Antes do tratamento tenho de aguardar na sala de espera. É sempre assim, não há consultório que difira disto, há invariavelmente uma sala de espera para os doentes.
Eu estava então na sala de espera aguardando, e como isto é um assunto diário, os trâmites e as ocorrências já começam a ser corriqueiros, nomeadamente ao nível do que a tv está a transmitir àquela hora. Neste caso quero falar do programa de ontem (creio que o televisor estava sintonizado na sic) às seis da tarde, que era apresentado pela Fátima Lopes. É consabido que a tv portuguesa no geral tem este horário soterrado pelos(as) velhinhos(as) e doentes acamados, logo: a sic não difere dos demais.
Expostas estas questões minudentes, debruço-me agora sobre a senhora que ontem estava a ser entrevistada mais ou menos pela hora que já referi no parágrafo anterior: Maria de Lurdes. Maria de Lurdes tem noventa e um anos e é poeta, publicou uma série de livros, sendo o primeiro por sua conta. À parte: os seguintes não consegui apanhar se aconteceram no mercado da mesma forma, tenho esperança que não, isto de a gente que gosta de escrever ter de pagar para nos lerem é triste. Continuando: a dada altura a Fátima Lopes pergunta a Maria de Lurdes de onde lhe vem aquela alegria tão esfusiante, se é a poesia que traz nela que transborda dessa maneira. Ela responde que não, diz que é genético, é o feitio dela que é assim e pronto.
Fiquei cheia de inveja, sou uma triste que escreve, sou a triste que escreve, sou triste porque escrevo, sou triste se não escrevo. Por outro lado, ainda bem que existem pessoas assim tão díspares, isso demonstra vivamente que escrever não tem mal algum, ora essa. Hum, é que eu às vezes acho que escrever me entristece e não me sinto nada bem com isso, outras vezes acho que só escrevo deleitosamente se estiver triste e sinto-me ainda pior.
Nota:
A foto foi tirada na semana passada, no dia 20 de agosto, numa altura em que todos abandonaram a sala e fiquei somente eu, ficando a aguardar post condizente até hoje.
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