De manhã vim de transporte público. Chovia. Quando entrei na camioneta enfiei inadvertidamente o meu chapéu-de-chuva no chapéu-de-chuva do motorista, que o tinha ali ao pé. O bicho zangou-se, que eu bem vi, lá dentro da cabeça dele, claro, fez para ali uma cara de mau... Marimbei, paguei e segui. Sentei-me. Apoiei o chapéu-de-chuva no banco da frente. Logo se senta uma jovem que se encosta ao cabo do mesmo e se desencosta como se tivesse tocado numa placa a escaldar. Olhou para o lado, não para trás, para mim, antes para o lado, mas como querendo olhar para mim e mostrar-me a ruindade no seu esplendor. Foi assim, foi, que eu bem vi, zangou-se comigo dentro da cabeça dela, por causa do meu chapéu-de-chuva.
Apontamento necessário:
Quando escrevo tenho de saber o que está dentro da cabeça da outra gente.
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