Dona Genoveva sai do prédio toda aperaltada. Chapéu de abas largas, clássico e vistoso, batom grená, bengalinha com pega dourada e lustrosa, como se a empregada lhe tivesse passado o pano mesmo agora.
Segura na porta, resoluta. Arruma-se, empertiga-se e avança, cheia de glória. 'Deve ir ao cinema com as amigas', penso eu. Esse encontro social parece ser o mais comum na sua vida, daí a minha ilação tão pronta.
Assim que a dona Genoveva inicia a marcha algo titubeante, fingindo uma segurança nas pernas que não sente, dois jovens desatam a rir, escarnecendo da senhora, pois parece-lhes uma figura patética. Não gostei... Mas pronto, são jovens, insensíveis, distantes do envelhecimento e quiçá da morte. Siga a vida, entretanto.
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