Há quase seis anos atrás um leitor deixou um poema da sua autoria na minha caixa de comentários, o qual nunca percebi se tinha sido criado no momento do comentário, ou o fora buscar aos seus arquivos por acreditar ter que ver com o que eu escrevera nesse post. Este leitor, fruto do acaso e vez única no blogue, foi muito especial para mim, dias mais tarde enviou-me os seus livros, dedicados e autografados. Sinceramente, sem desprimorar de todo os restantes leitores que já passaram pelos meus blogues, creio que nunca me aconteceu algo tão bonito e insólito. Os livros que ele me enviou repousam na minha estante, à espera de serem lidos, iniciei a leitura de apenas um ('Pad' Zé, O Cavaleiro da Utopia', ver aqui um post a propósito, e o escritor tem por nome João Mendes Rosa), leitura que ainda não concluí.
João disse...
«... E eu sou isto...»
Nem a mais leve sombra de serenidade
Repousa ou perpassará em mim.
Eu sou o desassossego,
O alvoroço, a inquietação constante
O vento que mal sopra e arrasou…
A explosão fátua e fulminante.
Jamais pensei em ti tranquilamente,
Faço da imagem frágil, do quadro terminado,
O ímpeto vigoroso, o desejo incendiado…
Do regato tímido, crio a onda incandescente!
Por isso vou por aí fora cada madrugada,
Desafiar a tirania do relógio,
Das leis e preceitos e decretos
Que o tempo impôs ao espaço.
E vou bebendo uma a uma,
As gotículas das lágrimas marejadas
Que parecem propender dos choupos
E das bétulas e acácias,
Mas sei (e ambos sabemos também!)
Que foram choradas ontem por ti.
Recusa pois o mundo e vem comigo
Afastar o vulgar e mesquinho anseio
De ser feliz.
Eu só quero pensar em ti…
E mesmo sem estar nesse leito oloroso,
Quero ficar hoje ao teu lado.
Não sentes, amor, que não existe tempo, nem espaço
Para a sensação do meu abraço?
28,/2/2009
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