Passei ao largo mas mesmo assim a minha mala embateu num cartão publicitário que tombou levando meia dúzia de revistas de arrasto até ao chão. O moço do balcão não ficou lá muito contente com o aparato e, logo seguido de mim, dispôs-se a arrumar o tombado. Sim, iniciei a apanha antes do bicho, ajudei-o e o caraças, que eu cá sou uma querida.
Eu também não estava lá muito feliz com o sucedido, de maneiras que desculpei-me como me lembrei:
– Desculpe lá, sim? Isto é a mania das malas grandes...
Entretanto ouço atrás de mim:
– Ó Daniela, chegas hoje de férias e vê só que desastrada vens!
Era claramente uma piada dirigida a mim e não à Daniela, fosse ela quem fosse, virei-me e desbobinei num repente uma parvoíce qualquer:
– Não me chamo Daniela.
Vi um par de olhos brilhantes e um rosto sorridente e bem disposto, o que me fez ficar imediatamente arrependida da minha resposta mas já estava dada, não havia nada a fazer. O homem desculpou-se todo e tal e eu disse que não fazia mal, que deixasse isso, eu sei que era a brincar.
Sou alguém pouco dada a conversas, não gosto de aparecer nem do protagonismo, creio que vem daí este tipo de descuido que tenho nas relações - ainda que pontuais e esporádicas, ou mesmo com desconhecidos -, levando as pessoas para bem longe de mim.
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