Gina, a mulher que tem um blogue

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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Abstrato

Sinto que devo escrever. Tenho de escrever. Como se escrever fosse muito importante. Bah. Que grande porra. A minha vida é um tumulto inenarrável.
4334. Este é um post de capicua, ah ah. Não deixei passar. Olha eu a importar-me com os números também, ah ah.
Toca na Radio a canção de amor mais triste que conheço. O vídeo vai estar lá para baixo, logo à noite tratarei de o pesquisar. Mas acerca da melodia: acho uma incongruência que uns acordes tão gementes emoldurem um amor feliz como o demonstrado no vídeo.
No parágrafo anterior devia ter escrito aberrante em vez de incongruência porque estava a falar de música e música tem a ver com berros. Por outro lado, e porque sim, gosto que se saiba que sou conhecedora da palavra incongruência. Incongruente. Incongruentemente. |Descoberto a posteriori: incongruidade; incôngruo.|
Eufélia tem uma amiga com quem se encontra todos os dias, bebem café e conversam durante horas. Só por dizer que a amiga não faz tanto caso da amizade assim, primeiro vai à praça aviar-se de fruta e legumes, só depois vem ter com a pobre Eufélia, que a espera desesperando. Eufélia, a entontecida; barra; expectante senhora, decide saber notícias e clica no número da amiga. «Está lá? Ó Maria, atão quando é que chegas?» A Maria responde que está a chegar, primeiro foi à praça. Qual notícias, qual quê, não tinha eu já referido que ela tinha ido primeiro à praça?!
Gislena anda na loja grande a mirar as prateleiras com roupa. Passo por ela e sussurro-lhe que compre pois lhe ficará bem de certezinha. Ela discorda, anda só a ver saias com bolsos, que lhe dão jeito para trabalhar durante o verão, para lá pôr o telemóvel e as chaves do carro, mas são todas muito curtas... E remata com um conselho pra mim: eu que veja a roupa e compre, que posso usar de tudo, sou nova. Eu, nova, ah ah. E ademais, usar de tudo, ah ah.
no chão da rua estava uma fita desenhando um coração pensei tirar uma foto mas entretanto desviei o pensamento daí e quando voltei a pensar no chão e na fita e no coração este tinha-se desfeito e não estou a pontuar este parágrafo propositadamente
O cliente entra e quer espuma para a cabeça, aqui não há a marca que pretende. Ah ah, espuma para a cabeça é champô, ah ah. O cliente entra e quer fita para a janela, eu: tome lá, ele: tome lá. A cliente entra e fica a olhar seriamente na minha direção durante quatro ou cinco segundos e finalmente realiza para consigo que esqueceu algo importante e vocaliza baixinho 'ai porra que me esqueci o que vinha buscar'. Espeta o indicador na testa e com esse gesto lembra o que quer: brocas, parafusos e buchas. O cliente entra e não diz coisa nenhuma e põe-se a olhar e a olhar toda a volta do estaminé, concluo rapidamente que é forasteiro. Por fim balbucia um inglês pior que o meu e eu que sou muito boa nisto de entender forasteiros que falem inglês pior que eu, entendo que ele quer uma ficha adaptadora de pernes estrangeiros para pernes portugueses. Quando chega a ocasião dos números queixa-se do preço e eu aproveito para fingir que não entendo quem balbucia um inglês pior que o meu.
No parágrafo anterior, onde está 'indicador', antes esteve 'indicar dor'. Escrevo erradamente. Sucessivamente. Já me lembrei montes de vezes de um dia fazer um post destes assim, longos e isso, onde não me corrigiria, onde apareceriam, além dos erros ortográficos e/ou de digitação, todas as interrupções que a minha escrita sofre ao longo do dia. Mas, há sempre um 'mas' e este é do caraças, aí é que não se entenderia o que escrevo.
