sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Vou para o ócio!

Praia de Santa Rita, 3 de junho de 2012

São oito horas da noite e eu ando aqui a criar fotos pirosas... E as malas por fazer, que horror de desleixo.
Ora bem, é agora, tenho de ir: vou de férias mas não demoro nada, não tarda estou aqui outra vez. 

Vou divertir-me 
e conversar 
e mergulhar 
e ler 
e comer 
e gargalhar 
e fotografar 
e viver e... 
Escrever e observar, 
ou então observar e escrever. 
Até já, então.

Mesmo lugar

Estive no lugar da musa.
Estou de férias.
À partida não se unem as duas situações, só em casos especiais e em pessoas de exceção. Como eu; caso raro e excecional.
Escrevi frases soltas, para fazer jus ao hábito.
Quando dei por isso, eram horas.

Cor

Estou toda arrajadinha para ir de férias. Quero dizer, tenho as unhas das mãos e dos pés muito lindas e preparadas para atrair os peixinhos do Mediterrâneo e também para o marido e os ricos filhos não me perderam de vista. Laranja fluorescente.
Acerca da cabeça, por fora, note bem, está mais ou menos arranjada. A bem da verdade estou desgrenhada, as pontas estão espigadas e a cor aclarada, não tarda vira louraça, logo se vê, paciência, pois, mas seja lá como for... Não faz mal. Não será uma cabeleira disforme a impedir-me a diversão e a estragar-me o ócio.

Sonho

Esta noite sonhei com uma criança. Não sei bem a envolvência da coisa, o que sei é que eu estava encarregue dela. Como será normal, a criança era um pouco inquieta, e eu ordenava que parasse como faço à cadela:
- Fica!
Isto de ter uma cadela não se assemelha a ter uma criança, que a dita não me obedecia, não.
Por acaso já tenho dito à laia de piadola que fico espantada com a prontidão da cadela em obedecer, que os meus filhos não eram nada assim...

Já sobre a manhã, depois de clarear, chegou-se-me uma frase aos sonhos que continha duas palavras, a primeira era 'conversar' e a outra era seguramente uma palavra composta, do género condizer ou sempiterna. Mais ou menos acordada martelei a frase incessantemente até adormecer outra vez e não mais a lembrar. Que pena, ia ser tão bom.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Nunca se está preparado para a realidade

Escrever há pouco que sou cuidadosa com as molas, numa atitude um tudo-nada, coisa pouca, egocêntrica, fez-me lembrar que há dias a rica filha disse-me que não gosta nada daquelas pessoas que se dizem feias ou gordas para que todos lhe dêem atenção dizendo que não são nada feias nem gordas, não senhores, ora essa e tal, assim ela diz que é gira e que tem os olhos bonitos porque se admira ao espelho e sabe que é assim e pronto.
Concordo plenamente, o que as pessoas querem é que se lhes diga todo o bem possível e essa estratégia costuma funcionar.
Contei à rica filha as minhas conclusões acerca desta questão: eu, que tenho a mania das verdades e sou capaz de dizer que faço isto ou aquilo bem, sei por experiência própria que se me enaltecer não obtenho resposta concordata, o que as pessoas fazem é dizer que sim abanando ligeiramente a cabeça e estão desejando em absoluto que eu despache o rol num instante que nesse dia estão com pouca paciência.

Vizinhança

Eu pensava que ele ia olhar para o enchumaço mas ele ficou a olhar para o cabo. Mal por mal, é a mesma coisa.
Queria o cabo da vassoura que eu ia depositar no bidão do lixo, diz que se o ia deitar fora antes lho desse. Dei-lho, claro, lá sou pessoa para negar pedinchices destas... Agarrou no cabo e ficou a mirá-lo, como se estivesse diante de algo grandioso e de difícil obtenção, como se o cabo de uma vassoura fosse uma obra de arte, e ainda faz um sorriso de garoto que me comoveu.
Se a natureza quer que as mulheres nutram maternalidade por todo e qualquer homem que se lhes apresente infantil, pois bem, devo dizer que comigo acontece com frequência, sou muito maternal.

Vizinhança

A vizinha do rés-do-chão disse merda porque deixou cair uma mola lá para baixo. Eu cá, não. Eu sou cuidadosa, não deixo cair molas.

Vizinhança

Aquela minha vizinha que se queixa consecutivamente do trabalho e da vida atribulada que tem, chega a casa por volta das cinco e tal da tarde.
Puta que a pariu mais o raio que a parta, pá! Se ela soubesse o que ainda tenho de ser massacrada pelo trabalho e pela vida depois das cinco... Ai que inveja.

Às vezes chateia-me as pessoas queixarem-se tanto. E a revolta juntamente com o tiquinho de inveja é uma mistura insuportável.

Internet

De momento curtia à brava saber como se elimina o recebimento de notificações do Fuçasbuque. É que quando chegar de férias devo ter meio milhar de mensagens só do Fuças, mais coisa menos coisa...

Livros


'Pensageiro Frequente', Mia Couto

'Escrever', Vergílio Ferreira

'O Olhar das Mulheres', Max Gallo

'O Afinador de Pianos', Daniel Mason

São muito, bem sei, mas não requisitei só a contar comigo. Nem sei qual deles leve de férias, tenho de me debruçar um pouco ou fazer um-dó-li-tá.

Em plena biblioteca toca o telemóvel. O meu. Ia-me dando uma coisinha má. Bolas, pá, que nunca ninguém me liga e logo tinham de ligar quando eu estou naquele lugar quase religioso?!
E insistiram, insistiram, insistiram...

Olha eu aqui

Loures, 23 de agosto de 2012


Olá, sou a Olívia. A minha dona trouxe-me aqui porque acha que eu gosto disto. Já fiz cocó e chichi ali mais em baixo e agora estou aqui a suar da língua porque está um calor insuportável. Mas eu tenho de o suportar porque a minha dona é soberana.
A minha dona é uma querida, dá-me pão com manteiga, bolachas e queijo. Em dias de festa até como presunto e fiambre. Se ela atira para o ar lanço-me de rajada e a comida aterra dentro da minha bocarra, se ela me dá à mão sou gentil e abro ligeiramente a boca, tendo muito cuidado com estes dentes afiados que tenho. Gosto de olhar para ela, esperar festinhas na cabeça e no pescoço.
Não é que eu saiba muito da vida dos meus donos mas cheira-me que vamos de férias não tarda. Sei que vou ficar com os meus avós, que talvez eles não passeiem tanto comigo, mas não faz mal, assim também eu descanso, são férias para mim também. Não sei nada disso mas cheira-me que é assim que vai acontecer...

Nariz

Hoje já foi um dia mais desafogado, deu tempo de ver tv, particularmente canais de culinária. Gosto imenso do 24 kitchen, mais concretamente dos programas do Rudolph.

(O Rudolph que me desculpe mas eu não sei o seu apelido nem vou à procura.)

O Rudolph tem diversas particularidades que me atraem, dentre elas o fungar entre um mexedela ou outra, sugando o muco claramente em demasia dentro do nariz, ou entre uma exclamação: (fungadela) 'é melhor começar pela vinagreta!', ou outra: (fungadela) 'eis a nossa tarte!'

É claro que gosto mais de outras particularidades do Rudolph. Para começar é simpatiquíssimo, para continuar faz umas receitas maravilhosas e apetitosas, para acabar parecem-me bastante fáceis de confecionar.

Tenho de registar algumas dicas antes que me esqueça, que não tarda vou para o ócio e não terei tempo de experimentar tudo o que me atraiu durante a visualização dos programas.

Bolo de banana com maçã
Fazer o meu bolo de banana com chocolate mas sem o chocolate. Em vez disso juntar uma colher de chá de canela em pó e uma pitada de noz-moscada. Depois, no fundo, colocar maçã as rodelas grossas. Usar uma maçã não muito ácida.

Spanakopita de espinafres e salmão
Numa tarteira colocar por ordem:
Massa filo previamente pincelada de azeite e disposta aos refegos
Arroz amarelo já cozido, colora-se com açafrão e convém que esteja bem temperado
Espinafres que se saltearam em azeite, cebola e alho (sal e pimenta, também) mas pouco salteados, retirar do lume assim que baixarem um pouco
Salmão crú em pedaços grandes
Queijo feta esfarelado
Azeitonas descaroçadas
Finalizar com sal e pimenta e vai ao forno uns 35 minutos


Creme de ovos
Misturar umas 10 gemas de ovos desfeitas a 100 gramas de manteiga amolecida e bem batida. Temperar com molho worcestershire, mostarda e sumo de limão. Tudo a gosto. Dispor o creme em cima das metades de claras.

Um dia experimento isto tudo. A bem da verdade o último item será devorado hoje à noite e o primeiro também já se comeu cá em casa, só por dizer que não saiu lá muito bem.

Maioridade

O rico filho recebeu correspondência como Exmo. Sr. André G. Era aquela espécie de cartão de eleitor, já que ele completou 18 anos há sensivelmente um mês. Digo espécie de cartão porque é apenas um pedaço de papel que se destaca da carta e eu acho aquilo muito esquisito, que no meu tempo não era nada assim, a gente tinha de ir à junta dizer que já podíamos votar e fazer prova disso e só recebíamos o cartão não sei quanto tempo depois, mas creio que passava um mês de espera. A mim até me calhou ir lá ainda menor porque só se fazia o recenseamento durante o mês de maio.
Será do simplex? Será que o simplex afinal até simplificou umas quantas coisinhas?
Seja lá como for, a piada maior está no Exmo. Sr André G.

