sábado, 31 de janeiro de 2015
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
Sustento
Há um pilar neste blogue que assenta sobre a ilusão, outro sobre a ironia. Não sei se há mais.
Exemplo
O bicho está em cativeiro.
O bicho é solto, abre-se-lhe o portão.
O bicho encolhe-se, não quer sair.
O bicho está deprimido.
O bicho é abatido.
O bicho é solto, abre-se-lhe o portão.
O bicho encolhe-se, não quer sair.
O bicho está deprimido.
O bicho é abatido.
Ó Gina, como vão as coisas?
As coisas não estão muito diferentes, quer isto dizer que as coisas estão um pouquinho diferentes. Ontem eu estava triste que só eu sei. Hoje estou triste que só eu sei, mas menos. A tristeza mata, portanto talvez não precise do suicídio para nada.
Ontem, num dos posts que escrevi, pensei colocar um 'kapa' no lugar do 'morrer' e um 'ípsilon' no lugar do 'desaparecer'. Mas não, fui direta ao assunto, e entretanto não fui capaz de publicar a palavra 'suicídio' por ser demasiado forte para partilhar com o mundo, acabando por construir a frase de modo a desviar-me da palavra mas não do sentido. Porém, hoje não me desvio da palavra nem do sentido, porque estou melhor. Sim, eu ontem estava triste que só eu sei, queria morrer, e fui capaz de escrever posts irónicos, fui inclusive capaz de falar animadamente com a senhora do banco, e hoje, estando menos triste, já consigo digitar a palavra suicídio, espalhá-la mundo afora e estou farta de ironizar escrevendo.
Quase toda a gente conhece um caso de suicídio, eu conheço vários, e acho que o suicida dá sinais impercetíveis e o possível suicida dá sinais percetíveis. Portanto, enquanto eu for debitando no blogue as parvoíces que me ocorrem... Estou de saúde.
Posto isto: a vida é uma merda.
Dias de um Ginásio
Tinha o cacifro aberto. Retirara o bloquinho rudimentar de dentro da mala e pusera-me a rabiscar, apoiada na parte de dentro do cacifro. Noto movimento junto a mim. Os cacifros não têm mais de trinta centímetros de largura e entre uns e outros não distam mais que quatro ou cinco centímetros. Conclui-se portanto que uma vizinha ali mesmo ao lado, que queira abrir o seu cacifro, o vai fazer tão em cima de mim que lhe sinto o bafo. Rabisquei apenas 'imaginação', fechei a portinhola e afastei-me. O que eu queria apontar, para não esquecer, era:
'Imagino que não tenho imaginação'
Imagino que não tenho imaginação porque não enredo histórias inventivamente. Era só isto.
Outro homem
O homem dos seis euros e cinquenta diz 'eu à vezes também sou assim'.
O 'assim' dele era a querer dizer que também se baba quando bebe água pela garrafa. Fui outra vez com muita sede ao pote. Vontade. À garrafa. Sou uma besta esfaimada, credo.
O homem do blogue (cavalheiros a seguir)
Se o homem do blogue ainda escrevesse no blogue, hoje relataria no lbogue… ai perdão, blogue (com as damas isto não aconteceu, até parece que os cavalheiros me atrapalham o dedilhar), que o prédio em frente está em obras e que a vizinha que ele em tempos avistou na varanda e que pôs no blogue tem a casa cheia de pó.
A mulher do blogue (primeiro as damas)
A mulher do blogue removeu o seu blogue. Que pena, gostava tanto daquele blogue. Na verdade era o blogue de que mais gostava.
Trapadas
O tal vestido vermelho já está no meu roupeiro. Na compra obtive um desconto igual à minha idade. 46. Ah ah. I'm very away from the woman in red, oh yes indeed.
Post labial
Diz que as leggings têm em comum com o batom o facto de fazerem muito pelos lábios de uma mulher. Acatei esta espécie de conselho e no outono dei início ao costume de usar batom quase diariamente. Quase.
