preciso de _______ para viver
preciso de viver para _______
Do quarto dia (segunda-feira)
Sei como vou preparar o post deste fim-de-semana prolongado, contudo no momento seguinte talvez mude tudo.
Do terceiro dia (domingo)
Vi centenas de campos de papoilas e centenas de campos de flores lilases (desconheço o nome) e centenas de campos de flores amarelas (desconheço o nome), o que perfaz um total de uns quantos milhares de papoilas e das outras flores de que desconheço o nome. Quiçá sejam milhões. Há no entanto flores em lilás e em amarelo, mas de outro feitio, e há também em cor-de-rosa e em branco, mas nomes de umas e de outras, não sei. Aquelas brancas de caule fininho, que abre muitos braços dando azo a pétalas pequeninas. E imensas. Essas fazem-me lembrar um cogumelo, tipo assim com aquela espécie de copa que o cogumelo tem, mas em achatado, como que um planalto, vá, e de caule fininho, se comparado... Mal comparado, quero eu dizer... Pois, não tem nada a ver. Esqueçamos o cogumelo então, e eu fico de colher flores dessas nos campos da minha cidade num dia vindouro e tirar fotos logo a seguir. Passei por elas todas, as flores, sempre ficando com vontade de parar no meio da estrada e correr para me rebolar e arrasar o jardim natural. Mas não. Vi também centenas de outras coisas mas decerto não conseguirei falar/escrever acerca de todas elas.
Do terceiro dia (domingo)
Fui a Estremoz, quem diria, nunca pensei, foi casual. Chovia. Ah ah. Da outra vez também, só por dizer que ininterruptamente, e no terceiro dia (domingo) não. Em vez de jantar lá em cima, no castelo, ao pé da rainha do milagre das rosas, como da outra vez, almocei cá em baixo – migas com entrecosto frito. Muito bom. Olha só o gostinho a banha com que as migas foram preparadas, então e o entrecosto temperado à alentejana, que bem sabia.
Do primeiro dia (sexta-feira)
Não curti a viagem. Mas curti algumas cenas. Foi tanto assim que à tardinha fiz um pequeno vídeo que ainda não ouvi nem tampouco passei para o computador, isto por conta de o pc portátil não ler vídeos da máquina fotográfica montes de espetacular. A máquina fotográfica é montes de espetacular, o pc é que não. Ao tempo que não dizia/escrevia 'a máquina fotográfica montes de espetacular', pá. Pois é. Olha, pensando bem, vou ali ouvir o que disse no vídeo e já cá venho.
Do segundo dia (sábado)
Cáceres, Espanha, a terra dos candados a prueba de corrosion e de outras coisas que agora (também) não vêm ao caso. Eu bem disse que ia deixar as chaves da cliente do imbróglio e a ventosa e o pacote vazio de lenços em Cáceres. Tirei fotos e tudo, não sem antes andar à coca de um lugar especial e quês. Acabei por escolher um arbusto baixo e aparado, tão direitinho, e foi ali que cerimoniosamente deitei os meus pertences. Cliquei com o intuito de guardar memória para a posteridade, memória essa não só literária mas também imagética. Cáceres é bonito, a parte histórica e isso assim, tem uma praça grande e desafogada. É muito bonita. É tão bonita. E por aqui me fico, que eu cá a descrever lugares imensos não sou lá muito boa. Almocei por lá mas não almocei grande coisa, mandei vir uma tapa com um nome que já não me lembro mas lembro-me que o menu dizia huevo e também dizia molho de trufas e mais não sei o quê. Ora acontece que o huevo trazia a gema crua, descobri eu depois de estropiar a massa que o envolvia, vai daí, eu que não acho lá muita piada aos ovos que apresentem ranhoca, desgostei daquilo. Pronto, seja lá como for a entrada era muito boa: sardinhas enlatadas e pimentos verdes aos quadradinhos e cebola picada, temperados com azeite e vinagre e acompanhados de tostas. Muito bom, quem inventou tal junção merece palmas. E acerca do pacote de lenços: melhor não o deixar ao pé das outras coisas, que aquilo a bem dizer era lixo, portanto pu-lo num contentor. Esta história acabou, não creio que haja mais notícias acerca de tão interessante e empolgante temática.
