Uma, envolvia o cartão de eleitor, a parte plástica apresentava tinta da impressão, tinha lá ficado agarrada possivelmente devido ao calor. Fiquei receosa que se conseguisse ler os meus dados, aí seria descoberta. Não. Cortei-a aos pedacinhos e deitei-a no lixo.
Duas, era onde guardava o bê-i. Tentei colocar a máquina fotográfica lá dentro (entretanto já preciso de uma nova camisola para a minha máquina), caber, coube, só por dizer que em ocasiões em que preciso de rapidez em a desembrulhar por ver uma cena muito gira para fotografar e mais não sei o quê... Não haveria rapidez suficiente. Não verdade não haveria rapidez nenhuma. Desisti. Pus um papel lá dentro a dizer: 'serve pra pouco'.
Três, era onde punha toda a papelada que é necessária à minha vidinha. A vida pode ser de papel. Que giro, nunca tinha pensado nisso, mas pode. Aí guardava extratos do tpa, recibos de supermercado, talões de desconto, cartões de débito, crédito e de cliente, cartões pessoais (nif e beneficiário), bilhetes de Metro, lápis, caneta, bloquinho rudimentar e lenços de papel. Dentro desta bolsa pus o livro que terminei de ler há dias: 'O Declive' de Madalena Caixeiro.
Esta conversa toda é para dizer que despachei as três bolsas e que a minha vida de papel mudou de lugar e até de tática – tenho uma carteia nova, e é isso mesmo: uma carteira, não uma bolsa. Com a eliminação das três bolsas, o lápis, a caneta, o bloquinho rudimentar e os lenços de papel foram apartados do restante recheio, isto por serem demasiado compridos ou grossos para caberem lá dentro. Pu-los, então, na bolsa de fora da mala de tiracolo, para estar à mão e junto do coração. No início fez-me montes de confusão não poder juntar logo o que mais amo e preciso, que são os instrumentos para escrever as coisinhas que registo diariamente, excetuando os lenços, que com isso pude eu bem, mas dizia eu, fez-me confusão, levei um ror de tempo a habituar-me a esta nova fase da minha vida.
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