Post do passado
Dizia eu no verão que aquilo havia de dar até ao Natal. Qual quê, estendeu-se no tempo e não foi pouco, deu até onze de janeiro. Para ter mais daquilo vou ter de me dedicar ao roubo.
Post de gaja
Só gajas, pá. Isto parece um galinheiro ou o caraças, raios partam isto. Elas falam e falam e falam. Cacarejam. Não as invejo. Inveja-las-ia se eu fosse diferente, ou neste caso: igual a elas. Mas assim não.
Post repetitivo
Nas últimas semanas não tenho apontado os graus e as horas que estão na praça de Londres, Lisboa, porque tem sido mais do mesmo: estão sempre 13 ou 14 graus e são sempre 13 ou 14 horas e qualquer coisa.
Posta-restante
Não fui mostrar a rolha àquele senhor, que me esqueci. Às vezes acho que tenho a sina de andar carregada com coisas, sem que valha a pena tal peso. É peso a mais, portanto.
Posta-restante
O livro que cusquei lá no lugar da musa é 'O Livro do Chocolate' de Joanne Harris. A receita de que falei ontem* tem por nome: 'Biscoito de Montezuma'.
*...
Cliente
Quem é que tem um chapéu-de-chuva com uma cabeça de girafa, ou rinoceronte, ou tigre, ou lá que é, no lugar do cabo, quem é?
Cliente
Dê-me do mais grosso que tiver aí.
Muito bem, muito bem. Eu cá gosto assim, sem medos, direto e escorreito, vamos então a isso.
Muito bem, muito bem. Eu cá gosto assim, sem medos, direto e escorreito, vamos então a isso.
Mais de 15 dias
Ando há mais de duas semanas a abotoar as calças com um alfinete-de-ama. Na sexta-feira 16 levei as calças para lavar e era para lhe coser os botões, que já andava com o alfinete há dois ou três dias. Mas não. Entretanto também podia trazer os botões de casa e cosê-los aqui, que já fiz isso dúzias de vezes. Mas não.
Na sexta-feira 23 levei as calças para lavar e blás. Mas não. Entretanto também blás. Mas não.
Hoje, sexta-feira 30 vou levar as calças para lavar, lá isso vou, e quero ver se lhe coso os botões. A ver vamos. Eu depois digo qualquer coisa.
Ó
Ó Luís, ontem falaram do número de portugueses em excesso de velocidade e apanhados pelos radares. Falaram de mim. Ah ah.
Ó Luís, hoje falam do número de portugueses em estado gripal. Falam de ti. Ah ah.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
Ó Gina, como vão as coisas?
As coisas não vão diferentes. Pois. Continuo sem encontar prazer senão na solidão e na escrita. Continuo insatisfeita com muitas coisas, o que faz com que a vontade primeira seja morrer, só por dizer que o ser humano que constrói este blogue não tem coragem para tal. Podia antes desaparecer, também aí reside poesia, e os custos não seriam elevados. Ademais, a ideia da dissipação da matéria é indolor, e para este caso não faz qualquer diferença. Ora aí está menos uma diferença. Pois. Era só não estar cá, no lugar soturno, a ter uma vida salobra. Era só isso. Realmente as coisas não vão diferentes.
Pois não
Pois não, não li, sequer retirei o livro de dentro da mala. Chovia. Uma chuva miudinha, tão miudinha que não valia a pena abrir o chapéu. Quer isto dizer que levei o chapéu mas nem sequer o abri. Carregada debalde, eu. Sei lá, a humidade estava a saber-me bem, havia um qualquer frescor muito bem-vindo. Diz que a chuva refresca as ideias. Os chavões encerram a verdade em si, quer se queira ou então não.
Tanto tempo
Há quanto tempo não imprimia uma tabela? Há cinco meses, catorze dias e mais ou menos vinte e três horas. Nessa altura fiz um post. Ou dois. Vou pesquisar. Já os encontrei. Os. São dois, ambos tão lindos. Deixo-os novamente.
