Eu vinha com um saco na mão, cheio de mercadoria, o que não destoa da minha vidinha comum. Um cliente, que conheço há qu' anos e não me inspira simpatia absolutamente nenhuma, olhou demoradamente para o dito saco com uma curiosidade aguçada. Como não aprecio o bicho em questão, aquilo aborreceu-me, tanto mais que o sorriso escarninho e falso que sempre ostenta é enervante. Vai daí, eu, esta alminha que por vezes gosta de atuar de chofre, olhei-o de frente e fui retirando de dentro do saco as peças uma a uma, apresentando-as com categoria, levantando-as no ar como quem expõe objetos de suma importância:
– Um litro de petróleo.
– Uma esfregona vileda.
– Meio litro de benzina.
– Dois rolos para esmalte.
– Uma esponja de pedreiro.
– O papelinho das faltas.
Eu sei, eu sei: às vezes tenho cá uma lata... As pessoas ficam sem palavras, vão dizer o quê a uma apresentação destas, né?
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