Uma cliente queria ver todos os inseticidas que há nas prateleiras deste estabelecimento. Mostrei-lhos todos, sem reservas, mas estava esbaforida cá por dentro, tinha o pensamento cheio de coisas para escrever, credo, que aflição, esta alminha não se despacha. Deixei-me de tretas e acalmei-me, pronto, já sei como é, quando a minha criatividade é interrompida, logo mais, volta. E fixei-me no trabalho. Pelo meio do atendimento, fui lembrando que em tempos parti um candeeiro desta senhora, ela havia-o deixado cá para pôr fio novo e eu, ao mudá-lo de sítio, pumba, bateu numa superfície dura e quebrou-se. Quando tive de me explicar à senhora toda eu me encolhia mas disse o que tinha a dizer, fui sincera e pronto, apenas lhe vi um esgar de tristeza e pouca irritação. Que alívio.
Hoje, ao despedir-se de mim, depois de ser esmeradamente atendida, que eu cá não sendo modesta sei que sou uma pessoa fantástica em todas as vertentes, diz ela assim:
– Ficam-lhe muito bem esses óculos.
Ora bem, daqui se depreende e comprova – pois não, não sou modesta - que a história do candeeiro vai dista... E dela não há memória.
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