A impressora encravou antes de imprimir a 107ª página da lista. A última. Isso: a última. O visor manda dizer que tenho a tampa aberta e pede que verifique o tabuleiro para me certificar se o papel está encravado lá por dentro. Não está. Não está, não. |11 de agosto de 2014|
Antes de mais: enchi-me de uma paciência fingida, reli a informação que a impressora emitia, revistei a parte de trás da dita, descortinei uma tampa que ontem parvamente não tinha notado, abria-a, retirei a bendita folha de papel... Totalmente imprimida, a página 107 já está no devido lugar. Tem um rasgo pequenino por ter sido retirada algo forçadamente e uma tira amarelada por causa do contacto com algum mecanismo, mas pronto, isso é de tamanhinho porquanto posso descansar, a minha lista está completa.|12 de agosto de 2014|
Cliente
Quando vasculhava os bolsos à procura do dinheiro deixou cair um pacote de açúcar no chão, que apanhou e pousou no balcão. Ia-se embora e deixava-o ficar. Fiz-lhe sinal, olhe o seu pacote de açúcar. Respondeu que não o queria, ficava para mim. Ele não sabe mas isso de me oferecerem pacotes de açúcar é comum nos meus dias.
Calorias
Cusquei um livro de receitas (no lugar da musa, claro, e isto já tem semanas de acontecido e portanto não me lembro que livro cusquei) e encontrei um doce que me atraiu sobremodo. É um doce às camadas (nada a ver com o do post anterior mas foi por o escrever que me lembrei disto). A base é feita com uma massa tipo a das bolachas, que vai ao forno dentro de uma forma retangular, depois acrescenta-se uma pasta caramelizada e salgada, caramelo salgado é algo de sublime sabor, e finaliza-se com uma fina cobertura de chocolate. Para confecionar esta receita tenho de pesquisar no meu dossiê uma receita de barrinhas de limão cuja base se assemelha à desta receita. Faz-se isso então e deixa-se arrefecer. Entretanto, para prosseguir com a receita foi necessário decorar que ingredientes são usados para fazer o caramelo. São eles:
100 gramas de açúcar mascavado
100 gramas de manteiga
2 latas de leite condensado
1 colher de chá de sal
Para fazer o caramelo salgado:
Leva-se o açúcar e a manteiga ao lume brando, deixa-se derreter e junta-se as duas latas de leite condensado, mexendo até ferver. Depois disso deixa-se ferver durante mais ou menos cinco minutos ou até a mistura ficar espessa. Verter por cima da bolacha. Deixar arrefecer.
Para preparar o molho de chocolate recorro à minha experiência:
200 gramas de chocolate
100 mililitros de leite
Levar ao lume em banho-maria até derreter. Deitar por cima do bolo quando este estiver frio.
P.S.
Amanhã tenho de ir cuscar o livro novamente no sentido de saber que livro é, que autor é. Sei que é uma página 24, isso sei eu.
Plano adocicado
No sábado vou fazer um doce às camadas, ou uma espécie de tiramisú. Agarro no bolo de baunilha que tenho congelado desde o Natal, corto-o às fatias, embebo-o em café com leite e disponho-o numa taça grande. Mas antes tenho um pudim ou um creme de pasteleiro preparado, denso e arrefecido, a fazer de base dentro da taça. Só falta as natas e as claras. Portanto, recapitulando: doce amarelo na base, por cima o bolo às fatias finas e embebidas em café com leite, ou só café, logo vejo, e finalmente as claras que sobram de fazer o doce amarelo e as natas batidas com açúcar.
Nota super interessante: colocar o doce numa taça transparente, assim consegue ver-se a sobreposição das cores e tirar belas fotos para colocar a rodar na blogosfera e provocar montes de inveja aos passeantes dessa teia.
Às compras
Sábado, quando for às compras, tenho de me aviar de tudo quanto é legume. Tudo, não, tomates não preciso, preciso de batatas, cenouras, cebolas, nabo, beterraba, abóbora, alho francês, chuchus, beringela, curgetes, cebolas. O que está no singular é para me entrar em casa assim mesmo, no singular, o que está no plural... Pronto, já se percebeu. Eu lá sou mulher de comprar só uma batatinha, uma cenourinha, um chuchuzinho, uma curgetezinha, uma cebolinha...
