Aqui há uns dias, mais concretamente no dia um de janeiro, portanto um dia feriado, o Luís ia para sair e não conseguiu abrir a porta de casa. Gerou-se uma grande expetativa por parte dos consortes, bem como da cadela que aguardava ansiosamente o seu passeio matinal. Creio que a expetativa seria maior se a gente não presenciasse estes percalços na vida dos outros devido a trabalhar no ramo das fechaduras, o que mais nos acontece é aparecerem clientes no estaminé cheios de horror porque não conseguem entrar em casa devido a uma súbita avaria da fechadura. Ou sair. Pois. E o Luís ia fuçando, tentando abrir a porta com o seu engenho habitual, enquanto exclamava lá para com ele, 'mau...'; 'mau...'; 'mau...' Por fim conseguiu abrir a porta, mal seria se assim não fosse, o homem sabe o que faz, né? Depois de passear a cadela desmontou a fechadura, abriu-a e diagnosticou que a avaria se encontrava apenas por dentro, por fora mantinha-se boa. Depois foi assim:
Querida, amanhã tens de fazer uma chave nova, a ver se a coisa vai, ou então mudamos o interior da fechadura e pronto, vê lá tu o que queres que se faça.
A bola foi-me passada, portanto.
Fez-se um recadinho que se colou na fechadura, fi-lo e colei-o eu, onde se advertia os consortes a não fechar a porta à chave por dentro, para entretanto não ficarmos trancados em casa e mais não sei o quê.
E então o que acontece?
Acontece que passaram quinze dias e está tudo na mesma. Eu não fiz uma chave a ver se a coisa vai. Eu não fui à prateleira buscar um jogo de gorges para se substituir o interior da minha fechadura. E nenhum de nós voltou a fechar a porta à chave por dentro. O que. Não quer. Dizer. Que. Alguma vez isso aconteça. Lá em casa. A pontuação excessiva é a ver se não se percebe que lá em casa. Pronto. Coiso. Já agora acrescento esta pertinência, que é indubitavelmente um paradigma de muitos lares: na casa do ferreiro o espeto é de pau.
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