Estava uma mulher à janela. Ela não me via, por isso pude observá-la sem limites. Fumava pausada e prazerosamente. Tinha no olhar uma fogosidade que chispava lá de dentro, doentia e devassa, tomando uma forma quase física de tão viva. Meneava a cabeça, os seus ombros moviam-se nervosamente, em espasmos, como se falasse com alguém imaginário.
Quedei-me deleitosamente, vendo-a terminar o cigarro, expelindo fumo, gesticulando. Curti a cena. Depois acabou o filme e voltei à minha vidinha.
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