domingo, 30 de novembro de 2014

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«- O que é que te está a aborrecer hoje? - Perguntou Marina, quando estavam a beber café.. - Ficas tempos infinitos a olhar para o vazio, depois viras a cabeça para todos os lados com urgência, pareces um melro. Pergunto-me que tipo de bicho te mordeu. Mas não é nada, pois não?»

'Meia-Noite Todo o Dia', Hanif Kureishi, página 159

Pose

Nunca mais digo que não gosto de posar para fotografias.
Ó Luís, tira-me lá uma fotografia!

A cadela e o Natal

A rica filha enrolou uma fita ao pescoço da cadela. Mandei-a ficar sossegada para tirar uma foto e ela, obediente que é, ficou. Ela, a cadela.

Este post

Este post serve para mostrar ao mundo que também tenho coisas fofas cá em casa. E alvas. E de alfazema.

Quadrados de massa folha

Quadrados de massa folhada, quero dizer... papel vegetal que amparou pasteis de massa folhada e ficou com lindos desenhos dourados.

Este post

Este post, e mais concretamente esta foto, serve para mostrar um pouco da vida da minha vizinha de cima.

Bom dia!

Pouco antes de tirar esta foto ou vi o vizinho de cima mandar a mulher à merda.

sábado, 29 de novembro de 2014

Sábado

Sábado é também dia para finalmente publicar um vídeo que me anda há semanas nos rascunhos do blogue, mais precisamente desde um dia desses em que desejei à brava ser uma cool kid, beacause all the cool kids they seem to fit in, mesmo tendo idade para ser mãe deles.

Sábado

Sábado é dia de ir ouvindo a tv (sim, é ouvir o que quero dizer) e de repente lembrar sons há muito esquecidos, como este:

I wanna be the only one to hold you
(Protect you from the rain)
I wanna be the only one to soothe you
(Erase all the pain)
I wanna be the only one to love you, love you
(Over again)
I wanna be the only one, the only one
(The only one I am)


sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Dias de um Ginásio

Entrei na sala onde ia decorrer a aula de Pilates, mesmo estando às escuras. Sentei-me num canto, no canto onde me sentaria se as luzes estivessem acesas, descalcei-me, guardei as meias e a pulseira com a chave do cacifo dentro dos ténis e pus-me à espera. Sei perfeitamente onde está o interruptor mas não quis acender a luz, preferi ficar ali, no canto que já conheço, mas sem luz. Entretanto ia vendo refletido no espelho o movimento do Ginásio. Gosto de ver a vida acontecer, quase nunca gosto de fazer parte dela. Gostava tanto de ser um caso irremediável, mas não sou.

Cacau em pó

O meu conto: 'Nenhum Ingrediente Pode Ser Secreto', foi selecionado para integrar a coletânea 'Receitas Secretas' da Pastelaria Studios Editora mas não ganhou porra de prémio nenhum.
Parabéns na mesma, então, já é bom.
Obrigadinha.
Eh pá, pronto, não estou esfusiante de alegria, se calhar por já estar habituada a estas coisas, nem me vou pôr para aqui com vaidades, ah e coiso olha eu numa coletânea, que boa que sou nisto de escrever, fui escolhida e tal. Nada disso.
'Nada disso' é uma frase, categórica, acho eu, que aparece no meu conto, uso-a amiúde.

Aquário

Peixe às voltas. As voltas que o peixe dá. Prisão. Como a minha. Dantes tinha refúgios, quando podia e também quando não podia, corria para lá, escondia-me. Entretanto arranjei uma espécie de coragem ou então habituei-me, sei lá, e deixei de me refugiar. Resultado: um maior aprisionamento. Pois.
Acerca das fotos abaixo: é importante notar-se as grades refletidas no aquário.

Parque infantil, a trabalho

Lugar inusitado, pela visita a trabalho. Lugar vazio, pela hora. Lugar de crianças aos pulos e gritos de alegria. Lugar vazio, disse eu. Lugar estranho, hoje em dia, por ser mãe de dois adultos. Deixaram-me tirar fotos à minha vontade, escolhi as que não identificam o lugar.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Gume

Não gosto de vender facas. Sei lá, sinto-me esquisita ao ver espalhadas várias facas pelo balcão, a minha tendência suicida vê nas lâminas uma oportunidade.

