Vi o homem da radio, ia ao banco. Levava o semblante sério e pensativo, diferindo em muito da voz que se ouve. Cruzei-me mesmo com ele, ombro com ombro. Não tive coragem de o interpelar:
ai gosto muito de o ouvir,
ai você e a sua equipa são tão engraçados,
mas que bem-dispostos,
e toda a classe de banalidades e lugares-comuns que se costuma dizer nessas ocasiões.
Eu perdi a oportunidade de falar com uma figura pública. Ele perdeu a oportunidade de falar com uma desconhecida. Considero esta última oportunidade deveras especial, um(a) desconhecido(a) – bem ou mal - é sempre surpreendente.
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