O esquilinho

De manhã, ainda mal tinha os olhos abertos, já havia euforia aqui em casa: o Luís e a rica filha viram um esquilo lá em baixo na praceta. 
Eu bem digo - e talvez bendiga - que vivo no campo

Disse que ia escrever mas não sei bem o quê...

Loures, 22 de agosto de 2012

 A foto acima são borrachas com patinhas que a rica filha comprou algures...

Ontem andei de roda da casa, a ver se despachava o máximo das coisas que queira fazer e arranjar e preparar, nem tive tempo de vir ver o blogue.
Mas eu não queira escrever disto...
Ontem andei de roda da casa... Mas ainda saí. Fui com a rica filha a uma loja que há nesta cidade onde todo e qualquer artigo é vendido a um euro. Comprei coisas que não queria, claro, é sempre assim, o baratinho descongestiona o cérebro, aquela parte inteligente do cérebro, quero eu dizer, e atrai o consumismo.
Quando saí de casa estava um calor que não se podia com ele, credo. E eu que anteontem, o último dia de trabalho, tinha suspirado de alívio porque já não ia 'precisar' de andar na rua à torreira do sol só para passar o tempo.
Já chega de escrever...
Não.
Ontem o rico filho disse que o dabri lhe cheirava a vodka, ideia a que a rica filha anuiu convictamente. Bem, o rapaz tem razão, esse produto é sobretudo composto de um álcool qualquer e verniz, e é também esplêndido a limpar e tratar as madeiras. Digo eu, que o vendo.
É a segunda patacoada que escrevo acerca de trabalho, ora que porra!
Vou parar de escrever para ir lavar portas. Três portas. Com lixívia. Ainda sou capaz de estender o esfreganço a paredes e rodapés, logo se vê. E ainda quero ver se vou à biblioteca requisitar literatura que me seja alheia.

Prevejo que este blogue descaia vertiginosamente em termos de assuntos interessantes. Não que o considere super interessante, não senhores, antes porque costumo achar bastante interessante construí-lo, isso sim.

8:42

Olá, bom dia! São 8:42 e estou aqui. Estou de férias, dormi bem, vou escrever.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Férias, alfim!

Estou praticamente, a um tiquinho, coisa pouca, mesmo quase de férias. Sim, estou quase lá porque este post também está sendo construído no trabalho, ah pois é, amanhã é que chega a oficialidade do descanso.
Se o leitor me quiser desejar umas férias estupidamente interessantes, sinta-se à vontade para o fazer, pois é isso mesmo que eu desejo, sem tirar nem pôr.
Há quem chame ao período das férias 'recarregamento de baterias' mas eu cá gosto de pensar que as férias são para esvaziar a mente, deixá-la oca. Acredito que tudo o que seja oco e banal tem a ver com verão, sol e mar, não é a toa que os italianos designam esta época como 'dolce fare niente' e os americanos – ou os ingleses, sei lá eu! - a 'silly season'. Férias é sinónimo de não fazer porra nenhuma - se bem que ainda tenho dois ou três dias de lidação intensa aqui por casa e talvez nem tenha tempo para escrever no blogue, logo se vê -, de não fazer porra nenhuma das porras que habitualmente fazemos, das porras de todos os dias, das rotinas chatas.
Estou de férias, as quais espero que sejam estupidamente interessantes e pronto!

Genialidade

Não sou genial. Foi o que alguém me disse, por entrelinhas, já que ninguém é específico. Não era preciso dizer, ‘migo... Os génios são loucos e eu não consigo chegar à loucura; são irracionais e eu não sou nada disso.

A especificidade – por falar nisso - é um extremo desagradável. Quem diria... Só por dizer que ninguém suporta os extremos dos outros, ao que parece somos todos muito equilibrados.

Acho que...

Escrevo demasiadas vezes a palavra 'acho'. Achar alguma coisa acerca dum assunto pressupõe dúvida e escrever é divulgar certezas, mesmo que não as tenha.

Números

No meu antigo blogue orgulhava-me de a etiqueta mais numerosa ser a dos ricos filhos, eles sempre foram muito motivadores em matéria de assuntos para escrever. Neste blogue creio que quem vai à frente é a Olívia... E se há coisas acerca da cadela que ficam por escrever!
Acerca dos ricos filhos deixo também muitas coisas por dizer. Às vezes é a rica filha que pede encarecidamente:
– Mãe, eu vou-te dizer uma coisa mas antes tens de me prometer que não pões no blogue!
Sente alguma vergonha, o que compreendo. Quando exponho as situações ou as pessoas, a minha escrita espelha o meu modo de ver e/ou sentir e não o modo de outrem, logo, o/a exposto/a não se sente lá muito bem dentro da personagem que construo, por muito fiel que eu seja à realidade.
Já o rico filho está-se a marimbar para o que escrevo, garantidamente...
Curiosamente, quando a rica filha se lembra de visitar o meu blogue sente-se muito atraída pela etiqueta 'Ricos Filhos', quando se lembra de anunciar aos amigos que escrevo e lhes divulga o meu blogue, é na etiqueta 'Ricos Filhos' que faz questão de me apresentar como bloguista.

Arte

Numa das várias incursões ao supermercado a rica filha ia falando – em contraste com o mano aquela alminha nunca se cala... Se bem que não faz parte do grupo das gralhas que se chateia com as poucas falas dele e ainda bem - acerca da sua característica mais esquisita que consiste em ter uma ordem de roupas a usar, uma ordem de sapatos a calçar, uma ordem nos colares, nas pulseiras, ela sabe que é esquisito mas não consegue viver doutra maneira, é impensável quebrar a ordem... O leitor não sei mas eu cá já estou cansada com tanta ordem!
Depois, à laia de desculpa, diz que é natural que não a entenda, que não sou nada assim: organizada, reta,  prevista...
E eu, no meio dum corredor de supermercado, abro os braços e exclamo cheia de convicção:
– Eu sou artista, filha! A mãe é artista, tenho desculpa para ser desorganizada!

Parecença

O rico filho é um jovem de poucas falas, sai à mãe. Raramente sabemos o que pensa ou qual é o seu verdadeiro estado de espírito, sai à mãe.
Mas vamos às falas.
Daqui a alguns anos – o dobro da sua idade, talvez ele tenha de viver tanto como viveu até aqui - o rico filho vai saber que não é preciso modificar-se e na verdade nem conseguirá. Por muito que se fale, por muitas pessoas comunicativas e expressas que existam no nosso meio, por muito que essas pessoas nos moam a cabeça para falarmos – curiosamente são sempre as gralhas que incomodamos com o nosso feitio sisudo -, por muito que nos desprezem por sermos caladinhos, por não opinarmos sobre todos os assuntos... Conquanto estejamos de acordo com a nossa natureza, é assim que estamos certos.

Parecença

Estávamos a ser atendidos numa dessas lojas de tv por cabo, quando um dos presentes começou a espingardear com o governo e concernentes politiquices, o que nada tinha a ver com o local, claro, tanto mais que o homem não falava para ninguém em particular mas sim para quem lhe desse atenção. A rica filha apoia os cotovelos em cima do balcão, olha-o insistentemente e começa a falar baixinho como se estivesse a conversar com ele, a dar-lhe razão mas a mandá-lo calar em simultâneo. Lancei-lhe um olhar reprovador e adverti:
… olha aí, vê lá se o homem te ouve
mas logo ela se desculpou:
… ó mãe, tu fazes o mesmo
Acrescenta que é giro fazer como eu: digo que ninguém me ouve ou se interessa pelo que digo, posso dizer as parvoíces que quiser mesmo que não esteja muito longe do 'inimigo' e ela realmente pôde certificar-se que nenhuma das pessoas presentes dera o mínimo sinal de atenção sobre o que ia dizendo e que se calhar, afinal e tal... É como eu. Rematei a questão dizendo-lhe que em certos aspetos, a única diferença que existe entre nós é a idade...

Saída

Ter filhos crescidos faz com que eventualmente não estejamos no mesmo espaço físico tanto tempo como dantes. Ou seja, os ricos filhos saem, vão ter com os amigos, têm as suas atividades longe de nós, pais, principalmente no período das férias.
O que eu quero com isto dizer é que em certas alturas mal lhes ponho a vista em cima, porque saio de manhã e eles ainda dormem, eu entro e eles ainda não chegaram, particularmente o rico filho, que é mais de sair. Então, nesses dias, se apanho uma brecha, se o rico filho está em casa, vou até ele e digo-lhe para ao menos olhar para mim uns segundos, deixar-me vê-lo bem, de frente, já agora, que tenho saudades e assim já lhe pus a vista em cima e me refastelei com esse breve olhar. E ele faz uma expressão de gozo misturado com condescendência, vá lá mãe, olha para mim e regozija-te, que tu até és bué fixe.

Aproveitando a técnica lá de casa...