Vou para almoço
Leva o livro, Gina. Lê-o, vá. O dia está propício à leitura, chove em Lisboa. Deixa-te de merdas, agarra na porra do livro, mete-o dentro da mala, senta-te no lugar da musa, lê-o.
|há para aí uns dois meses que não leio livros|
|escrito posteriormente: não li, sequer retirei o livro de dentro da mala|
|o livro cuja leitura interrompi é 'Gostamos tanto da Glenda', Julio Cortázar|
|o livro cuja leitura interrompi é 'Gostamos tanto da Glenda', Julio Cortázar|
29 de janeiro
Janeiro é um mês compridíssimo, muito mais que março ou maio, apesar do mesmo número de dias.
O janeiro deste ano é tão comprido mas tão comprido que consegue ainda pôr um pezinho no próximo fim-de-semana.
Dias de um Ginásio
O senhor professor de Pilates vai embora dali, ontem deu a última aula. Custou-me um bocado despedir-me dele, gosto muito da sua pessoa e acho-lhe um piadão por ser destrambelhado nas contagens e nos lados do corpo, chegando muitas vezes a ser corrigido por um aluno ou outro que se aperceba dos enganos, e também curto à brava o modo como se exprime, fala na primeira pessoa:
Vou descer até estar sentado no ossinho mais saliente que tenho na bacia, coloco agora os pés à altura dos joelhos e fico aí, afundo o peito e desço mais um bocadinho, agora, redondo como estou, rolo atrás como uma bola, rolling like a ball.
Adeus, senhor professor, tenho pena que se vá porque gosto muito de si, já lho tinha dito na cara, não registo no blogue para parecer uma pessoa fixe, registo no blogue para não o esquecer. Felicidades.
A saga
Vou falar da mudança de roupa. A minha. É uma verdadeira saga. Não é nada, mas que é feito de um blogue sem o exagero...?
Não vou falar de meias, cuecas ou sutiãs porque me vou dedicar à mudança de vestuário da rua para a do trabalho e a roupa interior não carece de ser mudada em tais ocasiões.
Está frio, agora é inverno, convém-me pôr um pequeno tapete por baixo dos pés antes de me descalçar. Descalço uma bota e coloco-a no bidé, descalço a outra e coloco-a onde calhar, ou uma bota onde calhar e a outra no lavatório, ou as duas onde calhar, ou as duas no lavatório, ou as duas no bidé.
Retiro o cachecol e penduro-o na pleia onde assenta uma prateleira que por sinal é estreita e portanto o que excede da pleia dá para pendurar ali qualquer coisa que queira. Começo a sentir frio.
Dispo o casaco e penduro-o por cima do cachecol.
Dispo as calças, que penduro por cima do casaco e do cachecol, correndo o risco de aquela porra cair toda ao chão, e sinto o frio a adensar. Umas vezes as calças e o casaco escorregam e caem, o que dá tempo ao frio de me torturar mais ainda, outras não.
Começa agora a segunda parte desta dança fria e indesejada.
Retiro o casaco grosso de andar pelo estaminé do cabide e coloco-o por cima das botas que estão no bidé, ou no lavatório, ou então não, porque posso eventualmente não as ter deixado aí e sim no chão, como já referi, seja lá como for coloco o casaco no lavatório ou no bidé. Por que não o visto logo, se tenho tanto frio, seria uma boa pergunta, à qual respondo: não dá jeito nenhum vestir e calçar o que me falta com um casacão grosso que se farta em cima das outras três camisolas que já trago vestidas de casa e que não dispo.
Onde é que eu ia...? Ah. Ressalvo que neste ponto encontro-me vestindo apenas três camisolas (eu disse que não ia dar importância à roupa interior).
