O professor de Pilates agacha-se ao meu lado e murmura:
Onde é que sente os seus pés mais apoiados agora?
Não percebo nada e olho-o fixamente, à espera de mais informação. Ele repete a pergunta de outra forma:
Em que parte do pé lhe parece que está mais apoiada?
Com um ar atarantado, creio, finalmente respondo:
Não sei.
Noto que por minha causa a aula está suspensa e sinto-me culpada e esquisita. Ele, no mesmo tom de voz, que mistura ironia com impaciência, e portanto uma anula a outra, diz assim:
Queremos ter os pés apoiados por completo no chão, não é? Então, repare: tem a parte de fora da sola do pé mais apoiada que a de dentro. E não é isso que nós queremos, pois não...?
Corrijo rapidamente os pés e dá-me uma vontade imensa de rir. Contenho-me. Volto a sentir-me culpada e esquisita, tenho vontade de sair dali a correr, sinto uma vontade imensa de chorar. Contenho-me.
As aulas de grupo podem ser um suplício em três frentes. Puxar pelo físico até à exaustão; querer rir e não poder; querer chorar e não dever.
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