Às vezes a minha mãe emite um som que é como um estalido de língua, em particular se está chateada, encosta a língua ao céu-da-boca, mesmo rente aos dentes e como se sugasse o ar faz soar o som da apoquentação.
Perguntei à rica filha, olha lá e tal...

Ela diz que tecnicamente é um tê palatal, tal e qual como quando pronunciamos o tê, encostamos a língua ao palato e formamos o som dessa consoante.

Ah!

O rico filho perguntou à mana se ela se lembrava daquela onda do 'ah e tal, isto e aquilo'. Ela responde prontamente que sim e mete a 'técnica linguista' a trabalhar.
– É o travessão oral, um linguista vai sempre dizer que isso é o travessão oral.

A latinha vazia

Termina-se uma latinha de creme para as mãos e fazemos uma florinha com a ponta dos dedos, ou ainda, se observarmos bem, fazemos um floco de neve daqueles que se veem nos sinais de trânsito.

Lisboa, 21 de agosto de 2012

Em termos de imagens não era esta a que eu tinha idealizado. Ontem, ao descer, vi o arbusto das malaguetas (não sei como se chama, parece não é malagueteiro ou malagueteira) projetando uma sombra muito definida na parede devido ao sol direto e pleno, numa hora em que é suposto assim ser – 3 e tal da tarde. Gostei da visão: os pontinhos vermelho vivo, as folhas brilhando, os ramos obscuros, quase cinzentos, onde não se via quentura, mas levando em conta a caloraça do dia...
Mas hoje não deu para ir lá abaixo tirar fotos, por isso descrevo uma imagem que não captei.


A caneta
ou
Mais um post de trabalho...

O meu colega surripiou algures uma caneta com o intuito de ma dar.
- Toma, trouxe para ti. Experimenta-a, vê lá se gostas de escrever com ela. - Disse ele, estendendo-me a caneta. Agarrei num papelinho e escrevi:

«Eu não estou a escrever nada.
Estou só a ver se gosto do escrever desta caneta.
Não gosto.»

Ordem de trabalhos nas férias

Limpar a casa a fundo, ou com detalhe, como referiu noutro dia a rica filha

Ir à biblioteca de Loures, a ver se levo literatura de férias, literatura que me seja alheia

Organizar fotos de papel, fotos digitais, escritos do blogue e obra literária

Visitar a família, já que a família não me vem visitar a mim, que é o costume

Visitar a vizinha Gracinda (será este ano?), agora já tenho mais pistas de onde se possa encontrar esta querida vizinha

Infelizmente - ou felizmente, nem sei - a lista deste ano não difere porra nenhuma da do ano passado, quase podia tê-la copiado e ficava o post feito, com mais graça e tudo, que o ano passado por esta altura eu estava muito engraçada.
Decidi apresentar uma lista com a ordem dos trabalhos, independentemente da aparente repetição, porque a rica filha meteu a frase 'vamos limpar a casa com detalhe' numa conversa qualquer há dias e eu queria que ficasse registado.

E já está apresentada a listinha. Achei melhor pô-la ao ar já hoje, antes das férias, quero lá saber, seja lá como for esta lista foi preparada no local de trabalho.

No princípio

Tinha pensado e decidido para comigo que hoje, último dia de trabalho antes das férias – amanhã começam as almejadas, iupi,iupi – não escreveria de trabalho e questões de balcão. Mas vou quebrar a promessa, por assim dizer, que hoje logo pela manhã veio aqui um senhor...

– Olha, és capaz de me dizer se arranjas doce de frutos silvestres?


Veja-se o tutear, que é qualquer coisa de hilariante, veja-se a subtil desconfiança de eu não estar em condições de saber o tipo de produtos que abastecem as minhas prateleiras, veja-se os frutos silvestres... Isto aqui é uma drogaria, 'migo!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O preço

– Quanto?! Não se enganou?
– Não, que preço é que o senhor lê aqui?
– Não é isso, eu sei ler graças a deus.
– Eu também.

O 'graças a deus' deste cliente fez-me lembrar que primeiramente sei ler graças a mim, que me esforcei por aprender. Se para obtermos resposta divina há que nos movermos antes de mais nada, temos de pôr a mão para ser ajudados no plano espiritual, crer às cegas, colocar o pensamento num vazio e enchê-lo de coisas boas, acreditar que vamos mesmo obter o almejado, dar ouvidos a isto e aquilo sem ver porra nenhuma e o caraças, pois bem, sei ler graças ao meu esforço, depois então pode vir de lá o dito, seja lá quem for, que até posso agradecer-lhe qualquer coisinha se estiver bem-disposta.

Segredo

Tenho um segredo no bolso. Podia ter um negócio, que o segredo é uma alma, e uma alma do negócio, mas não, tenho um segredo no bolso.

Questiúncula

De segunda-feira a sexta-feira chupo um pau de canela mergulhado em café. Uma extremidade e outra.
Esta segunda-feira foi assim, a próxima sexta-feira não será. Vou ficar coxa, com perna de pau, pau de canela.

O bancário

Mudei de dependência e em boa hora o fiz, agora tenho um senhor do banco que é um espetáculo!
Noutro dia eu ia-lhe dizendo os números e ele não tirava os olhos de mim enquanto digitava nas teclas tudo o que eu ditava. Achei aquilo um bocadinho estranho mas fui na onda, que mal é que tem, uma pessoa põe a maldade apenas e só se quiser, onde e como o desejar, diz que o poder da mente é tremendo, de maneiras que pus a mente a trabalhar no sentido de não me imiscuir em vagabundagens.
Ele não aguentou o meu firme olhar (quem diria?) e enganou-se. Riu-se e pediu-me que recomeçasse:
'Vá, outra vez.'
E eu fui na onda, como se cedesse a um capricho bom. Ele voltou a rir e eu repeti uma data de vezes aquele meu risinho que não tem pacto com a inteligência.
Havia outro depósito para a gente brincar novamente e ele, ainda debaixo duma boa disposição oca e alegre, perguntou se eu queria que depositasse o mesmo dinheiro de há pouco e guardar o segundo molho de notas na carteira...
'Isso, o senhor é que decide!'
Estraguei tudo, acabou a brincadeira. Ninguém me curte. Eu e as minhas respostas dum só fôlego, pá...
Depois, quando cheguei ao estamine, o meu colega diz-me que eu tinha um resto de alface preso nos dentes. Cá para mim, com tanto riso parvinho...

Sonho

Esta noite sonhei que tinha uma hemorragia de todo o tamanho, aquilo não parava por nada.

Sonhos

Vou passar a registar os meus sonhos todos. Registo o que me lembrar, caso sejam assuntos obscenos ou traumatizantes ou daquele tipo que ninguém tem nada que saber da minha vida, registo o que não faz mal mostrar e pronto.

Aquela pessoa gorda

Há aquela pessoa que estaca a meio de subir a avenida para se encostar num vaso enorme de pedra branqueada, que esse sim, aguenta com ela. Está cansada, o peso é muito, a subida tem pouca inclinação mas a canseira é imensa. Do telemóvel sai um som africano. Kizomba, será? Ela não parece nada feliz, não parece nada permeável à música. Contudo não parece infeliz, só cansada e aparenta uma certa apatia. Acho-a cansada de mais para a idade.

domingo, 19 de agosto de 2012

Domingo

Ontem escrevi do sábado, hoje sinto-me impelida a escrever do domingo.

Sonhei com um maestro português muito conceituado. Se este post fosse escrito pela manhã saberia contar o sonho, assim não me lembro de praticamente nada, dissipou-se tudo, excepto o facto de ter sonhado com um maestro português muito conceituado.

Uma vizinha deu-me ovos, alfaces, tomates, pimentos, beldroegas, coentros e salsa. Vai daí, eu dei a uma vizinha (outra, claro) ovos, alfaces, coentros e salsa porque o que a primeira vizinha me deu era demasiado e eu, esta boa alma, resolvi partilhar. Este intercâmbio é saudável, promove o convívio entre a vizinhança.
Devia ter convidado a primeira vizinha para um cafezinho, assim ela elogiaria a decoração originalíssima que tenho na cozinha e que consiste em forras de cadeira do mesmo padrão mas de cores diferentes. o leitor pode espreitar abaixo a foto lindíssima que apresento. Escolhi clicar sobre a forra rosa por ser a cor mais berrante de todas.

Há doce de amora no meu frigorífico feito com amoras do campo apanhadas ontem (ver aqui), criadas ao deus-dará, lembrando os tempos antigos.
Há sopa de beldroegas graças à vizinhança.
Há doce de bolachas de canela porque sim.
Há bolachas - presumo que ainda haja... -  duma receita que vi no canal 24 Kitchen à qual chamam '3, 2, 1 e um ovo'. Ou seja: 

300 gramas de farinha
200 gramas de açúcar
100 gramas de manteiga
1 ovo
Amassa-se tudo muito bem até formar uma bola, introduz-se no frigorífico mais ou menos uma hora. Passado este tempo retira-se, estende-se com o rolo e formam-se bolachas com um cortador a gosto.

A gosto não é agosto. Mas é agosto, agora.

