Finalmente tive um sonho digno de registo.
Eu estava não sei onde, a fazer não sei o quê. (Uma característica dos sonhos: a gente aparece algures e não sabe de onde vem.) Mas sei que estava com a cadela. Em dada altura ela joga-se a um pombo e rasga-lhe o pescoço. Via-se a pele rasgada, mostrando os ossos e uma parte branca que me pareceu duas tubagens de plástico, tipo tubo vd20 com uma abraçadeira dupla a juntá-los. Ainda isto não é nada, o mais engraçado é que depois do ataque o pombo ria-se muito, mostrando os dentes. É estranho, bem sei, os pombos não têm dentes, e é estranho o riso perante a dor dum rasgão daqueles. Mas atribuo isso ao facto de nós, seres humanos, termos tendência (ou a capacidade) para rir para evitar chorar. Reportei o acontecido (a dor e o sofrimento do bicho) à vida das gentes em geral. Nisto, alguém aparece e socorre o pobre animal e o aconselha a ser abatido, falando baixo, numa espécie de contenção e solenidade, que o momento era propício a esse tipo de coisas, dizendo que o sofrimento é atroz e o abate é o procedimento correto nestas situações. O bicho anui, com uma expressão humana no olhar, uma espécie de heroísmo. Eu a ver, assistindo, como que a um filme aflitivo. E era isto.
Sem comentários:
Enviar um comentário