sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Abstrato

É sexta-feira. Hoje não vou passar o dia escolhendo bolos cá por dentro. Este fim-de-semana não vou estar em casa. Este fim-de-semana não vou ter hipótese de fazer bolos. Este fim-de-semana vou passear. Este fim-de-semana vou. Vou-me. Me.
Escrever. Escrever-se. Se.
Repudio as vírgulas. Bem tento ser diferente mas é difícil achá-las colocadas no tempo certo. Gosto de pontos finais. O abruptamente escrevendo está comigo.
Viver ou morrer. É assim a vida: tem a morte certa em tempo incerto. A incerteza da vida perante a morte. Atenção: a frase apresentada em itálico não me pertence.
Batman. Chamam isso ao homem que anda de sobretudo aberto, zanzando pela rua porque faz recados ao senhor doutor do escritório. Quando anda o sobretudo esvoaça. Já falei disso aqui. Batman. Cruzo-me com ele várias vezes por dia e em todas recebo um alegre cumprimento.
Ah, eu sabia que ia para aqueles lados e encontrava rebentos. Há pontinhos verdes espreitando em alguns ramos e umas folhas mais adiantadas num deles. Tão vivaz. Tão bonito.
Sonho. Hoje sonhei com farinha. À falta de disponibilidade – mental e prática - para os bolos, sonho com o abastecimento da despensa. Colocava a farinha na caixa, era de cor diferente, cinzenta. Que feia.
Dia de. Disseram na Radio. Ontem: era dia dos morangos. Não os comprei mas vi-os numa prateleira da loja de fruta bonita e incapaz. Por partes: uma bonita, outra incapaz. Morangos bonitos mas um tanto ou quanto verdes e portanto um tanto ou quanto incapazes para ingerir. Verdes junto ao caule, vermelhos no cume. Não os comi mas creio que no caule seriam salobros e aguados e no cume ácidos, de polpa filamentosa e sumarenta. 'Aguados'; 'sumarenta', se a água tem sabor, é sumo. Hoje: é dia da Maria. Olá, sou a Maria. Quase nunca me lembro disso.
Diz que as mulheres sonham com o chefe e o namorado da melhor amiga e outros que tais. Os homens sonham com mamas e nalgas e qualquer orifício do corpo feminino, as mulheres sonham com palavras atenciosas e um ou outro músculo mais definido ou todo um arcaboiço que aparente vigor, digo eu. Homens e mulheres são seres humanos, o que liga com cérebro, o que liga com emoção, o que leva à imaginação, portanto: imaginam cenas e as cenas são tão mais empolgantes - tão mais - se imaginadas com outra(s) pessoa(s) que não a(s) pessoa(s) do costume, porquanto dessa(s) se conhece os podres e os(as) outros(as) são idealizados a bel-prazer do(a) pensante. E as mulheres idealizam e sonham, verdadeiramente, só por dizer que isso lhes traz cadastro. Que putas.
Bem, está na hora de apresentar a coisa, ainda que me repita. Tenho de escrever para aguentar o viver. Sério. Posso mentir, mas não. Posso dizer que daqui a nada vou ali e quando voltar vou estar aqui. É uma verdade. Posso ironizar. Posso revelar. Posso ironizar revelando as minhas verdades. Já me avisaram: olha que escrever enlouquece, olha que cais numa espiral de onde não sairás. Sei como é, 'migo – se avisa é 'migo -, entrei nessa espiral há largos anos e hoje possuo um grau de loucura maior, mas uma loucura manhosa e controlável. Sou portanto uma louca que não choca, uma louca como deve ser.
Não estou lá muito irónica, hoje. Não lhe sinto a falta, ainda. A ironia brota se falo doutros, ou então de mim mas sem ser em dias de miserabilidade existencial, como estes últimos.
Rascunhos. Tenho dois rascunhos mais abaixo, neste documento onde todos os dias escrevo. Um fala de beleza feminina, outro dos 'Dias de um Ginásio'. Neste exploro o assunto com a ironia do costume. Estes rascunhos não servem para publicar hoje, passam para o mês que vem.
28 de fevereiro, o derradeiro dia do curto mês.
Há drama no texto d' hoje. Pergunto. Eu não sei. Decerto há bruteza, que isso há sempre. Mas hoje há só isso. Pergunto.
Da normalidade. Deitei sangue do nariz, coisa pouca. Tenho ranho seco e muito escuro dentro do nariz. São sobejas. Quem tem uma dor fala dela. Partilha o sofrimento. Comunica com os semelhantes como se fosse muito importante. Tanto a dor intensa, assim a importância. Quem tem uma dor grande fala dela grandemente. Ninguém vai querer ler as minhas dores. Nem os meus, no presente ou pela hora da minha morte. Mas isto de escrever é um fundamento da minha existência. Olha aqui eu a mostrar a alma dorida. Bah. Sai tudo a fugir.
Abaixo do texto deixarei uma imagem. O dia não é (foi) assim tão destituído de alegria para que não encontrasse os motivos do costume para fotografar. É um feto bebé numa perspetiva esquisita. Ainda me lembrei de clicar direito aos quavros mas era mais do mesmo, e mais do mesmo, hoje, não.
Doravante a sexta-feira podia ser o dia do 'post abstrato'. Mas não. Nada disso. Sou tão rebelde. Horrorizo-me com regras. No lbogue. Blogue. Um blogue regrado, não.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Simpaticamente

