Expressão

Na padaria/cafetaria onde eu estava ontem, a dada altura chegou uma senhora que conheço relativamente bem e que não encontrava há muito tempo. Passou por mim sem me ver, portanto obviamente esperei que ela fosse aviada - queria pãozinho - quando se virasse para sair, eu atuaria. Quando o momento chegou olhei-a de frente com a ideia exata de lhe falar e, caso a memória lhe falhasse e não se lembrasse de mim, cheia de bons modos lhe diria quem sou. Mas não foi isso o que aconteceu, aconteceu que ela passou por mim e empertigou-se porque deu de caras com um olhar fixo que considerou assustador, fez um estalido com a língua, o que denunciava indignação, e murmurou:

Credo, nossa senhora de fátima, parecem uns montros a olhar para as pessoas.

Esta reação magoou-me mais do que queria. Hum, ok, vá, a senhora não me vê há meses e meses, a senhora é idosa, portanto pode estar debaixo da demência própria da idade e pode haver ainda todo um rol de desculpas. Eu não sou sempre simpática, não estou sempre a rir, tudo bem, além disto, considero vital que se pense como se quer e se tenha as opiniões que se entende. Não é por aí. Magoou-me porque as minhas intenções eram as melhores. As melhores. E os meus olhos não revelavam isso. Essa diferença é a questão deste post.