Assisti ao fecho dum estabelecimento enorme no ramo da restauração. Eu estive lá, a ver, a observar, até às tantas.
Depois de todos os clientes tardios abalarem, os empregados, ainda fardados, fumavam cigarros com grande vontade, como que descomprimindo da extensa jorna.
O bicho. Este estava lá só porque sim. Cirandando por ali, ajudando no que fosse preciso, ou lá que é, não sei muito bem... 'Eu sou o engenheiro das obras feitas!', dizia ele, 'Quando passo pelas obras já estão todas feitas.' Este senhor bicho não consegue ter graça, mas comenta sempre alguma coisinha.
Enquanto os ainda fardados andavam por ali às voltas, arrumando mesas e compondo-as com louças e talheres muito limpos, mandavam-se calar e mandavam-se á merda mutuamente, pressionados pelo cansaço e vontade de ir embora dali.
A mulher que lava a louça esperava que lha levassem e enquanto isso descansava, sentada, anunciando no sotaque brasuca 'estou querendo ir embora, arruma logo essa porra aí!'.
Um deles, o que tinha bigode, apagou o televisor e um pequeno candeeiro ao meu lado. Sorriu-me, a desculpar-se. Sorri eu também.
Um outro saiu de mansinho, sussurrando que amanhã também é dia de galo. Achei um piadão a este, tanto que me ri sozinha.
Depois, um deles, minorca, veio acender-me outro televisor, fazendo zapping até que se encontrasse algo que me agradasse, escolhi ficar a ver um concurso culinário no canal sic mulher.
Adenda:
Este post tem lugar no blogue por causa da verdadeira loucura que pode ser a minha vida pela vertente profissional. Estive ali até à uma e tal da manhã esperando o meu colega que trabalhava soldando grandes rodas numas enormes mesas de bufete. Além de ver tv, bebi um licor muito bom, li um livro, rabisquei uma vez ou outra, intercalada, pausada e prazerosamente. E mais não digo.
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