Ah, venho contar a luz, senhora.
Olhe uma coisa: eu sou fotofóbica.
Ah, então conto a luz...
Não se demore, por favor.
… Ah, depois apago-a, senhora.
Muito agradecida.

Há esperança no porvir

Amanhã é outro dia. Creio que igual, mas em bom.

Escrita

Escrever. Como se muito importante fosse. Atentai no 'muito'. Superlativando: importantíssimo. A rebentar se medido numa escala de valorosidade. Escrever assim é fundamental.

Escrita

Escrever, o ato nobre, bonito. Ancestral. Dava-me tanto jeito que fosse sempre alegremente libertador. Mas não. O tristemente escrevendo não me larga. Hoje. E a poesia... Pergunto.

Escrita

Passear-me nas minhas histórias: impossível. Hoje.

Leitura

Impossível dedicar-lhe tempo. Hoje.

Ainda

Antes que me esqueça: este blogue não interessa para nada. Aqui não se está bem. Perigo de contágio e isso assim. Osmose; mistura. Por conta da repulsa que a autora sente em relação às pessoas. O virtual atua da mesmíssima forma que o presencial. Antissocial; associal; insocial. Bah.

Em sociedade

Antissocial; associal, insocial. Hum, qualquer uma das três, por favor.

Fiz o dia assim

Em dias assim dou um desbaste do caraças aos papelinhos de sobra. São tamanho A7. Aproximadamente, claro.

Maldade

Não faço
nada
de mal. Pensar
tudo
de mal é quanto baste.

A triste

Diz que a tristeza – se imensa - tem de bater num fundo qualquer. Eu escolho o fundo do mar.

A doente

Melhor lutar contra alguma enfermidade rara, de nome tão pomposo que se torne impronunciável. E vencer. Assim é-se decerto herói.

Mecanismo

Melhor que um chapéu-de-chuva que se
abre
carregando num botão, é um chapéu-de-chuva que se
fecha
carregando num botão.

Cumprimentos

Olá sô Frederico!
Ó menina Gina... Que anda a fazer pela minha rua?!
Vim ver a bicicleta bê de biragem.
Ah...
Hoje tinha de ser, por causa da minha poesia.
Hum...

Baú

Porque sim. Foi em 29 de fevereiro de 2012, há portanto quase dois anos.

