Tinha um tio que já morreu. Tinha uma tia que já morreu. São passado, portanto. E portanto posso falar deles à vontade e expor a sua vidinha (menos) exemplar (do que a eles próprios parecia).
Tinham uma vivenda de dois andares na alta saloiada, longe de tudo, longe de todos, mas muito bem composta, cheia de quartos e saletas, uma cozinha enorme e uma garagem. A cozinha fazia paredes-meias com a garagem, e dentro desta havia um wc. No primeiro andar havia também um wc. Os tios nunca se aliviavam no andar de cima, nem de madrugada nem sobre a manhã, alegando que depois os dejetos ficavam a boiar dentro dos canos, a meio da parede.
Não é o máximo?!
Não, não é o máximo. É uma merda, no sentido literal.
O que acontece é que eu ouço os meus vizinhos de cima aliviando-se, lembro-me dos meus desaparecidos tios e fico a pensar no boiar de dejetos entre um andar e outro...
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