Do quarto dia (segunda-feira)
Já ouvi o que disse no vídeo, presumo que vou publicá-lo abaixo deste texto. Repito: presumo.
Do terceiro dia (domingo)
Passei por uma tabuleta que dizia 'Póvoa e Meada'. Mesmo assim, tal e qual. Achei um piadão àquilo pela raridade de existir um elemento de ligação (e) em nomes de localidades, tanto que estou a registar para um dia revisitar: fica na EN 246, para aí ao km 15.
Do primeiro dia (sexta-feira)
Castelo de Vide. Enquanto me movia descontraidamente junto à capela que fica lá no alto, um senhor, observando discretamente esta que escreve, comentou que se eu andava por ali certamente havia boas perspetivas para fotos, que no meu blogue há fotos espetaculares. Abri a boca, não para agradecer, antes de espanto, mas já que a tinha aberta, agradeci. Estes comentários são sempre muito bem-vindos e agradáveis e surpreendentes e refrigerantes, porém fico como que descoberta, exposta, lá se vai o poder encantatório, isto crendo eu que tenho um poder desses, claro, e é como se não conseguisse prosseguir a minha vida de bloguer com o mesmo sentimento. Tontice minha, bem sei. Ó mulher, deixa lá isso, vá.
Num dia ou noutro (um qualquer)
É imperioso contar que ando perita em fazer chichi nos wcs masculinos. Primeiro, não sei onde mas sei que foi no primeiro dia, quando quis aliviar a bexiga tive de estar na bicha, e o que vi foi giro que se farta: um homem. Nunca tinha visto um homem numa fila, aguentando estoicamente a aflição de ter a bexiga cheia. Nunca. Como estava na ponta da fila e ligeiramente afastado perguntei-lhe se fazia parte da fila e ele disse que sim. Ora então o que aconteceu foi o seguinte: as senhoras tinham tomado de assalto também o wc masculino, obrigando o pobre a permanecer numa fila. Ah ah. Quando chegou a minha vez... Pronto, calhou-me a sanita em macho mas a despreocupação entrou em cena, era o que faltava retrair os esfíncteres. Depois, num outro dia, quis ir ao wc, mas no feminino, claro, normalmente é essa a primeira escolha, mas o dito encontrava-se ocupado. Esperei pacientemente até me impacientar e quando me impacientei entrei no wc masculino e lá vai disto, quero lá saber. Consegui inclusive sair de lá sem que o wc feminino vagasse.
Do quarto dia (segunda-feira)
Chegada a hora lá fui eu fazer a vida de quase sempre, aquando do intervalo grande. Na rua mais bonita de Lisboa estive a observar o vento a abanar fortemente as árvores e lembrei-me que de manhã, na viagem, tinha estado a observar o vento a abanar fortemente os arbustos que plantaram nos passeios. A vida repete-se ordenadamente, cabe ao observador (eu) encontrar diferenças para não se aborrecer. Em cima do banco de rua estava um saco de plástico, também abanando conforme o vento queria. Que teria o saco lá dentro? Cusquei: roupa velha. Intitulei este post de 'Para aí três ou quatro dias, ou mesmo cinco' porque pela manhã me pareceu impossível conseguir dizer/escrever tudo o que queria. Entretanto, ao fim do dia, pareceu-me que debitara tudo, não havendo portanto mais nada a registar, mas esperançada que no dia seguinte saltassem convulsivamente mais pipocas literárias.
Do quinto dia (terça-feira)
E há mais pipocas, sim senhores, que é lá isso de parar no quarto dia. Primeiramente tenho de escolher as fotos que vou publicar no blogue. Vou então tratar disso.
Do quinto dia (terça-feira)
Já escolhi algumas fotos e já me fartei. Isto porque quando começa a acontecer mais do mesmo os olhos cansam-se e deixo de encontrar beleza nas fotos.
Do quarto dia (segunda-feira)
Lugar da musa. A menina que serve os cafés dirigiu-se à mesa que eu ocupava com o intuito de retirar a catrefada de chávenas sujas. 'Antes que pensem que bebeu estes cafés todos...' disse ela, à laia de desculpa. Contei rapidamente as chávenas: seis. Isto já para não falar de pires e colheres e pacotes vazios de açúcar e de bolachas e de paus de canela. Se eu tivesse bebido sete cafés... Ah, se eu tivesse bebido sete cafés.
