:::: Bom, para começar revelo que vou efetivamente continuar a escrever sm publicar e que, como tinha planeado e apontado neste documento, esta semana intitulo os posts segundo a regra que já institui neste primeiro, é que assim as semanas ficam diferenciadas.
:::: No sábado apontei umas coisitas no bloquinho rudimentar, estava num restaurante em Vila Nova de Mil Fontes e rabisquei o seguinte:
. O que leva as pessoas a virem as estas coisas, se há tanto sofrimento.
. Ataques: dois. Um no wc dos Pastéis de Belém, outro sobre a Ponte 25 de Abril.
. Paisagens lindas, e eu que agora não me lembro de mais coisas... Estas primeiras impressões estão a ser debitadas em Vila Nova de Mil Fontes, às 14:06.
Fiz uma viagem enorme neste fim-de-semana, Alentejo do meu coração, vi-o uma vez mais, do alto da minha mota, visitei os meus pais nesse mesmo Alentejo, naquele coração seco, mas lindo, árido, mas belo, e que por ora se encontra verde. O meu pai no sábado fazia anos (83) e ontem à noite houve um jantar especial pelo aniversário da minha sogra (85). Foi um fim-de-semana preenchido.
:::: Ainda bem que hoje vai dar para dar o passeio habitual do intervalo grande.
:::: Tempo para escrever, durante esta manhã, montes e montes de momentos e sentimentos e coisas parvas me ocuparam a cabeça durante os últimos dois dias, nada de relevante agora se me aparece para escrever. Também pode ser uma questão de momento, quiçá daqui a nada a musa chegue ao estaminé.
:::: Olha, estou aqui a lembrar-me agora: hoje cosi o botão das minhas calças com linha amarela, fui interrompida mais ou menos como da outra vez, linha amarela pendendo do cós das calças e tudo. Mas foi o outro botão, o de cima, agora existem dois botões nas minhas calças cosidos com linha amarela.
:::: Quantas vezes já escrevi linha amarela hoje. Quantas vezes há amarelo na minha vida. Árvore amarela.
:::: Ando a convencer-me a criar um novo blogue sem avisar ninguém. Ninguém. Assim, as poucas pessoas que sabem que escrevo coisas num blogue, esquecerão. Esquecê-lo-ão. Esquecer-me-ão. Lembrei-me de chamar 'não percebo nada' ao novo blogue, que criarei com a chegada da primavera, isto se houver coragem. Não percebo nada, porque eu não percebo nada; não percebo nada, porque ninguém percebe nada. Alcunha...: Nada. Pois.
Sim, preciso de coragem para manter o novo blogue sem ninguém. Não revelar o meu nome e manter em segredo os lugares onde me movo é-me dificílimo. Às tantas nem conseguirei concluir esta ideia... O primeiro passo para consegui-la na perfeição era não me pôr para aqui a revelá-la. Tenho de esconder este blogue antes de publicar todos os posts que tenho em rascunho. E se alguém descobre esta merda, digo este documento no pc do estaminé, onde primariamente rabisco as cenas parvas do costume... Não perceberá nada, claro, ora essa.
:::: Então e que tal contar como foi o passeio de mota. Eh pá, pronto, foi fixe e foi chato. Mais ou menos como são todos. Não sei conversar com ninguém, ninguém sabe conversar comigo. Assumo apenas cinquenta por cento da culpa, eu não sei conversar, os outros também não, logo: coiso. Não percebemos nada. Quando digo conversar, digo conversar, não digo falar. De falar toda a gente é capaz.
Um senhor, ontem de manhã, em Beja, ao despedir-se de mim desejou-me um feliz Dia da Mulher. Gostei da lembrança dele. Só mesmo pela lembrança, é que eu nem me lembrava disso. Acho importante comemorar-se o Dia da Mulher no sentido de homenagear as que sofreram imenso com as diferenças sociais, culturais, as que lutaram para que eu hoje pudesse estudar e votar. Acho também importante que se continue a lutar pela igualdade de direitos no trabalho. Não acho nada bem que se promova um certo tipo de igualdades, que não são igualdades nem são nada. Homens e mulheres jamais serão iguais.
:::: Comi uma maçã. Comi meia maçã, na verdade, que a metade de cima estava a apodrecer e por isso farinhenta. Fui buscar outra, descasquei-a, pareceu-me boa, cortei-a na horizontal, estava assim meio a começar com o mal da anterior, e eis que fui interrompida para atender dois clientes de seguida, os malandros não me deixaram comer, depois então, quando pude, comi. Estava boa, a segunda maçã, ácida e isso assim.
