A dona Isabel ia lá ao fundo, um passo ligeiro e o ar altivo de quem não se comove. Mas comove, que eu sei.
Não me apetecia falar. Lhe. Falar-lhe. Não queria falar com ninguém, a verdade era essa, e caso a alcançasse lá ia eu ter de fazer sorrisos tolos, repletos de falsidade. Não querendo sorrir, desacelerei o passo. Bom pra mim que a dona Isabel se desloca rapidamente.
Cheguei ao semáforo depois dela e coloquei-me de modo a ter uma pessoa a tapar-me. Depois mais pessoas foram chegando e todas mudaram de posição, fiquei exposta e por pouco ia sendo avistada pela dona Isabel. O sinal ficou verde para os peões e todos avançámos, tomando a dona Isabel uma direção diferente da minha. Eu sabia que ia ser assim, sei onde ela mora.
Agora encontro-me a escrever acerca da dona Isabel e de como me sinto sem vontade de conversar mas melhor seria ter-me dirigido a ela para lhe falar, afinal de contas escrever acerca das pessoas que conheço serve pra quê...?
Quando mudei de direção entrei numa loja para ver uma daquelas geringonças onde se arrumam as cápsulas de café. Mas não havia uma geringonça onde a minha cápsula coubesse. Sim, tinha uma cápsula comigo. Bom, as caixas vão ter de continuar empilhadas a fingir que são um cubo mágico.
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