Lugar da musa. O café hoje estava magnífico. Quadradinho de chocolate em vez da bolachinha. Quem dera me acalmasse as ânsias. Qual quê. Nada disso.
Há desenhos pendurados na parede. São cadernos, não folhas simples, presos por grampos, que por sua vez estão presos por fios invisíveis. Quero dizer, não são invisíveis, que eu vi-os. E esses cadernos estão refletidos sobre a mesa de vidro em forma de meia-lua. Crescente ou minguante, depende em que ponta a gente está.
Levantei-me para ver os desenhos. Reconheci a fonte da Alameda, o monumento do Areeiro, o edifício da Igreja, o Café Império, o Jardim Fernando Pessa.
Os ditos cadernos são de material e tamanhos diferentes, uns desenhos feitos a carvão outros bem coloridos, e estão expostos de modo a parecerem obras inacabadas, toscamente naturais, meros rascunhos de visões do artista, mas nunca sucedâneo. Isto é a minha conclusão.
Pus-me a ver melhor um desenho onde se vê uma perspetiva que raramente observo. A estátua do poeta Guerra Junqueiro (praça de Londres) de costas, quem desenhou estava naquele pequeno jardim mesmo no centro da praça onde raras vezes pus os pés. Ao fundo a torre alta, o telhado em bico, esconso, só por dizer que o artista esqueceu o gigantesco símbolo da cidade de Lisboa (os corvos acompanhando a caravela conduzida por Dom Afonso Henriques) uma peça das mais lindas e monumentais que já vi ornamentando a capital. O artista esqueceu, deixou o seu desenho incompleto, que pena.
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