«Sou admiradora profunda do que é real. Não sei escrever o idealizado; imaginado; inventado. Atrapalho-me toda, nada fica claro para mim. Posso escrever suposições mas rara e dificilmente escrevo invenções.
Para alguns (leitores), os meus textos poderão revelar sentimentos ou situações que devia guardar para mim, ou acharão que me exponho em demasia. Concordo.
Se eu criar personagens, eles – e principalmente elas – serão à semelhança do que eu queria – quero - ser e as situações aproximar-se-ão do que eu queria – quero - viver. É mais revelador contar histórias que não viva ou testemunhe, pois desmascararia num ápice os desejos mais íntimos e impróprios. Seria avassalador.»

Ah...

… Então esta balada é original dos Waterboys... Sempre quero ver se é tão gemente* como a versão da Ellie Goulding.



Não é, não.

*...

Trapadas

O tecido é tom-a-tom, um lado mais escuro que o outro, no sentido longitudinal. A ideia primordial é confecionar uma camisola drapeada em que um dos tons se manifeste no lado esquerdo do corpo e o outro tom no lado direito. Para isso acontecer terei de dobrar o tecido em maneiras de não haver costuras nas costas: ourelas de encontro ao meio do tecido. Esta ideia é primordial, não tarda muda.

Trapadas

Som: crrre crrre crrre, faz a tesoura no pano velho. Estou a cortar naperons vintage.

Olha eu…

Olha o que eu faço
o que eu sei
o que eu ando
o que eu conheço,
não o que eu escrevo.
A escrita reflete-me
e eu não sou fixe a todo o instante.

Era uma vez

Estupidamente inteligente é fixe. Melhor que só estúpida. Melhor que só inteligente.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Quavro*

Para a posteridade:
Avelãs; café; chocolate, é o que há, e não são (as saudosas) pipocas estalando na minha cabeça, nada disso, volta e meia há um eco d' ontem:
«Siga a vida. Com tudo. Por tanto.»


*O eco é d' ontem mas a foto é d' hoje. E querendo saber do quavro, ver aqui.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Luz de presença

Oh-oh, chegou a fotofóbica.
Apaga lá a luz.
É pra já, 'miga.

4

Um trevo de quatro folhas devia chamar-se quavro. Onde estão. Pergunto.

A Gina é para o erotismo como o erotismo não é para a Gina

Continuo a escrever como se fosse muito importante. Por isso está na hora do registo → desisti de escrever o conto erótico. Pronto. Confesso que já me sentia derrotada ao início, por isso dei a esta etiqueta o nome que dei (ver título do post).

Nas pedras da calçada estava desenhado a amarelo um número dois e o que me pareceu ser um sinal mais (+). Dois é o número do amor. Com o sinal mais (+) a ajudar, então nem se fala. Mais que dois não presta. Três é traição. Quatro é swing. Cinco é bacanal. Resumidamente é isto, tal e qual, sou bruta e abrupta.

Caixinha de Pandora. Hum-hum. Pois. Escrever pode ser tão ridiculamente demolidor. Estou tão só.

Siga a vida. Com tudo. Por tanto.

Até ao fim

A dona Genoveva persegue-me até à casa de banho se for preciso. Porra. Mas não. Qual porra, qual quê, é amor e por junto uma admiração admirável. Eu admiro-a. Mesmo. Como é que ela consegue admirar-me tanto. Pergunto.

O lindo quadro
(oh, não tem mal...)

Encontrei a pintora na avenida. Olás e quês e beijinhos e perguntinhas de como vão os nossos trabalhinhos artísticos. Mutuamente. Ela mostrou-me um dos seus trabalhos, um quadro que trazia dentro dum saco, havia-o ido buscar à loja onde o mandara emoldurar. Olhei para o quadro atentamente, com a atenção social, não a infantil. Ela referiu 'é uma mesquita turca' mas a mim pareceu-me um capacete dos vikings. Vai daí a infantilidade envolve-me e comento isso mesmo. Vai daí a sensatez aborda-me e arrependo-me. Vai daí a boa-educação abraça-me e desculpo-me. Vai daí contagio a benévola senhora com a minha sensatez e a minha boa-educação porque ela responde 'oh, não faz mal, filha, um capacete, oh, deixe lá isso, filha'.

