Fui a um armazém desses aí onde às vezes vou. O senhor de lá cumprimentou-me e perguntou pelo paizinho*. O paizinho está bom, obrigada. O paizinho vai andando, obrigada. Às vezes, quando tenho confiança com a pessoa, respondo que o meu pai está no Alentejo, porque a realidade é essa. Se é inverno, as pessoas ficam a olhar para mim, tentando descodificar aquela informação, se é verão, o mais certo é vir de lá a pergunta: 'ah, foi de férias?'
Bom, andando.
Queria também falar do olho vesgo do senhor de lá. Mas porque raio olho para o olho vesgo da pessoa que é vesga? Porque não me concentro no olho que está a olhar pra mim enquanto falamos?
Quando saí ia esbarrando com a dona Lurdes. Moras aqui, perguntou ela. Eu podia ter-lhe perguntado o mesmo, só por dizer que sei que ela mora a uma dúzia de quarteirões dali.
*O paizinho em questão é o meu sogro, as pessoas confundem-se há vinte e um anos. Não há qualquer ofensa nessa confusão, eu é que gosto de dizer piadas. E de as escrever.
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