Rebeldia

Tenho um certo asco ao ponto de interrogação. Não o tenho usado, mesmo que o texto o peça. Sim, os textos pedem-me coisas. Num sussurro. O escrever é amigo, não vem aos gritos, qual quê.

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Descentímetros. Ah ah.
Exclusividade. Parque para residentes.
Então posso ser multada.
Pois pode.

A rica filha esteve cá

A rica filha esteve cá e foi comigo dar o passeio do intervalo grande.
Ó mãe, tira-me lá uma fotografia a olhar para a árvore*!


*relacionado com as árvores do post anterior

História
ou
Do lugar da musa não sei a idade

Comecei por entrar no lugar da musa há anos, creio que vai para aí numa dezena, não sei lá muito bem, e isso na verdade pouco importa. Eu entrava e vasculhava os livros, como hoje, desejando tê-los todos para poder ler a maior parte, mas sem comprar nenhum, como hoje. Mas não bebia café. Pois. E creio que no início das minhas visitas quase diárias não existia no espaço o sublime café. Se existia, peço perdão.
Depois apareceu dentro da livraria e na minha vida o balcão, a máquina de café, os/as moços/as que o serviam na pequena chávena o aromático e fumegante e precioso e escuro e espumoso líquido, o qual não demorou nada de tempo a que o considerasse muito bom e o adjetivasse de sublime. Entrava-se no espaço e cheirava a café à mistura com o cheiro da tinta da impressão e o do papel, o que me inebriava, como hoje. Sentava-me, bebericava o café... E sem dar por isso comecei a sacar do bloquinho – que sempre foi – rudimentar para apontar os meus tópicos, um tanto ou quanto desenfreadamente em alguns dias e calmamente em outros. Recordo que nesse tempo grande parte das pipocas que preenchem o meu blogue saltavam ali, porque havia livros, pessoas e o algo que pairava no ar me inspirava sobremodo. Houve inclusive uma época em que só me inspirava ali. Quando me apercebi disso, quiçá meses depois, cognominei todo aquele conjunto de situações como 'lugar da musa'. E lugar da musa ficou desde então. Existem dezenas (ou centenas, sei lá) de posts onde refiro este lugar e existem outros tantos daí advindos mas sem que faça referência escrita ao lugar.
Tempos depois, calhando anos, achei que não tinha nada de me cingir àquele lugar da musa para me inspirar, qual quê, a musa tem de descer seja lá onde for... Hoje é-me mais fácil encontrar inspiração em todo e qualquer lugar, por causa de toda e qualquer pessoa, ou de toda e qualquer árvore, folha, flor, pássaro, nuvem... Tudo. Não posso todavia passar a vida a escrever. Pois.
Deixo agora registado quando e como começou esta 'história'.

::: Vou até ao lugar da musa. Deixo-me estar. Escrevo. Chego aqui e descubro que trago de lá uns apontamentos que não descodifico. ::: 6 de Janeiro de 2012:::

::: No lugar da musa produzo tópicos ou pequenos textos, tanto faz. Acho que é por sugestão. Estou no meio dos livros, o ambiente é totalmente diferente, acolhedor e impessoal em simultâneo. As frases surgem amiúde, são sugestionadas porque o meu cérebro já se habituou a funcionar de determinada maneira naquele lugar, àquela hora, com aquele tipo de movimentação ao derredor. Poderão porventura, quiçá, os cheiros e sons serem os responsáveis pelas sugestões... Sei lá eu!
É de tal maneira intenso o que sinto, que a cabeça está zonza, há uma espiral que me suga para outra dimensão. Depois sinto a casa a abanar... Noutro dia até me deu vontade de perguntar à menina dos cafés se estava a sentir como eu, porque vi o balcão a abanar. Ela que me costuma ouvir... Mas quedei-me, chegou a insegurança, deixei-a entrar. Aquele olhar celeste e tão jovem, tão puro, tão leve e livre de males… Receei que não entendesse a minha poesia. ::: 3 de Fevereiro de 2012:::