Bad hair day
(e eu que nem gosto de estrangeirismos...)

Melhor não escolher um bad hair day para marcar consulta no cabeleireiro. Melhor. Melhor telefonar. Melhor.

Dias de um Ginásio

Debaixo dos bancos do balneário há botas, botins, sapatos abotinados. É inverno. Está explicado.

Queredo; currore... É hoje que se me rebenta a mioleira e se espalham pensamentos vários por aí.

Hoje a minha cabeça pesa cem quilos. Portanto, naquele gráfico dos gordos, alcancei a obesidade mórbida.

As manas picoas não morreram coisa nenhuma, qual quê, já as viram logo pela manhã.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Ricos filhos

Um dia desses à noite estava a saber-me bem ouvir os dois a conversar. Ela queria saber se no liceu ainda está em voga este ou aquele termo de calão, ele respondia conforme. Isto porque, segundo ela concluiu, o calão dos jovens estagna quando abandonam o liceu e se integram na faculdade. Ou seja: o calão em voga no ano 2010 é o calão da rica filha no tempo presente e o rico filho ri-se e desdenha da mana:
– Tu ainda dizes 'damo*'?! Ah ah ah, isso é bué antigo, ya?!

*namorado

Língua Portuguesa

Lembrei a palavra 'saber', a qual, com a mesma aparência, pode significar dom ou paladar, assim como a palavra 'gosto' que pode ser gôsto de paladar ou de prazer.
Então: a rica filha salta de lá com uma explicação sublime acerca da morfologia linguística.
Note bem: o 'saber' da rica filha é absolutamente esmagador... Tanto que não acrescento mais nada ao post.

Pastel de nata

Lugar da musa. A igual comenta que hoje não há pastel de nata, então porquê, e se é só à sexta-feira. Dizem-lhe que sim, mas caso queria encomendar para outros dias, faça favor. Então lembrei-me de mim e do meu esquecimento. Na sexta-feira vim para aqui dizer que não conseguia achar nenhum ponto de interesse no lugar da musa e que incrível isso era, nem eu via pontinhos para num deslumbre patético transformar em posts, vejam lá eu que esmifro tudo e mais não sei o quê. E lembrei-me dum pontinho.
Pumba, lá vai um deslumbre pateta de todo.
O moço que serve os cafés pergunta timidamente se quero um pastelinho de nata por apenas um euro. Digo que não, a hora não é das melhores, gosto disso que se farta mas não, obrigadinha, se fosse outra hora... Mas não. Não quero. Depois, reparo que no meu pires não está a bolachinha do costume. Caraças, pá, eu quero a bolachinha mas depois de me fazer esquisita com a porra do pastelinho de nata fiquei com vergonha de lembrar o moço acerca da bolachinha de canela...
Adenda: hoje trinquei uma bolachinha de canela.

A triste

Li algures (creio que foi dito por alguém célebre do meio literário) um aviso para se ter cuidado com a tristeza, que ela vicia. E também já tenho lido por aí que ser infeliz dá mais trabalho do que deixar-se andar envolto numa felicidade qualquer, mesmo que arranjada à pressa ou fingida.
Mas, pensando no tema e marimbando se estou a perder tempo ou a ser estúpida, qual é o problema de me sentir triste? E se eu não pensar na tristeza, ela desaparece? E eu lá tenho feitio para me sentir triste propositadamente? Ah, espera lá, agora vou ficar triste um pedaço de tempo e depois volto a ficar alegre, está bem? Ora.

