terça-feira, 21 de agosto de 2012

Arte

Numa das várias incursões ao supermercado a rica filha ia falando – em contraste com o mano aquela alminha nunca se cala... Se bem que não faz parte do grupo das gralhas que se chateia com as poucas falas dele e ainda bem - acerca da sua característica mais esquisita que consiste em ter uma ordem de roupas a usar, uma ordem de sapatos a calçar, uma ordem nos colares, nas pulseiras, ela sabe que é esquisito mas não consegue viver doutra maneira, é impensável quebrar a ordem... O leitor não sei mas eu cá já estou cansada com tanta ordem!
Depois, à laia de desculpa, diz que é natural que não a entenda, que não sou nada assim: organizada, reta,  prevista...
E eu, no meio dum corredor de supermercado, abro os braços e exclamo cheia de convicção:
– Eu sou artista, filha! A mãe é artista, tenho desculpa para ser desorganizada!

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