Lavei com lixívia a porta de entrada, o extintor que está suspenso na parede, as portas do elevador, as portas do gás/eletricidade/água, sacudi o pó das flores de plástico da vizinha, aspirei o tapete dela muito bem, aspirei o meu tapete melhor ainda e o chão do átrio, bem como o interior do elevador e ainda passei nos chãos - chões, será?! - uma esfregona impregnada dum líquido maravilhosamente bem cheiroso. Esta limpeza assim tão profunda costuma ter lugar uma vez por ano, se o mundo acabar este ano - é o que dizem... - foi vez derradeira.

Senti-me impelida a escrever do domingo, escrevi eu há pouco, sinto que tenho de me habituar às patacoadas de fim-de-semana, uma vez que vêm aí férias e o melhor é habituar-me a isto de escrever das coisas da casinha. Pronto, já escrevi.

E a foto, fantástica, não?


Loures, 19 de agosto de 2012

sábado, 18 de agosto de 2012

Sábado

Pergunta o atento leitor: 'então Gina, hoje é sábado e andas a escrever no blogue?'
E eu respondo: 'ando pois, não vês que sim?'
'Não tens que fazer?'
'Sim, tenho de ir pôr os pés de molho e terminar o verniz das unhas com a última camada.'

Hoje apeteceu-me escrever. Acho que é na enga das férias que estão a chegar, é melhor habituar-me já ao tipo de assuntos que me bailam na cabeça quando estou em casa.

Ao tempo que queria ter poucas chávenas de café para ir ao baú do meu enxoval por a uso uma meia dúzia de belas cháveninhas que a minha tia Diná me deu há tantos anos que nem sei se já tinha mamas. Eu, não a minha tia Diná, bem entendido.

Perspetivas

Por causa do passeio da cadela a gente anda por aí, por lugares nunca antes pisados, que esta cidade (Loures) é imensa em campo e hortas e mais hortas e vegetação e mais vegetação. Eu vivo no campo, é um facto.
Tirei fotos por causa da perspetiva do mesmo lugar que avisto da minha varanda ou da janela da frente ser tão diferente, queria captar essa diferença. E já agora mostro-a, muito embora o leitor não possa fazer comparações, bem sei.







Loures, 18 de agosto de 2012

Dança comigo: salsa

Foi ontem, a salsa, lá fomos nós para a derradeira aula desta aventura que começara há quatro dias.
Talvez tenha sido a aula mais baralhada de todas mas creio que isso se deve ao facto de termos outros passos na memória, nomeadamente a kizomba do dia anterior, e como não percebemos nada de dança nenhuma as cabeças já estão todas baralhadas.
Mas foi fixe.
Mais uma vez se ouviu dizer que na dança quem conduz é o homem por isso o melhor é amochar e fazer de submissa, o que é difícil que se farta...

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Arrepio

O dito arrepio continua a moer-me a cabeça. Que raio, pá, mas que merda é esta?! Tenho o arrepio centrado em determinada parte do corpo, só esse arrepio e só nessa parte do corpo, e onde anda o frio do arrepio?
Se eu fosse hipocondríaca podia imaginar-me com um cancro de pele ou uma paralisia a começar, vinda de uma doença degenerativa qualquer. Isto ia ser do caraças para me deliciar nas doenças mais esquisitas que pode haver.
Mas não sou hipocondríaca. Apenas me divirto escrevendo num blogue, que é dos melhores lugares que existem para fantasias, aqui podemos ser, ou não ser, quem quisermos. Pensando bem: ser hipocondríaca pode ser fixe...

Saudades

Se as pessoas daqui, dos arredores desta loja, tivessem saudades de me ver aquando da ausência para férias que vai ter início a meio da semana que vem e durarará vinte e um dias, sempre podiam vir ler o blogue, pois seria uma maneira de saberem de mim, perdurando o contacto.

(Não me venham dizer que a virtualidade não é amiga das gentes e que não aproxima as pessoas...)

Mas essas pessoas daqui, dos arredores desta loja, têm saudades de mim, ou sentem uma espécie de falta, vá, mas não vêm ao blogue saber de mim porque não conhecem a existência de semelhante lugar.

Comunicado

Eu agora queria dizer aos leitores que as minhas férias estão quase a acontecer. Caso não tivessem forçosamente sido adiadas, estariam mesmo, mesmo, mesmo quase a acontecer, assim estão só quase a acontecer.
Há férias por todo o lado nestes dias. Os quiosques estão encerrados para férias... Até os quiosques estão encerrados para férias, quero eu dizer, e as avenidas, ruas e ruelas estão desertificadas de pessoas e carros, há um silêncio brutal por toda a cidade de Lisboa. E eu, esta infeliz que escreve, aqui.

Pronto*

Se a Rita Ferro, cuja escrita considero magistral, escreve 'pronto' quando quer rematar ou acabar a conversa, também posso, pronto!

Aquela pessoa de somenos

Há aquela pessoa de somenos. Não por ela, por ti. Tudo o que digas é de somenos 'miga. Deixa-te dessas merdas de contar as tuas coisinhas aos outros, vá. Escreves no blogue e pronto!

Questiúncula

Não sou capaz de ser toda eu ouvidos. Por mais que tente há sempre uma partezinha ou outra do meu corpo que não dá ouvidos a ninguém.

Desastre no lugar da musa

Passei ao largo mas mesmo assim a minha mala embateu num cartão publicitário que tombou levando meia dúzia de revistas de arrasto até ao chão. O moço do balcão não ficou lá muito contente com o aparato e, logo seguido de mim, dispôs-se a arrumar o tombado. Sim, iniciei a apanha antes do bicho, ajudei-o e o caraças, que eu cá sou uma querida.
Eu também não estava lá muito feliz com o sucedido, de maneiras que desculpei-me como me lembrei:
– Desculpe lá, sim? Isto é a mania das malas grandes...
Entretanto ouço atrás de mim:
– Ó Daniela, chegas hoje de férias e vê só que desastrada vens!
Era claramente uma piada dirigida a mim e não à Daniela, fosse ela quem fosse, virei-me e desbobinei num repente uma parvoíce qualquer:
– Não me chamo Daniela.
Vi um par de olhos brilhantes e um rosto sorridente e bem disposto, o que me fez ficar imediatamente arrependida da minha resposta mas já estava dada, não havia nada a fazer. O homem desculpou-se todo e tal e eu disse que não fazia mal, que deixasse isso, eu sei que era a brincar.
Sou alguém pouco dada a conversas, não gosto de aparecer nem do protagonismo, creio que vem daí este tipo de descuido que tenho nas relações - ainda que pontuais e esporádicas, ou mesmo com desconhecidos -, levando as pessoas para bem longe de mim.

'A menina é filha de Quem?', Rita Ferro

... É o livro que leio ao momento. O título atraiu-me, lembro-me de algo assim na minha infância, vivi de perto com a curiosidade das pessoas da aldeia de quando lá íamos de visita. Comigo era assim:
– Então esta mocinha é filha de quem?
E eu respondia que era filha da Rosária e do António, seguido dos respetivos apelidos. Era imediatamente identificada e seguia-se então a avaliação e comparação física. É daí que vem o meu traumazinho pequenino de infância que consiste em não ser parecida nas feições com nenhum dos meus pais, pois era isso mesmo que me diziam as aldeãs, ainda agravado pelo facto de o meu irmão ter a boca e os olhos da minha mãe, que foi uma das raparigas mais lindas da aldeia no seu tempo de juventude. E em todas as vezes eu tinha de ouvir estes comentários, pois é...
Mas a minha mãe sempre me disse que depois que nasci em momento algum saí de ao pé dela, portanto não fui trocada na maternidade, não senhores. E, num misto de gáudio e horror, noto que em cada dia que passa sou mais parecida com ela.

Blogue antigo

Fui ao blogue antigo. Precisava pôr na caixa de comentários aquelas letrinhas que afastam o spam, era uma chuvada de comentários desses todos os dias, o que dá uma trabalheira danada.
Fez-me impressão entrar lá, senti-me uma intrusa, não gostei. Para ganhar tempo achei melhor pôr à vista do leitor apenas o último post, quem quiser ler o que está abaixo vai ter de clicar no linque que diz mensagens seguintes, o que sei de sobeja ser uma grande chatice para a maioria das pessoas, assim como sei de sobeja que um leitor, qualquer um, é do mais preguiçoso que existe.

Cheirinhos

Ando outra vez na fase do faro extremamente apurado.
É por isso que me cheira a cascas de fruta em plena deterioração, as paredes que me rodeiam estão impregnadas deste cheiro fétido e as minhas narinas também.
É por isso que aquele homem que está lá à frente me cheira a restaurador olex aplicado no cabelo há horas, passado tempo sobre a aplicação este líquido adquire um cheiro a ranço que empesta o ar.