O bolo de fim-de-semana vai ser de tangerina e não penso mais nisso. Tenho natas a terminar o prazo de validade, tenho tangerinas que me deu a vizinha Gislena, tenho ainda o que já deixei escrito na semana passada: nozes e abóbora cristalizada, e conto ainda não esquecer de usar um pacotinho duma mistura própria para fazer crescer imensamente os bolos e deixá-los bem fofinhos. Afazer.
Sonhei que comia mirtilos. Um gosto ácido na língua, uma espertina em todos os sentidos e a boca dum azul-cobalto lá por dentro, o suco escorrendo garganta abaixo, eu elanguescendo de prazer... ... Não sonhei nada, não foi assim. No sonho estava no corredor do supermercado, de roda da banca de frutos do bosque, escolhendo a caixa que tivesse os mirtilos mais sãos. Apenas isto. Impera comprar mirtilos, mas só para a semana.
Fui ao jardim outra vez. Antes tinha pensado: hum, está sol, sempre quero ver como estão as árvores e suas florinhas claras com veios avermelhados, se brilham ao sol, se há pingos de humidade nos ramos. Isto porque ontem estava de chuva, se bem que a chuva não se note nas fotos que publiquei no blogue. Mas entretanto toca de o sol se esconder, então: para tirar fotos hoje e fazer comparações com as de ontem e mais isto e mais aquilo ia dar em nada porque o sol estando encoberto, em matéria de imagens fotográficas, é muito semelhante à chuva. Sentei-me num dos bancos, o que aqui difere em muito do dia de ontem, aquela chuva toda encharcara os bancos... Pus-me a ver a paisagem, vivalmas passeavam, vivalmas e cães, contrariamente ao dia de ontem.
Ah ah, descobri que posso escrever o riso, ah ah. Ah ah, estou doente, ah ah.
Sinto-me impelida a falar do lugar da musa. Infelizmente não encontro ponta de interesse. Nem eu encontro interesse, hoje, tudo que lá vivi foi sensaborão.
O Tiago, que não é Tiago, tem fuçasbuque e de vez em quando apresenta umas coisas, noutro dia era uma selfie tirada num quarto andar com vista sobre a minha rua. E eu pra ele: olha a minha rua. E ele pra mim: a tua rua vista da minha janela. E eu pra ele: :):):) E ele clicou no 'gosto'. E depois calámo-nos.
O Miguel, que é Miguel, não tem paciência para o fuçasbuque, diz que aquilo é uma nojeira e uma patetice de tamanhão, as pessoas publicam quando acordam e/ou quando têm um dói-dói. Verdade. A relação presencial é similar. As pessoas dizem a que horas acordam e/ou quando têm dores. Ah ah, estou doente, ah ah. Um exemplo das comuns queixas: de manhã a dona Lurdes cumprimentou a Elisabete Maria, a esotérica, e vai daí, assim que esta pergunta 'como vai?' logo aquela desbobina 'cá vou com muitas dores mas vou empurrando e enquanto puder empurrar está tudo bem'.
O Miguel, que não é Miguel, disse que naquela hora aborrecida não era pra mim que estava a falar, que estava bruto mas não era nada comigo. Ok 'migo, deixa lá isso. O Miguel é gente boa, só por dizer que se impacienta com pouca coisa e com toda a gente, mais ou menos como eu, vá, mas em macho.
Há um arco-íris no céu, lá à frente, por cima dos prédios altos.
O dia findará não tarda. Tenho de arranjar uma saída airosa para este post compactado. Saída airosa é que não devia ser porquanto é termo que me cheira a chavão. Gina Maria, escreve tão lindinho quanto conseguires. Melhor: escreve ainda mais lindinho que isso.
Hum.
Como anunciado lá em cima, deixo vídeo amoroso que se farta e melodia condoída por demais, uma incongruência, portanto. Espera lá: às tantas o puto morreu e ela agora canta pra ele a recordar os momentos bons... Será?!


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