos e coiso.
Análise
Com base no tutúbas, a análise ao meu canal nos últimos 28 dias é a seguinte:
242 visualizações, portanto mais 72.86% em relação ao período anterior
420 minutos assistidos estimados, portanto mais 22.25% em relação ao período anterior
15 compartilhamentos, portanto mais 36.36% em relação ao período anterior
15 compartilhamentos, portanto mais 36.36% em relação ao período anterior
0 pessoas que gostam, portanto nem mais nem menos em relação ao período anterior
0 pessoas que não gostam, portanto nem mais nem menos em relação ao período anterior
0 vídeos em playlists, portanto nem mais nem menos em relação ao período anterior
0 inscritos, portanto nem mais nem menos em relação ao período anterior
Depois há todo um rol de gráficos que se pode consultar:
Género sexual dos assistentes, homens: 18%; e: 82%
Quais os vídeos mais vistos, Bolachas de 'Gengibre e Canela' num total de 17 visualizações e 29 minutos despendidos, mas considerando que o vídeo tem 4 minutos e 49 segundos... pumba, coiso
Como a página é descoberta, sendo por sugestão do tutúbas: 92%; sendo por estar incorporado em websites e apps externos 8.3%
Principais origens de tráfego, canais do tutúbas: 22%; pesquisa do tutúbas: 21%; vídeos sugeridos: 20%; outro: 37%
Informações demográficas, locais mais acessados: Portugal; Brasil; Reino Unido; França; Alemanha
Nota sumamente importante: este post não passa dum mero registo de factos que considero interessantes.
Adenda
Post incompleto, o anterior. A sopa fica muitíssimo mais apurada se feita diferentemente do meu habitual.
Da sola...ai perdão, da sopa
Ultimamente tenho feito a sopa diferentemente. Pergunto-me se diferentemente fica bem num textozinho onde vou falar de sopa. Respondo-me que sim. Fica. Ultimamente tenho feito a sopa diferentemente, refogo a cebola, o alho, o meio pimento, as quatro cenouras, os cem gramas de abóbora, o meio chuchu, os cinquenta gramas de raiz de aipo, a curgete, a beringela e as duas batatas. Mais ou menos por esta ordem. Depois dos três primeiros, os restantes, à vez, com um minuto de intervalo, sendo primeiro a cenoura porque é o legume mais rijo e de difícil cozedura, isto em termos de tempo. E vou mexendo entre adições. Antes de tudo duas colheres de sopa de azeite saltam para a panela, claro. O sal adiciono somente quando todos os ingredientes já dançaram na panela um bocado de tempo e suaram. Depois ficam a suar mais um bocadinho, de tampa posta na panela. Grande suadela. Quando acho que sim, uns cinco minutos depois, talvez, junto um litro e meio de água e deixo ferver não sei quanto tempo, neste passo vou por instinto, sei lá quanto tempo fica aquilo a cozer... Depois trituro e retifico o sal. Geralmente precisa de um pouco mais e ainda bem que não precisa de ter menos. Na hora de juntar o entulho sou pouco criativa, é raro ir mais longe do que espinafres ou couve coração de boi.
Está tudo bom, mas...
O crumble está bom que se farta.
As pernas de frango... Eh pá, coiso.
Sou tão melhor no açúcar...
As pernas de frango... Eh pá, coiso.
Sou tão melhor no açúcar...
E por falar em comida
E por falar em comida, eis que fiz, finalmente e também neste fim-de-semana, os pãezinhos em massa brioche que vi fazer no programa de tv do chef Raymond Blanc, no canal 24 kitchen, e que já tinha planeado fazer um dia, linque aqui. Pronto, ok, vá, não ficaram espetaculares, no entanto pareceram-me muito perto de bons pãezinhos. A confeção não foi difícil, ao usar a minha batedeira montes de espetacular seria de esperar pouca ou nenhuma dificuldade, mas o sabor está assim como que... Sei lá, não muito bom, vá, falta-lhe um toque qualquer, provavelmente algo que despoletará com a continuação de preparar estes pãezinhos.
Vamos à receita?
Vamos.
Está depois da imagem.
Pães em massa brioche
Ingredientes
500 gramas de farinha
10 gramas de fermento de padeiro
60 gramas de açúcar branco
10 gramas de sal
7 ovos
300 gramas de manteiga amolecida
Coloca-se a farinha de trigo na taça da batedeira, junta-se-lhe o fermento de padeiro, o açúcar e o sal. Aciona-se a batedeira numa velocidade lenta para misturar levemente estes ingredientes.
Deita-se os ovos e bate-se velozmente durante 5 minutos.
Passado este tempo reduz-se a velocidade da batedeira e junta-se aos poucos a manteiga amolecida e cortada em cubos. Novamente se aumenta a velocidade e se deixa a bater outros 5 minutos.
Seguidamente coloca-se a massa num recipiente alto, cobre-se com um pano e deixa-se levedar durante 1 hora.
Leva-se ao frigorífico por mais 1 hora.
É então que a massa se pode moldar em pequenos ou grandes pães, ou em forma de base de tarte. Em qualquer dos casos, pincela-se os topos ou os bordos com ovo para ficarem dourados com o calor do forno. E também bonitos. Mas ainda não é nesta fase que vai ao forno, depois de moldada e preparada a massa tem de repousar mais meia hora, coberta com o pano.
Chegada a hora de ir para o forno, onde vai estar mais ou menos 30 minutos, para saber quando é uma questão de se dar atenção à cor e também ao cheiro que emana. Julgo que quando o cheiro, seja lá do que for que tenhamos no forno, chega à sala ou então à outra ponta da casa, é porque está pronto.
Comida
O crumble está cozido. Saiu o crumble, entraram as pernas de frango. E eis a revelação dos segredos:
O plano doce era crumble de maçã. Receita aqui.
O plano salgado era, não era pernas de frango, não senhores, era lasanha de legumes. Receita aqui.
O plano doce era crumble de maçã. Receita aqui.
O plano salgado era, não era pernas de frango, não senhores, era lasanha de legumes. Receita aqui.
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