Sol

A minha mãe abomina completamente o sol de verão, principalmente os seus malefícios. Passei a minha infância impedida de sair à rua nas horas de maior calor para não ficar escura que nem uma carocha (a minha mãe chamava-me carochinha porque sou morena, mas não com maldade, era carochinha em modo carinhoso).
Na praia de Carcavelos era obrigatório o aluguer de barraca às riscas porque a minha mãe não suportava o sol, bem como era obrigatório estar lá enfiada durante a pausa do almoço e o tempo de digestão. Que tédio...
A minha mãe está correta, o sol é maléfico, só por dizer que não é bem por causa do cancro de pele e essas modernices que a minha mãe sente esta espécie de desdém ao astrorrei, é para não ficar escura. Para a minha mãe, ter uma pele fininha é bonito e de valor, fininha é adjetivo comparável a tez alva, sem sequelas, própria de quem se cuida e, lá está, se protege do sol. Coisas da minha mãe e suas raízes sulistas.
Cresci a ver a minha mãe com medo ao sol, a evitá-lo a todo o custo, com asco ao moreno, mas rodeada dele: eu sou morena, saio ao meu pai, que é bem mais escuro que eu. O meu pai é muito moreno... É, o amor é assim: dizem que os extremos se atraem e há uma certa tendência para nos sentirmos atraídos pelo que mais detestamos, aí está a prova.
Mas viver com este medo tão extremista da minha mãe não me contagiou, muito embora eu tenha um problemão pela frente sempre que ouso dizer que um rosto bronzeado pelo ar da praia não me atrai, acho que fica grosseiro, começa logo tudo diz que a minha mãe é que me influenciou mas não é verdade. Além do mais, não sou nenhuma criança, há décadas que tenho opinião formada acerca de vários assuntos.

Dança comigo: kizomba

Foi ontem. Não se esteve mal. Pronto, que se há-de fazer, ?, uma pessoa não pesca nada de dança nenhuma... Logo, uma pessoa não pode sequer esperar que saiba fazer os passinhos todos, ?
Dancei com o professor para exemplificar algo que não sei explicar. Na dança a par é dado ao homem conduzir a mulher. Hum... Que dizer mais? Foi bom, pois, ele conduz bem que se farta.

Meio litro de água

Inicio a sucessão (golo, golinho) de posts de hoje com golos de água (golo, golo, golinho), que há que clientes (golo, golo, golo) que me fazem cá umas securas... (golo, golo, golo, golo, golo, golinho) Ahhhh!

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Fim do dia

Termino o dia com um texto sobejamente interessante.

Tenho um arrepio em meia extensão e meia roda da coxa. Ou seja, metade da minha perna direita está praticamente todo o dia arrepiada, com pele de galinha, mas sem o frio. Esquisito, isto.

Até amanhã.

Até amanhã, sei lá eu, quem sabe amanhã não possa escrever as parvoíces do costume, ou assim. Até um dia desses aí, que eu cá prevejo voltar.

Escrever

Vou fazer um compêndio com os assuntos tabu aqui do blogue, aqueles que nem sequer veem a luz da blogosfera. Se compilar esses escritos, com histórias intensas e verdadeiras, as proibidas, censuradas, vá, formarei uma obra literária de qualidade. Um bom livro. Isso sim, daria um bom livro.

Construção

Não sei construir um blogue cheio de belos textos, daqueles arejados, que só falam de positivismo e saúde mental, feitos por pessoas ponderadas. Quando digo belos textos é isso que digo, beleza com conotação pura. Mas eu gosto é do arriscado...

Conversar

As conversas aborrecem-me, acho uma grande chatice. As pessoas não conversam, rebatem o que se lhes diz, o que me cansa que se farta.

Pausa

Aquela pausa foi ainda mais só, esqueci-me do livro.

Passar

Sou uma dama educada, agradeço sempre que um cavalheiro me dá passagem. Se uma dama me der a primazia na passagem esta dama que agora escreve também agradece, claro.
Agora até posso dar a entender que marimbo para o que as outras damas fazem se a primazia lhes é dada. Podia. Eu gostava imenso de saber com fazem, se serão educadas, tímidas ou abestalhadas. Só tenho uma hipótese: observar. Perguntar é proibido.
Como será que os jornalistas se safam, pá?! Será deste bloqueio que vem o rol de perguntas parvas que alguns são obrigados a fazer?

O feriado

Ontem espojei-me no cadeirão a ver um filme do mais lamechas e piroso que pode haver: 'Pretty Woman', com Richard Gere e Julia Roberts. Aquilo sim, é um verdadeiro filme de gaja, é só beijos e amores contraditórios e o caraças, perfeito para a gente sonhar que a vida afinal é assim, maravilhosa, e acaba sempre bem, tipo assim uma puta reles a ser amada e bajulada por um multimilionário, por exemplo. E que melhor exemplo, né?
A dada altura, talvez durante a grande explosão romântica e/ou sexual da trama, soou uma canção que acompanhei alto e bom som, ou seja, a plenos pulmões. Tal como na dança, só a Olívia me deu atenção, que este bichinho simpático não pode ouvir uma pessoa sequer espirrar que vem logo a correr ter com a gente, pensando que a gritaria é para brincar com ela...

16:29

Quero ir-me embora daqui.
Espera aí que já vais.

Sociabilidade

Armei-me em sociável e pedi amizade a três pessoas minhas conhecidas no Fuçasbuque.
Não que leve a sociabilidade até ao fim, do género: 'olá tudo bem contigo, lembras-te de mim, vem cá a casa lanchar um dia desses e coiso', não, é por ser uma maneira de contactar com as pessoas. Mesmo sendo virtual, as redes sociais promovem muito bem a interação entre as pessoas por modo a não lhes perder o rasto.

Perfeição

Quiçá a perfeição afinal exista. O dia perfeito é amanhã, amanhã será melhor, pleno, perfeito. ‘Bora lá fazer um dia bom, a gente consegue, vá!

A minha (nova) historinha

O Gualter já leu o livro, diz que se lê na boa, é fixe, está-se bem. Pergunta quando vem o próximo ao que respondo que já está na calha. Espanta-se um tudo-nada. Como no seguimento da conversa lhe faço saber dos meus planos literários para um futuro mais além, refere o Lobo Antunes como um bom cronista. Pois é... O Lobo Antunes é um bom cronista.

Preocupação

Os teus olhos não estão bem, estás com os olhinhos meio coisos, que se passa?

Olívia, a cadela, entre vírgulas

Pergunto-me se devia deixar de escrever 'a cadela' entre vírgulas sempre que escrevo 'Olívia'.
Olívia é a minha cadela e pronto.

Adenta:
Pergunto-me se devia deixar de me explicar tanto no blogue.

Olívia, a cadela

Ter um cão é fixe, acalma as ânsias, apraz a alma e o sentir (até fico poética...). Podemos dizer lamechices como se de um bebé se tratasse, podemos fazer palhaçadas, macacadas, parvoíces, que a Olívia, a cadela, vem a correr ter com a gente a ver o que se passa, submissa, abanando o rabinho. Ademais, possui a bendita benesse de não desdizer-me, contrariar-me ou destratar-me.
Mas... (há sempre um mas)
Estou quase com asco:
ao osso que anda pelo chão da casa aos trambolhões, e eu a tropeçar nele meia dúzia de vezes ao dia;
às bolas pelo ar, já se partiu uma moldura do rico filho de quando ele era bebé;
aos levantamentos de patas de quando ela está cheia duma alegria incontrolável porque cheguei a casa, já me rompeu duas saias e uma mala e arranhou-me as pernas.
Bolas, pá... Não se pode ter um cão sem estas circunstâncias?

A meio

Estou triste e aborrecida. Ninguém me fez mal mas eu sinto-me triste e aborrecida. Resolvi vir desabafar num repente a tristeza e o aborrecimento, um blogue (também) é para isso que serve. Ficam aqui estes dois sentimentos depositados, pairando, na esperança de que me larguem da mão. Ficam aqui e agora, talvez a meio dos escritos de hoje e mais ou menos a meio do dia.

Nova historinha

Através do Fuçasbuque fiquei a saber de alguém que enviou um texto para integrar a nova coletânea mas não foi selecionado.
Hum, ok, afinal existem pessoas que enviaram textos e não foram escolhidos... O que significa que eu sou melhor do que alguns. Ok, ok, pronto, pronto, já passou.

A lista

Pergunta o ávido leitor:
'Então Gina Gg, este ano não há lista de afazeres nas férias?'
Ao que respondo:
'Há, pois. Estou a trabalhar nela, é imensa, requer grande esmero e atenção.'

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As férias estão aí não tarda. As minhas.
Por agora limito-me a observar pessoas com belos bronzeados e um ar descansado e leve. O verão tem destas coisas, este vaivém revezado.

Mesa e cadeiras

Havia papeis de rebuçados El Caserio; eram seis pessoas numa mesinha para dois; quatro cafés, porém e apenas.
As chávenas foram esvaziadas, as pessoas saíram, só uma arrumou a cadeira.
El Caserio → alguém veio de férias e trouxe rebuçados para os amiguinhos. E eu sempre a meter-me na vida das pessoas, credo.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Dança comigo: valsa inglesa

Eu e o Luís ganhámos um prémio há uns meses que consiste em 'uma semana de aulas numa academia de dança'. E ontem lá fomos nós, já convencidos de que não percebemos nada daquela horta para não nos sentirmos muito desapontados quando efetivamente tomássemos consciência disso.
Bem, devo dizer que realmente não percebemos nada daquela horta, não senhores, só que a gente até se portou bem. Primeiro o quadrado valsado (em três tempos, portanto) a que a dança obriga, depois o rodar, e só depois as mãozinhas no devido lugar.
Foi uma experiência nova para os dois. Gostei muito. O Luís também. Já andámos aí pela casa a praticar e tudo... Olívia, a cadela, é a única coabitante que nos olha com muita atenção.