::: O lugar da musa já não contende comigo como outrora. Contendia através duma força desconhecida, um impulso criador, sei lá. Já não contende...
Dantes sempre tinha umas frases (quantas vezes ilegíveis umas horas depois...) no bloquinho rudimentar que me acompanha diariamente. Não estou triste com esta perda, sei que se perde para ganhar, a vida é um retrocesso de todas as situações antagónicas.
O lugar da musa funcionava como um talismã, eu já lhe dava demasiada importância, cheguei até a comparar-me a um escritor quando o ouvi dizer numa entrevista que tinha de vestir um casaco creme, velhinho e gasto, para escrever. E escrevia. Era assim que acontecia comigo: escrevia se estivesse ali pousada, observando. Em tempos, durante muito tempo, inclusive, ia lá para clarificar umas ideias e expulsar outras. Agora já não dá, que o lugar da musa já não contende comigo como outrora. ::: 9 de Abril de 2012:::


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tê tê cê tê tê
ah ah

outono

cheira a humidade, no quarto
cheira a coentros, na varanda
cheira a escape, na praceta
cheira a pão, na padaria
cheira a corpo sujo, no estaminé
cheira a perfume, na avenida
cheira a castanhas assadas, na praça
cheira a folhas mortas, na rua
cheira a café, no lugar da musa
cheira a café, nos meus dedos
cheira a frango assado, junto ao Tejo
cheira a esgoto, em toda a cidade
cheira a esgoto, em duas cidades
cheira a ambientador, no ginásio

nota: post construído ao longo de alguns dias

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

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Yeah, my momma she told me don't worry about your size
She says, boys they like a little more booty to hold at night

(Meghan Trainor, All About That Bass)


Do ler
Do escrever

O escrever e o ler sempre andaram juntos. Quero dizer: mais ou menos, já tive toda uma série de fases, não muito díspares. Pronto, ok, vá, digamos que é uma salganhada de difícil compreensão, a que apresento de seguida.
::: Há a fase em que escrevo quilómetros de linhas, mal tendo tempo para digitar o que a mente ordena. E vou lendo com muitas interrupções para escrever. Escrevo muito mais do que leio.
::: Há a fase em que tenho de me esforçar um bocadinho para escrever e leio com gosto. Ainda assim interrompo a leitura amiúde... Para escrever. Escrevo mais do que leio.
::: Há a fase em que escrevo pouco, saltam pipocas literárias um décimo das vezes da fase em que produzo posts desmesuradamente. Não arranjo concentração para ler, ainda que me esforce para tal. Escrevo mais do que leio.
::: Há a fase em que não escrevo. Raríssima, por sinal. Mesmo. Nessa fase não leio nada, não consigo.
::: Há a fase em que me dedico somente à escrita, pondo por completo a leitura de lado. Normalmente são dias em que me sinto triste e deprimida.
::: Não há a fase em que me dedique somente à leitura. Nada disso.

/Gosto mais de escrever do que de ler, é notório.\

Futuramente

No futuro não saberei em que circunstâncias escrevi. Obviamente refiro-me às circunstâncias que não aparecem nos meus textos.
E agora: em que circunstâncias escrevo.
Chove lá fora. Há marteladas no teto do estaminé devido a obras no andar de cima. Tenho sono. As mãos escaldam. Sinto a cabeça inchada. Não estou infeliz. Não estou feliz. Tenho uma sede insaciável. O dia escureceu demasiado para as três e tal da tarde que são neste momento. Quando olhei a rua para ver a cor do dia avistei pela enésima vez o número vinte. Leio poucochinho, agora, deixei de me forçar.

O ramo da oitava árvore

A oitava árvore não susteve mais tempo o ramo onde durante meio ano repousou a mola com o dizer. 

E eu a pensar que a história acabara. 

Nada disso. 

Assim haja a recordação e ela aqui aparecerá. 

Já não há mola, nem dizer, nem folhas, nem ramo... 

Resta o que se vê na foto.

Talvez a história continue.

A esperança está no porvir.