:::: O dia hoje não está por aí além de bom. Há cinco anos atrás o dia estava péssimo, portanto: pior. Nove de março de dois mil e dez. O horror. Ia matar-me lá em baixo no armazém. Com uma corda presa naquele lixo que são os tubos de água que esperam o milagre de um dia serem aplicados numa obra qualquer. Assim, seriam. E também amarrada ao meu pescoço, essa corda. Ou então cortava os pulsos com o canivete que anda lá os rebolões e que serve normalmente para cortar mangueira.
Isto do suicídio tem muito que se lhe diga. Por um lado, o lado daqueles que nunca viveram experiências deste tipo, é demasiado mimo na cabeça dessas fracas pessoas ou vulgares chamadas de atenção sobre si próprio. Não discordo totalmente mas também não desenvolvo as minhas razões, que não me apetece, reforço apenas que quem não sabe a aflição que é viver, quão doentio pode ser simplesmente existir, não sabe nada da vida, por isso é mais feliz, a felicidade sempre andou de mãos dadas com a ignorância e com os espíritos tolos.
Nesse dia, por volta da uma e meia da tarde, passei na rua mais silenciosa de Lisboa e o alarme de um carro disparou ruidosamente. Já não me lembro lá muito bem mas acho que foi por eu tirar uma foto qualquer, acho que o clique da máquina acionou o alarme do carro. Com o susto dei um salto enorme e fiquei trémula e atrapalhada com essa ocorrência. Estava muitíssimo nervosa com outras coisas e aquilo alimentou imensamente os meus nervos. Coisas de quem sabe como é, de quem já passou por isso. Então faz algum mal o alarme de um carro disparar e fazer banzé. Claro que não. Mas isto quem está doente é assim, e eu estava.
:::: Cliente. Não 'miga, tem seis furinhos, não é lisa, são seis, não são quatro. Seis furinhos, dois deles são quase impercetíveis. São seis. Não 'miga esse bocadinho não é liso, não senhora, contém dois furinhos quase impercetíveis, assim pouco profundos, e quatro que se veem muito bem. Não 'miga, são seis.
::: Três minutos para a uma. Vou almoçar. Isso de escrever neste parâmetro que já dura há uma semana, faz com que efetivamente publique as coisinhas parvas que escrevo no próprio dia. Ca girro...
:::: Escrito à mesa de almoço, enquanto esperava o prato de comida:
esccrever parvoíces, mimimi,
escrever o que quero, mimimi
escrever o que me apetece, mimimi
árvore amarela, mimimi
banco de jardim, mimimi
velho sentado no banco, mimimi
senhores do almoço, mimimi
senhores das letras, mimimi
olha aqui uma coisa, mimimi
queria escrever do fim-de-semana, mimimi
queria escrevê-lo como o pensei, mimimi
árvore amarela, mimimi
garfo na mesa, mimimi
borrego – duas meias-doses, mimimi
:::: Depois de deixares as notas em cima da mesa segui-te os passos. Subiste a avenida chorando. Subiste mais uma avenida. Choravas. Quando atravessaste a praça uma menina atrasadinha olhou-te avidamente. A senhora do banco mandou-te rubricar com uma frase invulgar: assinai, senhora. No lugar da musa uma mulher olhou-te avidamente, enquanto todas as outras te ignoraram. Olhaste a árvore amarela avidamente*. Olhaste as vinte e seis árvores com menos avidez que aquelas. A árvore amarela não tem folhas novas, as outras vinte e seis, algumas têm. Não quiseste pôr-te a decorar quais têm e quais não têm. Não paraste para apontar esses factos. No muro de pedra estava sentado um senhor, não te sentaste tu. Notaste nesse momento que o muro por agora se encontra ao sol, e que por sinal quando é verão, não, está totalmente à sombra. Mais à frente, no banco de pedra que diz hater e violeta, de um lado e de outro, estava eles sentados. Era para ti, o banco. Que ruínzes. Sentaste-te então num banco de jardim onde raramente o fizeste. Puseste-te a olhar ao redor, para perceber as diferenças. Mesmo assim as árvores da praça estão nuas, o céu azul, as torres da igreja de pé.
:::: *Vendi cera amarela pelo meio de escrever o item anterior. Parei exatamente na... árvore amarela. A cor amarela hoje persegue-me. Às vezes parece que a vida está toda emaranhada num só assunto de onde não se sai nem por nada, neste caso não saio da cor amarela.
:::: Que tal debitar já hoje o que aconteceu faz amanhã cinco anos. É melhor.
:::: Não houve foi tempo para escrever o item anterior. Fica para amanhã, ou então não.
:::: Quatro e trinta e um. Daqui a nada saio para ir à senhora doutora dos olhos. Saio muito antes do suposto, que antes vou passear por aí. Vamos a ver o que ela me diz dos olhos, lentes novas, armação nova por conta das lentes novas não suportarem a armação dos óculos que já tenho, que é estreita.
:::: Até amanhã.
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