Amanhã: Kizomba. Vai ser bonito, vai.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O amorzinho; o almocinho; o docinho e outras coisinhas

Fui almoçar a casa de uns amigos. Uns conhecidos, quero eu dizer, que amigos são outra coisa.
A anfitriã havia-se esquecido de preparar a saladinha à portuguesa: alface, tomate, pepino, cebola. Já sentada à mesa desmancha-se e desabafa que tinha tudo comprado mas fazer a salada é que não se tinha lembrado. Acrescenta ainda que não aprecia saladas e verduras, só não diz o quanto odeia por vergonha das visitas. Mas o marido adora, o filho mais velho idem, e ela, por si só, lá se convence:
– Vou fazer a salada, faço-a num instante!
– Ó ‘mor… Não te importas?
Diz ele cheio de amabilidades, valorizando imensamente o préstimo forçado dela...

A refeição quase terminara. De sobremesa houve mini gelados pastosos e sensaborões, o que contrastou um pouco com o prato principal – frango à brás – a qual, sendo uma refeição económica, estava bastante saborosa.
Fui a salvadora do momento doce, levara de casa uma musse de bolachas oreo que é simplesmente divinal. Até os manos mais novos da anfitriã, filhos da mesma mãe mas de pais diferentes, dissera ela por entre garfadas, os dois calados e sorrateiros se lamberam com a minha iguaria.

Comecei por ajudar a levantar a mesa mas mandaram-me parar, uma visita não trabalha e blás, aquelas coisas que a gente diz para parecer bem mas era uma sorte do caraças que alguém tivesse a trabalheira, que não nós.
Quando dou por isso está o anfitrião lavando a louça e elogiando a minha taça, que bonita é. E a anfitriã, que é feito dela? Está lá fora na varanda, fumando um cigarro.
Sou invadida por aquele sentimento tão bem descrito numa canção d' agora: 'os maridos das outras'. Porra, pá, olha só a sorte desta cabra! Eu cá não fumo, tudo bem, mas era fixe o meu marido tratar da louça enquanto me dedico à escrita...

Acabou a refeição. Está um calor que não se pode dentro daquela casa minúscula. Olívia, a minha cadela, está apreensiva, ainda não saiu de debaixo da mesa. Todos falam, gesticulam, defendem umas ideias, anuem a outras. Eu não, estou prestes a aborrecer-me, exausta de me forçar a sentir (ou a parecer...) bem-disposta e alegre. Quem dera ser uma cadela ou outro bicho qualquer...
Sinto-me diferente mas faço finca-pé: não sou diferente, quero antes dizer: os outros é que são diferentes. Eu não tenho nada que me sentir deslocada no meio das pessoas só porque elas são diferentes de mim...

(Iupi! Sou escritora, iupi! Duas vezes, duas vezes, duas vezes - três, afinal?! - escritora! Já não vale pela unicidade, iupi!)

Sou tão diferente. Queria tanto não o ser.

A idade

(Achei uma moeda de dois cêntimos. A partir do primeiro dia do ano que vem a ver se ponho estas moedinhas de parte para ficar a saber a totalidade de achados até ao último dia.)

Devia ter ido com o meu colega a casa dum casal de velhinhos nonagenários, ajudá-lo a segurar nos parafusos ou a passar-lhe a bateria carregada para as mãos. Este casal, de tão velho, deve ter um lar interessante, cheio de livros e objetos antigos e fora de uso, todo um conjunto de coisas que gosto de observar. O velhinho é muito simpático e atento a tudo o que se lhe diz, a velhinha, acamada, não conheço pessoalmente mas penso que deve estar disposta a apanhar com sofreguidão qualquer migalha de atenção que se lhe dê.
Assim, ando aqui ao calor, solitária, lutando para não parecer errante, ao menos isso, de olhos cravados no chão, a ver se acho pertences valiosos ou moedas de baixo valor...

Culinária

Através duma janela aberta vejo um homem em tronco nu preparando algo comestível. Mexia numa tigela, talvez estivesse fazendo um bolo, os homens também gostam de fazer coisas doces, se bem que as comidas pesadas são mais à macho ou assim.
Não tenho arte para explicar o inexplicável, se tivesse agora dissertava sobre esta temática: homem → feijoada, cozido à portuguesa; mulher → pão-de-ló, arroz-doce.

Amarelo

Na rua mais bonita de Lisboa as árvores já têm as folhas a amarelar. É o agosto...

Agora ficava aqui infinitamente, com o sol a escaldar-me o pescoço e os ombros. Pouco me importa este sol inimigo, eu quero ficar aqui, além, ainda, do infinito.

Paragem

Ponte de Frielas, 14 de agosto de 2012

De manhãzinha, por causa da correia, houve paragem na Ponte de Frielas. Eis a foto, simples e bonita. É assim que eu gosto.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Saber que sim

Eu até sei escrever. Sei escrever bem, quero eu dizer. Não dou erros ortográficos, as frases estão devidamente construídas, as palavras fazem sentido. O pior é o resto.

Vermelhona

A ama de cabeça vermelha tem uma toada maluca no visual.
Eu sei que toada é de som e visual é de ver mas eu gosto disto assim, pronto. Assim tudo maluco, como a ama de cabeça vermelha, por exemplo.

...

Tinha montes de coisas giras para escrever acerca da ama de cabeça vermelha mas por causa da toada maluca esqueci-me.

Quantidade

Olha só quanto já escrevi hoje! Que rápida sou. Ainda que a rica filha noutro dia me tenha dito que sou lentíssima no dedilhar, 'que horror, mãe dá-me tanta graça ver-te a escrever', ainda assim sou bem despachada, isto é que é dar ao dedo!

Exposição

O lugar da musa agora apresenta uns quadros alegres e cheios de cores, a mim lembra-me patchwork.
Não sei apreciar pinturas, gravuras, desenhos, esculturas, artes plásticas no geral. Geralmente confronto esta minha ignorância com o seguinte pensamento: eu não seria capaz de fazer algo assim, logo... Blás.
Que pena os meus clientes não serem assim inteligentes como eu, não terem o mesmo pensamento. Querem o trabalho (bem) feito mas apresentam sempre algum horror aquando da verbalização dos números...

A sortuda

Sou eu, a sortuda sou eu. Vou adiar as minhas férias porque sou uma mulher de sorte.
Esta manhã foi-me pedido que adiasse as minhas férias. Desatei-me a rir porque me veio imediatamente à memória que o ano passado também houve desajustes deste género por causa da família emigrante, de seguida pensei 'pronto, é assim, tudo bem, vá lá, começando as férias mais tarde, mais tarde se acabam, quando regressar já todos foram e vieram e isso tem a sua piada, pode ser um gozo do caraças, blá blá blá'.
Mas gradualmente este positivismo todo foi-se desvanecendo e em substituição iam aparecendo os contras. Bolas, pá... Porque logo eu é que tenho de ser uma mulher com uma sorte deste calibre? É que nem me posso queixar... Pois se tenho sorte!

A pergunta

Sempre que entabulam conversa no balcão com a pergunta 'posso fazer-lhe uma pergunta?' eu respondo 'pode.'

Não parece assim muito mal, pois não?

Hum, ok, era só para saber.

O fazer da montra

Não sei porque me acho gorda se caibo dentro dum espaço 120x50 (cm) e me mexo. Rodo e balanço o corpo, estico-me, baixo-me, levanto-me e seguro em artigos sensíveis ou quebráveis.

Tenho vontade de gritar 'merda!' sempre que bato com os cornos nas prateleiras. Dói que se farta, mas pronto, isso é outra história. São grandes, os ditos... Enormes, mesmo.

Posso fazer de conta que o frasco do limpa vidros é uma pistola que aponto aos transeuntes, em particular os que abomino. Esguicho a fazer de conta que é uma bala veloz e certeira e tudo. E as pessoas atingidas continuam o seu percurso normalmente para eu lamentar profundamente, pois assim a brincadeira não tem graça.

Agosto

É rente ao meio de agosto que noto o declive acentuado dos dias. Que pequenos são os dias de luz, agora.

Lembretes

Depilação: 24/8 às 11h, Saldanha
Manicure: 24/8 às 14:30, Areeiro

Sábado e domingo

Se eu escrevesse ao sábado e ao domingo iam sair as patacoadas do costume de quando eu escrevia ao sábado e ao domingo. Assim, agora que ando nisto de não me fazer aparecer na blogosfera ao fim-de-semana, guardo as patacoadas para escrever à segunda-feira, e se não tiver tempo escrevo à terça-feira, e quantas vezes não se estendem as patacoadas até quarta-feira ou quinta-feira ou sexta-feira, e outras ainda há que ficam para a segunda-feira seguinte ou por aí fora. E assim se passam semanas. E a vida vai-se fazendo, como se houvesse amanhã.

Quarta-feira é feriado.
Escrevo,
não escrevo,
escrevo,
não escrevo.