Está agora na hora de retirar de cima do cabide o casaco suplente que tenho cá, e preciso de um casaco suplente para quê, seria uma boa pergunta, à qual respondo: esse casaco dá-me jeito nos dias em que sou transportada de mota, pois nessas viagens é obrigatório por via do imenso frio que os motards apanham, o uso de um casaco cheio de proteções para eventuais quedas, ora é claro que no intervalo grande não me vou pavonear pelas ruas da capital com um casaco desconfortável como aquele. Retornando: retiro o casaco suplente do cabide e coloco-o em cima do casaco grosso, desenlaço as calças de andar no estaminé e enfio-as nas pernas. Estão geladas.
Jogo a mão à prateleira onde estão apoiados os sapatos do trabalho e calço-os. Estão gelados
Visto o casaco grosso. Está gelado, só por dizer que não assenta por sobre a pele. Mas está gelado.
Estou pronta para trabalhar. Quero dizer: estou mais ou menos pronta para trabalhar, falta arrumar tudo o que desarrumei. Neste momento tenho um par de botas... algures, não me vou repetir, umas calças, um casaco e um cachecol empilhados num apoio da treta, na imenência de cair.
Primeiro: as calças da rua são enfiadas no cabide. Segundo: o casaco suplente é pendurado no cabide. Terceiro: o casaco com que saí de casa é colocado por cima daquele. Quarto: o cachecol é posto em cima de tudo. Quinto: as luvas... Ah, esqueci-me de tirar as luvas! Não esqueci nada, esqueci-me foi de relatar onde as tiro. Bem, depende, estou baralhada com tanta informação, mas acho que as tiro antes de tudo o mais e as enfio nos bolsos do casaco.
Um dia mais tarde, quando o clima estiver quentinho, hei-de fazer um post com a saga que é este despe-veste com as roupinhas de verão. Olarila. Para já, pois é, não vou sair deste post ainda, noticio que um dia desses, por conta de tanta volta que dou, me desequilibrei, apoiei-me no lavatório e preguei com o mesmo no chão... Sério, descolou-se da parede, numas partes, noutras, partiu, e catrapum, chão. O meu desequilíbrio pôs alguém em despesas.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
Cacau em pó
O lançamento da coletânea 'Receitas Secretas' da Pastelaria Studios Editora ocorrerá no próximo dia 21 de fevereiro, na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa. Participo nesta coletânea com um conto mas não vou ao evento. Não quero.
Entretanto pus-me a pensar no meu conto e acontece que desta vez sei mais ou menos como o começo mas não me lembro que título lhe dei. Tenho para mim que é 'Cacau em Pó', sinto que desta vez não me esforcei por dar nome à etiqueta onde no blogue desenvolvo este assunto. Será 'Cacau em Pó'? Vou espreitar.
Não, não é. Que giro, pá, não é, fui bem original, o meu conto chama-se: 'Nenhum Ingrediente Pode Ser Secreto'. Ah ah. Receitas secretas...? Ora essa, então e a partilha que a mesa proporciona às pessoas, para quê guardar segredos culinários? Nada disso.
Agora me lembro, será que o ingrediente que não pode ser secreto é o cacau em pó? Creio que sim, mas para ter a certeza teria de reler o meu conto e para já sou incapaz de o fazer.
Dantes
Dantes eu escrevia pobremente. Não quero com isto dizer que atualmente apresento uma escrita lustrosa, mas que estruturo melhor os textos.
Comparo agora a estruturação porque o acaso me relembrou um ou dois textos meus, escritos há oito anos.
Resquícios
Resquícios do estaminé do meu colega. Trata-se de um sono sorridente que construí com autocolantes que andavam por ali, isto na primeira foto, e na segunda trata-se das lombadas de alguns dossiês que intitulei por assuntos, o que não tem nada de extraordinário, claro está, só por dizer que cunhei uma das lombadas.
Antes & Depois
Cliente
Queria massa para polir mas levou diluente. Não sei se tem alguma coisa a ver com aquilo do 'quem não tem cão caça com gato'. Se calhar tem.
Dias de um Ginásio
Quem dera ser uma daquelas alunas a quem o professor diz no final da aula que sim senhor, tem uns abdominais fortes e está ótima. Jamais terei tal sorte.
Boa tarde!
