A minha vizinha chegou da casa dos pais. Foi-lhes dar o almoço e limpar a arrumar, dispôs-se a este compromisso, dizia ela, mas que agora só lhe apetece é desaparecer.
Devia tê-la aconselhado, devia, devia mesmo, dizer-lhe que arranjasse uma ocupação qualquer, por mais estúpida que pareça.
Desenhar rosas, não gostas de desenhar rosas? Força nisso, vá.
Olha, eu cá escrevo, é estúpido, eu sei, às vezes quero morrer mas continuo a estafa de produzir textos, escrever faz-me... Desaparecer. Tenho dias em que estou tão ténue que mais pareço um holograma daqueles que aparecem em filmes antigos sobre ficção científica, quando as personagens se teletransportam.
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