De fugida

Não quero estar aqui. Quero estar em casa a mexer em toda a classe de roupa. Quero fazer montes e depois distribuir pelas gavetas e prateleiras e compartimentos. Quero relembrar saias e naperons e atoalhados e sobretudos e colchas. Não quero estar aqui. Quero viver da maneira que. |Não pode ser.|

Presentemente

Ela não ligou às duas. Eu não fui ao jardim ver florinhas. Não choveu.

Blogues

Ultimamente tenho visitado alguns blogues que, não sendo totalmente desconhecidos para mim, raramente visito. A minha lista de blogues a que dou atenção assiduamente é muito curta, não tenho tempo e/ou paciência para estar sempre de roda da blogosfera, a ver o que fazem e o que dizem, e o facto de ultimamente ter visitado mais blogues que o habitual é porque sim, calhou assim, sei lá. Fiz-me seguidora dum desses blogues, gosto da expressividade da autora, entendo o que diz e o que diz não o diz da mesma maneira que eu, é diferente, logo: é provável que passe tempo lendo o seu blogue com prazer. É uma escrita diferente, como já referi, muito embora a bloguista escreva no tal tom intimista que me é tão apetecido. A afinidade é essa, tem de haver uma, creio eu.

Namoro

Elisabete Maria, a esotérica, já tem namorado.
Veem como eu falo de amor sem ser no dia dos namorados?
O amor, há-o todos os dias.
Gosto de dias especiais, mesmo assim.

Dias

Há para aí uma semana que tenho uma tosse que em cada espasmo se me estoira os miolos. Era tão melhor… Coiso.

Cabeça

Ela queria um champô pequenino e barato. Olhei para a cabeleira dela, oh céus quão precisada estava duma boa esfregadela, a oleosidade era mais que muita. Champô pequenino e barato? Ó 'miga, vá por mim: leve um grande, e dos bons.

Tempo húmido

A humidade vê-se no ar, olha ali, não vês, se olharmos bem a gente vê uns chuviscos assim muito pequenininhos.

Foi a dona Lurdes que me chamou a atenção e de facto, olhando atentamente, vê-se a humidade como que em farripas minúsculas, a dita cacimba.

Trapadas

Há dias uma amiga da rica filha esteve lá em casa de visita. De repente bate com os olhos numa peça de roupa meio-feita que estava pendurada num cabide junto à máquina de costura. Fui dar com ela acariciando o tecido, completamente maravilhada com a minha destreza, comentando com a rica filha o facto de eu saber fazer a minha roupa. Mas eu não soube ir atrás do deslumbre da moça, disse logo rapidamente que aquilo era simplesmente o forro dum casaco, deitando por terra todo e qualquer maravilhamento em torno da minha pessoa. Oh céus.

Atrás das grades

Estive trancada no estaminé. Digo isto no sentido literal. Eu dentro do estaminé. O estaminé fechado com as grades. Depois chegou a hora da soltura, claro. Mas antes disso, a desconcertante pergunta:
Gina, estás aí?!
Pois claro que estou, ia sair daqui como, pá?!

Petróleo

Ai menina dê-me um litro de petróleo depressa que eu deixei a roupa estendida e já lá vem o negrume!
Ó dona Custódia está um sol tão bonito diga lá se é preciso essa pressa toda?
Ai menina atão não vê que ela já está a cair? Ai e eu que deixei a roupa de fora... Ai menina...

Ora bem, convém adicionar uma conclusão ao post: a dona Custódia é a pessoa mais apressada que eu conheço, não é má pessoa nem chata nem mal-educada, mas a verdade é que me faz confusão ver tanta pressa em vidas com tanto tempo livre.

Figuras de estilo

Ela anunciou-se como sendo o pai natal por causa do capuz mas eu achei-a parecida com um esquimó.
Atão entrou o pai natal. Atão está frio. Atão quero lá saber. Atão não se pode andar bonita. Atão com este tempo. Atão isto. Atão aquilo.

