… Uma mulher jovem gritava repetidamente:
– Larga a Francisca! Larga a Francisca! Larga a Francisca!
Berrava e esbracejava com vigor para um público que garantidamente não a queria ouvir, nem sequer deter-se para a observar e/ou ajudar.
É claro que a cena me escandalizou e comoveu, em simultâneo. Os loucos segredam-me coisas sem o saber, ou talvez me espicacem. A loucura está muitas vezes iminente na minha vida e no meu pensar, e tudo o que demonstre como posso vir a ser ou a estar, me arrepia o corpo todo. Então engulo a demência, ou adormeço-a, não sei.
Não posso enlouquecer, não para já, depois ninguém me aguentará as loucuras; ninguém quer estar com os loucos. Bastou-me ver o comportamento dos transeuntes para com aquela mulher, inclusive o meu comportamento...
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