Se eu disser que o cliente me convidou gentilmente a entrar na sua sala e a sentar-me
Se eu disser que estive sentada num sofá a ver o entardecer de Lisboa, cimos de prédios; antenas obsoletas; céu desafogado; lusco-fusco
Se eu disser que a sala era minimalista mas mesmo assim havia livros
Se eu disser que a televisão estava ligada num daqueles canais de notícias incessantes, ou rotativas, ou giratórias, ou cíclicas
Se eu disser que a dona da casa estava ao telefone e falou com o filho, a nora e os três netos
Se eu disser que o meu desejo premente era levantar-me e observar o entardecer à janela e folhear os livros
Se eu disser que anotei os meus rabiscos para não ir atrás do desejo
Se eu disser que a senhora se levantou e continuando a falar me acendeu a luz para eu escrever o que queria, que a luz lá de fora já ia escasseando
Se eu disser que as longas conversas – para mim unilaterais - terminaram
Se eu disser que a senhora foi buscar uma moldura onde está exposta uma fotografia com os três netos e ma mostrou com um orgulho desmedido
Se eu disser que depois falámos as duas…
Ela de itens da vida escolar dos netos
Eu de como recordo a empolgação de todos os dias haver uma novidade para aprender e do fascínio imenso de saber ler
Sem comentários:
Enviar um comentário