Futuramente

Voltará a ligar às duas da tarde. Estarei no jardim a ver as florinhas. Mesmo que chova.

Palavra composta

Pergunto-me desde quando é que se escreve extraterrestre, se no início era ‘extra-terrestre’ ou então não, quero eu dizer. Se era, hão de dizer-me pra quê tanta merdice em torno das mudanças ortográficas.

Mão esquerda

Os canhotos escrevem da esquerda para a direita, ok, tudo bem, eu sei que escrevem como os destros. Os canhotos escrevem duma maneira tão esquisita que baralha os comuns destros, ok, tudo bem, vá, nada de novo, bem sei. Os canhotos escrevem de cima para baixo... Os canhotos escrevem de cima para baixo?! Os canhotos escrevem de cima para baixo. Sim. Isso mesmo. É uma visão muito estranha, até parece que me encontro defronte dum extraterrestre.

Hum

Já noutro dia a vi com um casaco igual ao meu. Mau maria, não 'tou a curtir a cena...

Furo

Um pouco a propósito do post anterior – vaidade e isso assim – ontem rompi o furo da orelha que estava tapado*. Não custou nada, não senhores.

*...

Estação do ano

No outono pontapeio a vaidade e ela vai definhando. No inverno estrangulo-a cá com uma gana que ela sucumbe. ... É mentira, apenas desmaia... Ou adormece, antes isso: adormece, e fica assim uns meses.
Acredito no renascimento, fénix(s) e tal, não tarda a Gina reaparece, elevando-se dum monte de cinzas, mas sem fuligem nas roupas ou pele, por causa da vaidade.

Tamanho

Adriana falava comigo contando-me que teve lá em casa a sobrinha da enteada do companheiro, diz que é linda, muito elegantezinha, que não tem nada as mamas assim como nós.
Hum, fiquei a pensar que às vezes chamam-me gorda duma maneira fixe, ter* mamas grandes não é mau de todo, qualquer um(a) gosta disso.

*Leia-se parecer que tenho, por causa dos dias frios tenho montes de camisolas e isso faz as mamas consideravelmente maiores.

A estrada

Trinta e dois; ponto; três (32.3) diz a tabuleta à beira da estrada. Inclina-se muito, tanto que parece falar:
«Olá, bom-dia, eu sou o trigésimo segundo quilómetro e aqui vou no tricentésimo metro.»
Como se as tabuletas falassem. Bah.
Agora dava-me jeito que a poesia descesse em mim para conseguir embelezar a imagem, convertendo-a numa linda prosa que encantaria qualquer um, mas neste momento essa imagem não passa duma tabuleta inclinada que me dá os bons-dias e se faz presente, tanto que fala e tudo, se bem que apenas na minha cabeça.

A estrada de que falo é a 250, liga Caxias a Sacavém (ver aqui), é antiga que se farta, mas devido à alteração e acrescentamento de vias foi sendo cortada em vários locais. O troço que melhor conheço é entre Sacavém e Belas.

Depois, por pesquisar estradas e mais não sei o quê, lembrei-me duma canção antiga. Quando era miúda gostava muito desta canção, achava fantástico alguém pôr uma estrada a falar, que se efetivamente as estradas tivessem alma sofreriam horrores quando abandonadas. Achava fantástico o discurso duma estrada e ainda acho. Deixo vídeo.


Logo pela manhã andou uma série de gente dissertando acerca do que acontecera a duas irmãs idosas que moram no bairro, isto porque no sábado se avistara uma ambulância junto à porta do prédio. Todos tinham uma opinião, indagando inclusive acerca de qual das duas estaria maldoente, mesmo os que não sabiam nada nem viram ambulância nenhuma tinham algo a dizer, dizendo isso mesmo, ah e coiso eu não vi e não sei...
Eu cá só me lembrava do seguinte:
'Não me digam que as manas picoas morreram? E agora a quem vou vender a laca elnett, as neoblancs e o sabão clarim? Oh pá, nunca mais se vai partir uma fita de estore naquela casa? Um curto-circuito que estoire duas ou três lâmpadas? Uma fechadura avariada? Uma dobradiça estalada?'