Domingo

Figueiros, 3 de junho de 2012

Se eu publicasse posts ao domingo ontem teria publicado um postzinho lindo da mamã com esta foto espetacular (ver acima, por favor) que tirei na festa dum casamento (para o qual não fui convidada mas não explico porque daria uma trabalheira do caraças e não se ia perceber nada) no dia 3 de junho passado.
Assim, hoje, segunda-feira, estou a publicar um postzinho lindo da mamã com esta foto espetacular... E não é que não tenha mais nada que fazer ou dizer ou escrever, tenho sim senhores, mas agora apeteceu-me isto assim e acabou a conversa.

Ah, ainda cá volto, faltou uma coisita: na foto é um cupcake. Modernices da pastelaria.


Grande cena

O menino mandou a irmã mais nova cagar, que a meu ver é o mesmo que mandar à merda, e a mãe desabafa com o marido e pai das crianças:
– Já viste? Mandou a menina cagar!

Tenta-se sempre educar as criancinhas, levá-las até ao bom caminho, para serem lindas e educadas, bem sei, mas às vezes as coisas não saem lá muito bem, não.

Pino

Sempre quis tirar uma foto a um pino, numa autoestrada (ai tão mal que ficam algumas palavras sem hífen, credo) ou via rápida ladeada de vegetação semisselvagem (olha outra, ai que horror, oh céus), assim como que um local proibido, vá. Foi hoje. Painel do carro com luzes de aviso acesas; paragem forçada; correia do não sei o quê quase desfeita; substituição da mesma por uma outra que andava lá atrás na mala aos trambolhões. Maravilha, já está. E a foto, ei-la.

IC 17, sentido Loures - Sacavém, quilómetro não sei quantos, 13 de agosto de 2012

Não, não é a foto que está torta, o pino é que está inclinado, talvez das intempéries.

Cabeleira

Sabes quando o cabelo começa a parecer-te comprido e disforme mas tu não vais cortá-lo porque não te apetece ou porque não te dá jeito...
Eh pá, estou para aqui a lembrar-me que talvez os meus leitores sejam todos carecas, sendo assim não devia apresentar o texto como 'sabes isto' ou 'sabes aquilo' em matéria de cabelos.


O meu cabelo está comprido e disforme. Não me apetece cortá-lo, não me dá jeito. E está tudo dito.

Despedida

O paspalhão do banco foi embora, mudou de avenida. Veio despedir-se. Que fofinho.
Admiro bastante este tipo de despedidas, não é a primeira vez que bancários vêm ao estamine para se despedirem de nós, faz-me sentir especial, daí a minha admiração. E não sou rica, olha se fosse!

Tenho um amigo...

Tenho um amigo que é muito amigo do 'não sei'. A gente conversa e depois de mim (muitas, muitas vezes) diz ele:
– Ai é?
E eu prossigo com a conversa, mando os meus argumentos para o ar na esperança de que ele perceba sem me dar muito trabalho, que eu cá chateia-me argumentar, ainda que esteja sempre ciente das minhas afirmações. Vai daí, ele:
– Não sei...
Fala como se duvidasse. Ora caraças! Eu não estou a perguntar-te nada, pá! Chiça, meu! Estou a fazer afirmações... Não percebes?!

Olívia, a cadela

Se eu criasse um blogue para revelar as façanhas e facetas da minha cadela iria chamar-lhe 'Pelos por Todo o Lado'.
Socorro!
A minha casa está cheia de pelos! Não se dão acabados, o chão parece uma alcatifa escura, que horror, oh céus, ó mê guê!
Das duas, uma: pinto o pelo da cadela de branco, ou mudo os mosaicos da casa para preto!

O pacote

(É incrível a descontração com que os funcionários da meo falam dos pacotes... Eu, por mim, vou tentar já a seguir.)

Agora tenho um pacote diferente, completo, mais completo, quero eu dizer, tão completo que tenho aquele canal português de culinária, o qual me agrada bastante. Foi num programa desses em português que ouvi o chefe dizer que 'o queijo é o salto que o leite deu para a imortalidade'. Faz sentido.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A ladra

Roubei um caramelo ao senhor Adeodato enquanto ele ia lá dentro buscar um 'saquinho jeitoso – palavrinhas do próprio – para colocar a amêndoa moída que eu lhe havia pedido.
Primeiro pedi cheia de maneiras graciosas:
- Senhor Adeodato, posso roubar-lhe um caramelo?
Ele diz que sim, claro, era lá capaz de negar um favor destes, e eu retiro de dentro do enorme saco um caramelo pequenino e simples. E inofensivo.
Depois, como ele se demorasse, o raio dos 'saquinhos jeitosos' deviam estar nos confins daquela divisão tão sui generis que tem a sanita bem à vista do freguês, quase ao meio da divisão que alberga o excedente das prateleiras, isto em caso de o senhor Adeodato se distrair e deixe a porta aberta, claro, caso contrário o bendito objeto de descargas não se vê. Mas dizia eu, como ele demorasse… Eu surripiei outro caramelo pequenino e simples. E ofensivo.

Ninguém ficará a conhecer semelhante delito. A menos que venha ler este blogue.

A comidinha

Um cliente mirava e remirava um pacote de veneno para ratos, indagando sobre a qualidade do mesmo e num suspiro diz:
– Se eu soubesse que isto é bom...
Não se diz a uma pessoa com dúvidas destas que prove um pastilhinha rosa para se certificar da eficácia do produto, pois não? Está bem, então eu não digo...

Olívia, a cadela

Estreei-me na condução, com a cadela lá atrás no banco. É esquisito curvar e ficar à espera de ouvir um resvalar de unhas caninas e ver por momentos através do espelho retrovisor umas orelhas a dançar descompassadamente, tentando equilibrar-se com o ritmo da viagem.

Das minhas curtas viagens

Agosto é o tempo das cidades desertas. Loures também, claro. Filas de trânsito não há, ninguém à entrada das rotundas espera a vez de avançar, entra-se e pronto. Uma maravilha, um desafogo do caraças...

Desenganem-se os que pensam da burrice que aparento. É mesmo isso: uma aparência.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O vácuo

As Ginas agora estão um bocado vazias de palavras, tenho saudades duma ou outra delas. Da Gina escritora, principalmente, sinto-lhe uma falta imensa nestes dias ocos.

Engraçado: eu consigo escrever que sou escritora, já dizê-lo nem me atrevo. A escrever sou bem mais frontal e direta, às vezes arrojada, desmedida, mas dizer que sou uma escritora, vocalizar essa palavrinha... Eh pá, não sou capaz!

Em francês

O cão francês veio do Alentejo cheio de pulgas. Não se sabe que é aquilo, talvez do ar seco ou assim.
A mim calhou-me uma melancia alentejana, gorda que só visto e boa que se farta, nham nham!

É Lou Lou, o cão francês. É mesmo à francesa: Lou Lou, vien ici! Refiro-me ao nome duplo, por assim dizer que Lou Lou sei eu que se escreve Lou Lou. Para os franceses o 'u' escreve-se 'ou', quando eles escrevem 'u' lêem 'iú'. Nunca esquecerei este pormenor. Uma vez, algures em França, estive que tempos a soletrar a uma funcionária duma pensão o nome do Luís para preencher um formulário. Credo, quando chegava à parte do 'u' do Luís, o raio da mulher escrevia 'ou'... Porra, que chata pá! Pois é, não sei porque razão não preencheu um de nós o formulário, não senhores...

O descanso

Quando as férias se aproximam - esse quase estalar, como que um pipocar de descanso, pés ao alto, roupas largas e curtas, despreocupação geral - desconheço se este cansaço extremo que sinto se deve a essa aproximação. A parte psicológica duma pessoa é incrivelmente manobradora... Manobra uma outra parte, também psicológica, mas escondida, secreta.

Palavrão

Lisboa, 9 de agosto de 2012

Sinto uma vontade intensa de vociferar 'merda!' quando estrago a beleza das unhas. Primeiro:
deu trabalho prepará-las;
segundo:
ficam desfiguradas.


O que se aprende a vender esfregonas:

Há para aí um país qualquer da cee onde esfregona se diz balai. A origem etimológica será bailado?

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

De regresso

(O título até parece que tem a ver com férias... Mas não tem.)

Ontem estive aqui (vede fotos abaixo) e tirei fotos às florinhas. Montes e montes de cliques, que resultaram em montes e montes de imagens. Umas desfocadas, outras torcidas e uma mais ou menos, a qual depois publiquei.
Hoje também estive aqui (vede fotos abaixo novamente)e tirei outras fotos que apresento de seguida...



Fanqueiro, 8 de agosto de 2012

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Sem título


Escrever é fingir certezas.