Sim, boa tarde, passa um bocado do meio-dia, de manhã não houve tempo para brincar aos blogues.
Para ilustrar este post simpático apresento esponjas de pedreiro em tom-sobre-tom, para alisar paredes este ano, assim a venda ocorra.
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
Tenho um amigo
Tenho um amigo que me disse 'eh, ó Gina, quem diria, hã', isto depois de ficar conhecedor de uma pequenina coisa que fiz, enfim, não muito conforme as normas sociais.
Sou tão bem comportada, não é...?
Nem sempre tenho parte com o bom e o belo, em certos dias as amarras estão um bocado laças, chegando a ser risível a opinião que algumas pessoas têm de mim.
Dias de um Ginásio
Abro a torneira e coloco as mãos por baixo do chuveiro. A água cai em chapa nas palmas das mãos, faz ondas alvoroçadas, a força é tanta que alguns pingos são projetados para os braços, barriga, peito. Queria tirar fotografias, encontro beleza nas pingas em cima da minha pele, mas quando tomo banho estou sempre sozinha.
Números
Vinte e seis árvores. Duas filas de treze. Frente-a-frente, uma-a-uma. Seis candeeiros. Nunca tinha falado dos candeeiros, creio nisso, muito embora já os tenha fotografado algumas vezes. O primeiro candeeiro está no meio da linha reta que os meus olhos veem, ou que a minha cabeça imagina. Isto se vier de baixo, se venho de cima não sei, num outro dia trato disso.
Sim, este blogue é desinteressante, mas não ides, ficai, às vezes gosto de companhia.
Solidão
No jardim há pessoas solitárias. Um jardineiro repousa depois do almoço, parece dormir, deitado no chão. Uma mulher come a sua carcaça com torresmos. Um homem passeia o cão. Eu roo um chocolate. Cada um na sua vidinha, à parte, isolados. Ainda dizem que as redes sociais isolam as pessoas, qual quê, é tudo igual, acaso alguma daquelas pessoas se me dirigiu para conversarmos? E eu...? Quis conversar com alguma delas...? Não.
A imutabilidade dos meus dias
A senhora do banco fez um reparo:
Ah, hoje está com aquele casaco que eu adoro... É que dá mesmo vontade de fazer...
A senhora do banco não disse mais nada e fez o gesto de quem afunda as mãos na fofice imensa que existe no meu casaco.
Concordei meio em surdina:
Sim, mesmo aqui, nesta parte onde o ferro pousou, é fofinho.
Em tempos espalhei pelo blogue que ninguém entende a minha poesia. Passaram anos, talvez. Pois bem, não mudou nada, estou inclusive desesperançada que um dia ocorra a mudança.
Esteticista
Marquei um embelezamento telefonicamente num gabinete onde sou conhecida. Ao som da minha voz, diz a moça:
'É Gina Pacheco...?'
'Ah ah, Gina Pacheco, ah ah. Gina Guê, 'miga, Gina Guê.'
Do artigo
Fui a um armazém desses aí onde às vezes vou. O senhor de lá cumprimentou-me e perguntou pelo paizinho*. O paizinho está bom, obrigada. O paizinho vai andando, obrigada. Às vezes, quando tenho confiança com a pessoa, respondo que o meu pai está no Alentejo, porque a realidade é essa. Se é inverno, as pessoas ficam a olhar para mim, tentando descodificar aquela informação, se é verão, o mais certo é vir de lá a pergunta: 'ah, foi de férias?'
Bom, andando.
Queria também falar do olho vesgo do senhor de lá. Mas porque raio olho para o olho vesgo da pessoa que é vesga? Porque não me concentro no olho que está a olhar pra mim enquanto falamos?
Quando saí ia esbarrando com a dona Lurdes. Moras aqui, perguntou ela. Eu podia ter-lhe perguntado o mesmo, só por dizer que sei que ela mora a uma dúzia de quarteirões dali.
*O paizinho em questão é o meu sogro, as pessoas confundem-se há vinte e um anos. Não há qualquer ofensa nessa confusão, eu é que gosto de dizer piadas. E de as escrever.