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Diferença de género
ou
Pragmatismo masculino

Chamei a atenção do rico filho: olha lá, vais pondo a roupa aqui em cima e depois quando quiseres abrir as gavetas como fazes?
Tiro a roupa aí de cima, diz o meu pragmático e rico filho.

Cores

Rica filha:
Mãe, esses cinzentos não ficam bem nesse azul, se os cinzentos fossem iguais, ficavam, mas cinzentos diferentes, não.
Eu:
Olha lá, já viste a cor do forro deste casaco azul? É cinzento! Diz lá que não fica bem...

Música

Gosto de rep, o estilo musical dos gangues e do putedo. Gosto da batida, do drama impresso nas notas musicais e nas vozes, gosto dos poemas, gosto que os factos e as pessoas sejam apresentados com as arestas, marimbo para a ideia de que é um estilo musical que demonstra a podridão mundana no seu melhor. Ou no seu pior, depende da perspetiva que se escolher.
Noutro dia exclamei vivamente uma admiração (deve ter sido 'ganda som!', ou algo assim) enquanto a rica filha escutava um som de rep (ver vídeo abaixo).
– Oh mãe, tu és tão fofinha...
Disse ela, juntando as mãos, como que agradecida com a tamanha sorte de ter uma mãe fora de série. Espantei-me:
– Fofinha?!
– Sim, eu e o mano temos bué orgulho de tu gostares de rep.
– Hum, orgulho... Sério?!
Sim, disse que sim sem receio ou dúvida. Oh glória terrestre, sou mesmo, mesmo, mesmo (tão) espetacular (como a batida do rep)...


Não sei como se chama

Não me lembro que nome dei à saga mas sei que é saga qualquer coisa e é onde relato o reboliço que a minha casa tem sofrido nas últimas semanas.
Ponto da situação.
Tenho um espelho que não sei onde ponha, por ora fica em cima do camiseiro mas é melhor ter cuidadinho ao abri-lo, que qualquer tremelique fará o dito espelho escorregar e portanto cair e portanto espatifar-se em muitos pedaços pequenos e cortantes.
Tenho uma mesinha-de-cabeceira dentro do roupeiro cujas gavetas estão cheias de ar.
Tenho uma (outra) mesinha-de-cabeceira ao lado do roupeiro mas assim meio de esguelha e sem jeito nenhum cujas gavetas estão totalmente vazias.
Tenho um roupeiro cheio de coisas (dentre elas uma mesinha-de-cabeceira cujas gavetas estão cheias de ar).
Tenho um roupeiro meio-cheio.
Tenho uma arca daquelas para guardar o enxoval onde depositei alguns cobertores e lençóis. Por causa da arca a tartaruga ficou sem o seu espacinho e agora vai ter de viver junto à porta que dá para a varanda, azar o dela se tiver frio.
Tenho uma arca daquelas para guardar o enxoval... Pois, era minha, à casa tornou, tem alguns trinta anos e fui eu que a comprei ainda na adolescência com o meu dinheiro.
Já não tenho tempo (nem paciência nem vontade) para organizar mais prateleiras e gavetas e compartimentos e caixas.

Baú

Descobri que o meu modo 'pergunto' tem cerca dum ano.

«Blogue inútil. Até que ponto me é necessário registar pensamentos. Pergunto.

18 de fevereiro de 2013»

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Post sem título

Acabei de publicar dezenas de fotos tiradas hoje. E... Coiso. Hoje não tenho muito a dizer, ou muito o que queira escrever. O sábado é o melhor dia da semana. Ainda assim, é.

As florinhas d' hoje

Hoje quis diversificar um pouco a apanha de flores campestres. Há várias cores e feitios.