O rico filho vai ter um carro novo. Quero dizer: eu vou ter um carro novo. Quero dizer: eu vou ter um carro velho. Quero dizer: eu vou ter um carro mais velho que o meu. Quero dizer: eu vou ter dois carros. Quero dizer: eu vou ter um carro que não vou sustentar nem conduzir e que é mais velho do que o meu.
Bom, adiante.
Sempre achei piada ao facto de o meu carro – o atual e por enquanto único - ter três condutores. Ai tão giro, não é. É. Pois é. É tão giro, não é. É. Agora era, note bem: era, aquela parte em que eu idealizava uma conversa entre quatro partes, os três condutores do meu carro e o meu carro. Mas não tenho imaginação para esse tipo de coisas. Não tenho imaginação para esse tipo de coisas, não é. É. Nenhuma. Pronto, ok, vá, o carro deve queixar-se um bocado, sempre com o banco para lá e para cá e os espelhos que nunca parecem bem posicionados, com os sítios apertadinhos onde o rico filho o mete, com a mania que a senhora, eu, tem, tenho, de esticar as mudanças, com o hábito que o senhor tem de não levar o pedal da embraiagem até ao fundo. Mas o meu carro vai passar a descansar um bocado mais, ai vai, vai.
Não tenho mais coisas dos três condutores do meu carro, e se eu gosto de explicar coisas. Vou mas é beber café, quiçá me cheguem. Não vou nada.
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