Do segundo dia (sábado)
Cáceres. Ó Luís, vamos ali acima? Vamos lá. Fomos. Era uma escadaria imensa. Veio connosco um companheiro que desistiu a meio da subida. 'Eh pá, vocês não levem a mal mas eu vou até ali abaixo ver se encontro de comer', avisou ele, fazendo festinhas na barriga para mostrar como a fome era muita. Ah ah. Ó Luís, ninguém nos aguenta, já viste? Ah ah.
Do segundo dia (sábado)
Cáceres. Pilhas, senhores, preciso de pilhas para alimentar a máquina fotográfica montes de espetacular. Melhor perguntar, olarila. Em Espanha posso pedir pilas que ninguém leva a mal. Ó 'migo, tem pilas? Ah ah. Tinha. Dois blisteres, por favor. E pude descansar. Mas não, qual quê, vai daí a máquina fotográfica montes de espetacular decide dar-lhe um amoque qualquer. Solucionável, felizmente, era falta de pilhas. Ah ah.
Do segundo dia (sábado)
Houve uma festa do pijama mas não entrei na onda por diversos motivos, todos explicáveis e todos indesculpáveis, mas todos, para mim, plausíveis. Não sou de fazer parte seja do que for, não sou de grupinhos, não sou de conversar, não sou de festarolas e tampouco sou pelo convívio. Sei lá, pertencer aborrece-me.
Do primeiro dia (sexta-feira)
Estava aqui a passar em revista a minha memória, procurando episódios que tenham ocorrido no primeiro dia. Ah, então e bomba de abastecimento fechada? Dezenas de motas paradas debaixo do telhado, pessoas espalhadas pelo recinto, umas zanzando (eu), outras tirando fotografias (eu), outras conversando, algumas sentaram-se (eu, depois de zanzar e de tirar fotografias)... Ah, isso foi no segundo dia, hum, ok. Mas do primeiro dia, não há mais nada a debitar no blogue? Ao que parece, não. Ah, o piquenique. Então, o piquenique foi giro e gostoso. Tínhamos levado pastéis de arroz. É uma massa que se faz com arroz cozido e se acrescenta aquilo que se quiser, nós acrescentámos presunto, cogumelos, farinheira, queijo e ervas. A ligar, um ovo e farinha. O arroz convém ser do carolino por conter mais quantidade de amido e ficar assim como que cremoso e pegajoso, sendo portanto o ideal para compactar. Depois moldam-se bolas, usando duas colheres de sopa, como se fazem os pastéis de bacalhau, sabem, tal e qual, pumba, de uma colher para a outra, de uma colher para a outra, de uma colher para a outra, e fritam-se em óleo fervente até alourarem. Algumas pessoas provaram e gostaram muito.
Do quinto dia (terça-feira)
Pondero se deixo um linque na página do CPM dando a possibilidade de este post ser lido pelos seus elementos. Se deixar, admirarei a minha coragem, que na verdade não estou a escrever um texto com o propósito de ser lido pelas pessoas que participaram no evento, não abdicando do meu tom de escrita habitual, que é lá isso. Pondero ainda se publico o vídeo que fiz no primeiro dia ou então não. É melhor mudar de conversa.
Do quinto dia (terça-feira)
No lugar da musa andei a vasculhar livros, toda eu muito interessada. Há algum tempo que não folheio livros, quanto mais lê-los. Ao momento as minhas leituras centram-se basicamente em blogues. Na verdade centram-se unicamente em blogues. Bom, talvez leia faturas e assim. Cheques. Listas de faltas. Letreiros. Rótulos. Tenho saudades de escrever. Incrível, não é. É. Um post de tamanhão e eu com saudades de escrever. É que tenho saudades da liberdade, tenho feito por registar o fim-de-semana, essencialmente isso, se bem que me tenha alongado por mais dois dias, ontem (segunda-feira) e hoje (terça-feira).
Do quinto dia (terça-feira)
Resta-me dizer que o evento a que se refere este post é o CPMaxibérico, organizado pelo Clube Português Maxiscooters.
Do quinto dia (terça-feira)
Quero ainda registar que este post tem mais ou menos 2000 palavras e cerca de 11500 caracteres, isto até ao final do parágrafo anterior e contando com o título.
Sem comentários:
Enviar um comentário