Fanqueiro, 7 de agosto de 2012


Das fêmeas

Ser mulher é lixado. Temos de ser asseadinhas, lavar a casa com lixívia, com amoníaco, com espumas várias, deixar tudo alvo, áspero de tão enxaguado, lambido com panos de restos de tolhas velhas.
Não podemos servir as batatas fritas com as mãos por mais que o desejemos, e temos de nos lavar todos os dias, a toda a hora, às mulheres não é dado odores corporais, que matem as hormonas e as bactérias, exterminem essas indesejadas.
Depois de esfregar a casa inteira temos de parecer bem, lindas e maravilhosas que vamos sair com as amigas e os amigos e ninguém gosta de ser vista extenuada, de olheiras profundas e outras marcas de cansaço, com tudo a comentar ai credo que ar que tu tens mulher. Também temos de sorrir amavelmente, cuidado aí com o penteado e olha lá as unhas, se têm falhas ou isso. Isto perante elas, que perante eles temos de saber dosear o humor, não ceder à malícia, uma senhora não se excede, não diz merda nem arrota.
Mais tarde, à noitinha, temos de foder com vontade, fingindo prazer, quiçá fingindo que fingimos prazer, que o homem quer dar e a gente é para receber. Lei da vida, será? Prospeto, estandarte desta mescla a que chamamos humanidade? Não sei.
Sei que queria ser homem. Note bem: em certos dias, nem sempre, que aquilo deve ser uma canseira, credo, não podem chorar, os pobres, a gente pode, faz parte, não podem fazer trabalhos de mulher, pois serão paneleirões, ao invés da gente, que se fizermos trabalhos pesados somos umas valentonas e o caraças. Queria ser homem no foder, aí sim, um órgão comandando a cabeça, pedindo clamorosamente um buraco húmido, qualquer um, ou as próprias mãos, sem culpas ou culpabilizações, basta-lhes satisfazer os ímpetos, e dispensam por completo fingimentos. E depois o êxtase... Impreterível e... Indubitavelmente.

Ai como a vida é bela e como eu, ainda que deste modo escreva, gosto de ser mulher! (Minto bem, pois.)

Interrupção constante

Que desassossego, que inconstância! Interrompo a leitura em todas as páginas para escrever as minhas ideias, umas vezes algo lembrado pela leitura ou referente à mesma, outras nem por isso.

«Gina Maria, faz uma letra bonita, vá, olha que depois não percebes nada do que escreveste!»

Segredinhos

Escrever um segredo e enterrá-lo na mata? Pode ser que sim, talvez resultasse, aliviasse. Dias há em que espero com grande ardor que se me alivie a catrefa de cargas secretas que carrego. Se eu soubesse que escrevendo...

A minha cadela, Olívia, cede ao instinto, esconde pequenos objetos ou o osso de estimação debaixo das camas ou dos tapetes, ou ainda em cantinhos que julga bem recônditos. Eu também possuo este instinto de esconder. Não me sabia assim, nunca me soube tão cadela, agora me apercebo...

O mais ou menos morto

Aí pelo meio da minha vida de bloguista lia um blogue em que o seu autor tinha uma obsessão pela morte que era qualquer coisa de louco.
Os posts deste bloguista eram imensamente tristes ou então revoltantes, enraivecidos, e sempre enigmáticos.
Planeava o suicídio, queria-lo especial mas nada de misericordioso ou bravuras à mistura, não, seria um acontecimento intenso pela unicidade.
Claro que um tema como o suicídio em iminência apela ao conselho dos leitores, se bem que essa parte a mim não me assenta bem, de maneiras que sempre me mantive na penumbra, quieta e calada, certa de que um dia deixaria de ver o seu blogue atualizado, o que realmente aconteceu pouco depois.
Recordo que chegou a dizer-me que gostava muito do meu blogue e do meu modo de escrever, talvez o cativasse o cerne marcadamente feminino que aqui insiro, que a atração homem / mulher será eterna...

Depois

A propósito de postumamente falando, ainda. 

É como aquela vez em que andávamos a colocar mosaicos em parte da casa. Os ricos filhos eram crianças e o Luís lembrou-se de escrevermos todos num papel (assinámos apenas ou debitámos frases? não me lembro...) e colocá-lo dentro de um saco de plástico para não se deteriorar, deixando-o debaixo dum dos mosaicos, guardado e seguro, qual tesouro de valor. Um dia, alguém que desfaça aquela casa, naquele exato lugar há-de encontrar um papel e lê-lo (com curiosidade?).
Este póstumo (como todos) não me apraz, que gozo tem a gente não ver a pessoa que vai descobrir o papelinho rabiscado por todos nós? Qual é a piada de não ver o brilho de curiosidade no olhar do descobridor?

Férias dos outros

Agora andam todos de calções, com ar descontraído. Tu deves estar nos algarves, estão lá os teus amigos todos, se fores em setembro não está lá ninguém, assim vais agora para teres a companhia deles, que os prezas tanto.
Tens muitos amigos. Muitos, muitos amigos, todos amicíssimos, como manda a lei da mutualidade. Só não lhes contas os teus segredos, pois quando não acabaria a extrema amizade, tão bela e singular, bem como essa tal de lei, que se esfumaria num repente, arruinando a beleza da amizade.

Brincadeira

Lisboa, 7 de agosto de 2012

Filha e pai brincaram com os rebites, a fazer de espadachins com espadas minúsculas.
Ela, de dedos frágeis, jovens, depressa cedeu à agilidade robusta dele.


É caro

No tempo dos escudos um cliente veio fazer fotocópias e queixou-se do preço com tanta indignação que me salivou no rosto quando proferiu o sibilo dos escudos.
Neste tempo dos euros – parcos, já agora acrescento – vem comprar um tampo de sanita preto vez sim, vez sim. Duas vezes. Depois chegou a vez não, que isto é tudo caro e não pode ser sim todas as vezes.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Agora

Aqui estou eu, a uma hora que não revelo, escrevendo o que a minha cabeça tem necessidade de dizer, porque ouvintes não os há.

Querer saber

Dantes o senhor doutor telefonava-me a perguntar como ia passando, se a minha vidinha estava mais ou menos, estaria melhor, batati-batatá. Agora já não. São as mudanças que se têm na vida, desajustes ou saudades do outrora. Sei lá, há qualquer coisa que já não funciona!

Memória

A figura conselheira e consoladora que mora na minha mente é uma mulher jovem e bela; sabedora, expressa.
Ela existe. Sinto-a.
É como abolir o 'ver para crer' para o resto ser a imaginação. Pois seja assim, então. Repito: ela existe.

Em vez de...

No caminho,

para não chorar.

Escrevi.

Nova historinha

Eu bem disse que tinha enviado mais um texto para a nova coletânea mas esqueci-me de dizer que foi um texto produzido em cima do joelho, apressado, deixado até às últimas, que eu sou daquelas que vai escrevendo e não gosto nada de estar a escrever o que me mandam, texto esse enviado a cinco minutos de terminar o prazo de envio.
Eu bem disse que a bem da verdade preferiria que não fosse escolhida por causa do aparente desamor com que escrevi. Mas o meu texto... Desta vez também foi escolhido para integrar a nova publicação... Oh céus!
Primeiro fiquei muito contente, não com toda aquela alegria esfusiante da outra vez, antes mais contida, mas muito, muito contente e satisfeita comigo. Eh pá, afinal e tal, mesmo assim escolhem-me e mais não sei o quê.

Entretanto esses sentimentos foram esfriando, lentamente fui tomando algumas consciências, que o meu feito assertivo e pouco dado a romantismos não me deixa flutuar mais que escassos minutos. Desta vez os autores são 99, e segundo se consta os textos enviados ultrapassa a centena, mais ou menos como da outra vez, vá. Então... Talvez não seja assim tão maravilhoso, principalmente porque desta vez já não posso contar com o fulgor das primeiras vezes, acabou a novidade.

Por outro lado, também sei que a oportunidade de uma das minhas histórias estar publicada é maravilhosa, pode não ser uma grande história, talvez não venha a saber se efetivamente é, raramente alguém me fala explicitamente acerca do que escrevo mas vou ser publicada novamente, isso é o melhor que posso retirar destas experiências. Estou alegre com isso, claro que sim.

Escrevi do medo, exponho-me muito mais do que da última vez, tanto mais que me concentro na primeira pessoa, com mesma a voz e o mesmo estilo com que escrevo no blogue.

«Tenho medo de escrever. A minha esperança é que não se note nada, Tu o dirás...»

Caravelas

Eu era mulher para ver escrito num blogue qualquer a referência a um local cheio de graça e arranjar um bocadinho de tempo para ir lá ver e cuscar e escrever e coiso.
«O azulejo do número dezasseis da avenida, aquele que tem caravelas, vai lá ver e viajarás para outros países.», disse ele.
Fui, até contei os passos...

Agradecimentos e valorização póstumos

Faz-me uma certa impressão o anseio pelo póstumo. Sei que há quem se apoie na ideia - gloriosa por ser apenas suposta - de um dia, depois de mortos, todos nos vão ler e/ou dar apreço, gratificando enormemente o nosso desempenho numa ou noutra ocasião. Eu cá não quero nada disso, eu quero agora. AGORA. Sendo agora verei a glória, não desejo a glória póstuma, que essa não lhe porei a vista em cima, não.

Tenho uma amiga…

«Costumo ser mais esperta do que aparento. Sempre fui assim.»

«Ouve lá: há alguém que te ouça? Sim, eu.»

Tenho uma amiga que usa frequentemente a frase 'Não te importes.'

Não me importo com isto;
não me importo com aquilo.
Não me importar com o homem;
não me importar com a mulher.

Difícil que se farta! Como é que eu vou não me importar? Se eu não der importância, se for um amorfo que para aqui ando, acaso serei mais feliz, completa, satisfeita? Não é a incessante questão que nos mantém despertos? A insatisfação, a busca?
Eu tenho de me importar. Contudo e com tudo.