Gina, a mulher que tem um blogue

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segunda-feira, 3 de junho de 2013

Da saída

Esta história começou no sábado (ver aqui), continuou no domingo (ver aqui) e recomeça hoje.
Andei três vezes de táxi. Numa das viagens um de nós trouxe à baila uma história com um ‘taxista’ e outro de nós foi cortante o suficiente para ripostar ‘estás a dizer taxista porque estamos dentro dum táxi, porque se estivéssemos lá fora não era taxista que tu dizias, não’. Não vou especificar quem disse o quê. Não, nenhum estava bêbado, ainda. Era o fulgor da soltura. Apenas.
No bar de blues o segurança à porta tinha muito sono e a menina do balcão teatralizava um olhar sedutor a todo o homem que lhe pedisse bebidas, inclinando tanto o tronco delgado para ouvir o pedido que se lhe via o declive do peito. Aquando do troco havia mais um olhar demorado e intenso. Não era preciso tanto, menina, mas eu compreendo: um homem gosta sempre de ver boas caras e declives, de declives então nem se fala, e um dia voltará com a inconsciência da cara e do decote, sabe que gostou do lugar e pronto. Os homens não aprofundam marcas como fazem as mulheres. Senti-me asfixiar ali dentro, havia muita gente e muita penumbra, acalmei-me a custo, concentrei-me na música. Não tardou muito tempo a ouvir as malhas da canção 'Smoke on the Water' dos Deep Purple e o pessoal exultar. Não é blues, eu sei, mas pronto, é música e é uma malha do caraças.
Na discoteca pus-me a pensar como é possível chamar plateau a um lugar que não tem nada que se assemelhe a um prato, nem pratos nem nada, se bem que copos e garrafas sejam milhentos. Há quadros no teto, grossas colunas na pista, e diz que é assim há trinta anos. Plateau: a discoteca dos quarentões de hoje em dia, bem como doutros mais jovens e/ou mais velhos. Há música, é o que importa. Vamos dançar, é o que todos fazem. Vamos. Dançámos. As minhas mãos não sabem dançar. Só as mãos, o resto safa-se.
Conversámos enquanto a música não alteava demais. Bebemos e ficámos toldados. Nenhum de nós ficou bêbado, afinal, e também não falámos das putas como eu havia profetizado. Mesmo sem assuntos explosivos cheguei a casa de madrugada, já os passarinhos entoavam o canto matinal.



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