Sem botões
O meu colega agarrou-me e rebentou com os botões das minhas calças. Quando viu o estrago que fez sugeriu que se pusesse ali um parafuso e uma porca... Ideias de ferrageiro. O estaminé contém também alfinetes-de-ama. Lá me safei.
Cliente
Dirigindo-se ao meu colega, indaga:
É o senhor que monta na casa das pessoas?
Depois, com um saquinho junto ao peito e uma voz teatral que se farta, exclama:
Ai que bom, já tenho aqui as minhas escápulazinhas!
É o senhor que monta na casa das pessoas?
Depois, com um saquinho junto ao peito e uma voz teatral que se farta, exclama:
Ai que bom, já tenho aqui as minhas escápulazinhas!
Caligrafia infantil
Ainda bem que a cadela virou à direita, assim encontrei no chão uma carta de amor, pela caligrafia só pode ter sido rabiscada por uma criança.
Refugo imagético
Refugo imagético do tempo que passei no estaminé do meu colega. Há uma imagem que foi repescada na Internet lá longe no tempo. Há o rico filho em Paris, no cimo do Arco do Triunfo, no ano 2004, quando tinha apenas 10 anos. Hei eu algures em França, num parque lindíssimo, à beira da estrada, um daqueles poisos para descansar das viagens.
Encontrei estas imagens no restolho da papelada e as duas últimas guardei-as com o intuito de as perpetuar, uma vez que por um azar do caraças, nos meus arquivos quase não existem fotos dessa viagem de sonho.
Cenas
Bom dia!
Penúltima atividade não-oficial da manhã: dobrar quatro guardanapos para fazer as vezes de lencinhos de assoar quando ando na rua.
Última atividade não-oficial da manhã: escrever até me doer os dedos e a cabeça.
A foto abaixo não é propriamente um bom-dia do dia de hoje, é um bom-dia com a boa-tarde de ontem, a qual não deu tempo de colocar no blogue no dia correspondente.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
Dia ário... Diário da minha ausência
Nos últimos dias não estive tão ausente assim, no entanto continuei a ter pouquíssimo tempo para dedicar ao blogue. O que transcrevo de seguida rabisquei na quinta-feira durante o intervalo grande:
«De novo abandono a soturnidade e me desloco ao lugar da musa. Chove. Outra vez. Melhor apontar aqui, agora que me estou a lembrar: pedir limpa-metais; óxido de ferro; panos anti-estáticos.»
Num outro dia, não faço ideia qual, tampouco sei o porquê da primeira frase, rabisquei assim:
«Frágil, a caixa, o conteúdo da caixa. Oh céus, que saudades de escrever. Ainda só escrevi nos papelinhos...»
Bom dia!
Há algum tmepoq ue n... Há algum tempo que nõ... Há algum tempo que não tiro a foto, a primeira foto do dia e tal e a ponho no bloguie... blogue. Hoje, assim de re... E não escrever 'derrepente' como vi há dias por aí, não está mau de todo, mas dizia eu, assim de repente lembrei-me: olha, que tal tirar fotos aos meus passos enquantp... enquanto faço o percuros... percurso que me leva ao antigo refúgio da minha alma...? Pronto, então é isso. Eis as fptps... Fotos. São bués. E estão umã... uma merda mas paciência. Andamento... Movimento e cliques num programa cenário não dá. Cenário é para a gente ficar queitinhos... quietinhos a clicar e isso assim, não é para a gente andar e clicar,q ue... que é lá isso. Fotos já a seguir.
As fotos acima pertencem à ida; as fotos abaixo, à volta.
domingo, 25 de janeiro de 2015
Um domingo
Um domingo com bué fotos no Oeste saloio.
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Avessada
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Santo Estevão das Galés
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Praia Calada
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Praia do Amanhã
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Sobreiro Curvo
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Malveira
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Freixeira
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Avessada
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Santo Estevão das Galés
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Praia Calada
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Praia do Amanhã
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Sobreiro Curvo
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Malveira
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Freixeira